quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Harry Potter e a Ordem da Fênix 16/20


-- CAPÍTULO 16 --
NO HOG'S HEAD


Hermione não comentou nada sobre Harry dar aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas por duas semanas inteiras depois de sua sugestão. A detenção de Harry com Umbridge finalmente acabou (ele duvidou se as palavras gravadas atrás de sua mão desapareceriam completamente); Rony teve mais quatro treinos de quadribol e não esteve durante dois destes. Estava treinando feitiços de desaparecer de Transfiguração, Hermione estava indo muito bem nesse tipo de feitiço antes da matéria ser questionada de novo, na perigosa tarde de Setembro, quando os três estavam na biblioteca, olhando os ingredientes da poção de Snape.

- Eu estava pensando - disse Hermione de repente. - Se você achasse mais sobre Defesa Contra as Artes das Trevas, Harry.

- É claro que eu irei - disse Harry. - Eu não esquecerei disso, pudera, com aquela velha ensinando.

- Eu acho que Rony e eu... - Rony a pôs em alarme, ameaçando com aquele olhar. Ela olhou feio para ele.- Oh, está bem, a idéia que eu tive de você nos ensinar.

Harry não respondeu. Fingiu estar olhando uma página de antídotos para venenos asiáticos, porque não disse o que tinha em sua mente.

Pensou muito últimos 14 dias. Às vezes parecia uma idéia louca, o que parecia realmente quando Hermione propôs, mas as outras se encontrou pensando sobre os feitiços que realizou enfrentando as diversas criaturas das trevas e Comensais as Morte, e se encontrou, subconscientemente planejando as lições...

- Bem - disse devagar, quando deixou de fingir que antídotos para venenos asiáticos eram interessantes. - Sim, eu pensei um pouco sobre isso.

- E? - disse Hermione avidamente.

- Eu não sei - olhou para Rony.

- Eu acho que é uma boa idéia para começar - disse Rony, que pareceu entusiasmado para se juntar à conversa agora que estava certo que Harry não começaria a gritar de novo.

Harry se sentou desconfortável na cadeira.

- Você ouviu o que eu falei sobre uma angústia seria sorte, não?

- Sim Harry - disse Hermione gentilmente. - Mas tudo bem, não há ninguém dizendo que você é ruim em Defesa Contra as Artes das Trevas, porque você não é. Você foi a única pessoa ano passado que resistiu à Maldição Império completamente, você pôde produzir um patrono, você pôde fazer coisas que muitos bruxos adultos não podem, Vítor sempre disse...

Rony olhou para ela tão rápido que parecia que poderia quebrar seu pescoço. Corando, ele disse.

- É? O que Vítor disse?

- Oh - disse Hermione numa voz aborrecida.- Ele disse que Harry sabia como fazer coisas que até ele não conseguia, e ele estava no último ano da Durmstrang.

Rony estava olhando para Hermione.

- Você ainda mantém contato com ele, não?

- E daí? - disse friamente, seu rosto ficando um pouco rosado. - Eu posso ter um amigo que me corresponde se eu...

- Ele não quer ser somente seu amigo correspondente - acusou Rony.

Hermione balançou sua cabeça desesperadamente e, ignorando Rony, que estava ainda a olhando, disse a Harry.

- O que você acha? Vai nos ensinar?

- Só você e Rony, está bem?

- Bem - disse Hermione um pouco ansiosa. - Bem... Agora, não fuja de novo, Harry, por favor... Mas eu acho que você ensinaria outra pessoa que queira aprender. Eu digo, nós estamos falando de se defender de Voldemort. Oh, não seja patético Rony. Não parece justo se nós não oferecermos essa chance para outras pessoas.

Harry considerou isso por um momento e disse.

- Sim, mas eu duvido que alguém exceto vocês dois queiram ser ensinados por mim. Eu sou maluco, lembram?

- Bem, eu acho que você ficará surpreso quantas pessoas estão interessadas em ouvir o que você tem para dizer - disse Hermione, séria. - Olha - disse ela olhando para ele, Rony ainda a fitava -, o que você acha o primeiro fim de semana em Hogsmeade? Como seria se nós disséssemos a quem está interessado para nos encontrar no povoado e nós podemos falar sobre isso?

- Por que temos que fazer isso fora da escola?

- Porque - disse Hermione voltando ao diagrama da Cabana Comedora Chinesa que estava copiando. - Eu não acho que Umbridge estará feliz se descobrir o que queremos fazer.

*

Harry estava ansioso para o fim de semana em Hogsmeade mas havia alguém que o estava preocupando. Sirius estava em silêncio desde que aparecera na lareira no início de setembro; Harry sabia que eles o tinham deixado com raiva dizendo que ele não devia ir, mas ainda estava preocupado. O que fariam se um grande cão negro surgisse nas ruas de Hogsmeade, talvez debaixo do nariz de Draco Malfoy?

- Você não pode culpá-lo por querer sair - disse Rony quando Harry falou sobre sua apreensão com ele e Hermione. - Eu digo, ele está foragido por dois anos e eu sei que ele não pode sair livremente mas está livre, não? E ele vive o tempo todo trancado com aquele elfo chato.

Hermione olhou aborrecida para Rony, mas ignorou o que o garoto dissera sobre Kreacher.

- O problema é - ela disse para Harry -, até Voldemort, qual é, Rony, saindo por aí, Sirius vai ficar escondido, não é? Eu digo, o estúpido Ministério não vai afirmar que Sirius é inocente até acreditarem que Dumbledore está falando a verdade sobre ele. E até pegarem os verdadeiros Comensais da Morte de novo vai ser óbvio que Sirius não é... Eu digo, ele não tem a Marca.

- Eu não acho que ele será o bastante estúpido para vir - disse Rony. - Dumbledore vai ficar com raiva se ele fizer e Sirius vai ouvir Dumbledore até mesmo se não gostar do que ouvir.

Quando Harry continuou se mostrar preocupado, Hermione disse.

- Escute, Rony e eu estivemos sondando as pessoas que achamos que talvez queiram aprender mais sobre Defesa Contra as Artes das Trevas e há várias pessoas que parecem estar interessadas. Eu falei para nos encontrarem em Hogsmeade.

- Certo - disse Harry, ainda pensando em Sirius.

- Não se preocupe Harry - Hermione disse calma. - Você tem bastante o que pensar sem Sirius.

Ela estava certa, é claro, estava guardando seu dever de casa, estava bem melhor que antes agora que não tinha mais detenções com Umbridge. Rony estava mais atrasado em seu trabalho que Harry porque enquanto os dois tinham treino de quadribol duas vezes por semana Rony tinha também outras obrigações. Entretanto, Hermione, que estava tendo mais matérias que eles, não só tinha terminado seu dever de casa mas estava arranjando tempo para roupa de elfos. Harry tinha que admitir que ela estava melhorando, agora estava possível distinguir meias de chapéus.

A manhã da visita em Hogsmeade estava escura e arejada. Depois do café da manhã estavam em frente a Filch, que estava marcando seus nomes na lista de alunos que podiam ir para Hogsmeade. Harry se lembrou que não tinha a de Sirius, ele não podia ir.

Quando alcançou Filch, este guinchou, tentando detectar algo diferente no garoto. Depois deu uma olhada em seu arquivo de novo e Harry seguiu em frente com passos firmes, para a luz do dia.

- Por que Filch estava olhando você? - perguntou Rony enquanto os três se dirigiam aos portões.

- Eu acho que ele estava averiguando se sentia cheiro de Bomba de Bosta - disse Harry com uma pequena risada. - Eu me esqueci de dizer a vocês...

Ele contou a história da carta para Sirius e Filch aparecendo segundos depois, exigindo ver a correspondência. Para sua surpresa, Hermione pareceu muito interessada, mais do que ele mesmo.

- Ele disse que você estava pedindo Bombas de Bosta? Mas quem o fez pensar isso?

- Eu não sei - disse Harry. - Talvez Malfoy.

- Malfoy? - disse Hermione, séria. - Bem... Sim... Talvez...

E ela seguiu para as ruas de Hogsmeade.

- Aonde nós vamos? - Harry perguntou. - Três Vassouras?

- Não - disse Hermione -, não, está sempre cheio e muito barulhento. Eu falei para os outros nos encontrarem no Hog's Head, outro pub, você conhece o outro, não é na estrada principal. Eu acho que é um pouco... Você sabe... É longe... Mas os alunos normalmente não vão lá, então eu não acho que eles estarão ali.

Eles passaram pela avenida da Zonko's, Loja de Logros e Brincadeiras, onde não estavam surpresos em ver Fred, Jorge e Lino Jordan, passaram o correio, com corujas esperando para serem usadas, viraram a rua e pararam próximo a uma bruxa em pé numa pequena entrada. Viram uma porta velha de madeira, com um retrato nela e hesitaram em entrar.

- Vamos - disse Hermione, um pouco nervosa.

Harry entrou. Não parecia com o Três Vassouras, que era um grande bar limpo e quente. O Hog's Head era pequeno, sujo e sombrio, cheirava forte algo que provavelmente podia ser cabras. As janelas eram tão pequenas que podia se ver muito pouco à luz do dia com velas na mesa de madeira. O chão parecia ser de terra mas quando Harry pisou percebeu que era pedra e parecia ter séculos.

Harry se lembrou de Hagrid ter mencionando esse bar no seu primeiro ano. "Tem muitas pessoas engraçadas no Hog's Head", dissera, explicando como ganhara um ovo de dragão de um estranho lá. No momento Harry entendeu por que Hagrid não achou estranho que o homem não mostrou seu rosto no encontro; parecia que era moda manter seu rosto escondido no Hog's Head. Havia um homem no bar cuja cabeça estava escondida numa bandagem cinza, estava bebendo e fumando, duas figuras sentadas numa mesa perto da janela; Harry achou que eram dementadores se não estivessem falando nos acontecimentos de Yorkshire, uma sombra sentada perto da lareira, véu preto até seus dedos. Eles podiam ver somente seu nariz porque o véu era muito grosso.

- Eu não sei sobre isso, Hermione - Harry murmurou quando cruzaram o bar. Estava olhando para a bruxa do véu. - Já lhe ocorreu que Umbridge pode estar atrás disso?

Hermione olhou apreensiva para a figura com o véu.

- Umbridge não é tão pequena quanto aquela mulher - disse quieta. - E, de qualquer forma, se Umbridge vier aqui ela não pode fazer nada para nos deter, Harry, quebraria umas regras da escola. Nós não estamos fora da linha; eu perguntei ao professor Flitwick se alunos sozinhos podem ir ao Hog's Head, e ele me aconselhou trazer meus próprios óculos. E pesquisei tudo sobre grupos de estudos e grupos de lição de casa e estão completamente sós. Eu só não acho que seja uma boa idéia se nós paramos o que estamos fazendo.

- Não - disse Harry -, especialmente como não é um grupo de estudos que vocês estão planejando, ou é?

Um homem do bar caminhou em direção deles. Parecia um velho com cabelos grisalhos e barba. Era alto e magro e pareceu familiar a Harry.

- O quê? - ele grunhiu.

- Três cervejas amanteigadas, por favor - disse Hermione.

O homem trouxe três vidros sujos.

- Seis sicles.

- Eu pagarei - disse Harry rápido, passando a moeda de prata. Os olhos do homem fixaram Harry, olhando sua cicatriz. Depois ele se virou e depositou o dinheiro numa caixa de madeira muito velha que abriu automaticamente para receber o dinheiro. Harry, Rony e Hermione se sentaram numa mesa do bar e olharam em volta. O homem das bandagens cinzas pegou outra bebida.

- Sabe? - Rony murmurou, olhando para o bar com entusiasmo. - Nós podíamos pedir qualquer coisa que gostarmos aqui. Eu aposto que o velho venderia qualquer coisa para nós, ele não ligaria. Eu sempre quis experimentar Firewhisky.

- Você é um monitor - falou Hermione rudemente.

- Oh - disse Rony quase sorrindo. - Sim...

- Então, quem você disse que talvez nos encontraria? - Harry perguntou, abrindo sua cerveja amanteigada e tomando um gole.

- Só algumas pessoas - Hermione respondeu, olhando seu relógio ansiosa, depois olhando a porta. - Eu falei para virem aqui agora e eu tenho certeza que sabem onde é, olha, provavelmente são eles.

A porta do pub se abriu. Alguns alunos entraram, o primeiro a vir foi Neville, com Dino e Lilá, seguidos por Parvati e Padma Patil com (o estômago de Harry se virou) Cho e uma das amigas que constantemente davam risadas, depois (ela parecia que tinha entrado por acidente) Luna Lovegood, Katie Bell, Alícia Spinnet e Angelina Johnson, Colin e Dennis Creevey, Ernie Macmillan, Justino Finch-Fletchley, Anna Abbott, uma garota da Lufa-lufa que Harry não conhecia, três garotos da Corvinal que estava certo que se chamavam Anthony Goldstein, Michael Corner e Terry Boot, Gina, seguida por um garoto alto e loiro muito magro Harry o reconheceu vagamente ser membro do time de quadribol da Lufa-lufa, e Fred e Jorge com seu amigo Lino Jordan, todos os três com bolsas da Zonko's.

- Poucas pessoas? - disse Harry rouco para Hermione. - Poucas pessoas?

- Sim, bem, a idéia se tornou conhecida - disse Hermione, feliz. - Rony, você quer empurrar mais cadeiras?

O homem do bar tinha congelado, provavelmente ele nunca viu seu pub tão cheio.

- Oi - disse Fred, contando seus companheiros -, nós podemos ter... Vinte cinco cervejas amanteigadas, por favor?

O homem olhou para ele por um momento como se tivesse interrompido algo muito importante, passou as cervejas para eles.

- Cadeiras - disse Fred. - Calma pessoal, eu tenho ouro bastante para todos...

Harry viu muitas pessoas com suas cervejas de Fred e procurando encontrar suas moedas. Ele não podia imaginar que todas essas pessoas vieram para aquele lugar horrível e pensou que poderiam estar esperando um discurso, virou-se para Hermione.

- O que você disse para eles? - disse baixo. - O que eles estão esperando?

- Eu já lhe disse, eles só querem ouvir o que você tem a dizer - disse Hermione calmamente, mas ele continuou a olhar para ela furioso e ela acrescentou. - Você não tem que fazer nada ainda, eu falarei com eles primeiro.

- Oi Harry - disse Neville, que sentou do lado oposto a ele.

Harry tentou sorrir de volta mas não falou, sua boca estava muito seca. Cho tinha acabado de sorrir para ele e se sentou à direita de Rony. Sua amiga, que tinha um curto encaracolado e vermelho cabelo, não sorriu mas deu a Harry um olhar desconfiado e disse que por ela não estaria ali.

Duas ou três pessoas chegaram, Harry, Rony e Hermione olharam, alguns um pouco excitados outros curiosos, como Luna Lovegood. Quando todos se sentaram a conversa voltou. Todos olhavam Harry.

- Er - disse Hermione um pouco nervosa. - Bem, er, oi.

O grupo desviou sua atenção para ela, com alguns olhando ainda para Harry.

- Bem... Er... Bem, vocês sabem porque estão aqui. Er... Bem, Harry teve uma idéia... Eu digo - Harry deu um olhar estranho -, eu tive a idéia que talvez algumas pessoas queiram estudar Defesa Contra as Artes das Trevas, quero dizer, realmente estudar, vocês sabem, não o que Umbridge está fazendo conosco... - a voz de Hermione ficou mais forte e mais confiante. - Porque ninguém pode chamar aquilo de Defesa Contra as Artes das Trevas...

- Escutem, escutem - disse Anthony Goldstein e Hermione olhou para ele.

- Bem, eu acho que seria bom se nós, bem, entregarmos problemas nas nossas mãos.

Ela parou, olhou para Harry e prosseguiu.

- Eu digo aprender como nos defender, não só na teoria, mas fazendo feitiços verdadeiros...

- Você quer passar no seu N.O.M. de Defesa Contra Artes das Trevas também? - disse Michael Corner, que a estava olhando de perto.

- Claro que sim - disse Hermione. - Mais que isso, eu quero treinar vocês porque... Porque... - ela respirou fundo e concluiu. - Porque Lord Voldemort voltou

A reação foi imediata. A amiga de Cho derrubou cerveja amanteigada nela mesma, Terry Boot deu um gritinho involuntário, Padma Patil estremeceu e Neville tossiu. Todos olharam fixamente para Harry.

- Bem... Esse é o plano, de qualquer forma - disse Hermione. - Se vocês quiserem se juntar a nós precisamos decidir como faremos...

- Onde está a prova que Você-Sabe-Quem está de volta? - disse agressivamente o garoto loiro da Lufa-lufa que jogava quadribol.

- Bem, Dumbledore acredita nisso.

- Você quer dizer, Dumbledore acredita nele... - disse o garoto, apontando Harry.

- Quem é você? - disse Rony, um pouco rude.

- Zacharias Smith, e eu acho que nós devemos saber o que ele diz sobre Você-Sabe-Quem retornou.

- Olha - disse Hermione, intervindo -, realmente não é só uma suposição sobre...

- Está bem, Hermione - disse Harry.

Ele pensou por que tinham tantas pessoas lá. Achou que Hermione devia ver essas pessoas. Alguns deles, talvez muitos, tiveram a esperança de ouvir a história de Harry.

- O que me fez dizer sobre o retorno de Você-Sabe-Quem? - repetiu olhando Zacharias nos olhos. - Eu o vi. Mas Dumbledore disse para toda a escola o que aconteceu ano passado e se você não acredita nele você não vai acreditar em mim e eu não vou gastar minha tarde tentando convencer qualquer um.

O grupo todo pareceu prender a respiração quando Harry falava. Ele teve a impressão que até o homem do bar estava ouvindo, estava limpando o mesmo vidro, fazendo ficar pior.

Zacharias disse despreocupado.

- Tudo que Dumbledore disse para nós ano passado foi que Você-Sabe-Quem matou Cedrico Diggory e que você trouxe o corpo dele de volta para Hogwarts. Ele não nos deu detalhes, não nos disse exatamente como Diggory foi assassinado, eu acho que todos nós gostaríamos de saber...

- Se você veio para ouvir exatamente o que acontece quando Voldemort mata alguém eu não posso ajudá-lo - Harry disse, olhando para rosto furioso de Zacharias e tentando não olhar para Cho. - Eu não quero falar sobre Cedrico Diggory, está bem? Então se você está aqui para isso deve ir embora.

Ele olhou para Hermione com raiva. Sentiu todos os sentimentos dela, estava decidida a deixá-lo falando e todos vieram para ouvir sua história. Mas nenhum deles deixou seus assentos, nem mesmo Zacharias, que continuava olhando para Harry.

- Então - disse Hermione, sua voz preocupada. - Então... Como eu estava falando... Se vocês querem aprender alguma defesa, depois nós trabalharemos como faremos isso, com que freqüência e onde iremos...

- É verdade - interrompeu uma garota com uma trança em suas costas, olhando Harry - que você pode produzir um Patrono?

Houve um barulho de interesse do grupo após isso.

- Sim.

- Um Patrono com forma?

Essa frase Harry já tinha ouvido.

- Er... Você não conhece Madame Bones, conhece?

A garota sorriu.

- Ela é minha tia. Eu sou Susan Bones. Ela me disse, então é verdade? Você faz um cervo como Patrono?'.

- Sim.

- Puxa, Harry! - disse Lino, profundamente impressionado. - Eu nunca soube!

- Mamãe disse a Rony para não espalhar por aí - disse Fred, olhando para Harry. - Ela disse que chamaria muita atenção.

- Ela não está errada - murmurou Harry e poucos riram.

A bruxa com véu sentada sozinha estava atenta a eles.

- E você matou um basilisco com a espada do escritório de Dumbledore? - perguntou Terry Boot. - Um retrato me disse quando eu estava lá ano passado...

- Er, sim, eu fiz, sim.

Justino Finch-Fletcher tossiu; os irmãos Creevey se entreolharam e Lilá Brown disse "Uau!". Harry estava se sentindo corar, estava determinado olhar para outro lugar sem ser para Cho.

- Foi no nosso primeiro ano - disse Neville para um grande grupo -, ele salvou a Pedra Filosofante...

- Filosofal - corrigiu Hermione.

- Sim, de Você-Sabe-Quem - terminou Neville.

Os olhos de Anna Abbott estavam tão abertos quanto galeões.

- E ninguém falou nada - disse Cho. Os olhos de Harry se viraram para ela; que estava olhando e sorrindo para ele, seu estômago deu outra revirada. - Todas as tarefas que ele teve que passar no Torneio Tribruxo ano passado, passar por dragões, os sereianos, a acromântula e coisas...

Fez-se um murmúrio de interesse na mesa. Harry tentava não parecer contente consigo mesmo. Cho o havia elogiado tanto.

- Olha - ele disse e todos ficaram em silêncio por um momento. - Eu... Eu não estou tentando ser modesto ou algo parecido, mas... Eu tive muita ajuda para isso tudo...

- Não pelo dragão - disse Michael Corner. - Foi uma coisa séria sobre voar...

- É, bem... - disse Harry, achando que não teria coragem de descordar.

- E ninguém o ajudou desviar dos dementadores esse verão - disse Susan Bones.

- Não, não, ok, eu fiz isso sem ajuda, mas o fato é que eu estou tentando fazer isso...

- Você quer nos mostrar como se faz isso tudo? - disse Zacharias Smith.

- É essa a idéia - disse Rony alto, antes que Harry respondesse. - Por que você não fecha a sua boca?

Talvez a palavra "mostrar" afetou Rony. Estava olhando Zacharias como se não tivesse nada para atirar nele. Zacharias corou.

- Bem, nós aprenderemos isso tudo e agora ele está dizendo que realmente não pode fazer nada disso.

- Não é o que ele está falando - rosnou Fred.

- Você gostaria que nós limpássemos sua orelha para você? - perguntou Jorge, tirando um instrumento de metal de uma das bolsas da Zonko's.

- Ou qualquer parte de seu corpo, realmente, ou onde nós conseguirmos fazer isso alcançar - disse Fred.

- Sim, bem - disse Hermione secamente. - Chega... A questão é: quem quer ter lições com Harry?

Fizeram-se murmúrios de aprovação. Zacharias cruzou seus braços e não disse nada, talvez porque estivesse muito ocupado em olhar o instrumento na mão de Fred.

- Certo - disse Hermione, olhando aliviada. - Bom depois, a próxima pergunta é com que freqüência nós faremos isso, acho que uma vez por semana, alguma oposição?

- Por favor - disse Angelina -, nós precisamos ter certeza que não há aula durante o treino de quadribol

- Não - disse Cho -, nem no nosso.

- Nem nosso - disse Zacharias Smith.

- Eu tenho certeza que podemos encontrar uma noite livre - disse Hermione impaciente -, mas vocês sabem, a importância, de estarmos falando de aprender a nos defender dos Comensais da Morte de Voldemort...

- Bem dito! - disse Ernie Macmillan. - Eu acho que é importante, mais importante do qualquer outra coisa que vamos fazer esse ano! - olhou apreensivo, estava esperando pessoas dizerem "Claro que não!", como ninguém falou acrescentou; - Eu estou perdido querendo saber por que o Ministro mandou essa professora inútil num período difícil. Óbvio, eles não acreditam sobre o retorno de Você-Sabe-Quem, mandar uma professora que não quer que a gente faça qualquer feitiço...

- Nós achamos a razão de Umbridge não querer que pratiquemos Defesa Contra as Artes das Trevas - disse Hermione - é que ela tem uma idéia ruim de que Dumbledore possa usar os estudantes como um próprio exército. Ela acha que ele pode nos mobilizar contra o Ministério.

Todos olharam espantados com as notícias; exceto Luna Lovegood, que começou a falar.

- Bem, faz sentido. Cornélio Fudge tem seu próprio exército.

- O quê? - disse Harry.

- Sim, ele tem o exército de Heliopaths - disse Luna.

- Não, ele não tem - respondeu Hermione.

- Sim, ele tem - disse Luna.

- O que é Heliopaths? - perguntou Neville, branco.

- São espíritos do fogo - disse Luna. - Grandes criaturas que galopam pelo chão queimando tudo pela frente...

- Eles não existem, Neville - disse Hermione secamente.

- Oh, sim, eles existem! - disse Luna com raiva.

- Me desculpe, mas há alguma prova disso? - cortou Hermione.

- Há muitas vítimas. Só que você é tão limitada sobre coisas que estão de baixo do seu nariz que antes de voc...

- Hum, hum - disse Gina, numa bela imitação da professora Umbridge, que muitos olharam e riram. - Nós não estamos tentando decidir com que freqüência nós teremos aulas de defesa?

- Sim - disse Hermione. - Sim, nós estamos, você está certa, Gina.

- Uma vez por semana parece legal - disse Lino Jordan.

- Desde que... - começou Angelina.

- Sim, sim, nós sabemos sobre o quadribol - disse Hermione, tensa. - Outra coisa é decidir onde nos encontraremos...

Foi um momento difícil para o grupo todo, que ficou em silêncio.

- Biblioteca? - sugeriu Katie Bell depois de alguns minutos.

- Eu não acho que Madame Pince vai deixar fazermos isso na biblioteca - disse Harry.

- Talvez numa sala de aula vazia? - disse Dino.

- É - disse Rony -, McGonagall talvez nos deixe usar a dela, ela deixou quando Harry estava praticando para o Tribruxo.

Mas Harry achou que McGonnagal não deixaria. Hermione dissera para todos sobre estudar, grupos de estudo sozinhos, ele teve o pressentimento que seria ruim.

- Está certo bem, nós tentaremos achar algum lugar - disse Hermione. - Mandaremos uma mensagem para todos quando encontrarmos um lugar para o primeiro encontro. Eu acho que todos devem escrever seus nomes, só para sabermos quem está aqui. Eu também acho - ela respirou fundo - que nós não devemos falar o que estamos fazendo. Principalmente a Umbridge.

Fred pegou um pergaminho e escreveu seu nome mas Harry notou que muitos não pareciam felizes pondo seus nomes na lista.

- Er... - disse Zacharias devagar, não pegando o pergaminho que Jorge estava tentando passar para ele. - Bem... Eu tenho certeza que Ernie me dirá quando será nosso próximo encontro,.

Mas Ernie pareceu hesitante também. Hermione levantou suas sobrancelhas.

- Eu... Bem... Nós somos monitores - Ernie falou. - E se essa lista for encontrada... Bem, eu digo... Você disse se Umbridge descobrir...

- Você disse para essas pessoas que era a mais importante coisa que você faria esse ano - Harry lembrou.

- Eu... Sim, sim eu ainda acredito nisso...

- Ernie, você acha que deixaremos essa lista por aí? - disse Hermione.

- Não, é claro que não - respondeu, ficando menos ansioso. - Sim, é claro, eu assinarei.

Ninguém foi contra depois de Ernie, Harry viu a amiga de Cho com um olhar de reprovação antes de assinar. Quando a última pessoa, Zacharias, assinou Hermione pôs o papel dentro da sacola. Tinha um sentimento estranho no grupo agora. Era como se tivessem feito um tipo de contrato.

- Bem, já era tempo - disse Fred. - Jorge, Lino e eu conseguimos itens naturais para compra, nós veremos vocês depois.

Em dois ou três minutos o resto do grupo se foi, também.

Cho pegou sua mochila rápido antes de ir, seu longo cabelo negro caiu sobre seu rosto como uma cortina, sua amiga ficou atrás dela, impaciente, então não teve opção a não ser sair. Sua amiga a apressou para a porta, Cho olhou e acenou para Harry.

- Bem, eu acho que foi bom - disse Hermione contente, quando ela Harry, Rony saíram do Hog's Head e viram o céu ensolarado por seu último momento.

Harry e Rony estavam segurando suas garrafas de cerveja amanteigada.

- Aquele Zacharias era um chato - disse Rony.

- Eu também não gostei dele - admitiu Hermione - mas ele estava lá falando com Ernie, da Lufa-lufa, e pareceu interessado em vir, e o que ele pode dizer? Mas muitas pessoas estão esperançosas, eu digo, Michael Corner e seus amigos não iriam se ele não tivesse saído com Gina...

Rony quase derrubou sua garrafa de cerveja amanteigada, engasgou e falou.

- Ele fez o QUÊ? - gritou ultrajado, suas orelhas ficando vermelhas. - Ela saiu com... Minha irmã saiu... Você quis dizer, Michael Corner?

- Bem, é por isso que os amigos dele vieram, eu acho... Bem, eles estavam interessados em aprender defesa, mas Gina não disse que Michael iria...

- Quando isso, quando ela...?

- Eles se encontraram no Baile de Inverno e saíram no final do ano passado - disse Hermione. Eles viraram para uma rua principal e ela parou fora da Loja de penas Scrivenshaft, onde tinha uma exibida plena na janela. - Hum... Eu podia comprar uma nova pena.

Ela entrou na loja. Harry e Rony a seguiram.

- Qual deles era Michael Corner? - falou Rony furioso.

- O escuro - disse Hermione.

- Eu não gosto dele.

- Grande surpresa - disse Hermione respirando fundo.

- Mas - disse Rony, seguindo Hermione pelas penas nos potes. - Eu achava que Gina era gamada pelo Harry!

Hermione olhou para ele e balançou a cabeça.

- Gina era gamada pelo Harry mas ela desistiu meses atrás. Não que ela não goste de você, é claro - acrescentou gentil para Harry enquanto examinava uma longa preta e dourada pena.

Harry, cuja cabeça estava cheia pelo aceno de Cho, não estava interessado em Rony, que estava cheio de indignação.

- Então é o que ela fala agora? - perguntou a Hermione. - Ela nunca me disse isso.

- Exatamente - disse Hermione. - Sim, eu acho que eu quero essa...

Ela pagou quinze sicles e dois nuques, com Rony ainda respirando atrás de si.

- Rony - ela disse severa, virando-se -, é exatamente por isso que Gina não falou a você, ela sabia que você ia ficar irritado. Então não falou sobre isso.

- O que você disse? Quem está ficando irritado? Eu não comentarei nada... - Rony continuou respirando fundo pela rua.

Hermione olhou para Harry e depois disse, quando Rony ainda estava falando sobre Michael Corner.

- E falando sobre Michael e Gina... E você e Cho?

- O que você quer dizer? - disse Harry rapidamente.

Havia uma sensação que havia algo queimando dentro dele e seu rosto ficando gelado, deixou que ficasse óbvio?

- Bem - disse Hermione sorrindo. - Ela apenas não tira os olhos de você.

Harry nunca tinha percebido como a vila de Hogsmeade era bonita.

-- CAPÍTULO 17 --
DECRETO EDUCACIONAL
NUMERO VINTE E QUATRO


Harry se sentiu feliz pelo resto do fim de semana pois terminou todos os deveres. Ele e Rony passaram a maior parte do domingo pondo e dia seus deveres de casa novamente, o que não era divertido, o sol do outono ainda brilhava, olhavam constantemente para fora para ver o sol sob as copas das árvores. Hermione, que tinha terminado todos os seus deveres, trouxe lã e agulhas para fazer mais chapéus e roupas.

Sabiam que o que estavam fazendo para resistir a Umbridge e ao Ministério era parecido como uma rebelião, o que deu a Harry uma grande satisfação. Ele ainda estava pensando no encontro do sábado: todas aquelas pessoas foram até a ele para aprender Defesa Contra as Artes das Trevas... Parecia que ouviram muito as coisas que ele fez... E Cho o elogiando pelo Torneio Tribruxo, sabendo que muitas pessoas acreditavam nele, sabiam que não estava mentindo, continuou alegre até segunda de manhã, quando se lembrou das aulas que teria naquele dia.

Ele e Rony desceram as escadas do dormitório conversando sobre a idéia de Angelina praticarem uma nova manobra chamada Sloth Grip Roll durante todas as noites dos treinos de Quadribol. E quando tinham atravessado metade da sala comunal perceberam que um pequeno grupo estava os observando atentamente.

Um grande aviso foi afixado no quadro de notícias da Grifinória, tão grande que cobria tudo em sua volta, a lista dos livros de feitiços do segundo ano que estavam à venda, lembretes sobres as regras de Argo Filch, horário dos treinos de quadribol, ofertas para trocar figurinhas de Sapos de Chocolate, aviso para as cobaias dos inventos dos Weasley, as datas das visitas para Hogsmeade e últimas notícias. O novo aviso estava em grandes letras negras e tinha uma grande marca perto de uma assinatura.



"PELAS ORDENS DA GRANDE INVESTIGADORA DE HOGWARTS

Todas as organizações, sociedades, times, grupos e clubes de estudantes estão de hoje em diante proibidos.

Uma organização, sociedade, time, grupo ou clube com encontros regulares de três ou mais alunos.

Isso foi estabelecido pela Grande Investigadora (Professora Umbridge).

Qualquer organização, sociedade, time ou clube de aluno não poderá existir sem conhecimento e aprovação da Grande Investigadora.

De acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Quatro.

Assinado: Dolores Jane Umbridge, Grande Investigadora."



Harry e Rony leram o aviso sobre as cabeças de segundanistas ansiosos.

- Isso significa que nós fecharemos os Clube dos Gobstones? - um deles perguntou a seu amigo.

- Eu acho que você estará bem com os Gobstones - disse Rony de repente, fazendo o garoto do segundo ano pular. - Eu não acho que nós estamos com sorte, e você? - perguntou a Harry enquanto os garotos do segundo ano iam embora.

Harry estava lendo o aviso de novo. Sua felicidade do sábado tinha ido embora. Estava com raiva.

- Isso não é uma coincidência - disse com as mãos cerradas. - Ela sabe.

- Ela não pode.

- Tinha pessoas ouvindo no bar, nós podemos confiar no primeiro que a gente vê... Algum deles pode ter dito a Umbridge...

E até podiam conhecê-la, talvez admirá-la...

- Zacharias Smith! - disse Rony, dando um soco no ar. - Ou eu acho que podia ser Michael Corner, ele parece ser do tipo que...

- Será se Hermione já viu isso? - disse Harry, olhando para a porta do dormitório das garotas.

- Vamos lá e falamos com ela - disse Rony, indo até a porta e a empurrando, depois se aproximou da escada de caracol.

Ele estava no sexto degrau quando se ouviu um grito que ecoou pelas escadas. Foi um momento tenso, Rony resolveu voltar correndo.

- Eu acho que não deveríamos entrar nesse dormitório - disse Harry, tentando não gritar.

Duas garotas do quarto ano estavam rindo deles perto do corrimão.

- Quem tentou subir? - elas pareciam sorrir, estavam batendo os pés e olhando para Harry e Rony.

- Eu - disse Rony tímido, ele não poderia prever algo assim. - Não é justo! - falou com Harry, as garotas olhando rudemente. - Hermione permite, mas nós não...

- Bom, é uma regra bem antiga - disse Hermione, que tinha acabado de aparecer - mas isso diz em "Hogwarts: Uma História", que os garotos são menos confiáveis que as garotas. De qualquer forma, por que vocês estavam querendo entrar lá?

- Para lhe ver, olhe para isso! - disse Rony, levando-a para o quadro de avisos.

Hermione leu, parecia ter petrificado.

- Alguém deve ter contado a ela! - disse Rony feroz.

- Eles não podem ter feito isso! - disse Hermione fracamente.

- Você é tão ingênua, você acha que só porque você é confiável...

- Não, eles não podem ter feito isso porque eu pus uma azaração naquele papel que todos nós assinamos - disse Hermione. - Acredite em mim, se alguém contou para Umbridge nós saberemos quem foi.

- O que acontecerá com ele? - disse Rony nervoso.

- Bem, descobriremos no caminho - disse Hermione -, eu usei a azaração antiacne da Heloíse Midgeon, isso fará aparecer manchas no culpado. Vamos descer para o café da manhã e ver o que os outros pensam... Será que puseram isso em todas as casas?

Essa resposta foi dada na hora que entraram no Salão Principal, o aviso de Umbridge não apareceu somente na Torre da Grifinória. Havia um rumor intenso, pessoas nas mesas conversando sobre o que leram. Harry, Rony e Hermione se acomodaram à mesa quando Neville, Dino, Fred, Jorge e Gina vieram em sua direção.

- Vocês viram?

- Você acha que ela sabe?

- O que nós faremos?

Todos olhavam Harry, que olhou em volta para ter certeza que não havia professores perto.

- Nós faremos isso de qualquer forma, é claro - ele disse baixinho.

- Eu sabia que você diria isso - disse Jorge, triunfante, dando tapinhas no braço de Harry.

- Os monitores concordam? - disse Fred, interrogando Rony e Hermione.

- É claro - disse Hermione secamente.

- Aí vem Ernie e Ana Abbott - disse Rony sob seu ombro. - Todos da Corvinal e Smith... Nenhum deles está manchado.

Hermione olhou em alarme.

- Nenhum manchado, os idiotas não podem vir aqui agora, seria muito suspeito. Sentem-se! - ela murmurou para Ernie e Ana, gesticulando freneticamente para eles voltarem para a mesa da Lufa-lufa. - Depois! Nós... Falaremos... Com... Vocês... Depois!

- Eu falarei com Michael - disse Gina impaciente -, o tolo, honestamente...

Ela se apressou, passando pela mesa da Corvinal; Harry a viu ir embora. Cho não estava sentada tão longe, falando com sua amiga de cabelos encaracolados que tinha levado para o Hog's Head. Poderia Umbridge saber se eles se encontrassem de novo?

Mas as conseqüências do aviso foram embora quando deixaram o Salão Principal para a aula de História da Magia.

- Harry! Rony!

Era Angelina, que estava apressada olhando para eles desesperada.

- Está bem - disse Harry calmo, quando ela estava próximo a ele. - Nós ainda vamos...

- Você acha que ela estava incluindo quadribol nisso? - Angelina disse para ele. - Nós temos que pedir permissão para reformar o time de quadribol da Grifinória!

- O quê? - disse Harry.

- Sem chances - disse Rony.

- Você leu o aviso, mencionava times também! Então escute Harry... Eu estou dizendo isso pela última vez... Por favor, por favor, não perca seu controle com Umbridge ou ela pode não nos deixar jogar nunca mais!

- Ok, ok - disse Harry, olhando Angelina, que parecia estar com lágrimas nos olhos. - Não se preocupe, eu me comportarei...

- Aposto que Umbridge está na aula de História da Magia - disse Rony. - Ela não inspecionou Binns ainda... Aposto qualquer coisa que ela está lá...

Mas ele estava errado; o único professor que entrou foi Binns; flutuando através da sua cadeira como sempre e pronto para continuar a falar sobre guerras de gigantes. Harry não prestou no que ele disse; ignorou os olhares de Hermione para ele.

- O quê?

Ela apontou a janela. Harry olhou em volta. Edwiges estava lá fora, na janela, batendo no vidro, uma mensagem amarrada em sua perna. Harry não pôde entender isso; tinham acabado de tomar café da manhã, por que ela não entregou a carta como o normal? Muitos colegas estavam apontando para Edwiges também.

- Oh, eu sempre quis ter essa coruja, ela é tão bonita - Harry ouviu Lilá falando com Parvati.

Ele se virou para o professor Binns, que continuou ler o livro, calmo, sem perceber que a atenção da classe fora desviada para outra coisa. Harry saiu de sua cadeira, agachou-se e se apressou para abrir a janela, o que fez muito lento.

Esperava que edwiges levantasse sua perna para poder tirar a carta e depois voar para o corujal mas no momento que a janela se abriu ela entrou, parecia que estava triste. Ele fechou a janela com um olhar ansioso para o professor Binns e voltou para seu lugar com edwiges em seu ombro. Ele sentou, transferiu Edwiges para seu colo e tirou a carta de sua perna.

Só depois que viu que as penas de edwiges estavam estranhas e ela estava segurando suas asas de um modo diferente.

- Ela está ferida! - Harry murmurou, abaixando sua cabeça. Hermione e Rony se aproximaram; Hermione se abaixou. - Olha, há algo errado com a asa dela.

Edwiges tremia; quando Harry foi tocar na asa dela esta deu um pequeno salto, todas as penas no final disso estavam inchadas, e o fitava, reprovando-o.

- Professor Binns - disse Harry alto e toda a classe olhou para ele. - Eu não estou me sentindo bem.

O professor Binns tirou seus olhos do livro, olhando assustado, como sempre, quando olhava para a sala cheia de gente.

- Não está se sentindo bem? - repetiu sombriamente.

- Não totalmente - disse Harry, com Edwiges aos seus pés logo atrás. - Eu acho que preciso ir à ala hospitalar.

- Sim - disse professor Binns, claramente. - Sim... Sim, ala hospitalar... Bem, pode ir, depois, Perkins...

Harry saiu da sala, pôs Edwiges no ombro e se apressou pelo corredor, foi quando pensou. Sua primeira escolha para curar Edwiges seria Hagrid, é claro, mas ele não fazia idéia onde Hagrid estava e sua única chance seria a professora Grubbly-Plank, esperava que ela pudesse ajudar.

Harry olhou a janela, não parecia que estava próximo a cabana de Hagrid; se não estava dando aula provavelmente estava na sala dos professores. Ele desceu as escadas, Edwiges estava inquieta em seu ombro.

Tinha duas estátuas de pedra em forma de gárgula na sala dos professores. Quando Harry se aproximou uma delas falou alto.

- Você deveria estar na aula.

- É urgente - disse Harry rapidamente.

- Oooh, é urgente, não é? - disse a gárgula. - Bem, ponha-se no nosso lugar.

Harry bateu. Ouviu passos, depois a porta se abriu deu de cara com a professora McGonagall.

- Você pegou outra detenção! - ela disse de repente em tom de alarme.

- Não, professora! - disse Harry rapidamente.

- Bem, então por que você está fora de sua aula? Espero que seja realmente urgente! - disse ela rudemente.

- Eu estou procurando pela professora Grubbly-Plank - Harry explicou. - É minha coruja, ela está machucada.

- Sua coruja machucada?

A professora Grubbly-Plank apareceu atrás de McGonagall, fumando um cachimbo e segurando uma cópia d'O Profeta Diário.

- Sim - disse Harry, levantando Edwiges cuidadosamente em seu ombro. - Ela veio até a mim e sua asa está machucada, olhe...

- Hum - disse a professora Grubbly-Plank, com seu cachimbo balançando quando falava. - Parece que algo a atacou. Não posso pensar o que fez isso. Thestrals às vezes gostam de pássaros, mas Hagrid treinou os Thestrals de Hogwarts para não tocar nas corujas.

Harry não sabia e nem ligava sobre o que Thestrals eram; só queria saber se Edwiges ficaria bem. McGonagall, entretanto, olhou com raiva para Harry.

- Você sabe o quanto essa coruja viajou, Potter? - ela lhe indagou.

- Eh - disse Harry -, para Londres, eu acho.

Seus olhos se encontraram com os dela e soube quando suas sobrancelhas se uniram que ela havia entendido que "Londres" significava "Grimmauld Place, número 12".

A professora Grubbly-Plank se aproximou mais para examinar Edwiges.

- Eu gostaria de levá-la comigo, Potter - ela disse. - Ela não deveria estar voando longas distâncias em poucos dias.

- Eh, está bem, obrigado - disse Harry rapidamente.

- Sem problemas - disse a professora Grubbly-Plank, virando-se e saindo da sala dos professores.

- Só um momento, Wilhelmina! - disse a professora McGonagall. - A carta de Potter!

- Oh, sim! - disse Harry, que tinha se esquecido da carta na perna de Edwiges. A professora Grubbly-Plank entregou a carta e desapareceu pela sala carregando Edwiges, que estava olhando fixo para Harry.

- Potter!

- Sim, professora?

Ela olhou de relance pelo corredor; tinham alunos vindo em todas as direções.

- Controle-se - disse rápida e calma, seus olhos na lista em sua mão. - As vias de comunicação de Hogwarts podem estar sendo olhadas, não acha?

- Eu... - disse Harry, mas muitos alunos estavam passando no corredor e quase o carregaram. A professora McGonagall entrou na sala dos professores, deixando Harry ser varrido pelos alunos no corredor. Ele avistou Rony e Hermione e foi até eles. Abriu o pergaminho e encontrou cinco palavras com a letra de Sirius.

 "Hoje, mesma hora, mesmo lugar."

 - Edwiges está bem? - perguntou Hermione ansiosa.

- Onde você a levou? - perguntou Rony.

- Para Grubbly-Plank - disse Harry. - E eu encontrei McGonagall... Ouçam...

E ele contou o que a professora McGonagall disse. Para sua surpresa eles não pareciam assustados, pelo contrário, se entreolharam.

- O quê? - disse Harry, olhando para Rony e Hermione.

- Bem, eu estava dizendo para Rony... Que se alguém tentou interceptar Edwiges? Ela nunca foi ferida enquanto voava.

- Para quem era a carta? - perguntou Rony, pegando o pergaminho de Harry.

- Snuffles - murmurou Harry.

- "Mesma hora, mesmo lugar"? Significa o fogo na lareira na sala comunal?

- É obvio - disse Hermione, olhando a carta. Estava inquieta. - Espero que ninguém tenha lido isso...

- Mas estava selada e tudo mais - disse Harry, tentando se convencer. - E ninguém entenderia se não souberem onde falamos com ele antes, não é?

- Eu não sei - disse Hermione ansiosa, jogando sua mochila sobre seus ombros quando a sineta tocou. - Seria difícil selar novamente o pergaminho por mágica... E se alguém está vigiando a Rede de Flu... Mas eu não vejo como podemos avisá-lo para não vir, porque alguém pode perceber!

Desceram para a masmorra para Poções, todos os três perdidos em pensamentos, mas foram chamados pela voz de Draco Malfoy, que estava fora da porta da sala de aula de Snape, vigiando imponente e falando mais alto que o necessário, tanto que podiam ouvir cada palavra.

- Sim, Umbridge deu permissão ao time de quadribol da Sonserina para continuar jogando, eu fui perguntá-la essa manhã. Foi automático, eu digo, ela conhece meu pai, ele sempre está lá no Ministério... Seria interessante ver se a Grifinória tem permissão para continuar jogando, não é?

- Não se levantem - Hermione murmurou, implorando para Harry e Rony, que estavam olhando Malfoy com os rostos contraídos. - É o que ele quer.

- Eu quis dizer - disse Malfoy, levantando a voz ainda mais, seus olhos cinzas brilhando maliciosamente na direção de Harry e Rony -, se essa é uma questão de influência no Ministério eu não acho que eles têm muita chance... Pelo que meu pai diz, eles têm procurado uma desculpa para tirar Arthur Weasley por anos... E quanto a Potter... Meu pai diz que é um questão de tempo antes de o Ministério levá-lo para o St. Mungus... Eles têm uma área especial para pessoas que têm o cérebro deteriorado pela mágica.

Malfoy fez uma careta, sua boca abriu e seus olhos giraram. Crabbe e Goyle deram grunhidos de risadas; Pansy Parkinson deu uma sonora risada.

Algo colidiu com o ombro de Harry e passou direto. Depois de uns segundos ele percebeu que Neville acabara de passar por ele, indo em direção a Malfoy.

- Neville, não!

Harry segurou atrás da roupa de Neville, este se sacudiu, tentando chegar a Malfoy, que olhou por um momento, chocado.

- Me ajude! - Harry falou para Rony, tentando passar seus braços pelo pescoço de Neville e arrastá-lo para longe dos alunos da Sonserina. Crabbe e Goyle cruzaram seus braços e ficaram na frente de Malfoy, prontos para lutar. Rony segurou os braços de Neville e, juntamente com Harry, arrastaram-no para longe da fila da Grifinória. O rosto de Neville estava vermelho; a força que Harry estava fazendo para segurá-lo era enorme mas falou algumas palavras.

- Não... Engraçado... Não... Mungus... Mostre... A ele...

A porta da masmorra se abriu. Snape apareceu. Seus olhos percorreram a fila da Grifinória e parou onde Harry e Rony estavam segurando Neville.

- Brigando, Potter, Weasley e Longbottom? - Snape disse friamente. - Dez pontos da Grifinória. Solte Longbottom, Potter, ou entrará em detenção. Para dentro todos vocês.

Harry soltou Neville, que estava arfando e olhando para ele.

- Eu tinha que lhe deter - Harry murmurou pegando sua mochila. - Crabbe e Golye fariam você desaparecer.

Neville não disse nada, pegou sua mochila e entrou na masmorra.

- Em nome de Merlin - disse Rony devagar, seguindo Neville. - O que era aquilo?

Harry não respondeu. Sabia exatamente que as pessoas que estavam no St. Mungus sofreram danos mágicos em seu cérebro, como os pais de Neville, mas jurou a Dumbledore que jamais falaria o segredo de Neville. Até mesmo Neville não sabia que Harry sabia.

Harry, Rony e Hermione foram até seus lugares que costumavam a sentar, atrás da sala, tiraram suas penas, pergaminhos e seus exemplares de Mil Ervas e Fungos Mágicos. A classe em volta estava murmurando sobre o que Neville tinha acabado de fazer mas quando Snape fechou a porta da masmorra todos imediatamente ficaram em silêncio.

- Vocês vão notar - disse Snape baixo, numa voz irônica - que nós temos uma visita conosco hoje.

Ele gesticulou em direção a um canto da masmorra e Harry viu a professora Umbridge sentada lá, com uma prancheta em seu joelho. Olhou para Rony e Hermione com as sobrancelhas levantadas. Snape e Umbridge, os dois professores que mais odiava. Era difícil decidir quem mais odiava.

- Nós vamos continuar com a Poção da Força hoje. Vocês vão usá-la na poção que vocês fizeram aula passada; se foi corretamente feita no fim de semana, com as instruções - acenou sua varinha de novo - no quadro.

A professora Umbridge passou meia hora fazendo anotações. Harry estava tão interessado em ouvir suas perguntas para Snape, tão interessado, que estava se descuidando da poção de novo.

- Sangue de Salamandra, Harry! - Hermione o advertiu sobre o ingrediente errado pela terceira vez. - Não suco de pomegranate!

- Certo - disse Harry vagamente, adicionando o vidro e continuando a vigiar o canto, Umbridge acabara de se levantar. - Há - ele disse devagar, quando ela passou pelas duas filas de cadeiras, próximo a Snape, que estava olhando o caldeirão de Dino Thomas.




- Bom, a classe parece próximo a um nível avançado - ela disse atrás de Snape. - Eu gostaria de perguntar se é aconselhável ensinar uma Poção de Força. Acho que o Ministério preferiria que fosse removida.

Snape se virou para fitá-la.

- Agora... Quanto tempo você ensina em Hogwarts? - perguntou com sua pena descansada na prancheta.

- Quatorze anos - Snape respondeu. Seu rosto estava contraído. Harry o olhava de perto e adicionou algumas gotas a mais em sua poção; que ficou laranja.

- Você lecionou primeiro Defesa Contra as Artes das Trevas, não foi? - perguntou Umbridge.

- Sim - disse Snape calmo.

- Mas não teve sucesso?

Snape mordeu os lábios.

- É óbvio.

A professora Umbridge escreveu em sua prancheta.

- E você tem ensinado regulamente Defesa Contra as Artes das Trevas desde que entrou para a escola, eu acho?

- Sim - disse Snape quieto, mordendo seus lábios. Parecia irritado.

- Você tem alguma idéia por que Dumbledore recusou que você continuasse? - perguntou Umbridge.

- Eu sugiro que você pergunte a ele - disse Snape furioso.

- Oh, eu devo - disse a professora Umbridge com um doce sorriso.

- Eu acho que isso é relevante? - Snape perguntou, com seus olhos semicerrados.

- Oh, sim - disse a professora Umbridge. - Sim, o Ministério quer tudo sobre os professores e seus antecedentes.

Ela se virou, andou até Pansy Parkinson e começou a perguntá-la sobre as aulas. Snape olhou para Harry e seus olhos se encontraram com os dele por um momento. Harry deixou cair algo em sua poção, que estava exalando um cheiro de queimado no ar.

- Errado de novo, Potter - disse Snape maliciosamente, esvaziando o caldeirão de Harry com sua varinha. - Você vai me escrever a correta composição da poção, indicando como e por que você errou, para ser entregue na próxima aula, você entendeu?

- Sim - disse Harry furioso.

Snape já tinha dado dever de casa e Harry ainda tinha treino de quadribol naquela tarde; significava mais uma noite mal dormida. Não seria possível estar alegre quando acordasse de manhã. Todos os seus sentimentos se transformaram em tristeza até o fim do dia.

- Talvez eu deva faltar Adivinhação - disse mal humorado, quando ficaram no pátio após do almoço, a brisa calma batendo em seus rostos. - Eu pretendo ficar doente e fazer esse dever rapidamente, depois eu não terei que fazer isso de noite.

- Você não pode faltar Adivinhação - disse Hermione severa.

- Estamos falando, você desistiu de Adivinhação, você odeia Trelawney! - disse Rony indignado.

- Eu não a odeio - disse Hermione. - Eu só acho que ela é uma fraude. Mas Harry já faltou História da Magia e eu não acho que deva faltar mais nada hoje!

Era verdade, não podia ignorar isso, tanto que meia hora depois Harry estava sentado na calorosa e perfumada atmosfera da aula de Adivinhação, com raiva de todos. A professora Trelawney estava olhando as cópias do Oráculo dos Sonhos. Harry achou que seria muito melhor estar fazendo o trabalho de Snape do que ficar sentado interpretando sonhos.

Pareceu, entretanto, que não era o único a estar desanimado. A professora deixou a mesa entre Harry e Rony, pegou outra cópia do Oráculo de Dino e Simas e atirou na mesa, quase acertando a cabeça de Simas.

- Bem, vamos! - disse a professora Trelawney alto, sua voz ficando um pouco histérica. - Vocês sabem o que fazer! Ou vocês não sabem como abrir um livro?

A turma ficou perplexa olhando para ela, depois para cada um. Harry, no entanto, achava que sabia qual era o problema. A professora repentinamente voltou para a cadeira do professor, com seus olhos cheios de lágrimas de raiva, e ele falou próximo de Rony.




- Eu acho que ela recebeu os resultados da inspeção.

- Professora? - disse Parvati Patil numa voz estranha (ela e Lilá sempre a admiraram). - Professora, tem alguma coisa errada?

- Errada! - chorou a professora Trelawney numa voz emocionada. - Claro que não! Eu fui insultada... Insinuações contra mim... Acusações... Mas não, não há nada de errado, certamente!

Ela respirou fundo e olhou para Parvati, lágrimas de raiva escorrendo pelo seus óculos.

- Eu não disse nada - ela falou chocada - em dezesseis anos de serviço... Se passaram, aparentemente, nada... Mas eu não deveria ser insultada, não, não deveria!

- Mas, professora, quem está lhe insultando? - perguntou Parvati tímida.

- O estabelecimento! - disse a professora Trelawney, uma profunda, dramática, soluçante voz. - Sim, com esses olhos pelo simples "Eu vejo como, Eu vejo, eu Sei como, eu Sei"... É claro, nós, Videntes, sempre fomos feridos, insultados... É nosso... Nosso fardo.

Ela soluçou, limpou suas lágrimas, e depois soluçou. Rony gemeu, Lilá deu um olhar angustiado.

- Professora - disse Parvati - a senhora quer dizer... É algo com a professora Umbridge?

- Não me fale daquela mulher! - chorou a professora Trelawney, levantando-se trêmula. - Turma, continue com seu trabalho!

E ela passou o resto da aula quieta, soluçando, com lágrimas nos olhos e de vez em quando murmurando algo.

- ...talvez devemos ir... A indignidade disso... Provavelmente... Nós devemos... Como ela se atreve...

- Você e Umbridge têm algo em comum - Harry disse para Hermione quando se encontraram em Defesa Contra as Artes das Trevas. - Ela obviamente reconheceu que Trelawney é uma velha fraude também... Parece que a desaprovaram.

Umbridge entrou na sala quando ele falou, com uma expressão de satisfação.

- Boa tarde, turma.

- Boa tarde Professora Umbridge - todos falaram meio aborrecidos.

- Varinhas guardadas, por favor.

Mas não houve nenhum movimento anormal, ninguém se opôs a guardar a varinha.

- Por favor, vão até a página trinta e quatro da Teoria da Defesa Mágica e leiam o terceiro capítulo, intitulado "O Caso de Não-ofensivos Ataques Mágicos". Tem...

- Não precisa falar - disseram Harry, Rony e Hermione juntos.

*

- Sem treino de quadribol - disse Angelina quando Rony, Harry e Hermione entraram na sala comunal depois do jantar.

- Mas eu me comportei! - disse Harry horrorizado. - Eu não disse nada a ela, Angelina, eu juro, eu...

- Eu sei, eu sei - disse Angelina triste. - Ela apenas disse que precisava de mais tempo para reconsiderar.

- Considerar o quê? - disse Rony com raiva. - Ela deu permissão para a Sonserina, por que para nós não?

Mas Harry pôde imaginar como Umbridge estava se divertindo punindo o time de quadribol da Grifinória, tentava entender o porquê disso tudo.

- Bem - disse Hermione -, olhe pelo lado bom, pelo menos agora você vai poder fazer o trabalho de Snape!

- Esse é o lado bom, é? - falou Harry enquanto Rony fitava Hermione incrédulo. - Sem treino de quadribol e mais dever de Poções?

Harry sentou em uma cadeira, tirou o dever de Poções da mochila e começou a trabalhar. Era difícil se concentrar; porque sabia que Sirius apareceria no fogo dali a pouco, não podia deixar que ninguém visse. Havia muito barulho na sala: Fred e Jorge fizeram finalmente um perfeito Skiving Snackbox, estavam demonstrando para várias pessoas.

Primeiro Fred pegou um pouco do lado laranja, mastigou e vomitou tanto que só parou quando mastigou o lado púrpuro. Lino Jordan, que estava assistindo a demonstração, fez o vômito desaparecer, o mesmo feitiço que Snape usava nas poções de Harry.

Com os sons de aprovação, Fred e Jorge davam ordens para as pessoas, Harry estava achando muito difícil se concentrar em seu dever. Hermione não estava ajudando, o som de Fred e Jorge vomitando fez com que ela desse um suspiro de desaprovação.

- Apenas vamos e paramos eles! - ele disse irritado, errando na poção pela quarta vez.

- Eu não posso, eles não estão fazendo nada errado - disse Hermione entre os dentes. - Eu não encontrei uma regra que diga que outros idiotas não possam comprar nada inútil que seja perigoso, coisa que parece que não é.

Ela, Harry e Rony olharam o projeto de vômito de Jorge arrancar aplausos.

- Você sabe, eu não entendo por que Fred e Jorge só conseguiram três pontos cada - disse Harry, olhando Fred, Jorge e Lino recolherem dinheiro das pessoas. - Eles realmente sabem fazer essas coisas.

- Oh, eles somente sabem fazer essas coisa que são inúteis - disse Hermione.

- Inúteis? - disse Rony, discordando. - Hermione, eles conseguiram vinte e seis galeões.

Passou-se um tempo, depois todos foram embora. Agora só tinha Harry, Rony e Hermione na sala comunal. Harry teve um pequeno progresso com o dever de Poções e resolveu desistir. Guardou os livros, Rony gemeu algo para a lareira.

- Sirius! - ele disse.

Harry se virou. A cabeça de Sirius estava no fogo novamente.

- Oi - ele disse rouco.

- Oi - responderam Harry, Rony e Hermione, todos os três se aproximando da lareira, tentando cobrir a cabeça de Sirius para ninguém mais visse.

- Como estão as coisas? - disse Sirius.

- Não estão boas - disseram Harry e Hermione.

- O Ministério forçou outro decreto, significa que não temos permissão para praticar quadribol...

- Ou grupos de Defesa Contra as Artes das Trevas? - disse Sirius.

Fez-se uma pausa.

- Como você sabe sobre isso? - perguntou Harry.

- Vocês precisam escolher seus lugares de encontro mais atentamente - disse Sirius mais rouco. - O Hog's Head, eu lhe pergunto.

- Bom, era melhor que o Três Vassouras! - defendeu-se Hermione. - Lá sempre está cheio de gente...

- Isso significa que foi difícil os cobrir - disse Sirius. - Você tem que aprender Hermione.

- Quem estava nos cobrindo? - perguntou Harry.

- Mundungo, é claro - disse Sirius quando olharam desconfiados, ele riu. - Ele era a bruxa atrás do véu.

- Aquilo era Mundungo? - disse Harry, espantado. - O que ele estava fazendo no Hog's Head?

- O que você acha que ele estava fazendo? Vigiando vocês, é claro.

- Eu ainda estou sendo seguido? perguntou Harry com raiva.

- Sim. É justo, não é, se a primeira coisa que vocês fazem no seu fim de semana é organizar um grupo ilegal.

Mas ele não parecia com raiva nem irritado. Pelo contrário, olhava para Harry com orgulho.

- Por que Mundungo estava escondido da gente? - perguntou Rony, parecendo desapontado. - Nós gostaríamos de o ter visto.

- Ele foi banido do Hog's Head há vinte anos e o homem do bar tem uma longa memória. Nós perdemos a capa de invisibilidade de Moody quando Sturgius foi levado, então Mundungo se vestiu como uma bruxa há muito tempo... De qualquer forma... Rony, eu mandei uma mensagem para sua mãe.

- Ah é? - disse Rony apreensivo.

- Ela disse que você não pode fazer parte de um grupo ilegal de Defesa Contra as Artes das Trevas. Disse que você será expulso e seu futuro será arruinado. Disse que você terá tempo suficiente no futuro para aprender como se defender, e que você não tem que se preocupar com isso agora. Ela também - Sirius se virou para os outros dois - aconselhou Harry e Hermione a não continuarem com esta idéia, ela sabe que não tem nenhuma autoridade sobre vocês mas os adora. Ela queria escrever para vocês mas se a coruja fosse interceptada vocês realmente estariam com problemas e ela não pode dizer isso porque está limpando a poeira hoje à noite.

- Limpando a poeira o quê? - disse Rony rapidamente.

- Coisas da Ordem . Então me mandou como mensageiro para passar esse conselho para vocês e ela depois tem que ter certeza que eu fiz isso, porque eu não acho que ela confia em mim.

Houve outra pausa. Rony estava com o coração disparando.

- Então você veio me dizer que eu não devo participar do grupo de Defesa? - ele murmurou.

- Eu? Claro que não! - disse Sirius surpreso. - Eu acho que é uma grande idéia!

- Você acha? - disse Harry, espantado.

- É claro que acho! Você acha que eu pai e eu aceitaríamos as ordens de Umbridge?

- Mas você me disse para ter cuidado...

- Ano passado parecia que tinha alguém em Hogwarts tentando lhe matar, Harry! - disse, impaciente. - Esse ano sabemos que há alguém dentro de Hogwarts que gostaria de matar todos nós, então eu acho que vocês têm que aprender a se defender, essa é uma boa idéia!

- E se formos expulsos? - perguntou Hermione.

- Hermione, tudo isso foi sua idéia! - disse Harry, olhando fixamente para ela.

- Eu sei que foi. Eu só quero saber o que Sirius acha - ela resmungou.

- Bem, melhor expulsos e aptos para se defender.

- Ouçam, ouçam - disseram Harry e Rony entusiasmados.

- Então, como vocês estão organizando esse grupo? Onde vocês estão se encontrando?

- Isso é um problema - disse Harry. - Eu não sei onde nós podemos no encontrar.

- Que tal a Casa dos Gritos? - sugeriu Sirius.

- É uma boa idéia - disse Rony excitado, mas Hermione fez um barulho de desaprovação e todos os três olharam para ela.

- Bom, Sirius, vocês quatro se encontravam na Casa dos Gritos porque todos vocês se transformavam em animais e tinham uma capa de invisibilidade. E há vinte e oito de nós e nenhum pode se transformar em animais e não temos muitas capas de invisibilidade...

- É justo - disse Sirius. - Bom, eu acho que vocês podem chegar lá, há uma sala de uma passagem secreta atrás de um grande espelho no quarto andar, vocês terão muito espaço para praticarem azarações.

- Fred e Jorge disseram que está bloqueada - disse Harry, balançando a cabeça. - Algo dentro.

- Oh... - disse Sirius, pensativo. - Eu acho que tenho que voltar para...

Seu rosto estava tenso. Ele se virou, olhando para a parede de tijolos da lareira.

- Sirius? - disse Harry ansioso.

Mas ele desapareceu. Harry olhou as chamas por um momento e se virou para Rony e Hermione.

- Por que ele...?

Hermione deu um soluço horrível, ainda olhando para o fogo. Uma mão apareceu atrás das chamas, pegando algo, com dedos curtos e com anéis. E os três foram até a ela. Harry olhou para a porta do dormitório dos garotos. A mão de Umbridge estava se movendo atrás das chamas, elas sabia que Sirius estivera lá momentos antes e estava determinada a encontrá-lo.

-- CAPÍTULO 18 --
O EXÉRCITO DE DUMBLEDORE


- Umbridge anda lendo a sua correspondência, Harry. Não existe outra explicação.

- Você acha que ela atacou Edwiges? - ele disse enraivecido.

- Estou quase certa disso - disse Hermione assustada. - Cuidado com seu sapo, ele está escapando.

Harry apontou sua varinha para o sapo-boi que estava saltando esperançosamente para o outro lado da mesa.

- Accio! - e ele voltou direto para sua mão.

Feitiços sempre foi uma das melhores aulas para quem quisesse conversar com maior privacidade. Geralmente existe tanto movimento e atividade que o perigo de ser ouvido é muito pequeno. Naquele dia, com a sala particularmente cheia de coachos e grunhidos, além do barulho da chuva batendo na janela da classe, Harry, Rony e Hermione conversavam baixinho sobre como Umbridge tinha quase pego Sirius na noite anterior praticamente despercebidos.

- Eu tenho suspeitado disso desde quando Filch acusou você de encomendar bombas de bosta, porque isso parece uma mentira muito estúpida - Hermione sussurrou. - Eu quero dizer, depois que sua carta tivesse sido lida, estaria bem claro que você não as estava encomendado, então você não estaria com nenhum tipo de problema, seria o tipo de piada bem idiota, não? Mas depois eu pensei, e se alguém só queria uma desculpa para ler a sua correspondência? Aí sim seria perfeito para Umbridge arrumar tudo, contar os fatos a Filch, deixar que ele faça o trabalho sujo e confiscasse a carta, depois encontrar um jeito de pegá-la dele e lê-la. Eu não acho que Filch se oporia, já que ele não é nenhum defensor dos direitos dos estudantes, né? Harry, você está esmagando o seu sapo.

Harry olhou para baixo, estava apertando seu sapo-boi tão forte que seus olhos estavam quase saltando para fora; recolocou rapidamente o sapo de volta na mesa.

- Foi por muito, muito pouco que ela não nos pegou ontem à noite - disse Hermione. - Eu imagino se Umbridge desconfia o quão perto ela chegou. Silencio.

O sapo-boi em que ela estava praticando o feitiço silenciador ficou mudo no meio do seu coaxo e olhou para ela com um ar de reprovação.

- Se ela tivesse pegado Snuffles...

Harry terminou a frase para ela.

- Ele estaria provavelmente em Azkaban essa manhã - ele fez um gesto com sua varinha sem concentração; seu sapo-boi inchou como se fosse um balão verde e emitiu um assobio bem alto.

- Silencio! - disse Hermione rapidamente, apontando sua varinha para o sapo de Harry, que se esvaziou silenciosamente. - Bem, certamente ele não deve fazer isso de novo. Só não sei como vamos dizer isso a ele. Nós não podemos mandar uma coruja.

- Eu não acho que ele vá arriscar de novo - disse Rony. - Ele não é estúpido, ele sabe que ela quase o pegou. Silencio.

Um pássaro grande e feio soltou um alto grunhido.

- Silencio. SILENCIO!

O pássaro grunhiu ainda mais alto.

- É o jeito que você esta movendo a sua varinha - disse Hermione, com olhar um olhar crítico. - Você não deve fazer movimentos de onda, é mais como um movimento de ataque.

- Pássaros são mais difíceis que sapos - retrucou Rony com os dentes acirrados.

- Ok, vamos trocar então - falou Hermione, pegando o pássaro de Rony e recolocando seu sapo-boi no lugar. - Silencio! - o pássaro continuou a abrir e fechar o seu bico mas nenhum som saiu dele.

- Muito bem Sta. Granger! - disse a voz esganiçada do professor Flitwick, fazendo Harry, Rony e Hermione pularem. - Agora vamos ver como você se sai Rony.

- O qu...? Ah... Ah, tá bom - falou Rony, frustrado. - Er... Silencio!

Ele apontou a varinha para o sapo-boi tão bruscamente que acabou acertando seu olho: o sapo deu um coaxo ensurdecedor e pulou fora da mesa.

Não foi surpresa para ninguém que Harry e Rony tivessem que praticar o feitiço silenciador como dever de casa adicional.

Eles tinham permissão para permanecer dentro do castelo devido ao mau tempo que estava lá fora. Acharam assentos numa sala lotada no primeiro andar, onde Pirraça estava flutuando próximo ao candelabro, ocasionalmente jogando alguns vidros de tinta na cabeça de alguém. Eles mal tinham se sentado quando Angelina veio correndo em sua direção, passando por vários grupos de estudantes que estavam fofocando.

- Eu consegui permissão! - ela disse ofegante. - Para reformular o time de quadribol!

- Excelente - disseram Rony e Harry juntos.

- É - falou Angelina, rindo-se de alegria. - Eu fui falar com a professora Mcgonagall e acho que ela apelou para o Dumbledore. De qualquer jeito, Umbridge teve que nos dar permissão. Ha! Então eu quero que vocês dois estejam hoje no campo às sete horas da noite. Vocês têm noção de que faltam apenas três semanas para a primeira partida?

Ela se despediu deles, desviou de um vidro de tinta atirado por Pirraça, que acabou acertando um aluno do primeiro ano, e sumiu de vista.

O sorriso de Rony desapareceu assim que ele olhou pela janela, que estava opaca de tanta chuva que caia lá fora.

- Espero que o tempo melhore. O que você tem Hermione?

Ela também estava olhando para a janela mas não como se estivesse olhando para ela. Seus olhos estavam fora de foco e ela estava franzido sua testa.

- Estava pensando... - ela comentou, olhando a chuva lavar a janela.

- Sobre Siri... Snuffles? - disse Harry.

- Não... Não exatamente... - ela falou devagar. - Estou mais....Imaginando... Suponho que nós estejamos fazendo a coisa certa... Eu acho... Nós não...

Harry e Rony olharam um para o outro.

- Bem, isso está mais do que claro - disse Rony. - Acho que seria realmente chato se você não tivesse se explicado tão bem.

Hermione olhou para ele como se somente agora tivesse percebido que ele estava ali.

- Eu estava pensando comigo mesma - ela falou, sua voz bem alta agora -, se nós estamos fazendo a coisa certa começando esse grupo de Defesa Contra as Artes das Trevas.

- O quê? - disseram Harry e Rony ao mesmo tempo.

- Hermione, essa foi sua idéia em primeiro lugar! - disse Rony indignado.

- Eu sei - ela falou, trançando seus dedos. - Mas depois que falamos com Snuffles...

- Mas ele concorda com a idéia! - exclamou Harry.

- É - disse, encarando a janela novamente. - Foi exatamente isso o que me fez pensar se essa é uma boa idéia mesmo...

Pirraça flutuou sobre eles, o revolver de ervilha em punho (um brinquedo); automaticamente os três levantaram suas mochilas para proteger suas cabeças até que ele passasse.

- Vamos direto ao ponto - Harry falou com raiva, enquanto colocavam as mochilas de volta ao chão. - Sirius concorda conosco e por isso você acha que nós não devemos mais fazer isso?

Hermione parecia tensa. Agora encarando suas próprias mãos.

- Você realmente confia no julgamento dele?

- Sim, eu confio! - Harry falou de uma só vez. - Ele sempre está nos dando ótimos conselhos!

Um vidro de tinta passou por eles, acertando Katie Bell na orelha. Hermione olhou Katie dar um salto e começar a jogar coisas em Pirraça; momentos depois Hermione falou de novo. Parecia que estava escolhendo suas palavras com muito cuidado.

- Você não acha que ele se tornou... Um pouco... Imprudente...Desde que ficou preso em Grimmauld Place? Você não acha que ele... Está... Querendo viver através de nós?

- O que você quer dizer com "viver através de nós"? - Harry revidou.

- Eu quero dizer... Bem, Eu acho que ele teria adorado formar uma sociedade secreta embaixo do nariz de alguém do Ministério... Eu acho que ele está frustrado por poder fazer tão pouco onde ele está... Então pra mim ele está nos instigando.

Rony olhou perplexo.

- Sirius está certo - ele disse -, você parece mesmo com a minha mãe.

Hermione mordeu o lábio e não respondeu. O sinal tocou no momento em que Pirraça desceu até onde estava Katie e esvaziou um frasco inteiro de tinta em sua cabeça.

*

O tempo não melhorou com o passar do dia, então às sete horas daquela noite, quando Harry e Rony desceram para o treino de quadribol, estavam totalmente ensopados em minutos, seus pés deslizando através da grama molhada. O céu estava cinza e repleto de trovões, foi um alívio ganhar o calor e as luzes do vestiário, ainda que soubessem que era apenas por pouco tempo. Encontram Fred e Jorge discutindo se deviam ou não usar a Skiving Snackbox para escapar do treino.

- ...mas eu aposto que ela saberia se nós fizéssemos isso - disse Fred pelo canto da boca. - Se eu pelo menos não tivesse oferecido a ela algumas pílulas de vômito ontem.

- Nós podíamos tentar a "Febre de Fudge" - Jorge murmurou -, ninguém viu essa ainda...

- E ela funciona? - perguntou Rony esperançoso, enquanto a chuva caía cada vez mais forte e o vento se intensificava ao redor do prédio.

- Bem, funciona - disse Fred -, a sua temperatura vai subir bastante.

- Mas vão nascer em você furúnculos cheios de pus também - completou Jorge -, nós ainda não chegamos na parte de como fazê-los desaparecer.

- Eu não estou vendo nenhum furúnculo - disse Rony, encarando os gêmeos.

- É claro que você não pode ver - Fred falou baixinho -, eles não estão em um lugar que geralmente mostramos para o público. Mas quando você senta numa vassoura elas fazem você sentir uma baita dor na...

- Muito bem, todo mundo, ouçam-me - disse Angelina bem alto, saindo da sala do capitão. - Eu sei que esse não é o tempo ideal mas existe uma chance de nós jogarmos contra Sonserina nessas condições, então é uma boa idéia sabermos como vamos lidar com eles se isso acontecer. Harry, você não fez algo com seus óculos para impedir que eles ficassem embaçados quando jogamos contra a Lufa-lufa?

- Ah, isso foi Hermione - Harry comentou. Puxou sua varinha bateu nos seus óculos e disse. - Impervius!

- Eu acho que todos nós devíamos tentar isso - disse Angelina. - Se nós pudermos manter a chuva fora das nossas caras, já ajudará bastante na visibilidade - Vamos lá, todos juntos. Impervius.

Todos guardaram suas varinhas nas capas, colocaram as vassouras nos ombros e seguiram Angelina para fora do vestiário.

Caminharam silenciosamente até o meio do campo enlamaçado; a visibilidade ainda era muito ruim apesar do feitiço Impervius; a luz desaparecia rapidamente e cortinas de chuva lavavam o chão.

- Vamos lá, quando eu assobiar - gritou Angelina.

Harry deu impulso e saiu do chão espalhando lama para todas as direções, o vento o colocando fora do curso a todo momento.

Não tinha nenhuma idéia de como veria o pomo de ouro com aquele tempo; estava tendo bastante dificuldade em ver até mesmo os balaços; pouco mais de um minuto de treino um balaço quase o derrubou da vassoura. Felizmente, Angelina não viu isso. De fato, ela parecia incapaz de ver qualquer coisa; nenhum deles tinha qualquer idéia do que o outro estava fazendo. O vento estava cortante; Harry podia ouvir o assobio e o triturar da chuva se encontrando com a superfície do lago.

Angelina manteve o treino por pelo menos uma hora antes de conceder a derrota. Ela liderou seu time molhado e decepcionado de volta para o vestiário, insistindo que o treino não tinha sido uma perda de tempo, embora não existisse convicção nenhuma em sua voz. Fred e Jorge estavam parecendo particularmente perturbados; ambos estavam mancando de uma perna a cada movimento que faziam. Harry pôde ouvi-los reclamando enquanto secava os cabelos.

- Eu acho que alguns dos meus estouraram - disse Fred com uma voz sofrível.

- Os meus não - reclamou Jorge, trincando os dentes -, eles estão pulsando como loucos...

- OUCH! - gritou Harry.

Ele pressionou a toalha em seu rosto, seus olhos apertados de tanta dor. A cicatriz na sua testa estava queimando de novo, mais dolorosamente do que esteve em semanas.

- O que houve?! - várias vozes perguntaram.

Harry apareceu atrás de sua toalha; o vestiário estava todo embaçado porque não estava usando seus óculos, mesmo assim pôde perceber que todos os rostos estavam virados na sua direção.

- Nada - ele sussurrou. - Eu... Acertei meu olho acidentalmente.

Mas Rony deu a ele um olhar significativo enquanto o resto do time se dirigia para fora, todos vestindo seus casacos, seus chapéus puxados abaixo da orelha.

- O que aconteceu? - disse Rony, no momento em que Alicia desaparecia pela porta. - Foi a sua cicatriz?

Harry confirmou com a cabeça.

- Mas... - parecendo assustado, Rony andou até a janela e olhou para a chuva. - Ele... Ele não pode estar perto de nós agora, pode?

- Não - Harry murmurou, esfregando com força a sua testa. - Ele está a quilômetros de distancia provavelmente. A cicatriz dói porque... Ele está... Furioso.

Harry não pretendia dizer aquilo - e ouviu essas palavras como se um estranho as tivesse falado. No entanto ele sabia que aquilo era verdade. Ele não tinha idéia de como sabia aquilo, só tinha certeza que sabia. Voldemort, onde quer que ele estivesse e seja lá o que estivesse fazendo, estava de muito mau humor.

- Você o viu? - perguntou Rony, parecendo horrorizado. - Você... Teve uma visão, ou algo do tipo?

Harry se sentou em silêncio, encarando seus pés, deixando que sua mente e sua memória relaxassem depois da dor.

Uma confusa mistura de sombras, um cochicho de vozes...

- Ele quer que algo seja feito e isso não está acontecendo tão rápido como ele deseja - completou.

Outra vez se sentiu surpreso ao ouvir palavras saindo de sua boca e mais uma vez teve certeza de que eram verdade.

- Mas... Como você sabe? - perguntou Rony.

Harry balançou a cabeça e cobriu seus olhos com suas mãos, pressionando-os com a palma. Pequenas estrelas apareceram. Ele sentiu Rony se sentar no assento a sua frente. E sabia que Rony o estava encarando.

- Foi isso que aconteceu da outra vez? - falou Rony com uma certa calma na voz. - Quando sua cicatriz doeu no escritório da Umbridge. Você-Sabe-Quem estava brabo?

Harry sacudiu negativamente sua cabeça.

- O que foi então?

Harry estava pensando consigo mesmo. Ele tinha olhando para a cara de Umbridge... Sua cicatriz tinha doído... E ele tinha tido um estranho sentimento em seu estômago... Um estranho, sentimento que saltava... Um sentimento feliz... Mas é claro, ele não tinha reconhecido no momento porque estava se sentindo miserável...

- A última vez aconteceu porque ele estava se sentido satisfeito - disse. - Realmente satisfeito. Ele pensou... Que alguma coisa boa aconteceria. E na noite anterior de voltarmos para Hogwarts.... - ele voltou seu pensamento para o momento em que sua cicatriz tinha doido demais em seu quarto em Grimmauld Place... - Ele estava furioso.

Ele voltou seu olhar para Rony, que o estava olhando boquiaberto.

- Você poderia tomar o lugar da professora Trelawney - disse com pavor em sua voz.

- Eu não estou fazendo profecias - replicou Harry.

- Não, você sabe o que você está fazendo? - Rony falou parecendo assustado e impressionado ao mesmo tempo. - Harry, você está lendo a mente de Você-Sabe-Quem!

- Não - disse Harry, balançando a cabeça. - Eu acredito que é mais como se fosse... Seu humor. Eu só estou tendo acesso sobre o que ele anda sentindo. Dumbledore já me falou algo parecido o ano passado. Comentou que eu poderia dizer quando Voldemort está perto de mim ou se está sentindo muito ódio. Bem, agora eu posso sentir quando ele está se sentindo feliz também...

Houve uma pausa. O vento e a chuva chicoteavam o prédio.

- Você tem que dizer isso a alguém - concluiu Rony.

- Eu já disse isso a Sirius da última vez!

- Bem, conte a ele essa vez também!

- Eu não posso, não é? - Harry falou com raiva. - Umbridge está vigiando as corujas e as lareiras, esqueceu?

- Diga a Dumbledore então.

- Eu acabei de dizer a você que ele já sabe - disse Harry secamente, levantando, e colocando seu casaco. - Não existe sentido em dizer isso de novo a ele.

Rony colocou seu casaco o mais rápido que pôde, olhando com ponderação para o amigo.

- Tenho certeza que Dumbledore gostaria de saber.

Harry encolheu os ombros.

- Vamos lá... Nós ainda temos que praticar o Feitiço Silenciador.

Saíram pela escuridão do campo, escorregando e tropeçando pelas poças de lama, mas não conversaram. Harry estava pensando muito. O que será que Voldemort queria que fosse feito e que não estava acontecendo rápido o suficiente?

"...ele tem outros planos... Planos que quer pôr em operação com a maior discrição... Coisas que ele só pode conseguir com reserva... Como uma arma. Alguma coisa que ele não tinha da última vez."

Harry não tinha pensando nessas palavras por semanas, estava absorto demais em saber o que estava acontecendo em Hogwarts, ocupado demais com os problemas que tinha com Umbridge, a injustiça de toda interferência do Ministério... Mas agora essas palavras voltavam à sua mente e o faziam imaginar...A raiva que Voldemort tinha sentindo se ele não estava conseguindo chegar perto da arma que desejava, ou seja lá o que isso fosse. Será que a Ordem tinha o impedido de conseguí-la? Onde será que ela estava escondida? Quem será que a tinha em seu poder?

- "Mimbulus mimbletonia" - soou a voz de Rony e Harry voltou a si bem em tempo de passar pelo retrato que dava para a sala comunal.

Hermione parecia ter ido para a cama mais cedo, deixando Bichento enrolado numa cadeira e seus chapéus de tricô para os elfos domésticos na mesa perto do fogo. Harry estava grato que ela não estava por ali porque não queria discutir de novo sobre a dor em sua cicatriz, nem ouvir sua suplica para que fosse ver Dumbledore novamente. Rony continuou a observá-lo com olhares furtivos mas Harry puxou para perto de si seus livros de Feitiço e começou a procurar alguma coisa que lhe ajudasse na sua lição de casa. Na verdade estava somente fingindo estar concentrado, porque quando Rony disse a ele que iria dormir mal tinha escrito alguma coisa.

A meia noite chegou e se foi enquanto Harry estava lendo e relendo uma passagem que falava sobre os usos da "erva-escoburta", mal entendendo o que isso queria dizer.

"Essas plantas são muito eficazes na inflamação de cérebros e muito utilizadas para confundir correntes de ar, onde os magos estão imprudentes...."

...Hermione disse que Sirius se tornou imprudente por estar preso em Grimmauld Place...

"...plantas são muito eficazes na inflamação de cérebros..."

...o Profeta Diário pensaria que seu cérebro estava inflamado se soubessem que ele sabia o que Voldemort estava sentido...

"...muito utilizadas para confundir..."

Confundir era a palavra certa; por que ele sabia o que Voldemort estava sentindo? Qual era a estranha conexão entre eles, que Dumbledore nunca explicou satisfatoriamente?

"...onde os magos estão..."

...como Harry gostaria de dormir...

"...imprudentes..."

...estava quentinho e confortável numa cadeira perante a lareira, a chuva ainda batendo fortemente na janela, Bichento ronronava, o fogo crepitava...

O livro escorregou das mãos de Harry e caiu fazendo um barulho estampido no tapete.

Estava mais uma vez andando no corredor sem janelas, seus passos ecoando pelo silêncio. Conforme a porta do final da passagem parecia maior seu coração batia cheio de excitação... Se ele pelo menos pudesse abri-la... Descobrir o que estava atrás dela...

Ele esticou suas mãos... A ponta de seus dedos estavam centímetros da porta...

- Harry Potter, meu senhor!

Ele acordou com um sobressalto. As velas tinham se extinguido da sala comunal mas havia alguma coisa se movendo perto dele.

- Quem está aí? - disse Harry, sentando-se direito na cadeira. O fogo tinha praticamente acabado, a sala estava muito escura.

- Dobby está com a sua coruja, meu senhor! - uma voz aguda respondeu.

- Dobby? - disse Harry rapidamente, espreitando seus olhos para o lugar de onde tinha vindo a voz.

Dobby, o elfo-doméstico, estava parado perto da mesa na qual Hermione tinha deixado uma dúzia de chapéus de lã. Suas orelhas grandes e pontudas estavam cobertas pelo que parecia ser todos os chapéus que Hermione tinha tricotado; estava usando um chapéu em cima de outro, parecia que sua cabeça tinha aumentado vinte ou trinta centímetros. No topo deles estava sentada Edwiges, que assobiava serenamente e estava obviamente curada.

- Dobby se voluntariou para trazer de volta a coruja do Harry Potter - disse o elfo esguiçado, com um olhar de adoração em sua face -, a professora Grubbly-Plank disse que ela está bem agora, meu senhor! - ele fez uma reverência tão grande que o seu nariz em forma de lápis bateu na superfície do tapete. Edwiges deu um pio de indignação e voou para o braço da cadeira de Harry.

- Obrigado Dobby! - disse Harry, acariciando a cabeça de Edwiges e piscando várias vezes para tentar esquecer a imagem da porta em seu sonho... Tinha sido tão real. Olhando mais atentamente para Dobby ele notou que o elfo estava usando algumas echarpes e tantas meias que seu pé parecia grande demais para seu corpo. - Er... Você esteve pegando todas as roupas que Hermione tem deixado?

- Oh, não, meu senhor - disse Dobby contente. - Dobby tem pegado algumas para Winky também meu senhor!

- Ah sim...Como esta Winky?

As orelhas de Dobby se abaixaram significativamente.

- Winky ainda tem bebido muito, meu senhor - disse com tristeza, seus enormes olhos verdes grandes como bola de tênis reprimidos. - Ela ainda não liga para as roupas, Harry Potter. Nem os outros elfos-domésticos. Nenhum deles quer limpar mais a Torre de Grifinória, não com todos esses chapéus e meias escondidas por todo lugar. Eles acham que elas são um insulto, meu senhor. Dobby limpa tudo sozinho, meu senhor, mas Dobby não se importa, meu senhor, por que ele sempre espera encontrar Harry Potter e hoje à noite ele conseguiu seu desejo, meu senhor! - Dobby fez uma grande reverência novamente. - Mas Harry Potter não parece estar muito feliz - Dobby voltou seu olhar timidamente para Harry. - Dobby ouviu ele sussurrando quando estava dormindo. Harry Potter estava tendo sonhos ruins?

- Não tão ruins - disse Harry, bocejando e esfregando seus olhos. - Já tive piores.

O elfo estudou Harry com seus grandes olhos verdes. Então disse bem sério, suas orelhas se abaixando.

- Dobby deseja poder ajudar Harry Potter, porque Harry Potter libertou Dobby e Dobby está muito, muito mais feliz agora.

Harry sorriu.

- Você não pode me ajudar, Dobby, mas obrigado pela oferta.

Ele se abaixou e pegou seu livro de Poções. Tentaria terminar aquela lição no dia seguinte. Ao fechar o livro viu através da iluminação da lareira as pequenas cicatrizes brancas em sua mão - resultado das detenções passadas com Umbridge.

- Espere um momento. Há alguma coisa que você pode fazer por mim, Dobby - disse Harry devagar.

O elfo olhou de volta maravilhado.

- É só dizer, Harry Potter, meu senhor.

- Eu preciso achar um lugar onde vinte e oito pessoas possam praticar Defesa Contra as Artes das Trevas sem serem descobertos por ninguém. Especialmente - Harry apoiou sua mão no livro para que a cicatriz aparecesse ainda mais. - A professora Umbridge.

Ele estava esperando que o sorriso do elfo desaparecesse, que suas orelhas abaixassem; esperava que o elfo dissesse que aquilo era impossível ou que devia procurar outro lugar, suas esperanças não eram grandes. O que não esperava era ver Dobby dar um pequeno salto, balançar suas orelhas alegremente e bater pequenas palmas.

- Dobby conhece um lugar perfeito, meu senhor! - disse contente. - Dobby ouviu dizer dele assim que chegou a Hogwarts. Ela é conhecida por nós como a Sala que Aparece e Desaparece, meu senhor, ou como a Sala da Requisição!

- Por quê? - perguntou Harry com curiosidade.

- Porque é uma sala que uma pessoa só pode entrar - Dobby disse sério - quando realmente precisa dela. Algumas vezes ela está lá e outras não, mas quando ela aparecesse está sempre equipada com tudo que a pessoa que a desejou precisa. Dobby já a usou uma vez, meu senhor - o elfo disse, abaixando sua voz, parecendo culpado - quando Whinky estava muito bêbada; ele a escondeu na Sala da Requisição e encontrou antídotos para cerveja amanteigada e uma cama de elfo para deixá-la lá enquanto estivesse adormecida... E Dobby sabe que o Sr. Filch encontrou material extra de limpeza lá quando precisou, meu senhor, e...

- E se você realmente precisasse de um banheiro - disse Harry, lembrando de repente de uma coisa que Dumbledore tinha dito no Natal anterior - ela se encheria de vasos sanitários?

- Dobby acredita que sim, meu senhor - o elfo concordou com a cabeça. - É uma sala impressionante, meu senhor!

- Quantas pessoas sabem sobre ela? - perguntou Harry, sentando-se direito na cadeira.

- Pouquíssimas, meu senhor. A maioria das pessoas a encontram quando realmente precisam de algo mas depois não conseguem mais encontrá-la, eles não sabem que ela sempre está ali, só esperando para ser chamada.

- Parece brilhante - concluiu Harry, seu coração em disparada. - Parece perfeito, Dobby. Quando você pode me levar até lá?

- A qualquer hora, Harry Potter - disse Dobby, parecendo satisfeito com o entusiasmo de Harry. - Nós podemos ir agora, se você quiser!

Por um momento Harry pareceu tentado em acompanhar Dobby. Estava se levantando de seu assento, com a intenção de pegar sua capa da invisibilidade quando, não pela primeira vez, uma voz muito parecida com a de Hermione sussurrou em seu ouvido: imprudência. Apesar de tudo era muito tarde, estava exausto e tinha a tarefa de Snape para terminar.

- Não esta noite, Dobby - Harry falou com relutância, sentando-se em sua cadeira novamente. - Isso é realmente importante... Eu não quero estragar as coisas, preciso planejar tudo. Ouça, você pode só me dizer onde fica exatamente essa Sala da Requisição e o que eu devo fazer para entrar nela?

*

Suas vestes se enrolaram neles quando caminhavam pela vegetação encharcada para irem assistir a aula dupla de Herbologia, onde mal podiam ouvir o que a professora Sprout estava dizendo devido ao intenso barulho que a chuva fazia no teto das estufas. À tarde, a aula de Trato das Criaturas Mágicas foi transferida para uma classe no primeiro andar devido a intensa tempestade. Para o alívio de Rony e Harry, Angelina veio dizer na hora do almoço que a treino para praticar quadribol tinha sido cancelado.

- Ótimo - disse Harry calmamente, assim que ela contou a ele -, porque eu encontrei um lugar onde nós poderemos ter nosso primeiro encontro de Defesa. Hoje, às oito horas da noite, no sétimo andar, bem na frente daquele tapete onde Barnabas está sendo golpeado por alguns trasgos. Você pode dizer isso a Katie e Alicia?

Ela olhou para trás com grande curiosidade mas prometeu falar aos outros. Harry retornou faminto para suas salsichas e purê. Quando olhou para cima para beber um pouco de suco de abóbora encontrou Hermione o encarando.

- O que foi? - perguntou intrigado.

- Bem... É que os planos de Dobby nem sempre são seguros. Você não se lembra quando ele o fez perder todos os ossos do seu braço?

- Essa sala não é uma idéia maluca de Dobby; Dumbledore a conhece também, ele a mencionou durante o Baile de Inverno no ano passado.

A expressão de Hermione se tornou mais serena.

- Dumbledore lhe contou sobre ela?

- Foi só um comentário momentâneo - Harry deu de ombros.

- Se é assim, então está tudo certo - Hermione falou rapidamente e sem fazer mais objeções.

Juntos, eles passaram a maior parte do dia procurando por aquelas pessoas que tinham assinado seus nomes na lista de Hog's Head e dizendo a elas onde deveriam se encontrar àquela noite. Para o desapontamento de Harry, Gina foi quem ficou encarregada de encontrar Cho Chang e sua amiga; no entanto, no final do jantar, tinha certeza que a notícia tinha sido passada para cada uma das vinte e oito pessoas que tinham assinado a lista em Hog's Head.

Às sete e meia Harry, Rony e Hermione deixaram a sala comunal da Grifinória, Harry segurando com força um certo pedaço de pergaminho velho em sua mão. Os alunos do quinto ano tinham permissão para andar nos corredores até as nove horas da noite, mas os três estavam olhando para todos os lados nervosamente assim que atingiram o sétimo andar.

- Esperem um pouco - avisou Harry, abrindo o pedaço de pergaminho no topo da escada, batendo nele com sua varinha e sussurrando: - Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom.

Um mapa de Hogwarts apareceu na superfície branca do pergaminho. Pequenos pontos pretos rotulados com nomes, mostravam a localização de algumas pessoas.

- Filch está no segundo andar - falou Harry, colocando o mapa perto de seus olhos - e Madame Nor-r-ra está no quarto.

- E Umbridge? - disse Hermione com ansiedade.

- Está em seu escritório - Harry apontou o mapa. - Ok, vamos lá então.

Eles se apressaram pelo corredor em direção ao lugar que Dobby descreveu para Harry, uma grande parede branca e em oposição a ela uma enorme tapeçaria onde Barnabas estava sendo golpeado por trasgos.

- Ok - disse Harry devagar, quando um trasgo parou seus golpes e começou a observá-los. - Dobby me falou para caminhar entre essas paredes três vezes e se concentrar naquilo que nós precisamos.

Eles fizeram isso, passando depressa pela janela perante a enorme parede branca e então voltando para um vaso de tamanho natural que estava do outro lado. Rony tinha espremido seus olhos em concentração; Hermione estava sussurrando alguma coisa; Os punhos de Harry estavam acirrados conforme ele olhava para eles.

"Nós precisamos de um lugar para aprender a lutar...", ele pensou. "Nos dê um lugar para praticar... Um local onde não possam nós encontrar..."

- Harry! - gritou Hermione tremendo, conforme eles estavam dando a volta pela terceira vez.

Uma porta bastante lustrada apareceu na parede. Rony estava olhando para ela parecendo desconfiado.

Harry caminhou em direção a ela, segurou a maçaneta, puxou a porta e liderou o caminho para uma espaçosa sala iluminada com inúmeras tochas iguais a aquelas que iluminavam o oitavo andar.

As paredes estavam enfileiras com estantes cheias de livros e no chão havia almofadas de seda bem grandes, ao invés de cadeiras. Um conjunto de prateleiras perto do fim da sala estava carregado de instrumentos tais como bisbilhoscópios, sensores de segredos e uma grande espelho-de-inimigos quebrado que Harry tinha certeza ter visto no ano anterior no escritório do impostor de Moody.

- Isso vai ser bom quando nós estivermos praticando estonteamento - disse Rony com entusiasmo, testando uma das almofadas com o pé.

- E olhe só para esses livros! - disse Hermione, excitada, percorrendo com seus dedos as lombadas dos grandes livros de couro. - "Um Compendio das Maldições Comuns e suas Contra-maldições"...

"O Guia de Defesa Contra a Arte das Trevas"... "Feitiços para Proteger a si mesmo"... Uau... - ela olhou para Harry, suas bochechas acaloradas, e ele viu que a presença de centenas de livros finalmente convenceram Hermione que o que estavam fazendo estava certo. - Harry, isso é maravilhoso, tudo de que precisamos está aqui!

E sem deslizar mais seus dedos pelos livros, pegou um exemplar de "Má Sorte para os Amaldiçoados" e se pôs a ler na almofada mais próxima.

Ouviu-se um tímido barulho de bater na porta. Harry se virou e olhou. Gina, Neville, Lilá, Parvati e Dino tinham chegado.

- Uau - disse Dino, olhando a sala impressionado. - Que lugar é este?

Harry começou a explicar mas antes de terminar muitas outras pessoas começaram a chegar e teve que começar tudo de novo. Por volta das oito horas todas as almofadas estavam ocupadas. Harry se voltou até a porta e virou a chave para trancá-la; ela fez um clique como se fosse um ruído de satisfação e todo mundo ficou em silêncio, olhando para ele. Hermione marcou sua pagina de "Má Sorte para os Amaldiçoados" e colocou o livro de lado.

- Bem - disse Harry parecendo nervoso. - Esse é o lugar que nós encontramos para praticar nossas reuniões, e vocês... Er... Obviamente a encontraram.

- É fantástico! - falou Cho e algumas pessoas murmuraram em concordância.

- É bizarro - disse Fred, olhando a sala. - Nós uma vez nos escondemos de Filch aqui, lembra Jorge? Mas ela era somente um armário de vassouras para nós.

- Hey, Harry, o que são essas coisas? - perguntou Dino, de costas para a sala, indicando o bisbilhoscópio e o espelho-de-inimigos.

- São detectores de presença maligna - disse Harry, pulando pelas almofadas para alcançá-los. - Basicamente eles mostram quando bruxos do mal ou inimigos estão por perto, mas não contem totalmente com eles, podem ser enganados.

Harry encarou o espelho-de-inimigos quebrado por uns instantes; figuras sombrias estavam se movendo dentro dele; embora nenhuma fosse reconhecível. Virou de costas para o espelho.

- Bem, eu estive pensando sobre o que nós deveríamos fazer primeiro e... Er- ele notou uma mão se levantar. - O quê, Hermione?

- Eu acho que nós devíamos eleger um líder - disse Hermione.

- Harry é o líder - falou Cho de súbito, olhando para Hermione como se ela fosse louca.

O estômago de Harry deu outro salto.

- Eu sei, mas nós devemos votar nisso propriamente - disse Hermione sem perturbação. - Transforma a votação num ato formal e dá a ele autoridade. Então, todos acham que Harry deve ser o líder?

Todo mundo levantou a mão, até mesmo Zacharias Smith, embora sem muita vontade no coração.

- Er... Certo, obrigado - disse Harry, que podia sentir sua face queimando. - E... O quê, Hermione?

- Eu também acho que nós deveríamos ter um nome - falou claramente, sua mão ainda no ar. - Promoveria um sentimento de espírito de equipe e união, você não acha?

- Nós podemos ser o "Esquadrão Anti-Umbridge?" - disse Angelina esperançosa.

- Ou o "Ministério da Magia é um Grupo de Idiotas?" - sugeriu Fred.

- Eu estava pensando - falou Hermione, franzindo as sobrancelhas para Fred - em um nome que não dissesse a todo mudo o que nós estamos fazendo, para que nós pudéssemos conversar sobre isso com segurança fora das reuniões.

- Que tal "Equipe da Defesa?" - falou Cho. - O "ED" seria um atalho, aí ninguém saberia sobre o que nós conversamos.

- Sim, "ED" está bom - concluiu Gina. - Mas vamos transformar isso em "O Exército de Dumbledore", por que esse é o maior medo do Ministério, não é?

Houve um grande murmuro de aprovações e risadas.

- Todos a favor do "ED"? - disse Hermione com seu jeito mandão, ajoelhando-se em sua almofada para contar. - É o voto da maioria, proposta aprovada!

Ela pregou o pedaço de pergaminho com todas as assinaturas do grupo na parede e escreveu no topo com letras bem grandes:



O EXÉRCITO DE DUMBLEDORE



- Pronto - falou Harry, quando ela voltou a se sentar novamente. - Devemos ir para a prática agora? Eu estava pensando, em primeiro lugar nós deveríamos tentar Expelliarmus, vocês sabem, o Feitiço de Desarmamento. Eu sei que é bem básico, mas eu achei isso muito útil...

- Ah, por favor - disse Zacharias Smith, levantando seus olhos e cruzando seus braços. - Eu não acho que Expelliarmus é exatamente o que vai nos ajudar contra Você-Sabe-Quem, você não acha?

- Eu já usei esse feitiço contra ele - replicou Harry com calma. - Isso salvou a minha vida em junho.

Smith abriu sua boca de um jeito muito abobado. O resto da sala estava muito quieto. - Mas se você acha que isso é muito pouco para você, você pode sair.

Smith não se moveu. Nem qualquer outra pessoa.

- Tudo bem - disse Harry, sua boca ficando mais seca do que o normal com todos aqueles olhos em cima dele -, eu acho que nós deveríamos nos dividir em pares para praticar.

Parecia muito estranho ficar dando instruções mas nada tão estranho como ver todos as seguindo.

Todo mundo levantou e se dividiu em pares. Como era esperado, Neville tinha ficado sem parceiro.

- Você pode praticar comigo - Harry falou a ele. - Certo, quando eu contar até três, então... Um, dois, três...

A sala de repente se encheu de vozes gritando Expelliarmus. Varinhas voavam por todas as direções; feitiços perdidos acertavam os livros nas prateleiras que saíam voando pelos ares. Harry tinha sido rápido demais para Neville, cuja varinha tinha dado um giro em volta de sua cabeça, batido no teto produzindo várias fagulhas e aterrissado no topo de uma estante de livro. Harry usou o feitiço convocatório para devolvê-la a ele. Olhando a sua volta, ele pensou que estava certo em ter sugerido a prática de magias mais básicas primeiro; havia muitos feitiços feitos de maneira incompleta; muitas das pessoas não estavam conseguindo desarmar seus oponentes de jeito algum, mas apenas estavam fazendo com que eles pulassem alguns passos para trás ou ocasionasse um vento forte conforme seus feitiços os atingiam.

- Expelliarmus! - gritou Neville e, Harry, pego de surpresa, viu sua varinha voar de sua mão. - EU CONSEGUI! - disse alegremente. - Eu nunca tinha conseguido fazer isso antes. EU CONSEGUI!

- Muito bem! - falou Harry de modo encorajador, decidindo não falar que se aquilo realmente fosse um duelo o oponente de Neville certamente não estaria olhando para a direção contrária com a varinha solta na mão. - Ouça, Neville, você poderia praticar em turno com Rony e Hermione por alguns minutos, para que eu possa dar uma volta e olhar como o resto do pessoal está indo?

Harry caminhou até o meio da sala. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo com Zacharias Smith. Toda vez que ele abria sua boca para desarmar Anthony Goldstein sua própria varinha saía voando da sua mão e Anthony não parecia estar falando nada. Harry não precisou olhar para muito longe para resolver o mistério. Fred e Jorge estavam a alguns passos de Smith, apontando em turnos para a varinha dele sem que ele percebesse.

- Desculpe Harry - disse Jorge afobadamente quando Harry olhou para ele. - Não pude resistir.

Harry andou através dos pares, tentando corrigir aqueles que estavam fazendo o feitiço de forma errada. Gina era parceira de Michael Corner; ela estava indo muito bem, mas ou Michael era muito ruim ou não estava realmente querendo enfeitiçá-la. Ernie Macmillan estava sacudindo sua varinha sem necessidade, dando tempo para seu parceiro atacá-lo; os irmãos Creevey estavam entusiasmados mas errados e eram os responsáveis por todos os livros que estavam voando das prateleiras perto deles; Luna Lovegood estava num caminho similar, ocasionalmente fazia com que a varinha de Justino Finch-Fletchley voasse de sua mãos e outras vezes causava meramente uma brisa em seus cabelos.

- Ok, Parem! - Harry gritou. -Parem. PAREM!

"Eu preciso de um apito", ele pensou e imediatamente um apito apareceu no topo da fileira de livros mais perto. Ele o pegou e assoprou com força. Todo abaixaram suas varinhas.

- Não está ruim - falou Harry - mas realmente esse feitiço precisa ser melhorado - Zacharias Smith olhou para ele. - Vamos tentar de novo.

Ele tentou evitar ir para perto de Cho e sua amiga por um período mas depois de andar duas vezes pelos outros pares que estavam na sala, sentiu que não as poderia ignorar por mais tempo.

- Ah não - disse Cho selvagemente enquanto ele se aproximava. - Expelliarmiou! Eu quero dizer, Expellimellius! Eu... Ah, me desculpe, Marietta!

A manga da amiga de cabelos enrolados de Cho tinha pegado fogo; Marietta o apagou com sua própria varinha e olhou furiosa para Harry como se tivesse sido sua culpa.

- Você me faz ficar nervosa, eu estava indo muito bem antes! - Cho disse a ele com tristeza.

- Isso foi muito bom - Harry mentiu mas quando ela ergueu as sobrancelhas ele disse. - Bem... Não... Essa vez foi ruim, mas eu sei que você consegue fazer corretamente. Eu estava olhando de lá - ela riu. Sua amiga, Marietta, olhou para eles com mau humor e virou às costas.

- Não se importe com ela - sussurrou Cho. - Ela não queria estar aqui realmente, fui eu que a fiz vir comigo. Seus pais a proibiram de fazer qualquer coisa que preocupasse Umbridge. Você entende... A mãe e o pai dela trabalham para o Ministério.

- E seus pais? - perguntou Harry.

- Bem, eles me proibiram também de fazer qualquer coisa que estivesse do lado errado que Umbridge apoiasse - disse Cho, esvaindo-se de seu orgulho. - Mas se eles acham que eu não vou lutar contra Você-Sabe-Quem depois do que aconteceu com Cedrico...

Ela se calou, parecendo bastante confusa, e um silêncio constrangedor permaneceu entre eles. A varinha de Terry Boot passou assobiando pela orelha de Harry e acertou Alicia Spinnet bem no nariz.

- Bem, meu pai apóia as ações Anti-Ministério! - disse Luna LoveGood com orgulho atrás de Harry; evidentemente ela estava escutando a conversa enquanto Justino tentava se desembaraçar das roupas que tinha voado em cima de sua cabeça. - Ele está sempre dizendo que não acredita em nada que Fudge diz; eu quero dizer, o número de duendes que Fudge já assassinou! E é claro que ele utiliza o Departamento de Mistérios para desenvolver venenos, que secretamente administra a quem discorda dele. E também existe seu "Umgubular Slashkilter"...

- Nem pergunte - Harry sussurrou para Cho quando ela estava abrindo a boca, parecendo confusa. Ela deu um sorriso falso.

- Hey, Harry - Hermione o chamou do outro lado da sala. - Você checou a hora?

Ele olhou para seu relógio e ficou chocado em ver que já era nove e dez, o que significava que precisavam voltar imediatamente para suas salas ou arriscar serem pegos e punidos por Filch por estarem fora do limite. Assoprou seu apito; todo mundo parou de gritar Expelliarmus e o último par de varinhas bateu no chão.

- Bem, hoje correu tudo muito bem - disse Harry - mas nós estamos ultrapassando a hora, é melhor pararmos por aqui. No mesmo lugar, na mesma hora na semana que vem?

- Até lá! - disse Dino Thomas, avidamente, e muitas pessoas mexeram suas cabeças em concordância.

Angelina, no entanto, falou rápido.

- A temporada de quadribol está para começar, nós precisamos praticar também!

- Vamos ver... Quarta-feira à noite, então - disse Harry -, nós podemos ter reuniões adicionais, qualquer coisa. Vamos lá, é melhor nós irmos agora.

Ele puxou o Mapa do Maroto novamente e checou cuidadosamente por sinais de professores no sétimo andar. Deixou todos saírem em grupos de três ou quatro pessoas, observando ansiosamente seus pequenos pontos pretos retornarem em segurança para seus dormitórios. Os da Lufa-lufa iam para o corredor do porão que também ia para as cozinhas, os da Corvinal para uma torre no lado oeste do castelo e os da Grifinória para o corredor onde ficava o retrato da Mulher Gorda.

- Hoje foi realmente, muito, muito bom, Harry - disse Hermione, quando finalmente só tinham sobrado ela, Harry e Rony.

- Sim, foi mesmo! - Rony falou entusiasmado, conforme eles saíam da sala e a observavam se fundir à parede de pedras novamente. - Harry, você me viu desarmar Hermione?

- Só uma vez - disse Hermione. - Eu acertei você muito mais vezes do que você me acertou...

- Eu não acertei você uma vez só, eu acertei pelo menos três vezes...

- Bem, se você esta contando a vez que você tropeçou nos seus pés e tirou a varinha da minha mão...

Eles discutiram o caminho todo até a sala comunal mas Harry não estava ouvindo. Estava olhando para o Mapa do Maroto e também estava pensando sobre Cho dizer que ele a deixava nervosa.

-- CAPÍTULO 19 --
O LEÃO E A SERPENTE


Harry se sentiu como se estivesse carregando algum tipo de talismã dentro de seu peito durante todas as duas semanas seguintes, um segredo ardente que o auxiliou nas aulas de Umbridge e até fez possível sorrir suavemente enquanto olhava nos horríveis olhos protuberantes dela. Ele e o ED a estavam impedindo sobre seu próprio nariz, fazendo justamente a coisa que ela e o Ministério mais temiam e sempre que ele estava empenhado em ler o livro de Wilbert Slinkhard durante as suas aulas se demorava, satisfazendo lembranças de suas reuniões mais recentes, lembrando de como Neville tinha sido bem sucedido desarmando Hermione, como Colin Creevey tinha controlado o feitiço do Impedimento após três reuniões com duro esforço, como Parvati Patil tinha produzido assim um bom feitiço

Redutor com o qual reduziu a mesa que sustentava todos os bisbilhoscópios a pó.

Estava achando quase impossível determinar uma noite regular da semana para as reuniões do ED, enquanto tinham que acomodar as práticas de quadribol de três times separados, que eram freqüentemente obrigados a serem reajustados por causa das condições de tempo ruim; mas Harry não estava preocupado com isso; tinha uma sensação de que era provavelmente melhor deixar o tempo das reuniões imprevisível. Se alguém os estivesse observando seria difícil contornar.

Hermione logo planejou um método de comunicação muito inteligente para a hora e a data da reunião seguinte para todos os membros no caso de precisarem mudar em um curto aviso, porque poderia ser suspeito se pessoas de casas diferentes fossem vistas atravessando o Salão Principal para conversar um com o outro freqüentemente. Ela deu a cada membro do ED um falso galeão (Rony ficou muito excitado quando primeiro viu a cesta e estava convencido de que ela estava atualmente distribuindo ouro).

- Você vê os números em torno da margem das moedas? - Hermione disse, segurando uma para examinação no fim de sua quarta reunião. A moeda brilhava gorda e amarela na luz das tochas. - No galeão real há apenas um número de série referente ao duende que modelou a moeda. Nesses falsos galeões, entretanto, os números serão mudados para refletir a hora e a data das próximas reuniões. As moedas ficarão quentes quando a data muda, então se você as estiver carregando num bolso poderá sentir. Nós pegaremos um cada e quando Harry estabelecer a data da próxima reunião ele mudará o número na moeda dele, porque eu coloquei um feitiço multiforme nelas, elas mudarão para imitar a dele.

Um vago silêncio recolheu as palavras da Hermione. Ela olhou em volta para todas os rostos levantados para ela perturbados.

- Bem... Eu achei que era uma boa idéia - ela disse vagamente. - Eu quero dizer, mesmo se Umbridge pedisse para que nós esvaziássemos os nossos bolsos não é nada suspeito em carregar um galeão, é? Mas... Bem, se vocês não querem usá-los...

- Você pode fazer um feitiço multiforme? - disse Terry Boot.

- Sim.

- Mas isso é... isso é do nível NIEM, isso é - ele disse fracamente.

- Oh - disse Hermione, tentando parecer modesta. - Oh... Bem... Sim, eu acho que é.

- Como você não está na Corvinal? - ele perguntou, fixo em Hermione com algo próximo a admiração. - Com cérebro como o seu?

- Bem, o Chapéu Seletor considerou seriamente me colocar na Corvinal durante a seleção - disse Hermione alegremente - mas decidiu pela Grifinória no fim. Então, isso significa que nós vamos usar os galeões?

Houve um murmúrio de aprovação e todos se moveram animados para buscar um da cesta. Harry olhou de lado para Hermione.

- Você sabe o que eles me lembram?

- Não, o quê ?

- As Marcas dos Comensais da Morte. Voldemort toca em um deles, todas as suas cicatrizes queimam e eles sabem que têm que se juntar a ele.

- Bem... Sim - disse Hermione rapidamente -, é de onde eu tive a idéia... Mas você notará que eu decidi gravar a data em pedaços de metal do que na pele dos nossos membros.

- É... Eu prefiro o seu jeito - disse Harry, sorrindo enquanto colocava seu galeão dentro de seu bolso. - Eu acho que o único perigo com isso é que eu possa acidentalmente gastá-los.

- Sem chance - disse Rony, que estava examinando o seu próprio falso galeão com um ar levemente pesaroso. - Eu não tenho nenhum galeão real para confundir com esse.

Quando ao primeiro jogo de quadribol da estação - Grifinória contra Sonserina - se aproximou, suas reuniões do ED foram suspensas porque Angelina insistia em treino quase diário. O fato era que Taça de Quadribol não era segurada há um tempo considerável para o interesse e agitação rodeada à chegada do jogo; Corvinal e Lufa-lufa estavam levando um intenso interesse no resultado, para eles, é claro, estariam jogando ambos times no próximo ano; e os capitães dos times, ainda que tentassem disfarçar uma pretensão decente de espírito esportivo, estavam determinados a ver seu próprio lado vitorioso. Harry constatou o quão a professora McGonagall se importava em derrotar Sonserina quando os absteve de dar dever de casa na semana antecessora ao jogo.

- Eu acho que vocês têm muito que fazer no momento - ela disse grandiosamente. Ninguém podia acreditar em seus ouvidos até quando ela olhou diretamente para Rony e Hermione e disse severamente. - Eu fiquei acostumada em ver a Taça de Quadribol na minha sala, garotos, e eu realmente não quero ter que entregá-la para o professor Snape, então usem o tempo extra para praticar, não irão?

Snape era não menos obviamente partidário; ele reservou o campo de quadribol para a prática da Sonserina tantas vezes que a Grifinória teve dificuldade de pegá-lo para treinar. Ele estava também se fingindo de surdo aos muitos rumores de que Sonserina tentava enfeitiçar os jogadores da Grifinória nos corredores. Quando Alicia Spinnet foi para a ala hospitalar com suas sobrancelhas crescendo tão cheias que logo cobriram sua visão e obstruíram a sua boca, Snape insistiu que ela deveria ter experimentado o feitiço para engrossar o cabelo em si mesma e se recusou a ouvir quatorze testemunhas que insistiam que viram o goleiro da Sonserina, Miles Bletchley, acertá-la por trás com um feitiço enquanto ela trabalhava na biblioteca.

Harry se sentia otimista sobre as chances da Grifinória; eles nunca, acima de tudo, tinham perdido para o time de Malfoy. Reconhecidamente, Rony ainda não estava representando o nível de Wood mas estava trabalhando extremamente duro para melhorar. Sua maior fraqueza era uma tendência a perder confiança após ter cometido um erro; se deixasse passar um gol ficava agitado e estava portanto apto a errar mais. Por outro lado, Harry viu Rony fazer algumas defesas verdadeiramente espetaculares quando estava em forma; durante uma prática memorável projetou uma mão de sua vassoura e chutou a goles para tão longe do arco da baliza que voou uma extensão do campo e caiu no centro do arco no outro fim; o resto do time sentia aquela defesa comparada favoravelmente com uma feita recentemente por Barry Ryan, o goleiro internacional da Irlanda, contra o rebatedor da Polônia Ladislaw Zamojski. Até Fred tinha dito que Rony deveria fazer ele e Jorge sentirem orgulho e que estavam seriamente considerando em admitir que estava relacionado com eles, algo que o garantiram que estavam tentando negar a quatro anos.

A única coisa que estava realmente preocupando Harry era o quanto Rony estava levando em conta as táticas do time da Sonserina para deixá-lo triste antes mesmo de irem ao campo. Harry, é claro, vinha tolerando os maliciosos comentários há quatro anos, tantos murmúrios como, "Hey, Potty, eu escutei Warrington jurar que vai te derrubar da sua vassoura no sábado," longe de esfriar o seu sangue, fê-lo rir. "A mira do Warrington é tão patética que eu ficaria mais preocupado se estivesse apontando para uma pessoa perto de mim" ele rebateu, o que fez Rony e Hermione rirem e tirar o sorriso malicioso do rosto de Pansy Parkinson.

Mas Rony nunca tinha tolerado uma impiedosa campanha de insultos, zombarias e intimidação. Quando sonserinos, alguns deles do sétimo ano e consideravelmente maiores do que ele era, murmuravam enquanto passavam nos corredores, "Encomendou a sua cama na ala hospitalar, Weasley?" ele não ria, ficava num tom de verde. Quando Draco Malfoy imitava Rony, deixando cair a goles (que fazia sempre que vinham com o sinal de cada um), as orelhas do Rony ficavam vermelhas e suas mãos balançavam tanto que era provável que ele deixasse cair o que estivesse segurando na hora, também.

Outubro se extinguiu num avanço de grandes ventos e chuva forte e novembro chegou, frio como um ferro gelado, com corrente de ar frio que perfuram as mãos e rostos expostos. O céu e o teto do Salão Principal se tornaram um pálido cinza perolado, as montanhas ao redor de Hogwarts estavam cobertas de neve e a temperatura no castelo caiu tanto que muitos estudantes vestiram suas luvas grossas protetoras de pele de dragão nos corredores entre as aulas.

A manhã do jogo amanheceu clara e fria. Quando Harry acordou olhou em volta, para a cama de Rony, e o viu sentado, assustado, perpendicular, seus braços ao redor dos seus joelhos, olhando fixamente para o espaço.

- Você está bem?

Rony confirmou mas não falou. Harry estava se lembrando impetuosamente de quando Rony tinha acidentalmente colocado um feitiço para vomitar lesmas em si mesmo, parecia tão pálido e suado como se tivesse feito isso, sem mencionar a relutância para abrir a sua boca.

- Você apenas precisa de um café da manhã - disse Harry, estimulante. - Vamos.

O Salão Principal estava completamente cheio quando chegaram, conversavam alto e o humor mais exuberante que o de costume. Enquanto passavam a mesa da Sonserina estava num excitação de barulhos. Harry olhou em volta e viu que, adicionado aos normais cachecóis e chapéus verde e prata, todos estavam usando um distintivo prata numa forma que parecia ser uma coroa. Por alguma razão muitos deles acenaram para o Rony, rindo estrondosamente. Harry tentou ver o que estava escrito nos distintivos enquanto caminhava mas estava tão concentrado em fazer Rony passar pela mesa rapidamente que não deu tempo para ler.

Receberam estimulantes boas-vindas na mesa da Grifinória, onde todos estavam vestindo vermelho e dourado mas longe de levantar o espírito de Rony, as aclamações pareciam consumir a última de sua disposição; ele desmoronou no banco mais próximo, parecendo como se estivesse enfrentando a sua última refeição.

- Eu devo ter sido um idiota para fazer isso - ele disse em um sussurro rouco. - Idiota.

- Não seja estúpido - disse Harry firmemente, passando a ele uma seleção de cereais -, você vai ficar bem. É normal ficar nervoso.

- Eu sou um lixo - grasniu Rony. - Eu sou ruim. Eu não posso jogar para salvar a minha vida. O que eu estava pensando?

- Agarre - disse Harry severamente. - Olhe para aquela defesa que você fez com o seu pé outro dia, até Fred e Jorge disseram que foi brilhante.

Rony virou um rosto atormentado para Harry.

- Aquilo foi um acidente - sussurrou miseravelmente. - Eu não pretendia fazer, eu escorreguei da minha vassoura quando nenhum de vocês estava olhando e quando eu estava tentando voltar chutei a goles por acidente.

- Bem - disse Harry, recuperando-se rapidamente de sua surpresa desagradável -, mais alguns acidentes como esse e o jogo está no bolso, não está?

Hermione e Gina se sentaram opostas a eles, vestindo cachecol, luvas e rosetas vermelho e dourado.

- Como você está se sentindo? - Gina perguntou a Rony, que estava agora olhando para os pingos de leite no fundo de sua tigela de cereal vazio enquanto seriamente considerava em mergulhar nelas.

- Ele está apenas nervoso - disse Harry

- Bem, isso é um bom sinal, eu nunca acho que você se sai tão bem nos exames se você não está um pouco nervoso - disse Hermione sinceramente.

- Oi - disse uma vaga e sonhadora voz atrás deles. Harry olhou: Luna Lovegood tinha saído da mesa da Corvinal. Muitas pessoas estavam olhando para ela e poucos estavam abertamente rindo e apontando; ela tinha procurado uma forma de chapéu como uma cabeça de leão de tamanho natural, que estava pousado precariamente na sua cabeça.

- Eu estou apoiando a Grifinória - disse Luna, apontando desnecessariamente para o seu chapéu. - Olha o que ele faz...

Ela o apanhou e deu uma leve pancadinha com a sua varinha. Ele abriu sua boca enorme e deu um rugido extremamente real, que fez todos que estavam na vizinhança pularem.

- É bom, não é? - disse Luna feliz. - Eu queria que ele mastigasse uma serpente para representar a Sonserina, você sabe, mas não deu tempo. De qualquer modo... Boa sorte, Ronald!

Ela foi embora. Eles não estavam totalmente recuperados do choque do chapéu da Luna e Angelina veio correndo em sua direção, acompanhada por Katie e Alicia, cujas sobrancelhas tinham misericordiosamente retornado ao normal pela Madame Pomfrey.

- Quando vocês estiverem prontos - ela disse -, nós estamos indo para o campo, checar condições e alterações.

- Nós estaremos lá em um instante - Harry assegurou a ela. - Rony apenas tem que comer algo.

Terminaram após dez minutos, mesmo que Rony não tenha sido capaz de comer algo mais e Harry pensou que seria melhor levá-lo para o vestiário. Enquanto se levantaram da mesa Hermione levantou também e, segurando o braço de Harry, ela o puxou para o seu lado.

- Não deixe Rony ver o que são aqueles distintivos da Sonserina - sussurrou urgentemente.

Harry olhou interrogativamente para ela mas a mesma balançou sua cabeça, chamando a atenção, Rony tinha andado para perto deles, parecendo perdido e desesperado.

- Boa sorte, Rony - disse Hermione, ficando na ponta do pé e dando nele um beijo na bochecha. - E você, Harry...

Rony parecia ir levemente enquanto caminhavam pelo Salão Principal. Ele tocou o lugar onde a Hermione o tinha beijado, parecendo desconcertado, enquanto não estava certo do que tinha acontecido. Parecia muito distraído para notar muito ao seu redor mas Harry arremessou um curioso olhar para os distintivos em forma de coroa enquanto passavam pela mesa da Sonserina e desta vez ele viu as palavras gravadas neles: "Weasley é o nosso rei".

Com uma sensação desagradável de que isso não deveria significar coisa boa; apressou Rony para o Saguão de Entrada, desceram as escadas de pedra e saíram no ar gelado.

A grama gelada mastigava sobre seus pés enquanto se apressavam para o gramado enlameado em direção ao estádio. Não havia vento e o céu estava uniforme, branco perolado, que significava que a visibilidade seria boa sem o obstáculo de raios solares diretos nos olhos.

Harry apontou esses fatores animadores para Rony enquanto caminhavam mas não estava certo de que o amigo estava escutando.

Angelina já tinha se trocado e estava conversando com o resto do time quando entraram.

Harry e Rony tiraram os suas vestes (Rony queria tirar o seu de trás para frente por muitos minutos antes de Alicia ficar com pena dele e foi ajudar), então se sentaram para ouvir a conversa antes do jogo enquanto um murmúrio de vozes lá fora aumentava enquanto a multidão vinha do castelo em direção ao campo.

- Ok, eu já descobri a escalação final da Sonserina - disse Angelina, consultando um pedaço de pergaminho. - Os batedores do último ano, Derrick e Bole, foram embora mas parece que Montague os substituiu com gorilas comuns, antes alguém que possa voar particularmente bem. São dois blocos chamados Crabbe e Goyle, eu não sei muito sobre eles...

- Nós sabemos - disseram Harry e Rony juntos.

- Bem, eles não parecem ser brilhantes suficiente para dizer onde fica o fim da vassoura do outro - disse Angelina, colocando no bolso o pergaminho - mas também fiquei surpresa que Derrick e Bole encontraram seus caminhos no campo sem guias.

- Crabbe e Goyle são do mesmo modelo - Harry assegurou.

Eles podiam ouvir centenas de passos subindo nos bancos nas arquibancadas dos espectadores. Algumas pessoas estavam cantando mas Harry não compreendeu as palavras. Estava começando a ficar nervoso mas sabia que seu nervoso não era nada comparado ao que Rony, que estava apertando seu estômago e olhando reto à frente de novo, seu queixo fixo e sua aparência cinza pálida.

- Está na hora - disse Angelina numa voz quieta, olhando para o relógio. - Vamos todo mundo... Boa sorte.

O time subiu, levaram ao ombro suas vassouras e marcharam em uma fila para fora do vestiário, entraram numa ofuscante luz do sol. Um berro de sons os saudaram, que Harry ainda podia escutar cantando, ainda que estivesse amortecido por aclamações e assobios.

O time da Sonserina estava esperando por eles. Eles, também, estavam usando aqueles distintivos em forma de coroa. O novo capitão, Montague, era feito pelas mesmas linhas como Dudley Dursley, com pesados antebraços como um pernil cabeludo. Atrás dele se espreitavam Crabbe e Goyle, quase tão largos, piscando estupidamente na luz do sol, balançando seus novos bastões de batedores. Malfoy estava ao lado, a luz do sol cintilando a sua cabeça loira. Ele alcançou os olhos de Harry e sorriu malicioso, dando uma pancadinha no distintivo em forma de coroa no seu peito.

- Capitães, apertem as mãos - ordenou a juíza Madame Hooch enquanto Angelina e Montague alcançavam um ao outro. Harry poderia dizer que Montague estava tentando esmagar os dedos da Angelina, ainda que ela não recuasse. - Montem em suas vassouras...

Madame Hooch colocou o apito na boca e apitou.

As bolas foram soltas e os quatorze jogadores se dirigiram para cima. Fora do ângulo de seu olho, Harry viu Rony correr em direção aos aros da baliza. Harry subiu rápido e alto, evitando um balaço, e deu uma volta no campo, olhando fixo ao redor por um brilho de ouro; no outro lado do estádio, Draco Malfoy estava fazendo exatamente o mesmo.

- E é Johnson, Johnson está com a goles, que jogadora ela é, eu venho dizendo isso há anos mas ela ainda não quer sair comigo...

- JORDAN! - gritou a professora McGonagall.

- Apenas um fato engraçado, professora, acrescenta um pouco de interesse... E ela desvia de Warrington, ela está passando por Montague, ela está... Ai! Foi atingida por de trás por um balaço vindo do Crabbe... Montague pega a goles, Montague descendo no campo e... Bom balaço este foi de Jorge Weasley, que mandou um balaço na cabeça do Montague, ele deixou a goles cair, pega por Katie Bell da Grifinória, passa para Alicia Spinnet e Spinnet logo...

O comentário de Lino Jordan soou pelo estádio e Harry ouviu tão desagradável como se pudesse através do vento assobiar em seus ouvidos o rumor da multidão, todos gritando e vaiando e cantando.

- Desviou de Warrington, evitou um balaço, passou perto, Alicia, e a multidão está amando isso, apenas escutem, o que é que eles estão cantando?

E quando Lino parou para ouvir a música cresceu mais alto e mais claro do mar de verde e prata na seção da Sonserina na arquibancada:

"Weasley não pode salvar nada, ele não pode bloquear um aro, é por isso que todos os sonserinos cantam: Weasley é o nosso rei."

- E Alicia passa de volta para Angelina! - Lino gritou e enquanto Harry se virou seu interior ferveu com o que tinha acabado de escutar, sabia que Lino estava tentando abafar as palavras da música. - Vamos agora, Angelina, parece que ela só tem o goleiro para ultrapassar! ELA LANÇA... ELA... Aaaah...

Bletchley, o goleiro da Sonserina, tinha salvado o gol; arremessou a goles para Warrington, que correu com ela, fazendo ziguezagues entre Alicia e Katie; a canção vinda de baixo aumentava cada vez mais alto enquanto avançava para cada vez mais perto de Rony.

"Weasley é o nosso rei, Weasley é o nosso rei, ele sempre deixa a goles entrar, Weasley é o nosso rei."

Harry não agüentou: abandonando a procura pelo pomo, ele se virou para assistir Rony, uma solitária figura no fim do campo, flutuando antes de três aros da baliza enquanto o pesado Warrington se atirava em sua direção.

- E é Warrington que está com a goles, Warrington se dirigindo ao gol, ele está fora da extensão do balaço com apenas o goleiro na frente...

Um grande aumento da música cresceu dos sonserinos embaixo:

"Weasley não pode salvar nada, ele não pode bloquear um único aro..."

- Então esse é o primeiro teste para o novo goleiro da Grifinória, Weasley, irmão dos batedores Fred e Jorge, e um novo talento prometedor no time, vamos, Rony!

Mas o grito de prazer veio dos sonserinos no final: Rony tinha mergulhado freneticamente, seus largos braços abertos e a goles tinha voado entre eles, passando pelo arco central.

- Sonserina marca! - a voz de Lino veio entre o ânimo e vaia das torcidas embaixo. - Então está dez a zero para Sonserina, falta de sorte, Rony.

Os sonserinos cantaram ainda mais alto:

"WEASLEY NASCEU NUMA CESTA, ELE SEMPRE DEIXA A GOLES ENTRAR..."

- E a Grifinória volta com a posse e Katie Bell está enchendo o campo - gritou Lino corajosamente, mesmo que a canção estivesse agora tão ensurdecedora que dificilmente poderia ouvir o que ele mesmo dizia.

"WEASLEY FARÁ COM QUE NÓS VENÇAMOS, WEASLEY É O NOSSO REI..."

- Harry, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? - gritou Angelina, soando atrás dele para continuar com Katie. - VAMOS!

Harry percebeu que tinha ficado parado no meio do ar por mais de um minuto, assistindo o progresso do jogo sem um pensamento sobre onde estava o pomo; horrorizado, mergulhou e começou a circular o campo de novo, olhando em volta, tentando ignorar o refrão agora ressoando no estádio:

"WEASLEY É O NOSSO REI, WEASLEY É O NOSSO REI..."

Não havia sinal do pomo em qualquer lugar que olhasse; Malfoy estava ainda circulando no estádio apenas como ele estava. Passaram um ao outro no meio do ar em torno do campo, indo em opostas direções, e Harry escutou Malfoy cantando em voz alta:

"WEASLEY NASCEU NUMA CESTA..."

- E é Warrington de novo - berrou Lino -, que passa para Pucey, Pucey à direita, passa Spinnet, vamos agora, Angelina, você pode tomar dele... Vira ao avesso, você pode... Mas um bom balaço de Fred Weasley, eu quero dizer, Jorge Weasley, oh, quem se importa, um deles, de qualquer modo, e Warrington pega a goles e Katie Bell... Er... Pega dela, também... Então é Montague que está com a goles, Montague, o capitão da Sonserina, pega a goles e ele está acima do campo, vamos agora, Grifinória, bloqueia ele!

Harry voou ao redor do fim do estádio, atrás dos aros da baliza da Sonserina, determinado a não olhar o que Rony estava fazendo no final. Enquanto passava pelo goleiro da Sonserina ouviu Bletchley cantando com a torcida abaixo:

"WEASLEY NÃO PODE SALVAR NADA..."

- E Pucey desvia de Alicia de novo e ele está indo em direção ao gol, pare ele, Rony!

Harry não tinha que olhar para ver o que tinha acontecido: havia um terrível gemido do fim da Grifinória, unido com novos gritos e aplausos da Sonserina. Olhando para baixo, Harry viu a cara amassada de Pansy Parkinson  em frente às arquibancadas, suas costas para o campo enquanto ela conduzia os torcedores da Sonserina, que estavam berrando:

"ISSO É PORQUE TODOS OS SONSERINOS CANTAM: WEASLEY É O NOSSO REI."

Mas vinte a zero não era nada, ainda havia tempo para a Grifinória alcançar ou pegar o pomo. Em poucos gols e estariam na liderança como de costume, Harry se assegurou, agitando e dando voltas pelos outros jogadores na busca de algo lustroso que confirmava ser a pulseira do relógio do Montague.

Mas Rony deixou entrar mais dois gols. Havia uma situação de pânico no desejo de Harry em encontrar o pomo agora. Se pudesse apenas pegá-lo logo e terminar o jogo mais rápido.

- E Katie Bell, da Grifinória, desvia de Pucey, passa por debaixo de Montague, bom desvio, Katie, e ela arremessa para Johnson, Angelina Johnson pega a goles, ela passa por Warrington, ela está indo em direção ao gol, vamos agora, Angelina... GRIFINÓRIA MARCA! Está quarenta a dez, quarenta a dez para Sonserina e Pucey está com a goles.

Harry podia ouvir o chapéu de leão ridículo da Luna rugir entre as aclamações da Grifinória e se sentiu animado; somente trinta pontos, não era nada, podiam retroceder facilmente. Harry se inclinou de um balaço que Crabbe tinha mandado verticalmente em sua direção e recuperou sua perseguição frenética no campo pelo pomo, mantendo um olho em Malfoy no caso de ele mostrar sinais de ter localizado, mas Malfoy, como ele, estava continuando a rodear ao redor do estádio, procurando sem resultado...

- Pucey arremessa para Warrington, Warrington para Montague, Montague de volta para Pucey, Johnson interfere, Johnson pega a goles, Johnson para Bell, isso parece bom, eu quero dizer, ruim, Bell é acertada por um balaço vindo do Goyle da Sonserina e é Pucey quem está com a posse...

"WEASLEY NASCEU NUMA CESTA... ELE SEMPRE DEIXA A GOLES ENTRAR... WEASLEY FARÁ COM QUE NÓS VENCAMOS..."

Mas Harry tinha visto finalmente: um minúsculo pomo de ouro que batia as asas estava flutuando a pés do chão, no fim do campo da Sonserina.

Ele mergulhou...

Em questão de segundos Malfoy estava riscando o céu na esquerda de Harry, uma mancha verde e prata estava esticada na sua vassoura...

O pomo ladeava no pé de um dos aros da baliza e corria depressa em direção ao outro lado das arquibancadas; mudou de direção, acomodando Malfoy, que estava próximo, Harry puxou a sua Firebolt bem próximo, ele e Malfoy estavam pescoço a pescoço agora...

A pés do chão agora, Harry ergueu sua mão direita de sua vassoura, esticando em direção ao pomo... Para sua direita, o braço do Malfoy se esticou também, estava alcançando, tateando...

Estavam acabados em dois aflitos, desesperados e varridos segundos, os dedos de Harry se fecharam ao redor da bola minúscula que se contorcia, as unhas do Malfoy arranharam as costas da mão de Harry desesperadamente; Harry puxou a sua vassoura para cima, segurando a contorcente bola em sua mão e os torcedores da Grifinória gritavam sua aprovação...

Estavam salvos, não importava que Rony tinha deixado aqueles gols entrarem, ninguém se lembraria, já que a Grifinória tinha vencido...

WHAM.

Um balaço atingiu Harry direto numa parte pequena das costas e ele voou para fora de sua vassoura. Felizmente estava a apenas cinco ou seis pés acima do chão, já que teve que mergulhar muito baixo para pegar o pomo mas estava exausto do mesmo jeito, então pousou estendido de costas no campo gelado.

Ouviu o apito da Madame Hooch soar, uma gritaria nas arquibancadas misturada a vaias, gritos de raiva e zombeteiros, um golpe, em seguida a voz furiosa de Angelina.

- Você está bem?

- Claro que estou - disse Harry severamente, segurando a sua mão e deixando ela o levantar.

Madame Hooch estava subindo em direção a um dos jogadores da Sonserina acima dele; ainda que não pudesse ver quem era daquele ângulo.

- Foi aquele assassino do Crabbe - disse Angelina furiosa -, ele atirou o balaço no momento em que viu que você tinha pegado o pomo, mas nós vencemos, Harry, nós vencemos!

Harry ouviu um bufo atrás dele e se virou, ainda segurando o pomo firmemente em sua mão: Draco Malfoy tinha aterrissado perto. Rosto branco em fúria, ainda estava conduzindo para zombar.

- Salvou o pescoço do Weasley, não salvou? - ele disse para Harry. - Eu nunca vi um goleiro pior... Mas então ele nasceu numa cesta... Você gostou dos meus versos, Potter?

Harry não respondeu. Ele se virou para encontrar o resto do time, que estava agora aterrissando um por um, gritando e socando o ar em triunfo; todos exceto Rony, que tinha desmontado de sua vassoura do outro lado dos aros da baliza e parecia estar fazendo o seu caminho de volta devagar para os vestiários, sozinho.

- Nós queríamos escrever outro par de versos! - Malfoy falou, enquanto Katie e Alicia abraçavam Harry. - Mas nós não encontramos rimas para gorda e feia, nós queríamos cantar sobre a sua mãe, veja...

- Fale sobre uvas azedas - disse Angelina, lançando a Malfoy um olhar de asco.

- ...Nós não pudemos encaixar em perdedor inútil também, para o seu pai, você sabe...

Fred e Jorge perceberam sobre o que Malfoy estava falando. Na metade do caminho, enquanto apertavam a mão de Harry, eles se firmaram, olhando para Malfoy.

- Deixe! - disse Angelina de uma vez, segurando Fred pelo braço. - Deixe, Fred, deixe gritar, ele está apenas furioso que ele perdeu, pouco pretensioso...

- Mas você gosta dos Weasley, não gosta Potter? - disse Malfoy, zombando. - Passa as férias lá e tudo, não passa? Não posso imaginar como você agüenta o fedor mas eu suponho quando você tem que ser levado para os trouxas, ainda assim a cabana dos Weasley cheira ok...

Harry agarrou Jorge. Entretanto estava levando um esforço juntado de Angelina, Alicia e Katie para impedir Fred de pular em Malfoy, que estava rindo abertamente. Harry olhou em volta para Madame Hooch mas ela ainda estava repreendendo Crabbe pelo seu ataque ilegal.

- Ou talvez - disse Malfoy, olhando com malícia enquanto saía de perto - você pode se lembrar de como a casa da sua mãe fedia, Potter, e o chiqueiro dos Weasley fazem você se lembrar...

Harry não estava atento em soltar Jorge, tudo que sabia era que um segundo depois os dois estavam correndo em direção a Malfoy. Ele tinha esquecido completamente que todos os professores estavam assistindo: tudo que queria fazer era causar a Malfoy o máximo de dor possível; sem tempo para pegar sua varinha, apenas fechou o punho que segurava o pomo e a o afundou o mais forte que pôde dentro do estômago de Malfoy...

- Harry! HARRY! JORGE! NÃO!

Ele podia ouvir as vozes das garotas gritando, Malfoy berrando, Jorge xingando, um sopro apitando e o berro do público ao redor dele mas não se importava. Não até que alguém na vizinhança gritou "Impedimenta!" e ele foi arremessado para trás pela força do feitiço, abandonou o esforço de socar todo centímetro de Malfoy que pudesse alcançar.

- O que vocês acham que estão fazendo? - gritou Madame Hooch enquanto Harry ficava de pé. Parecia que tinha sido ela que tinha laçado o feitiço do Impedimento; estava segurando o seu apito em uma mão e a varinha na outra; sua vassoura estava abandonada a muitos pés dali.

Malfoy estava torcido no chão, choro e gemido, seu nariz sangrando; Jorge estava exibindo um lábio inchado; Fred ainda estava sendo fortemente segurado pelas três artilheiras e Crabbe estava tagarelando no fundo.

- Eu nunca vi comportamento como esse, voltem para o castelo, os dois, e imediatamente para o escritório do seu Diretor de Casa! Vão! Agora.

Harry e Jorge viraram em seus calcanhares e marcharam para fora do campo, ambos ofegantes, nenhum deles dizendo uma palavra ao outro. Os berros e a zombaria do público ficavam cada vez mais fraco até que alcançaram o Saguão de Entrada, onde puderam ouvir nada exceto o som de seus passos. Harry ficou atento que alguma coisa ainda agitava em sua mão direita, as articulações que tinha socado contra o queixo do Malfoy. Olhando para baixo, viu as asas de prata do pomo saindo para fora de seus dedos, lutando pela libertação.

Eles tinham apenas alcançado a porta do escritório da professora McGonagall quando ela veio marchando pelo corredor. Estava usando um lenço da Grifinória mas arrancou de seu pescoço com as mãos balançando enquanto andava a passos largos em direção a eles, parecendo furiosa.

- Pra dentro! - ela disse furiosamente, apontando para a porta. Harry e Jorge entraram. Ela andou para atrás de sua mesa e os encarou, tremendo de raiva enquanto atirava o lenço da Grifinória para longe, no chão. - Bem? Eu nunca vi tamanha exibição tão vergonhosa. Dois em um! Expliquem-se!

- Malfoy nos provocou! - disse Harry firmemente.

- Provocou vocês? - gritou a professora McGonagall, batendo o punho de sua mesa tão forte que uma lata escorregou de lado e se abriu, espalhando no chão salamandras de gengibre. - Ele apenas tinha perdido, não tinha? É claro que ele queria provocar vocês! Mas o que na Terra ele poderia ter dito que justificasse o que vocês dois...

- Ele insultou meus pais - rosnou Jorge. - E a mãe do Harry.

- Mas ao invés de deixar isso para Madame Hooch resolver vocês dois decidiram dar uma exibição de duelo de trouxas, não deram? - berrou a professora McGonagall. - Vocês tem alguma idéia do que vocês...?

- Hum, hum.

Harry e Jorge giraram em volta. Dolores Umbridge estava de pé na entrada, coberta num casaco de lã verde que muito realçou sua semelhança a um sapo gigante, sorrindo de um horrível, doente, agourento jeito que Harry tinha associado com miséria iminente.

- Posso ajudar, professora McGonagall? - perguntou Professora Umbridge na sua mais venenosamente voz doce.

O sangue correu no rosto da professora McGonagall.

- Ajudar? - repetiu, numa voz apertada. - O que você quer dizer com ajudar?

A professora Umbridge se moveu para dentro do escritório, ainda sorrindo seu sorriso doente.

- Eu pensei que você ficaria grata por uma pequena autoridade extra.

Harry não ficou surpreso ao ver faíscas voarem das narinas da professora McGonagall.

- Você pensou errado - ela disse, virando suas costas para Umbridge.

- Agora, vocês dois, é melhor ouvirem bem. Eu não me importo que provocação Malfoy ofereceu a vocês, eu não me importo se ele insultou todos os membros da família que vocês possuem, o comportamento de vocês foi desgostoso e eu estou dando a cada um de vocês uma semana inteira de detenção! Não me olhe assim, Potter, vocês mereceram isso! E se qualquer um dos dois então...

- Hum, hum.

A professora McGonagall fechou os seus olhos enquanto rezava por paciência, então virou seu rosto para a professora Umbridge de novo.

- Sim?

- Eu acho que merecem mais do que detenções - disse Umbridge, sorrindo ainda mais largamente.

Os olhos da professora McGonagall se abriram de repente.

- Mas infelizmente - ela disse, com um esforço a um sorriso recíproco que fez com que parecesse que ela tinha tétano - é o que eu acho que conta, já que eles estão em minha casa, Dolores.

- Bem, atualmente, Minerva - sorriu a professora Umbridge -, eu acho que você descobrirá que o que eu acho conta, Agora, onde está? Cornélio há pouco me mandou.. Eu quero dizer - ela deu uma pequena risada falsa enquanto ela remexia a sua bolsa de mão -, o Ministro há pouco me mandou... Ah, sim...

Ela tinha tirado um pedaço de pergaminho que estava agora desenrolando, limpando a sua garganta exageradamente antes de começar a ler o que ele dizia.

- Hum, hum. Decreto educacional número vinte e cinco.

- Não outro! - exclamou a professora McGonagall violentamente.

- Bem, sim - disse Umbridge, ainda sorrindo. - De fato, Minerva, foi você que me fez ver que eu precisava de uma emenda adicional... Você lembra como você me ignorou quando eu fui relutante ao permitir a time de quadribol da Grifinória de reformar? Como você levou o caso a Dumbledore, que insistiu que o time estava permitido para jogar? Bem, agora, eu não pude ter isso. Eu entrei em contato com o Ministro e ele concordou comigo que a Alta Investigadora tinha que ter o poder de tirar privilégios de alunos, ou ela, digo, eu teria menos autoridade do que os professores comuns! E agora você vê, não é, Minerva, o quão certa eu estava em tentar parar a reforma do time da Grifinória? Temperamentos horríveis... De qualquer forma, eu estava lendo nossa emenda... Hum, hum... "A Alta Investigadora daqui em diante terá a suprema autoridade sobre todas as punições, sanções e remoção de privilégios mesmo que tenham sido ordenados por outros membros do grupo. Assinado: Cornélio Fudge, Ministro da Magia, Ordem de Merlin, Primeira Classe, etc., etc."

Ela enrolou o pergaminho e colocou de volta na sua bolsa de mão, ainda sorrindo.

- Então... Eu realmente acho que eu terei que banir esses dois de jogar quadribol de novo - ela disse, olhando de Harry para Jorge e voltando de novo.

Harry sentiu o pomo agitar loucamente em sua mão.

- Nos banir? - ele disse e sua voz soou estranhamente distante. - De jogar... De novo?

- Sim, Sr. Potter, eu acho que uma proibição vitalícia deve fazer o costume - disse Umbridge, seu sorriso se alargando mais ainda enquanto ela o assistia se esforçar para compreender o que tinha dito. - Você e o Sr. Weasley aqui. E eu acho, para assegurar, que seu jovem irmão gêmeo deve ser parado também, se os seus colegas de time não o tivessem segurado eu tenho certeza que ele teria atacado o jovem Sr. Malfoy. Eu quero as vassouras deles confiscadas para ter certeza que não haverá violação de minha punição. Mas eu não sou injusta, professora McGonagall - ela continuou para professora McGonagall, que estava agora de pé tão quieta como se esculpida em gelo, olhando-a -, o resto do time pode continuar jogando, eu não vi sinais de violência em nenhum deles. Bem... Boa tarde para vocês.

E com um olhar de máxima satisfação, Umbridge deixou a sala, deixando um horrível silêncio em seu rastro.

*

- Banidos - disse Angelina numa voz profunda, tarde da noite na sala comunal.

- Banidos. Sem apanhador e sem batedores... O que é que nós vamos fazer?

Não parecia que eles tinham ganhado o jogo. Em todo lugar que Harry olhava haviam rostos furiosos e tristes; o time estava mergulhado ao redor do fogo, todos menos Rony, que não tinha sido visto desde o fim do jogo.

- É apenas tão injusto - disse Alicia estarrecidamente. - Eu quero dizer, sobre Crabbe e aquele balaço que ele arremessou após o apito ter sido assoprado? Ela o baniu?

- Não - disse Gina miseravelmente; ela e Hermione estavam sentadas uma em cada lado do Harry. - Ele apenas teve linhas, eu escutei Montague rindo sobre isso no jantar.

- E baniu Fred quando ele nem sequer fez nada! - disse Alicia furiosamente, esmurrando seu joelho com o seu punho.

- Não é minha culpa que eu não fiz - disse Fred com um olhar muito feio no rosto. - Eu teria socado aquele pequeno saco de merda para uma polpa se vocês não tivessem me segurado.

Harry olhava miseravelmente para a janela escura. Neve estava caindo. O pomo que tinha pegado estava agora zumbindo ao redor da sala comunal; as pessoas estavam assistindo seu progresso como se estivessem hipnotizadas e Bichento estava pulando de cadeira para cadeira, tentando pegá-lo.

- Eu vou para cama - disse Angelina, levantando-se lentamente. - Talvez isso tudo mude como se eu estivesse tendo um sonho ruim... Talvez eu acorde amanhã e descubra que nós ainda não jogamos...

Ela foi logo seguida por Alicia e Katie. Fred e Jorge foram para cama algum tempo depois, olhando furioso para todos que passavam, e Gina foi logo em seguida. Só Harry e Hermione estavam perto do fogo.

- Você viu Rony? - Hermione perguntou numa voz baixa.

Harry balançou a sua cabeça.

- Eu acho que ele está nos evitando - disse ela. - Onde você acha que ele...?

Mas no exato momento houve um som atrás deles enquanto a Mulher Gorda se abria e Rony veio subindo com dificuldade pelo buraco do retrato. Estava muito pálido de fato e havia neve em seu cabelo. Quando ele viu Harry e Hermione, parou inerte em seus rastros.

- Onde você estava? - disse Hermione ansiosa, levantando-se de um salto.

- Caminhando - Rony murmurou. Ainda estava usando as vestes de quadribol.

- Você parece congelado - disse Hermione. - Vem aqui e senta!

Rony caminhou para a lareira e se afundou na cadeira distante de Harry, sem olhá-lo. O pomo roubado zoava sobre sua cabeças.

- Me desculpe - Rony murmurou, olhando para o seu pé.

- Pelo quê? - disse Harry.

- Por pensar que eu posso jogar quadribol - disse Rony. - A primeira coisa que eu farei amanhã é renunciar.

- Se você renunciar - disse Harry, analisando - ficarão apenas três jogadores no time - e quando Rony olhou desconcertado ele disse. - Eu recebi uma proibição vitalícia. E também Fred e Jorge.

- O quê? - Rony gritou.

Hermione disse a ele a história completa; Harry não poderia suportar dizer isso de novo. Quando terminou Rony pareceu mais angustiado que nunca.

- É tudo minha culpa...

- Você não me fez socar Malfoy - disse Harry com raiva.

- ...Se eu não fosse tão terrível no quadribol...

- Não há nada para fazer com isso.

- ...Foi aquela música que me deixou com medo...

- Poderia ter deixado qualquer um com medo.

Hermione se levantou e caminhou para a janela, longe de um argumento, assistindo a neve girar contra a vidraça.

- Olhe, desiste disso! - Harry estourou. - É ruim demais sem você se lamentar por tudo!

Rony não disse nada mas sentou, olhando miseravelmente para a bainha úmida das suas vestes. Após um instante disse numa voz triste.

- Essa é a pior coisa que eu já senti em toda a minha vida.

- Junte-se ao clube - disse Harry amargamente.

- Bem - disse Hermione, sua voz tremendo levemente. - Eu acho que sei de uma coisa que deve animar vocês dois.

- Ah é? - disse Harry ceticamente.

- É - disse Hermione, virando-se da janela preta como carvão, coberta com flocos de neve, um largo sorriso surgindo em seu rosto. - Hagrid está de volta.

-- CAPÍTULO 20 --
O CONTO DE HAGRID


Harry correu ate o dormitório dos garotos para pegar a capa de invisibilidade e o Mapa do Maroto do seu malão. Foi tão rápido que ele e Rony já estavam prontos pelo menos cinco minutos antes de Hermione voltar correndo dos dormitórios das garotas, vestindo cachecol, luvas e um de seus nodosos chapéus de elfos.

- Bom, está frio lá fora - disse ela, defendendo-se quando Rony coçou a garganta impacientemente.

Deslizaram pelo buraco do retrato e se cobriram com a capa - Rony tinha crescido tanto que agora precisava se agachar para evitar que seus pés fossem vistos - então, movendo-se devagar e com cuidado, prosseguiram descendo as muitas escadas, parando com intervalos para checar no mapa por sinal de Filch ou Madame Nor-r-ra. Tiveram sorte, não encontraram ninguém além de Nick Quase Sem Cabeça, que estava pairando distraído, murmurando algo que soava horrivelmente como "Weasley é nosso rei". Deslizaram cruzando o Saguão de Entrada e saíram no silencioso e congelado pátio. Com um grande salto no coração, Harry viu pequenos quadrados dourados de luz à frente e fumaça saindo da chaminé da cabana de Hagrid. Andou numa marcha rápida, os outros dois empurrando e dando encontrões atrás dele. Apertaram-se agitados através da neve densa até atingirem a porta de madeira. Quando Harry levantou o punho e bateu três vezes um cão começou a latir freneticamente do lado de dentro.

- Hagrid, somos nós - Harry falou pelo buraco da fechadura.

- Devia ter adivinhado - falou uma voz rouca.

Sorriram uns para os outros embaixo da capa; puderam saber pela voz de Hagrid que estava feliz.

- Estou em casa a três segundos... Sai do caminho Canino... Sai do caminho, seu cão preguiçoso.

O ferrolho foi empurrado para trás, a porta abriu rangendo, a cabeça de Hagrid apareceu no espaço.

Hermione gritou.

- Por Merlin, falem baixo - disse Hagrid duramente, encarando insensatamente acima de suas cabeças. - Embaixo daquela capa, não? Bom, entrem, entrem.

- Desculpe - ofegou Hermione enquanto os três se espremiam para passar por Hagrid e tirar a capa para que ele pudesse vê-los. - Eu só, oh, Hagrid.

- Não é nada, não é nada - disse Hagrid duramente, fechando a porta atrás deles e correndo para fechar as cortinas, mas Hermione continuou o encarando com horror.

O cabelo de Hagrid estava embaraçado e com sangue congelado, seu olho esquerdo tinha sido reduzido a uma fenda inchada em meio a um enorme hematoma roxo e preto. Haviam vários cortes em seu rosto e mãos, alguns deles ainda sangrando, e estava se movendo cuidadosamente, o que fez Harry desconfiar que as costelas estavam quebradas. Era óbvio que tinha acabado de chegar; uma capa espessa preta de viagem estava colocada nas costas de uma cadeira e o saco grande o suficiente para carregar várias crianças estava encostado na parede atrás da porta. Hagrid, com duas vezes o tamanho de um homem normal, estava agora mancando até o fogo e colocando a chaleira de cobre sobre ele.

- O que aconteceu com você? - perguntou Harry enquanto Canino dançava em volta deles, tentando lamber seu rostos.

- Já disse, nada - respondeu Hagrid firmemente. - Querem uma xícara?

- Deixa disso - falou Rony -, olha o estado que você está!

- Estou falando, eu estou bem - disse Hagrid, levantando e virando para encarar todos eles, mas se encolhendo. - Minha nossa, é bom ver vocês três de novo, tiveram um bom verão, foi?

- Hagrid, você foi atacado - falou Rony.

- Pela última vez, não é nada - disse Hagrid firmemente.

- Você diria que não é nada se um de nós aparecesse com um quilo de carne em vez de rosto? - despachou Rony.

- Você devia ir ver Madame Pomfrey, Hagrid - disse Hermione -, alguns desses cortes estão feios.

- Eu estou lidando com isso, está bem? - disse Hagrid em sinal de repressão.

Ele cruzou a enorme mesa de madeira que ficava no meio de sua cabana e puxou a toalha de chá que tinha ficado lá. Embaixo havia um bife cru, ensangüentado, meio esverdeado e um pouco maior que um pneu de carro normal.

- Você não vai comer isso, vai Hagrid? - disse Rony, encostando para ver melhor. - Parece venenoso.

- Era para parecer, é carne de dragão - Hagrid falou. - E eu não peguei para comer.

Ele pegou o bife e jogou do lado esquerdo do rosto. Sangue esverdeado escorreu pela barba enquanto fazia um som de satisfação.

- Assim está melhor. Ajuda com a ardência, sabe?

- Então, você vai nos contar o que houve? - perguntou Harry.

- Não posso, Harry. Segredo. Meu trabalho vale mais do que dizer isso a vocês.

- Os gigantes bateram em você, Hagrid? - perguntou Hermione calmamente.

Os dedos de Hagrid escorregaram do bife de dragão e este caiu golpeando pesadamente seu peito.

- Gigantes? - disse Hagrid, pegando o bife antes que atingisse o cinto e jogando de volta sobre seu rosto. - Quem falou qualquer coisa sobre gigantes? Com quem vocês têm falado? Quem contou para vocês que eu... Quem disse que eu tenho... Hein?

- Nós adivinhamos - disse Hermione, desculpando-se.

- Ah, vocês adivinharam, foi? - disse Hagrid, observando-a com o olho que não estava escondido pelo bife.

- Era um pouco... Óbvio - disse Rony. Harry concordou.

Hagrid os encarou, então sorriu, jogou o bife de volta na mesa e deu um largo passo até a chaleira, que estava apitando.

- Nunca vi crianças como vocês três para saber mais do que deveriam - ele murmurou, servindo água fervente em três de suas canecas que pareciam baldes. - E não estou apoiando vocês também. Curiosidade, alguns chamam de Interferência.

Sua barba estremeceu.

- Então, você tem procurado gigantes? - Harry falou, sério enquanto sentava-se à mesa.

Hagrid serviu chá na frente de cada um deles, sentou, pegou seu bife de novo e jogou de volta no rosto.

- É, está bem - ele grunhiu. - Eu estive.

- E você os achou? - perguntou Hermione numa voz apressada.

- Bom, não é tão difícil achá-los, para ser sincero. Bem grandes, sabe?

- Onde eles estão? - disse Rony.

- Nas montanhas - disse Hagrid, em vão.

- Então por que os trouxas...

- Eles sabem - disse Hagrid obscuramente. - Só que suas mortes são sempre encobertas por acidentes de alpinismo, não são?

Ele arrumou o bife um pouco para que cobrisse os piores machucados.

- Ah vai, Hagrid, conta o que você fez... - disse Rony. - Conta sobre ser atacado por gigantes que o Harry conta como ele foi atacado pelos dementadores...

Hagrid sufocou com a caneca e deixou o bife cair ao mesmo tempo, uma enorme quantidade de chá, saliva e sangue esverdeado salpicaram à mesa enquanto ele tossia e fazia barulho, o bife escorregou com um leve "splat" pro chão.

- O que você quer dizer "atacado por dementadores"? - resmungou Hagrid.

- Você não sabia? - perguntou Hermione de olhos arregalados.

- Eu não sei de nada que aconteceu desde que eu saí. Eu estava em missão secreta, não estava? Não queria corujas me seguindo por todo canto, benditos dementadores! Vocês não estão falando sério?

- Estamos, estamos sim, eles apareceram em Little Whinging e atacaram meu primo e eu, e o Ministério da Magia me expulsou...

- O quê?

- E eu tive que ir a uma audiência e tudo, mas diga sobre os gigantes primeiro.

- Você foi expulso?

- Conta sobre o seu verão que eu conto sobre o meu.

Hagrid o encarou através do seu único olho aberto. Harry olhou de volta uma expressão de determinação inocente no rosto.

- Está bem - disse Hagrid numa voz conformada.

Ele se curvou e tirou a carne de dragão da boca de canino.

- Ah, Hagrid, não faz isso, não é higiê... - Hermione começou mas Hagrid já tinha colocado a carne de volta sobre seu olho inchado.

Ele tomou outro gole fortificante de chá, então disse.

- Bom, nós partimos logo depois que as aulas acabaram...

- Madame Maxime foi com você, então? - Hermione adicionou.

- É isso - disse Hagrid e uma expressão mais gentil apareceu nas poucas polegadas de rosto que não estava obscurecido pela barba ou pelo bife verde. - É, éramos só nós dois. E eu vou dizer isso, ela não tem medo de lutar, a Olímpia. Vocês sabem, ela é uma mulher refinada e bem vestida e sabendo onde estávamos indo eu imaginei como ela se sentiria sobre escaladas e dormir em cavernas e essas coisas, mas ela não reclamou.

- Vocês sabiam onde estavam indo? - repetiu Harry. - Vocês sabiam onde os gigantes estavam?

- Bom, Dumbledore sabia e ele nos disse.

- Eles estão escondidos? - perguntou Rony. - É segredo onde eles estão?

- De fato, não - disse Hagrid sacudindo sua cabeça peluda. - É só que a maioria dos bruxos não se importa onde eles estão, ainda que é uma longa estrada. Mas onde eles estão é muito difícil chegar, para humanos, pelo menos, então nos precisamos das instruções de Dumbledore. Levamos um mês para chegar lá.

- Um mês? - disse Rony, como se nunca tivesse ouvido falar sobre uma viagem que durasse ridiculamente tanto tempo. - Mas por que vocês não podiam simplesmente pegar uma chave de portal, ou algo do tipo?

Tinha uma expressão estranha no olho obscuro de Hagrid enquanto ele encarava Rony; era quase dó.

- Nós estamos sendo observados, Rony - falou grosseiramente.

- O que você quer dizer?

- Você não entende, o Ministério está observando Dumbledore e qualquer um que eles saibam que é leal a ele...

- Nós sabemos disso - falou Harry rapidamente, ansioso para ouvir o resto da história de Hagrid -, sabemos que o Ministério está vigiando Dumbledore...

- Então vocês não podiam usar magia para chegar lá? - perguntou Rony, olhando atordoado. - Vocês tiveram que agir como trouxas todo o caminho?

- Bom, não exatamente todo o caminho - disse Hagrid com cautela. - Nós só tivemos que ter cuidado, porque eu e Olímpia chamamos atenção...

Rony fez um barulho abafado em algum lugar entre um ronco e uma fungada e apressadamente tomou um gole de chá.

- Então não é difícil nos seguir. Nós estávamos fingindo que estávamos de férias juntos, então fomos para o interior da França, simulando que íamos para onde é a escola da Olímpia, nós sabíamos que tinha gente do Ministério seguindo. Tivemos que ir devagar, porque na verdade não devo usar magia e sabíamos que o Ministério estava procurando uma razão para nos prender. Mas nós demos um jeito de escapar perto de Dee-Jonh...

- Ooooh, Dijon? - disse Hermione agitada. - Eu estive lá nas férias, você viu...

Ela se calou com o olhar de Rony.

- Arriscamos um pouco de magia depois disso e não foi uma má viagem. Encontramos alguns trasgos loucos na divisa com a Polônia e eu tive uma pequena discussão com um vampiro num pub em Minsk mas, fora isso, foi uma viagem calma. Então chegamos no lugar, então veio a parte difícil pelas montanhas, procurando por sinais deles... Tivemos que deixar de usar magia, então, parte porque eles não gostam de bruxos e nos não queríamos briga tão cedo, parte porque Dumbledore tinha avisado que Você-Sabe-Quem estava determinado a achar os gigantes e tudo. Ele disse que seria estranho se não tivesse mandado mensageiros até lá ainda. Disse para tomarmos muito cuidado ao chamar atenção para nós no caso de haverem Comensais da Morte.

Hagrid parou para um longo gole de chá.

- Continue - disse Harry apressado.

- Achamos eles - disse Hagrid grosseiramente. - Fomos ao lado de um cume uma noite e lá estavam eles, espalhados abaixo de nós. Pequenas fogueiras queimando sob enormes sombras... Era como ver pedaços da montanha se mexer.

- Quanto eles medem? - perguntou Rony numa voz baixa.

- Uns cinco metros - disse Hagrid despreocupadamente. - Os maiores deviam ter seis metros e meio.

- E quantos eram?

- Eu acho que mais ou menos setenta ou oitenta.

- Só isso? - disse Hermione.

- É - disse Hagrid, triste -, oitenta restam e haviam muitos antes, deviam haver centenas de tribos diferentes, de todo lugar do planeta. Mas eles têm morrido há anos. Bruxos mataram alguns, claro, mas eles matam uns os outros e agora estão morrendo mais rápido que nunca. Eles têm que viver juntos desse jeito. Dumbledore diz que é nossa culpa, foram os bruxos que os forçaram a sair e fizeram com que ficassem bem longe da gente e não tiveram outra escolha além de ficar junto para proteção.

- Então - disse Harry - você os viu, e depois?

- Bom, esperamos até de manhã, não queríamos tentar alguma coisa no escuro, para nossa própria segurança. Por volta das três da manhã eles dormiram bem onde estavam sentados. Não ousamos dormir por dois motivos, queríamos ter certeza de que nem um deles acordasse e viesse onde estávamos e também porque os roncos eram inacreditáveis. Causaram uma avalanche perto do amanhecer. Bom, quando amanheceu fomos falar com eles.

- Simples assim? - disse Rony, olhando aterrorizado. - Vocês foram entrando no acampamento de gigantes?

- Bom, Dumbledore tinha dito como fazer isso. Dar presentes ao Gurg, mostrar respeito, sabe.

- Dar presentes a quem? - perguntou Harry.

- Ah, ao Gurg, quer dizer o chefe.

- Como vocês sabiam qual era o Gurg? - perguntou Rony.

Hagrid grunhiu de divertimento.

- Sem problemas, era o maior, mais feio e mais preguiçoso. Sentado, esperando que os outros tragam comida. Cabra morta, essas coisas. O nome era Karkus. Eu diria que tinha uns cinco metros e meio, talvez seis, o peso de um par de elefantes machos. A pele como dinheiro amassado e tudo.

- E vocês foram falar com ele? - disse Hermione, perdendo o ar.

- Bom... Fomos, ele estava deitado no vale. Estavam numa depressão entre quatro montanhas bonitas e altas, sabe, do lado do lago da montanha, e Karkus estava deitado ao lado do lago, uivando para os outros trazerem comida para ele e para a mulher. Olímpia e eu descemos a encosta da montanha...

- Mas eles não tentaram matar vocês quando viram? - perguntou Rony, desacreditado.

- Definitivamente, eles estavam pensando nisso - disse Hagrid, encolhendo os ombros - mas fizemos como Dumbledore pediu, que era segurar nosso presente no alto e ficar olhando para o Gurg e ignorar os outros. Então nós fizemos isso. E o resto deles ficou calado e olhando a gente passar. fomos até o pé de Karkus, então nos curvamos e pusemos nosso presente no chão na frente dele.

- O que se dá a um gigante? - perguntou Rony ansioso. - Comida?

- Não, eles se viram pra achar comida sozinhos. Levamos magia. Gigantes gostam de magia, só não gostam quando é usada contra eles. De qualquer jeito, aquele primeiro dia demos um galho de fogo Gubraithian.

Hermione disse "Wow" baixinho mas Harry e Rony franziram as sobrancelhas, embaraçados.

- Um galho de...?

- Fogo eterno - disse Hermione, irritada -, vocês já deviam saber. O professor Flitwick comentou pelo menos duas vezes na sala!

- Bom, de qualquer forma - disse Hagrid rápido, interferindo antes que Rony pudesse responder -, Dumbledore enfeitiçou esse galho para queimar para sempre, o que qualquer bruxo poderia fazer, então eu pus no chão coberto por neve perto do pé de Karkus e disse: "Um presente para o Gurg, dos gigantes, de Alvo Dumbledore, que manda seus respeitosos cumprimentos".

- E o que Karkus disse? - perguntou Harry ansioso.

- Nada. Não falava inglês.

- Você tá brincando!

- Não importava - disse Hagrid, imperturbável -, Dumbledore tinha avisado que isso poderia acontecer. Karkus sabia o suficiente para gritar para que alguns gigantes que conheciam nosso língua e eles traduziram para nós.

- E ele gostou do presente? - perguntou Rony.

- Ah, sim, começou uma tempestade quando ele entendeu o que era - disse Hagrid, virando a carne de dragão para pressionar o lado mais frio no olho inchado. - Muito satisfeito. Então eu disse: "Alvo Dumbledore pede que o Gurg fale com seu mensageiro quando voltar amanhã com outro presente".

- Por que vocês não podiam falar com ele aquele dia? - disse Hermione.

- Dumbledore queria que fôssemos muito devagar. Fazer com que vejam que cumprimos nossas promessas. "Vamos voltar amanhã com mais ofertas", e voltamos com mais presentes, dá boa impressão, vê? E dá tempo a eles de testarem o primeiro presente e descobrir que é bom, e os deixa ansiosos por mais. De qualquer jeito gigantes como Karkus, sobrecarregue-o com informações e ele te mata só pra simplificar as coisas. Então nos curvamos fora do caminho e saímos e achamos uma pequena caverna para passar a noite e na manhã seguinte voltamos, dessa vez encontramos Karkus sentado esperando por nós, parecendo ansioso.

- E você falou com ele?

- Ah, sim. Antes demos a ele um bonito elmo de batalha, feito por duendes e indestrutível, sabe, e então sentamos e falamos.

- O que ele falou?

- Não muito. Ouviu mais. Mais houveram bons sinais. Ele tinha ouvido falar de Dumbledore, ouvido que tinha brigado contra a matança dos últimos gigantes na Inglaterra. Karkus pareceu estar bem interessado no que Dumbledore tinha pra falar. E alguns dos outros, especialmente aqueles que falavam um pouco de inglês, se juntaram e ouviram também. Tínhamos esperanças quando partimos aquele dia. Prometemos voltar na manhã seguinte com outro presente. Mas aquela noite tudo deu errado.

- O que você quer dizer? - disse Rony rapidamente.

- Bom, como eu disse, eles não deviam viver juntos, gigantes - disse Hagrid triste. - Não em grupos grandes como aquele. Eles não se agüentam, matam metade deles a cada poucas semanas. Os homens lutam uns com os outros, as mulheres lutam umas com as outras; os remanescentes das antigas tribos lutam uns com os outros, isso sem contar brigas por comida, os melhores fogos, os melhores cantos para dormir. Você pensaria, vendo que toda a raça está para se extinguir, que eles cuidariam uns dos outros, mas...

Hagrid suspirou profundamente.

- Aquela noite uma briga começou, vimos da boca da nossa caverna, olhando para baixo, no vale. Continuou por horas, vocês não acreditariam no barulho. E quando o sol subiu a neve estava escarlate e sua cabeça estava na beira do lago.

- Cabeça de quem? - ofegou Hermione.

- Do Karkus - disse Hagrid pesadamente. - Havia um novo Gurg, Golgomath - ele suspirou profundamente. - Bom, não havíamos considerado um novo Gurg dois dias depois de fazer contato amigável com o primeiro e tínhamos um pressentimento de que Golgomath não estaria tão ávido por ouvir, mas tínhamos que tentar.

- Você foi falar com ele? - pergunto Rony, incrédulo. - Depois de assistir ele tirar a cabeça de outro gigante?

- Claro que sim - disse Hagrid -, não fomos até lá para desistir depois de dois dias! Nós descemos com o próximo presente que íamos dar a Karkus. Eu sabia que não ia ter jeito antes de ele abrir a boca. Estava ali sentado, com o elmo de Karkus, olhando com maldade enquanto chegávamos perto. Ele era grande, um dos maiores. Cabelo preto e dentes combinando e um colar de ossos. Alguns ossos humanos. Eu fiz uma tentativa, segurei um grande rolo de pele de dragão e disse "Um presente para o Gurg dos gigantes...". Logo depois eu estava pendurado de pés para o ar seguro pelos pés, dois de seus colegas haviam me agarrado.

 Hermione tampou a boca com as mãos.

- Como você se safou disso? - perguntou Harry.

- Não teria se Olímpia não estivesse lá. Ela tirou a varinha e fez um dos feitiços mais rápidos que eu já vi. Maravilhoso. Acertou os dois que estavam me segurando bem no olho com a maldição Conjuctivitus e eles me largaram na mesma hora, mas estávamos enrascados então, porque tínhamos usado magia contra eles e isso é o que gigantes odeiam sobre bruxos. Tivemos que sair a pé e sabíamos que não havia jeito de voltar ao acampamento de novo.

- Nossa, Hagrid - disse Rony baixo.

- Então por que você demorou tanto para vir para casa se você ficou lá por apenas três dias? - perguntou Hermione.

- Não partimos depois de três dias! - disse Hagrid, parecendo indignado. - Dumbledore estava contando conosco.

- Mas você acabou de dizer que não havia jeito de voltar!

- Não durante o dia, nos não podíamos, não. Só tivemos que repensar um pouco. Gastamos alguns dias deitados na caverna e observando. E o que vimos não foi bom.

- Ele tirou mais cabeças? - perguntou Hermione, sensivelmente.

- Não, preferia que fosse isso.

- O que quer dizer?

- Eu quero dizer que nos logo descobrimos que ele não recusa todos os bruxos, só nós.

- Comensais da Morte? - disse Harry rapidamente.

- É - disse Hagrid obscuramente. - Dois deles os estavam visitando todos os dias, trazendo presentes pra o Gurg, e ele não estava virando eles de pés pro ar.

- Como você sabe que eram Comensais da Morte? - disse Rony.

- Por que reconheci um deles - disse Hagrid. - Macnair, lembra dele? O cara que mandaram para matar Bicuço? Maníaco, é o que ele é. Gosta de matar tanto quanto Golgomath; não é à toa que se deram tão bem.

- Então Macnair convenceu os gigantes a se aliar a Você-Sabe-Quem? - disse Hermione desesperadamente.

- Segure seus Hipogrifos, eu ainda não terminei minha história - disse Hagrid, indignado, que, considerando que não queria contar nada desde o começo agora parecia estar até gostando. - Eu e Olímpia conversamos e concordamos que só porque o Gurg parecia estar favorecendo Você-Sabe-Quem não queria dizer que todos favoreceriam. Tentamos convencer alguns dos outros, os que não queriam Golgomath como Gurg.

- Como vocês sabiam quais eram? - perguntou Rony.

- Bom, eram os que estavam apanhando feio, não eram? - disse Hagrid pacientemente. - Os que tinham alguma consciência estavam ficando fora do caminha de Golgomath, se escondendo em cavernas em volta da depressão, assim como nós. Então decidimos ir remexendo as cavernas à noite e ver se conseguíamos convencer alguns deles.

- Vocês foram remexendo cavernas escuras procurando gigantes? - disse Rony, com admirável respeito em sua voz.

- Bom, não era com os gigantes que estávamos mais preocupados, estávamos mais inquietos por causa dos Comensais da Morte. Dumbledore tinha dito antes de partirmos para não bobear com eles se pudéssemos evitar e o problema era que eles sabiam que estávamos por perto, acho que Golgomath contou sobre a gente. De noite, quando os gigantes estavam dormindo e nós estávamos rastejando nas cavernas, Macnair e o outro ficavam rondando as montanhas, procurando nós dois. Foi difícil impedir Olímpia de pular em cima deles - disse Hagrid, os cantos da boca levantando sua barba selvagem -, ela estava querendo atacar ele... Tem alguma coisa quando ela acorda, Olímpia... Abrasador, sabe... Acho que é por que é francesa...

Hagrid encarou com os olhos enevoados o fogo. Harry deixou trinta segundos de lembranças antes de limpar sua garganta alto.

- Então, o que aconteceu? Vocês chegaram perto de algum dos gigantes?

- Que? Ah... Ah, é, chegamos. É, na terceira noite depois que Karkus morreu nos saímos da caverna onde estávamos nos escondendo e nos dirigimos de volta para a depressão, mantendo os olhos abertos por causa dos Comensais da Morte. Entramos em algumas cavernas, de nada adiantou, então por volta da sexta achamos três gigantes se escondendo.

- A caverna devia estar apertada - disse Rony.

- Não tinha espaço para balançar um amasso - disse Hagrid.

- Eles não atacaram vocês quando viram? - perguntou Hermione.

- Provavelmente atacariam se estivessem em condições, mas eles estavam bem machucados, os três; o pessoal de Gologmath os deixou inconscientes; eles tinham acordado e se arrastado até o abrigo mais próximo que puderam encontrar. O fato é que um deles falava um pouco de inglês e traduziu para os outros, o que tínhamos para falar não pareceu tão mal. Então nós continuamos voltando, visitando os feridos... Chegou uma hora que eu acho que tínhamos uns seis ou sete convencidos.

- Seis ou sete? - disse Rony ansioso. - Bom, isso não é nada mal, eles vão vir para cá e começar a lutar contra Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado com a gente?

Mas Hermione disse.

- 'O que você quer dizer com "chegou uma hora", Hagrid?

Hagrid olhou para ela triste.

- O pessoal de Golgomath invadiu as cavernas. Os que sobreviveram não queriam mais nada conosco depois disso.

- Então... Então não tem gigante nenhum vindo - disse Rony, parecendo desapontado.

- Não - disse Hagrid, suspirando profundamente e virando seu bife para colocar o lado mais frio em seu rosto -, mas fizemos o que devíamos ter feito, demos a mensagem de Dumbledore, alguns deles ouviram e espero que alguns se lembrem. Talvez os que não apóiam Golgomath saíam das montanhas, então há uma chance de que se lembrem da mensagem amigável de Dumbledore... Pode ser que venham.

A neve estava cobrindo as janelas agora. Harry percebeu que os joelhos de suas vestes estavam encharcados: Canino estava babando em seu colo.

- Hagrid? - disse Hermione, baixinho, depois de um tempo.

- Hum?

- Você... Tinha algum sinal... Você ouviu alguma coisa sobre... Sua... Mãe enquanto estava lá?

O olho não tampado de Hagrid a fitou e Hermione pareceu bem assustada.

- Desculpe... Eu... Esqueci isso...

- Morta - Hagrid grunhiu. - Morreu anos atrás. Eles me contaram.

- Ah... Eu... Sinto muitíssimo - disse Hermione, uma voz muito baixa. Hagrid encolheu seus ombros enormes.

- Não precisa - disse rapidamente. - Não me lembro muito dela. Não era uma boa mãe.

Eles ficaram em silêncio mais uma vez. Hermione encarou Harry e Rony nervosa, claramente querendo que eles falassem.

- Mas você ainda não explicou por que você ficou desse jeito, Hagrid - disse Rony, referindo-se ao rosto manchado de sangue de Hagrid.

- Nem por que você só voltou agora - disse Harry. - Sirius disse que Madame Maxime voltou há tempos...

- Quem te atacou? - disse Rony.

- Ninguém me atacou! - disse Hagrid enfaticamente. - Eu...

Mas o resto das palavras foram abafadas pelas batidas repentinas na porta. Hermione ofegou; a caneca escorregou de seus dedos e espatifou no chão; Canino latiu. Os quatro olharam pela janela perto da porta. A sombra de alguém pequeno e agachado ondulou na cortina fina.

- É ela! - murmurou Rony.

- Fiquem aqui em baixo! - disse Harry rapidamente; pegando a capa de invisibilidade, jogou sobre ele e Hermione enquanto Rony corria para dar a volta na mesa e foi para baixo da capa também.

Grudados uns nos outros eles foram para um canto. Canino latia loucamente para a porta, Hagrid pareceu bem confuso.

- Hagrid, esconda nossas canecas!

Hagrid pegou as canecas de Harry e Rony e as empurrou para baixo da almofada no cesto de Canino. Canino estava agora saltando na porta; Hagrid o tirou do caminho com os pés e abriu.

A professora Umbridge estava parada na entrada, vestindo a capa verde e um chapéu com protetor de orelha combinando. Lábios apertados, ela se inclinou para ver o rosto da Hagrid; quase alcançava seu umbigo.

- Então - ela disse devagar e alto, como se estivesse falando com algum surdo. - Você é Hagrid, é?

Sem esperar pela resposta ela caminhou pelo cômodo, seus olhos salientes indo a todas as direções.

- Sai da frente - ela falou rispidamente, sacudindo a bolsa de mão para Canino, que estava pulando nela, tentando lamber seu rosto.

- Er... Eu não quero se rude - disse Hagrid, olhando para ela - mas quem é você?

- Meu nome é Dolores Umbridge.

Seu olhos estavam varrendo a cabana. Duas vezes ela olhou diretamente para o canto onde Harry estava, esmagado entre Rony e Hermione.

- Dolores Umbridge? - disse Hagrid, parecendo bastante confuso. - Eu achei que você era do Ministério... Você não trabalha com Fudge?

- Eu era Subsecretária superior do Ministro, sim - disse Umbridge, analisando a cabana agora, captando cada detalhe, desde a mochila encostada na parede até a capa de viagem abandonada. - Agora sou professora de Defesa Contra as Artes das Trevas...

- Que coragem a sua, não tem mais muita gente querendo o emprego.

- E Grande Investigadora de Hogwarts - disse Umbridge, não dando sinais de ter ouvido o que ele falou.

- O que é isso? - disse Hagrid, sombrio.

- Exatamente o que eu ia perguntar - disse Umbridge, apontando para os pedaços de porcelana quebrada que foram a caneca de Hermione.

- Ah - disse Hagrid, com um inútil olhar para o canto onde estavam escondidos Harry, Rony e Hermione. - Ah, isso foi... Foi Canino. Ele quebrou a caneca. Então eu estava usando esta no lugar.

Hagrid apontou para a caneca em que tinha estado bebendo, uma mão ainda pressionando o bife de dragão sobre o olho. Umbridge parou para olhá-lo agora, captando cada detalhe de sua aparência em vez da cabana.

- Eu ouvi vozes - disse ela baixo.

- Eu estava falando com Canino - disse Hagrid com bravura.

- E ele estava respondendo?

- Bom... É maneira de falar - disse Hagrid, parecendo desconfortável. - Eu, às vezes, digo que Canino parece huma...

- Tem três conjuntos de pegadas na neve saindo da porta do castelo e vindo para sua cabana - disse Umbridge educadamente.

Hermione ofegou; Harry tampou sua boca com as mãos. Por sorte, Canino estava fungando alto em volta da barra das vestes da professora Umbridge e ela não pareceu ter ouvido nada.

- Bom, eu acabei de voltar - disse Hagrid, sacudindo uma enorme mão para a mochila. - Talvez alguém tenha vindo me chamar antes e não me encontrou.

- Não tem pegadas saindo da sua cabana.

- Bom, eu... Eu não entendo como pode... - disse Hagrid, puxando nervoso a barba e mais uma vez olhando de esguelha para o canto onde estavam Harry, Rony e Hermione, como se pedisse por ajuda.

Umbridge se virou repentinamente e foi até a ponta da cabana, olhando em volta com cuidado. Ela se curvou e observou atentamente embaixo da cama. Abriu o armário de louças. Passou a cinco centímetros de onde Harry, Rony e Hermione estavam pressionados na parede; Harry até encolheu a barriga quando ela passou. Depois de olhar atentamente dentro do enorme caldeirão que Hagrid usava para cozinhar, ela se virou repentinamente de novo e disse.

- O que aconteceu com você? Como você agüenta esses machucados?

Hagrid tirou o bife de dragão do rosto rapidamente, o que Harry achou ser um erro, porque agora dava para ver com clareza o hematoma roxo e preto, sem mencionar a quantidade de sangue fresco e congelado no seu rosto.

- Ah, eu... Tive um tipo de acidente - disse desleixado.

- Que tipo de acidente?

- Eu... Eu tropecei.

- Você tropeçou - ela repetiu friamente.

- É, isso mesmo. Sobre... Sobre a vassoura de um amigo. Eu mesmo não vôo. Bom, olhe o meu tamanho, eu não acho que exista uma vassoura que me agüente. Um amigo meu cria cavalos Abraxam, eu não sei se você já viu, animal grande, alado, sabe, eu fui dar uma voltinha nele e foi isso...

- Onde você esteve? - perguntou Umbridge, cortando friamente o falatório de Hagrid.

- Onde eu...?

- Esteve, é. O período começou há dois meses atrás. Outra professora teve que dar as suas aulas. Nenhum de seus colegas pôde me informar nada sobre seu paradeiro. Você não deixou endereço. Onde esteve?

Houve uma pausa onde Hagrid a encarou com seu olho recém destampado. Harry quase podia ouvir seu cérebro funcionando furiosamente.

- Eu estava com problemas de saúde.

- Problemas de saúde - repetiu a Professora Umbridge. Os olhos dela viajaram pelo rosto sem cor e inchado de Hagrid; sangue de dragão derramado gentilmente sobre seu colete. - Dá pra ver.

- É, um pouco de ar fresco, sabe...

- Como guarda-caça deve ser tão difícil pegar ar fresco - disse Umbridge docemente. A pequena parte do rosto de Hagrid que não estava roxa e preta ruborizou.

- Bom... Mudar de cenário, sabe...

- Montanhas? - disse Umbridge rapidamente.

"Ela sabe", Harry pensou desesperadamente.

- Montanhas? - Hagrid repetiu, claramente pensando rápido. - Não, sul da França pra mim. Um pouco de sol e... E praia.

- Sério? Você não esta muito queimado.

- É... Bom... Pele sensível - disse Hagrid, tentando um sorriso agradável.

Harry percebeu que dois de seus dentes estavam faltando. Umbridge olhou para ele friamente; o sorriso vacilou. Então ela levantou sua bolsa de mão um pouco mais no cotovelo e disse.

= Eu devo, claro informar o Ministro de seu atraso.

- Certo - disse Hagrid, concordando com a cabeça.

- Você deve saber, também, que como Grande Investigadora é meu inadequado mais necessário dever inspecionar meus colegas professores. Então eu me arrisco a dizer que nos veremos novamente em breve.

- Você está inspecionando a gente? - repetiu Hagrid vagamente.

- Ah, sim - disse Umbridge gentilmente, olhando de volta para ele com a mão na maçaneta. - O Ministério está determinado a eliminar professores insatisfatórios, Hagrid. Boa noite.

Ela partiu, fechando a porta com um estalo. Harry ia pular da capa de invisibilidade mas Hermione segurou seu pulso.

- Ainda não - ela murmurou em seu ouvido. - Ela pode não ter ido ainda.

Hagrid parecia estar pensando o mesmo; cruzou a sala e puxou a cortina um polegada ou um pouco mais.

- Ela esta voltando para o castelo - ele disse numa voz baixa. - Minha nossa... Inspecionando a gente, é?

- É - disse Harry, saindo de baixo da capa. - Trelawney já está em provação...

- Hum... O  que você esta planejando fazer nas nossas aulas, Hagrid? - perguntou Hermione.

- Ah, não se preocupe com isso, eu tenho um bom bocado de aulas planejadas - disse Hagrid entusiasmado, tirando o bife de dragão da mesa e jogando sobre seu olho mais uma vez. - Eu tenho guardado algumas criaturas para os N.O.M.'s de vocês, algumas coisas bem especiais.

- Erm... Especial como? - disse Hermione na tentativa.

- Eu não vou dizer - disse Hagrid alegre. - Não quero estragar a surpresa.

- Olha, Hagrid - disse Hermione com urgência, deixando todo o fingimento. - A professora Umbridge não ficará nada feliz se você trouxer alguma coisa perigosa demais para a aula.

- Perigosos? - disse Hagrid, parecendo realmente confuso. - Não seja boba, eu não traria nada perigoso! Quero dizer, está bem, eles se viram...

- Hagrid, você tem que passar pela inspeção de Umbridge e para isso seria melhor se ela visse você nos ensinando como cuidar de pocotós, como diferenciar ouriços e porcos espinhos, coisas do tipo! - disse Hermione gravemente.

- Mas isso não é muito interessante, Hermione. O que eu tenho é tão mais impressionante. Eu tenho trazido eles há tempos, eu acho que tenho o único bando domesticado da Inglaterra.

- Hagrid... Por favor... - disse Hermione, uma nota de desespero na voz. - Umbridge está procurando qualquer desculpa para se livrar dos professores que ela acha que são muito próximos de Dumbledore. Por favor, Hagrid nos ensine alguma coisa boba que pode cair no nosso N.O.M.

Mas Hagrid bocejou largamente e deu uma olhada de relance para a cama no canto.

- Ouçam, foi um longo dia, e é tarde - ele disse, dando uma pancadinha leve no ombro de Hermione, seus joelhos dobraram e bateram no chão com um som surdo. - Ah, desculpe - ele levantou ela de volta pela gola de suas vestes. - Olhem, não se preocupem comigo, prometo que tenho boas coisas planejadas para suas aulas agora que eu estou de volta... Agora, todos vocês, é melhor voltarem para o castelo e não esqueçam de limpar seus passos atrás de vocês.

- Não sei se você o convenceu - disse Rony um pouco depois quando, tendo checado que a barra tava limpa, estavam voltando para o castelo pela neve espessa, não deixando rastros graças ao feitiço de Desaparecimento que Hermione estava realizando enquanto andavam.

- Se é assim, eu volto amanhã - disse Hermione determinada. - Eu planejarei as aulas para ele se for necessário. Eu não ligo se ela expulsar Trelawney mas ela não vai se livrar de Hagrid!

Nenhum comentário:

Postar um comentário