terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Harry Potter e a Ordem da Fênix 26/30


-- CAPÍTULO 26 --
VISTOS E IMPREVISTOS


Luna disse vagamente que não sabia quando a entrevista de Rita com Harry apareceria na The Quibbler, que seu pai estava esperando um longo e agradável artigo sobre as recentes pontarias dos Snorkacks de Chifres Amassados - e, obviamente, essa seria uma matéria muito importante, então a de Harry poderia esperar pela próxima edição. Harry não tinha achado uma fácil experiência conversar sobre a noite em que Voldemort retornou. Rita o tinha pressionado para contar cada pequeno detalhe e tinha dado a ela tudo o que conseguia lembrar, sabendo que essa era a única grande oportunidade de contar ao mundo a verdade. Imaginou como as pessoas reagiriam à história. Supôs que confirmaria a muitas pessoas a visão de que ele era completamente maluco, especialmente porque a história apareceria junto com o completo lixo sobre Snorkacks de Chifres Amassados.

- Não posso esperar para ver o que Umbridge acha de você ter ido a público - disse Dino, soando espantado no jantar segunda à noite.

Simas estava engolindo grandes quantidades de galinha e torta de presunto do outro lado de Dino mas Harry sabia que ele estava ouvindo.

- É a coisa certa a fazer, Harry - disse Neville, que estava sentado do lado oposto dele. Estava bastante pálido mas continuou numa voz baixa. - Deve ter sido... Difícil... Falar sobre isso... Não foi?

- Sim - resmungou Harry - mas as pessoas têm que saber do que Voldemort é capaz, não têm?

- Isso é verdade - disse Neville, concordando -, e seus Comensais da Morte também... As pessoas devem saber...

Neville deixou sua frase no ar e retornou para suas batatas assadas. Simas olhou para cima mas quando encontrou os olhos de Harry olhou rapidamente de volta para seu prato. Depois de um tempo, Dino, Simas e Neville saíram para ir à sala comunal, deixando Harry e Hermione à mesa esperando por Rony, que ainda não tinha jantado devido ao treino de quadribol.

Cho Chang entrou no Salão Principal com sua amiga Marietta. O estômago de Harry deu uma guinada desconfortável mas ela não olhou para a mesa da Grifinória e se sentou de costas para ele.

- Ah, eu esqueci de te perguntar - disse Hermione alegremente, olhando para a mesa da Corvinal. - O que aconteceu no seu encontro com Cho? Por que você voltou tão cedo?

- Er... bom, foi... - disse Harry, puxando uma travessa de ruibarbo esfarelado em direção a ele e poupando alguns segundos - um completo fiasco, agora que você mencionou.

Ele contou a ela tudo o que aconteceu na loja de chá da Madame Puddifoot.

- ...então - ele terminou muitos minutos depois, assim que o último pedaço esfarelado desapareceu - ela levantou imediatamente e disse "Eu te vejo por aí, Harry" e correu para fora do lugar -abaixou sua colher e olhou para Hermione. - Eu quero dizer, o que foi tudo aquilo? O que aconteceu?

Hermione olhou para a cabeça de Cho e suspirou.

- Ah, Harry - disse tristemente. - Bom, me desculpe mas você foi um pouco sem jeito.

- Eu, sem jeito? - disse Harry, indignado. - Em um minuto nós estávamos nos dando bem, no próximo minuto ela estava me dizendo que Rogério Davies a convidou para sair e como ela costumava ir e beijar Cedrico naquela estúpida loja de chá... Como eu deveria me sentir sobre isso?

- Bem, veja - disse Hermione, com o ar paciente de alguém explicando que um mais um são dois para uma criança extremamente emocional. - Você não deveria ter dito a ela que queria me ver no meio do seu encontro.

- Mas, mas - gaguejou Harry -, mas... Você disse pra eu te encontrar ao meio-dia e levá-la junto, como eu faria isso sem dizer pra ela?

- Você deveria ter contado a ela de um modo diferente - disse Hermione ainda com aquele irritante ar paciente. - Você deveria ter dito que seria realmente irritante mas que eu fiz você prometer ir ao Três vassouras e que você realmente não queria ir, porque você preferia muito mais passar o dia inteiro com ela mas infelizmente você achava que de fato deveria me encontrar e se ela poderia, fazendo o maior favor, ir com você e assim você poderia ir embora mais rápido. E teria sido uma boa idéia mencionar o quanto você me acha feia também - Hermione acrescentou como conclusão.

- Mas eu não acho que você é feia - disse Harry, perplexo. Hermione riu.

- Harry, você é pior que o Rony... Bem, não, você não é - ela suspirou assim que Rony entrou andando no Salão borrifando lama e parecendo que estava resmungando. - Veja, você irritou a Cho quando disse que se encontraria comigo, então ela tentou fazer você sentir ciúmes. Foi o jeito que ela arrumou para tentar descobrir o quanto você gosta dela.

- Era isso que ela estava fazendo? - disse Harry enquanto Rony caia de cansaço no banco do lado oposto dele e puxava cada travessa de comida que podia alcançar em direção a si. - Bom, não teria sido mais fácil se ela apenas me perguntasse se eu gostava mais dela do que de você?

- Garotas geralmente não fazem perguntas como essa - disse Hermione.

- Mas elas deveriam! - disse Harry com vigor. - Então eu poderia ter dito a ela que eu gosto dela e ela não voltaria ao assunto da morte de Cedrico de novo!

- Eu não estou dizendo que o que ela fez foi sensato - disse Hermione enquanto Gina se juntava a eles, cheia de lama como Rony e parecendo igualmente descontente. - Eu só estou tentando fazer você ver como ela estava se sentindo no momento.

- Você deveria escrever um livro - Rony disse a Hermione enquanto cortava suas batatas -, traduzindo garotas malucas para que os garotos possam entendê-las.

- É - disse Harry ardentemente, olhando para a mesa da Corvinal. Cho tinha acabado de levantar, e, ainda não olhando para ele, saiu do Salão Principal. Sentindo-se muito deprimido, ele olhou de volta para Rony e Gina. - Então, como foi o treino de quadribol?

- Foi um pesadelo - disse Rony numa voz rudemente.

- Ah, fala a verdade - disse Hermione olhando para Gina -, tenho certeza que não foi assim...

- Sim, foi - disse Gina. - Foi horrível.

Angelina estava quase em lágrimas quando terminou. Rony e Gina foram tomar banho depois do jantar; Harry e Hermione retornaram para a ocupada sala comunal da Grifinória e para a usual pilha de dever de casa. Harry estava se esforçando um novo diagrama de estrelas para a aula de Astronomia por meia hora quando Fred e Jorge apareceram.

- Rony e Gina não estão aqui? - perguntou Fred, olhando em volta enquanto puxava uma cadeira, quando Harry balançou a cabeça. - Ótimo. Nós estávamos vendo o treino deles. Eles serão massacrados. São um completo lixo sem nós.

- Fala sério, a Gina não é ruim - disse Jorge honestamente, sentando-se ao lado de Fred. - Na verdade eu imagino como ela consegue jogar tão bem, olhando o fato de que nós nunca a deixamos jogar conosco.

- Ela tem entrado no lugar onde vocês guardam as vassouras no jardim desde que tinha seis anos e pegado cada uma de suas vassouras quando vocês não estavam olhando - disse Hermione atrás de sua cambaleante pilha de livros de Runas Antigas.

- Ah, disse Jorge, parecendo um tanto quanto impressionado. - Bom... Isso explica então.

- Rony já consegue defender? - perguntou Hermione, olhando através do topo de Mágicos Hieroglifos e Logogramas.

- Bem, ele consegue fazer isso se pensar que ninguém o está vendo - disse Fred, rolando seus olhos. - Então, tudo o que nós temos que fazer é pedir para o público virar de costas e conversar entre eles cada vez que a goles chegar até ele no sábado.

Ele se levantou e foi cheio de cansaço até a janela, olhando através dos campos escuros.

- Vocês sabem, quadribol é a única coisa nesse lugar pela qual vale a pena ficar.

Hermione deu a ele um olhar severo.

- Vocês têm os exames chegando!

- Já te disse, nós não nos preocupamos com os N.I.E.M.s - disse Fred. - As Snackboxes já estão prontas para serem vendidas, nós descobrimos como nos livrar daqueles furúnculos, apenas duas pastilhas de essência de murtisco acabam com eles, Lino descobriu isso pra nós.

Jorge bocejou abertamente e olhou desconsoladamente para a noite de céu nublado.

- Eu me pergunto se eu realmente quero ver esta partida. Se Zacharias Smith nos derrotar eu terei que me matar.

- Mate-o, seria mais apropriado - disse Fred firmemente.

- Esse é o problema com quadribol - disse Hermione distraidamente, mais uma vez atrás das sua tradução de Runas -, cria todo esse sentimento ruim e de tensão entre as casas.

Ela olhou em volta para procurar sua cópia de Resumo do Feitiço do Homem e pegou Fred, Jorge e Harry olhando para ela com expressões de claro desprezo e de incredulidade nos seus rostos.

- Cria sim! - disse impacientemente. - É apenas um jogo, não é?

- Hermione - disse Harry, sacudindo a cabeça -, você é boa com sentimentos e outras coisas, mas simplesmente não entende nada sobre quadribol.

- Talvez não - disse perversamente, voltando para a tradução - mas afinal a minha felicidade não depende da habilidade de goleiro de Rony.

E apesar de Harry preferir pular da Torre de Astronomia a admitir para ela quando assistiu ao jogo no sábado seguinte, ele teria dado qualquer quantidade de galeões para também não se importar com quadribol. A melhor definição que poderia ser dada sobre a partida é que foi curta; os expectadores da Grifinória tiveram que agüentar apenas vinte e dois minutos de agonia. Era difícil dizer o que de pior aconteceu: Harry achou que era uma competição acirrada entre a décima quarta falha de Rony, Sloper errando o balaço mas acertando Angelina na boca como taco e Kirke tremendo e caindo para trás da sua vassoura quando Zacharias Smith voou rapidamente carregando a goles. O milagre foi que a Grifinória perdeu por somente dez pontos: Gina conseguiu agarrar o pomo bem debaixo do nariz de Summerby, apanhador da Lufa-lufa, então o placar final foi de 240 a 230.

- Boa pegada - Harry disse a Gina quando eles voltaram à sala comunal, onde a atmosfera que lembrava um triste funeral.

- Eu tive sorte - ela encolheu os ombros -, não era um pomo muito rápido e Summerby estava resfriado, ele espirrou e fechou os olhos exatamente no momento errado. De qualquer forma, quando você estiver de volta ao time...

- Gina, me deram uma proibição que vale pela vida inteira.

- Você está proibido de jogar enquanto Umbridge estiver na escola - disse Gina, corrigindo-o. - Há uma diferença. De qualquer maneira, quando você estiver de volta eu acho que vou fazer teste para ser artilheira. Angelina e Alicia sairão no próximo ano e eu prefiro marcar gols a pegar o pomo, de qualquer forma.

Harry olhou para Rony, que estava curvado em um canto, olhando para seus joelhos, uma garrafa de cerveja amanteigada estava apertada nas mãos.

- Angelina ainda não o deixa desistir - Gina disse como se estivesse lendo a mente de Harry. - Ela disse que sabe que ele tem o dom dentro dele.

Harry gostava de Angelina pela fé que ela estava demonstrando ter em Rony mas ao mesmo tempo ele achava que seria muito gentil deixá-lo sair do time. Rony tinha deixado o campo com outro estrondoso refrão de "Weasley é o nosso rei", cantado com muito gosto pelos sonserinos, que agora eram os favoritos a ganhar a Taça de Quadribol. Fred e Jorge andavam distraidamente.

- Eu nem tenho coração para tirar a razão dele - disse Fred, olhando para a figura encolhida de Rony. - Veja bem, quando ele deixou escapar o décimo quarto - ele fez movimentos bruscos com seus braços como se estivesse fazendo um movimento vertical. - ...eu guardarei isso para as festas, é?

Rony se arrastou para a cama logo depois disso. Respeitando os sentimentos dele, Harry esperou um pouco antes de subir para o dormitório, para que Rony pudesse fingir que estava dormindo se ele quisesse. Certo disso, quando Harry finalmente entrou no quarto, Rony estava roncando um pouco alto demais para parecer inteiramente convincente.

Harry foi para a cama pensando sobre a partida. Foi imensamente frustrante assisti-la como expectador. Estava muito impressionado com a performance de Gina mas sabia que se estivesse jogando poderia ter pegado o pomo mais cedo... Houve um momento em que estava batendo suas asas perto do tornozelo de Kirke; se Gina não tivesse hesitado ela poderia ter sido capaz de conseguir uma vitória para a Grifinória.

Umbridge estava sentada a poucas fileiras de Harry e Hermione. Uma ou duas vezes ela tinha virado em seu assento para olhá-lo, sua grande boca de sapo se alargou no que ele pensou que fosse um sorriso de coaxar. A memória disso o fez se sentir quente, com raiva, enquanto deitava na escuridão. Depois de alguns minutos, no entanto, lembrou que deveria estar esvaziando a mente de todas as emoções antes de dormir, como Snape continuava instruindo ele no final de cada aula de Oclumancia.

Tentou por um ou dois minutos mas o pensamento em Snape e as lembranças de Umbridge apenas fizeram aumentar o seu ressentimento e percebeu que estava enfocando o quanto abominava os dois. Lentamente os roncos de Rony morreram para serem substituídos pelo som de profunda e lenta respiração.

Levou muito tempo para Harry dormir; o corpo estava cansado mas levou muito tempo para seu cérebro se fechar. Sonhou que Neville e a professora Sprout estavam valsando em volta da Sala do Requerimento enquanto a professora McGonagall tocava gaita de foles. Ele os observou alegremente durante um tempo, então decidiu encontrar outros membros do ED. Mas quando deixou a sala se viu olhando não para a tapeçaria de Barnabas, o Maluco, mas para uma tocha queimando no seu gancho na parede de pedra. Virou sua cabeça lentamente para a esquerda. Ali, no final da passagem sem janelas, estava uma lisa e escura porta. Andou em direção a ela com uma sensação de grande excitação. Tinha a estranha impressão de que dessa vez teria sorte finalmente e encontraria o modo como abri-la...

Estava perto dela e viu com um salto de alegria que havia uma fraca luz azul e brilhante do lado direito... A porta estava entreaberta... Esticou sua mão para empurrá-la e abri-la e- Rony deu um alto, estridente, genuíno ronco e Harry acordou abruptamente com a mão esticada na frente dele na escuridão, para abrir uma porta que estava a milhares de quilômetros dali. Ele a deixou cair com uma sensação de claro desapontamento e culpa. Sabia que não deveria ter visto a porta mas ao mesmo tempo se sentia tão consumido por curiosidade sobre o que havia atrás da porta que não podia deixar de se sentir irritado com Rony... Se apenas pudesse ter guardado esse ronco por mais um minuto.

*

Entraram no Salão Principal para o café da manhã no exato momento em que as correspondências das corujas chegaram, segunda pela manhã. Hermione não era a única pessoa esperando ansiosamente pelo Profeta Diário: quase todos estavam ansiosos para receber mais notícias sobre a fuga dos Comensais da Morte, que apesar dos muitos avisos noticiados ainda não tinham sido pegos.

Ela deu à coruja um nuque e desembrulhou o jornal impacientemente enquanto Harry se servia suco de laranja; como ele só tinha recebido apenas uma carta durante o ano inteiro tinha certeza de que quando a primeira coruja pousou com um ruído surdo à sua frente ela tinha cometido um erro.

- Quem você está procurando? - ele perguntou a ela, lentamente removendo o suco de laranja que estava debaixo do bico dela e se inclinando para frente para ver o nome e o endereço do destinatário:

Harry Potter

Salão Principal

Escola Hogwarts

Zangado, ele pegou a carta da coruja mas antes que ele pudesse fazer isso mais três, quatro, cinco corujas tinham pousado ao lado da primeira e estavam brigando por posição, andando na manteiga e derrubando o sal enquanto cada uma delas tentavam ser a primeira a entregar a carta para ele.

- O que está acontecendo? - Rony perguntou abismado enquanto a mesa da Grifinória inteira se aproximava para observar e outras sete corujas pousavam entre as primeiras, gritando, piando e sacudindo suas asas.

- Harry - disse Hermione, ofegante, afundando as mãos no monte de penas e puxando uma coruja estridente que carregava um longo e cilíndrico pacote. - Eu acho que sei o que isso significa... Abra essa primeiro.

Harry abriu o pacote marrom. Dele rolou cópia amarrada da edição de março da The Quibbler. Abriu o pacote e viu seu próprio rosto sorrindo timidamente para ele na frente da capa. Com grandes letras vermelhas em volta de sua foto estavam as palavras: HARRY POTTER FINALMENTE FALA: A VERDADE SOBRE AQUELE-QUE-NÃO-DEVE-SER-NOMEADO E A NOITE EM QUE EU VI SEU RETORNO.

- Está bom, não é? - disse Luna, que tinha ido até a mesa da Grifinória e se espremeu no banco entre Fred e Rony. - Chegou ontem, eu pedi para o meu pai enviar pra você uma cópia grátis. Eu esperava tudo isso - ela moveu uma mão para as várias corujas que ainda estavam piando em volta da mesa na frente de Harry -, são cartas dos leitores.

- Foi o que eu pensei - disse Hermione ansiosamente. - Harry, você se importa se nós...?

- Fiquem à vontade - disse Harry, sentindo-se um pouco perplexo.

Rony e Hermione começaram a abrir os envelopes.

- Essa aqui é de um sujeito que pensa que você está em crise - disse Rony, olhando para a carta.

- Ah, bem...

- Essa é de uma mulher que recomenda que você faça um bom curso de Feitiços Chocantes em St Mungus - disse Hermione, parecendo desapontada e abrindo uma segunda carta.

- Essa parece ok, de qualquer forma - disse Harry, examinando lentamente uma longa carta de uma bruxa de Paisley. - Ela diz que acredita em mim!

- Essa tem dois pontos de vista - disse Fred, que tinha se juntado a todos para abrir as cartas com entusiasmo. - Diz que você não se tornou uma pessoa louca mas ele realmente não quer acreditar que Você-Sabe-Quem está de volta, então ele não sabe o que pensar agora. Ridículo, que perda de pergaminho.

- Aqui tem outra pessoa que você convenceu, Harry! - disse Hermione, empolgada. - "Eu li o seu lado da história e sou forçado a concluir que o Profeta Diário tem tratado você muito injustamente... Com um pouco de dificuldade quero pensar que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado retornou, sou forçado a acreditar que você está dizendo a verdade...." Oh, isso é maravilhoso!

- Outra pessoa que pensa que você está latindo - disse Rony, jogando uma carta amassada por cima do seu ombro. - ...Mas essa aqui diz que você conseguiu convencê-la e agora ela acha que você é um herói-ela mandou uma foto também, uau!

- O que está acontecendo aqui?- disse uma falsa, feminina e doce voz. Harry olhou pra cima com as mãos cheias de envelopes. A professora Umbridge estava atrás de Fred e Luna, seus olhos saltados de sapo olhando a bagunça de corujas e cartas na mesa em frente a Harry. Atrás dela, viu muitos alunos os observando avidamente. - Por que você recebeu todas essas cartas, Potter? -perguntou lentamente.

- Isso é um crime agora? - disse Fred com a voz alta. - Receber correspondências?

- Tome cuidado, Sr. Weasley, ou eu terei que colocá-lo em detenção - disse Umbridge. - Bem, Sr, Potter?

Harry hesitou mas não sabia como poderia manter o que fizera em segredo; certamente era uma questão de tempo até que uma cópia da The Quibbler chegasse à atenção de Umbridge.

- As pessoas me escreveram porque eu dei uma entrevista - disse Harry. - Sobre o que aconteceu comigo no último mês de julho.

Por alguma razão ele olhou para a mesa dos professores enquanto dizia isso. Harry tinha a estranha sensação que Dumbledore o estava observando um segundo antes mas quando ele olhou para o diretor ele parecia estar numa conversa envolvente com o professor Flitwick.

- Uma entrevista? - repetiu Umbridge, sua voz estava mais alta e fina do que nunca. - O que você quer dizer?

- Eu quero dizer que uma repórter fez perguntas e eu as respondi - disse Harry. - Aqui - e ele entregou a cópia de The Quibbler para ela.

Ela pegou e observou a capa. Seus rosto pálido se tornou feio e com uma cor violeta irregular.

- Quando você fez isso? - perguntou, sua voz tremendo ligeiramente.

- No último final de semana em Hogsmeade.

Ela o olhou, incandescente com raia, a revista sacudindo nos seus dedos curtos.

- Não haverá mais visitas a Hogsmeade pra você, Sr. Potter - sussurrou. - Como você ousou... Como você pôde... - respirou profundamente. - Eu tentei ensinar você várias vezes a não contar mentiras. A mensagem, aparentemente, ainda não entrou na sua cabeça. Cinqüentas pontos da Grifinória e mais outra semana de detenções.

Ela andou altivamente, apertando a The Quibbler contra seu peito, os olhos de vários alunos a estavam seguindo. No meio da manhã enormes avisos foram colocados por toda a escola, não apenas nos quadro de avisos das casas mas também nos corredores e nas salas de aula.

POR ORDEM DA INQUISITORA DE HOGWARTS

Qualquer aluno que for encontrado com a posse da revista The Quibbler será expulso. O que está escrito acima está de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Sete.

Assinado: Dolores Jane Umbridge, Inquisitora.

Por alguma razão, toda vez que Hermione via um desses avisos ela ria com prazer.

- Qual é o exato motivo pelo qual você está feliz? - Harry perguntou a ela.

- Ah, Harry, você não vê? - Hermione respirou. - Se ela poderia ter feito alguma coisa para ter certeza absoluta de que cada pessoa na escola lerá sua entrevista foi proibindo isso!

E parece que Hermione estava certa. No final do dia, apesar de Harry não ter visto mais uma cópia de The Quibbler em nenhum lugar da escola, todos pareciam estar falando da entrevista uns para os outros. Harry os ouviu sussurrar sobre isso enquanto formavam filas fora das salas de aula, discutindo durante o almoço e as lições, e Hermione até disse que cada ocupante dos boxes nos banheiros femininos estavam conversando sobre a entrevista quando saiu por um momento da aula de Runas Antigas.

- Elas me encontraram e obviamente sabem que eu conheço você, então elas me bombardearam com perguntas - Hermione contou a Harry, seus olhos estavam brilhando. - E Harry, eu realmente acho que elas acreditam em você. Acho que finalmente você as convenceu!



Enquanto isso, a professora Umbridge estava andando pela escola, parando os alunos e ordenando que eles mostrassem seus livros e bolsos: Harry sabia que ela estava procurando por cópias da The Quibbler mas os alunos estavam a muitos passos longe dela. As páginas carregando a entrevista de Harry foram enfeitiçadas para parecer pedaços de anotações dos livros de textos se qualquer pessoas os lessem a não ser quem os enfeitiçou ou também ficavam magicamente brancas até que eles quisessem lê-la de novo. Logo pareceu que cada pessoa na escola tinha lido. Os professores estavam obviamente proibidos de mencionar a entrevista de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Seis mas encontraram maneiras de expressar aquilo que estavam sentindo sobre tudo.

A professora Sprout concedeu vinte pontos a Grifinória quando Harry passou a ela um vaso com água; um sorridente professor Flitwick pressionou uma caixa de ratos de açúcar guinchantes no Harry no final da aula de Feitiços, disse.

- Shh! - e se apressou.

A professora Trelawney começou a dar soluções histéricos durante a aula de Adivinhação e anunciou para a sala sobressaltada e para uma Umbridge com um ar de muita censura que Harry não sofreria de uma morte prematura apesar de tudo mas viveria até ficar muito velho, tornar-se-ia Ministro da Magia e teria doze filhos.

Mas o que deixou Harry mais feliz foi Cho o parando enquanto se apressava para a aula de Transfiguração no dia seguinte. Antes de ele ter percebido o que aconteceu, a mão dela estava na dele e ela estava sussurrando em seu ouvido dele.

- Eu realmente sinto muito. Aquela entrevista foi um ato tão corajoso... Me fez chorar.

Ele ficou chateado em ouvir que ela gastou mais lágrimas em cima da entrevista mas ficou muito feliz por eles estarem se falando novamente e mais feliz ainda quando ela deu um beijo rápido no rosto dele e correu de novo. E, inacreditavelmente, tão logo que ele chegou na sala de aula de Transfiguração uma coisa tão boa quanto o seu encontro com Cho aconteceu: Simas parou na fila e  o encarou.

- Eu só queira dizer - disse ele, murmurando, olhando para o joelho esquerdo de Harry. - Eu acredito em você. E eu mandei uma cópia da revista para a minha mãe.

Se mais alguma coisa seria necessária para completar a felicidade de Harry foi a reação de Malfoy, Crabbe e Goyle, ele os viu com suas cabeças juntas aquela tarde na biblioteca; estavam com um garoto que parecia covarde o qual Hermione disse que se chamava Theodore Nott. Eles olharam para Harry enquanto ele procurava nas prateleiras o livro que ele precisava para o Desaparecimento Parcial: Goyle estralou seus dedos ameaçadoramente e Malfoy disse alguma coisa sem dúvida ruim para Crabbe. Harry sabia perfeitamente bem o motivo pelo qual eles estavam agindo desse jeito: ele tinha nomeado seus pais como Comensais da Morte.

- E a melhor parte - sussurrou Hermione, eufórica enquanto eles saiam da biblioteca - é que eles não podem contradizer você porque eles não podem admitir que leram o artigo!

Para completar, Luna disse a ele durante o jantar que nenhuma edição da The Quibbler tinha sido vendida tão rápido.

- Meu pai está reimprimindo! - ela disse a Harry, seus olhos estavam estalando com entusiasmo. - Ele não consegue acreditar, disse que as pessoas estão mais interessadas nisso do que nos Snorkacks com chifre amassados!

Harry era o herói na sala comunal da Grifinória naquela noite. Ousadamente, Fred e Jorge tinham colocado Um Feitiço de Ampliação na capa da The Quibbler e penduraram na parede, então a cabeça gigante de Harry olhava para a sala, ocasionalmente dizendo coisas como O MINISTÉRIO É IMBECIL e COMA BOSTA, UMBRIDGE numa voz estrondosa. Hermione não achou isso muito interessante; disse que interferia na sua concentração e ela acabou indo pra cama mais cedo, cheia de raiva. Harry tinha que admitir que o pôster não era tão engraçado depois de uma ou duas horas, especialmente quando o feitiço para falar tinha começado a falhar, então mal gritava palavras desconectas como BOSTA e UMBRIDGE em intervalos mais e mais freqüentes em uma voz progressivamente alta.

De fato, isso vez com que sua cabeça começasse a doer e sua cicatriz começou a alfinetar desconfortavelmente de novo. Para o desapontamento e queixas das muitas pessoas que estavam sentadas em volta dele, pedindo contar e entrevista pela milionésima vez, ele disse que também precisava ir pra cama mais cedo.

O dormitório estava vazio quando chegou. Descansou sua testa por um momento no vidro da janela ao lado da cama; que pareceu atirar contra sua cicatriz. Então se despiu e foi pra cama, desejando que a dor de cabeça fosse embora. Também se sentiu levemente doente. Ele se virou, fechou os olhos e dormiu quase que imediatamente...

Estava na escuridão, num quarto com cortinas iluminado por apenas algumas velas. Suas mãos estavam segurando as costas de uma cadeira à sua frente. Elas tinham dedos longos e brancos como se não tivessem visto a luz do sol por anos e pareciam pálidas e grandes aranhas contra a escuridão aveludada da cadeira. Atrás da cadeira, num fecho de luz lançado sobre o chão pelas velas, um homem com vestes pretas estava ajoelhado.

- Parece que eu fui mal aconselhado - disse Harry numa voz alta e fria que pulsava com raiva.

- Mestre, eu imploro seu perdão - coaxou o homem ajoelhado no chão. As costas da sua cabeça estavam trêmula à luz de velas. Ele parecia estar tremendo.

- Eu não culpo você, Rookwood - disse Harry numa voz fria e cruel. Ele soltou sua mão na cadeira e andou em volta dela, perto do homem encolhido no chão, até que ficou na frente do homem na escuridão, olhando para estatura muito maior do que o usual. - Você tem certeza dos seus fatos, Rookwood?

- Sim, meu senhor, sim... Eu trabalhava no Departamento depois... Depois de tudo...

- Avery me contou que Bode seria capaz de removê-la.

- Bode nunca a poderia ter pegado, Mestre... Bode sabia que ele não poderia... Sem dúvida, esse é o motivo pelo qual ele lutou tanto contra a Maldição Imperius do Malfoy...

- Levante-se, Rookwood - sussurrou Harry.

O homem ajoelhado quase caiu e se desequilibrou para obedecer. Seu rosto estava marcado; as cicatrizes foram projetadas em relevo pela luz de velas. Ele permaneceu um pouco parado quando se levantou, como se estivesse no meio caminho de uma referência e deu olhares aterrorizados ao rosto de Harry.

- Você fez bem em ter me contado isso - disse Harry. - Muito bem... Eu gastei meses em planos sem resultado, parece que... Mas não importa... Nós começaremos novamente, à partir de agora. Você tem a gratidão de Lord Voldemort, Rookwood...

- Meu senhor... Sim, meu senhor - engasgou Rookwood, sua voz rouca com alívio.

- Eu precisarei da sua ajuda. Eu precisarei de toda a informação que você puser me fornecer.

- Claro, meu senhor, claro... Qualquer coisa...

- Muito bem, você pode ir. Mande Avery para mim.

Rookwood correu apressadamente pra trás, curvando-se, e desapareceu através da porta, deixado sozinho no escuro quarto, Harry se virou em direção à parede. Um espelho quebrado e antigo estava pendurado na parede nas sombras. Harry se moveu em direção a ele. O seu reflexo foi ficando maior e mais claro na escuridão... Um rosto mais branco que um crânio... Olhos vermelhos com cortes no lugar de pupilas...

- NÃOOOOOOOOO!

- Que foi? - gritou uma voz que estava próxima.

Harry arfou loucamente, estava enrolado nas cobertas e caiu da cama. Por alguns segundos não sabia onde estava; estava convencido de veria o branco crânio olhando ameaçadoramente para ele na escuridão outra vez, então muito próximo a ele a voz de Rony falou.

- Você vai parar de agir como um maníaco para eu poder tirar você daqui?

Rony puxou as cobertas e Harry o olhou na luz da lua, deitou de costas, sua cicatriz ardendo em dor. Rony pareceu como se estivesse se arrumando para ir pra cama; uma braço estava fora das suas vestes.

- Alguém foi atacado de novo? - perguntou, puxando Harry asperamente de pé. - Foi meu pai? Foi a cobra?

- Não, todos estão bem - engasgou Harry, que sentia como se sua testa estivesse no fogo. - Bem... Avery não está... Ele está com problemas... Deu a ele a informação errada... Voldemort está com muita raiva...

Harry gemeu e se abaixou, tremendo na sua cama, esfregando sua cicatriz.

- Mas Rookwood vai ajudá-lo agora... Ele está na pista certa de novo.

- Do que você está falando? - disse Rony, soando assustado. - Você quer dizer que... Você acabou de ver Você-Sabe-Quem?

- Eu era Você-Sabe-Quem - disse Harry e estendeu suas mãos na escuridão, segurou seu rosto, para checar, não tinham mais brancos, mortais e longos dedos. - Ele estava com Rockwood, ele é um dos Comensais da Morte que escapou de Azkaban, lembra? Rockwood acabou de contar pra ele que Bode não poderia ter feito.

- Feito o quê?

- Remover alguma coisa... Ele disse que Bode sabia que não poderia ter feito isso... Bode estava sob a Maldição Imperius... Eu acho que ele disse que o pai do Malfoy a colocou nele.

- Bode estava enfeitiçado para remover alguma coisa? Mas, Harry, isso tem que ser...

- A arma - Harry terminou a frase para ele. - Eu sei.

A porta do dormitório se abriu; Dino e Simas entraram. Harry colocou suas pernas de volta na cama. Ele não queria demonstrar que nada estranho tinha acabado de acontecer, vendo que Simas tinha parado de pensar que Harry era um maluco.

- Você disse - murmurou Rony, colocando sua cabeça perto da de Harry com o pretexto de se servir de água da jarra que estava na mesa ao lado da sua cama - que você era Você-Sabe-Quem?

- É - disse Harry com a voz baixa.

Rony tomou um grande e desnecessário gole de água; Harry viu a água cair do seu queixo até o peito.

- Harry - ele disse enquanto Dino e Simas andavam em volta fazendo barulho, tirando suas vestes e conversando -, você tem que contar...

- Eu não tenho que contar pra ninguém - disse Harry brevemente. - Eu não teria visto nada disso se eu pudesse fazer Oclumancia. Eu deveria ter aprendido a fechar essas coisas. Isso é o que eles querem.

Por "eles" ele queria dizer Dumbledore. Voltou para a cama e se virou para o lado com as costas para Rony, depois de um tempo ele ouviu o colchão de Rony estalando enquanto ele, também, se deitava. A cicatriz de Harry começou a queimar; bateu com força no seu travesseiro para parar de fazer barulho. Em algum lugar, sabia, Avery estava sendo punido.

*

Harry e Rony esperaram até a manhã seguinte para contar a Hermione exatamente o que tinha acontecido; queriam ter certeza absoluta que não poderiam ser ouvidos. Sentados no usual canto fresco e arejado do salão, Harry contou a ela cada detalhe do sonho que ele poderia lembrar. Quando terminou ela não disse nada por alguns momentos mas olhou um tipo de intensidade cheia de dor para Fred e Jorge, que estavam sem cabeça e vendendo seus chapéus mágicos debaixo de suas capas do outro lado do salão.

- Então é por isso que eles o mataram - ela disse em silêncio, tirando finalmente seu olhar de Fred e Jorge. - Quando Bode tentou roubar a arma alguma coisa esquisita aconteceu com ele. Eu acho que pode ter feitiços de defesa nela ou em volta dela, para impedir que as pessoas a toquem. Esse é o motivo pelo qual ele estava em St. Mungus, o cérebro dele ficou todo estranho e ele não podia falar. Mas vocês se lembram o que o medi-bruxo nos contou? Ele estava se recuperando. E eles não podiam arriscar que ele ficasse melhor, não é? Quero dizer, o choque do que aconteceu quando ele tocou aquela arma provavelmente fez a Maldição Imperius sair dele. Uma vez que ele conseguisse sua voz de volta ele explicaria o que esteve fazendo, não é? Eles saberiam que ele foi mandado para roubar a arma. É claro, teria sido fácil para Lúcio Malfoy colocara a maldição nele. Nunca deixa o Ministério, não é?

- Ele estava andando por lá até no dia da minha audiência - disse Harry. - No... Espera um pouco... - disse lentamente. - Ele estava no corredor do Departamento de Mistérios naquele dia! Seu pai disse que ele estava provavelmente tentando espionar e descobrir o que aconteceu na minha audiência, mas se...

- Sturgis - gritou Hermione, parecendo chocada.

- Como? - disse Rony, parecendo confuso.

- Sturgis Podmore... - disse Hermione ofegante. - Preso por tentar arrombar uma porta! Lúcio Malfoy deve ter pegado ele também! Eu aposto que ele fez isso no dia que você o viu lá, Harry. Sturgis tinha a capa de invisibilidade de Moody, certo? Então, e se ele estava guardando a porta, invisível, e Malfoy o ouviu se mexer, ou adivinhou que alguém estava ali, ou apenas executou a Maldição Imperius na possibilidade de haver alguém ali guardando? Então, na próxima vez que Sturgis teve uma oportunidade, provavelmente na mudança de turno como guarda, ele tentou entrar no Departamento para roubar a arma para Voldemort, Rony, fica quieto, mas ele foi pego e mandado para Azkaban... - ela olhou para Harry. - E agora Rockwood contou a Voldemort como pegar a arma?

- Eu não ouvi a conversa inteira mas foi o que pareceu - disse Harry. - Rockwood trabalhava lá... Talvez Voldemort mande Rockwood para fazer isso?

Hermione concordou, aparentemente perdida em pensamentos. Então, quase que abruptamente, ela disse.

- Mas você não deveria ter visto tudo isso, Harry.

- O quê? - ele disse, afastando-se para trás.

- Você deveria estar aprendendo como fechar sua mente para esse tipo de coisa - disse Hermione, parecendo rude de repente.

- Eu sei que eu deveria - disse Harry. - Mas...

- Bem, eu acho que nós deveríamos tentar esquecer o que você viu - disse firmemente. - E você deve colocar um pouco mais de esforço na sua Oclumancia à partir de agora.

Harry estava com tanta raiva que não falou com ela pelo resto do dia, que provou ser um dia ruim. Quando as pessoas não estavam discutindo sobre a fuga dos Comensais da Morte nos corredores estavam rindo da performance abismal da Grifinória na partida contra a Lufa-lufa; os sonserinos estavam cantando "Weasley é o nosso rei" tão alto e freqüentemente que ao pôr-do-sol Filch tinha proibido isso nos corredores com absoluta irritação.

A semana não melhorou conforme avançava. Harry recebeu mais dois D's em Poções; ainda estava preocupado com a possibilidade de Hagrid poder ser demitido e não conseguia parar de se sentir obcecado pelo sonho que em que fora Voldemort - apesar de nunca contar isso para Rony e Hermione novamente; não queria outro sermão da menina.

Queria muito poder conversar com Sirius sobre isso, mas estava fora de questão, então tentou empurrar o assunto para o fundo de sua mente. Infelizmente o fundo de sua mente não era mais o lugar seguro que costumava ser.

- Levante-se Potter.

Umas semanas depois do sonho sobre Rockwood Harry se achou, mais uma vez, ajoelhado no chão da sala de Snape, tentando limpar sua mente. Ele foi forçado, mais uma vez, a liberar uma sucessão de pensamentos muito antigos que nem tinha percebido que ainda tinha, a maioria eram das humilhações que Duda e sua gangue o fizeram passar na escola primária.

- Essa última memória - disse Snape. - O que foi?

- Eu não sei - disse Harry, ficando imediatamente de pé. Estava achando cada vez mais difícil separar as memórias do fluxo de imagens e sons que Snape continuava chamando para frente. - Você quer dizer aquela que meu primo tentou me fazer ficar no banheiro?

- Não - disse Snape suavemente. - Estou me referindo aquela com um homem ajoelhado no meio de uma sala escura...

Os olhos negros de Snape perfurando os olhos de Harry. Lembrando o que Snape tinha dito sobre contato visual ser crucial para Legilimencia, Harry piscou e olhou longe.

- Como aquele homem e aquele quarto foram parar dentro da sua cabeça, Potter? - disse Snape.

- Isso... - disse Harry, olhando para qualquer lugar menos para Snape. - Foi... Apenas um sonho que eu tive.

- Um sonho? - repetiu Snape.

Houve uma pausa durante a qual Harry olhou fixamente para um grande sapo morto suspendido numa jarra de um líquido roxo.

- Você sabe o porquê de nós estarmos aqui, não sabe, Potter? - disse Snape numa voz baixa e perigosa. - Você sabe por que eu estou abrindo mão das minhas noites para esse trabalho tedioso?

- Sim - disse Harry friamente.

- Me lembre o motivo pelo qual estamos aqui, Potter.

- Para eu poder aprender Oclumancia - disse Harry, agora olhando para uma enguia morta.

- Correto, Potter. E estúpido apesar disso você pode ser - Harry olhou de volta para Snape, odiando-o. - Eu pensaria que depois de dois meses de aulas você deveria ter dito algum progresso. Quantos outros sonhos sobre Senhor das Trevas você teve?

- Apenas esse - Harry mentiu.

- Talvez - disse Snape, seus olhos negros e escuros estreitando-se ligeiramente. - Talvez você realmente goste de ter esses sonhos e visões, Potter. Talvez eles te fazem se sentir especial, importante?

- Não, eles não fazem - disse Harry, seu queixo endureceu e seus dedos se fecharam firmemente em volta do cabo da sua varinha.

- Isso está certo, Potter - disse Snape friamente. - Porque você não é não é especial nem importante e não cabe a você descobrir o que o Senhor das Trevas está dizendo para seus Comensais da Morte.

- Não, esse é o seu trabalho, não é? - Harry jogou contra ele. Ele não queria ter dito isso; tinha explodido do seu temperamento. Por um longo momento eles olharam um para o outro, Harry se convenceu que foi muito longe. Mas havia uma expressão curiosa, quase satisfeita no rosto de Snape quando respondeu.

- Sim, Potter - disse, seus olhos brilhando. - Esse é o meu trabalho. Agora, se você estiver pronto, nós começaremos de novo - ele levantou sua varinha: - Um, dois, três, Legilimens!

Cem dementadores estavam se movendo em direção a Harry em volta do lago nos terrenos... Ele levantou seu rosto em concentração... Estavam se aproximando... Podia ver os buracos negros em baixo do seu capuz... Ao mesmo tempo ainda podia ver Snape em pé à sua frente, seus olhos fixos no rosto de Harry, murmurando sob sua respiração... E, de alguma forma, Snape estava ficando mais claro e os dementadores estavam ficando mais vagos... Harry levantou sua varinha.

- Protego!

Snape cambaleou - sua varinha voou para cima, longe de Harry - e de repente a mente de Harry estava repleta com memórias que não eram dele: um homem com nariz de gancho estava gritando para uma mulher encolhida de medo enquanto um pequeno garoto com cabelos negros chorava em um canto... Um adolescente com cabelos sebosos estava sentado sozinho num quarto escuro, apontando para o teto sua varinha, atirando faíscas... Uma garota estava rindo enquanto um garoto tentava montar uma vassoura pinoteante...

- CHEGA!

Harry sentiu como se tivesse sido empurrado com força no peito; deu muitos passos para trás, atingiu algumas das prateleiras que cobriam as paredes de Snape e ouviu alguma coisa se quebrar. Snape estava tremendo ligeiramente e estava muito pálido no rosto. As costas das vestes de Harry estavam úmidas. Uma das jarras atrás dele tinha se quebrado quando caiu sobre ela; a coisa viscosa que estava dentro dela estava rodopiando na sua poção.

- Reparo - sibilou Snape e a jarra se consertou imediatamente. - Bom, Potter... Isso foi certamente um avanço... - arfando levemente, Snape foi até a penseira na qual havia guardado alguns de seus pensamentos antes de começar a aula, como se checando se eles ainda continuavam lá. - Eu não me lembro de falar pra você usar um feitiço um Feitiço Protetor... Mas não há dúvida que foi efetivo...

Harry não falou; achou que dizer qualquer coisa poderia ser perigoso. Tinha certeza que tinha acabado de penetrar nas memórias de Snape, que tinha acabado de ver cenas da infância do professor. Era enervante pensar que o garotinho que estava chorando enquanto observava seus pais gritando estava na verdade na frente dele com repugnância nos seus olhos.

- Vamos tentar de novo, vamos? - disse Snape.

Harry sentiu um calafrio de terror; ele pagaria pelo que tinha acabado de ver, tinha certeza disso. Eles se moveram pra trás na posição com a mesa entre eles, Harry sentiu que seria muito mais difícil limpar sua mente dessa vez.

- Quando eu contar até três - disse Snape, levantando sua varinha mais uma vez. - Um, dois...

Harry não teve tempo para se arrumar e tentar limpar sua mente antes que Snape gritasse.

- Legilimens!

Ele estava andando ao longo do corredor em direção ao Departamento de Mistérios, passando pelas paredes de pedras nuas, pelas tochas - a porta negra e lisa estava aumentando cada vez mais; estava se movendo tão rápido que iria colidir com ela, estava a centímetros dela e mais uma vez pôde ver aquela fresta da fraca luz azul. A porta tinha se aberto! Ele finalmente tinha atravessado ela, para dentro de uma sala circular com paredes e chão negros iluminado por velas com chamas azuis, havia mais portas em volta dele - ele precisava continuar - mas qual porta ele deveria abrir?

- POTTER!

Harry abriu os olhos. Estava deitado de costas novamente e não fazia idéia de como tinha caído; também estava ofegando como se realmente tivesse corrido através de todo o corredor do Departamento de Mistérios, como se realmente tivesse atravessado a porta negra e encontrado a sala circular.

- Explique-se - disse Snape, que estava em pé na frente dele, parecendo furioso.

- Eu... Mão sei o que aconteceu - disse Harry sinceramente, levantando-se. Havia um galo atrás de sua cabeça, no lugar onde ele tinha atingido o chão e ele se sentia febril. - Eu nunca vi aquela sala antes. Quero dizer, eu contei pra você, eu sonhei com a porta... Mas nunca a abri antes.

- Você não está se esforçando o suficiente.

Por alguma razão Snape pareceu ainda com mais raiva do que estava a dois minutos antes, quando Harry tinha visto suas memórias.

- Você é preguiçoso e descuidado, Potter, não é de se admirar que o Senhor das Trevas...

- Você pode me dizer uma coisa, senhor? - disse Harry. - Por que você chama Voldemort de Senhor das Trevas? Eu só ouvi Comensais da Morte o chamarem desse jeito.

Snape abriu a boca num rosnado - uma mulher gritou em algum lugar fora da sala. A cabeça de Snape se moveu para cima; estava olhando para o teto.

- O que...? - ele resmungou.

Harry ouviu um alvoroço abafado vindo do que pensou que poderia ser a Entrada Principal. Snape olhou para ele, franzindo as sobrancelhas.

- Você viu alguma coisa incomum enquanto estava vindo para cá, Potter?

Harry balançou sua cabeça. Em algum lugar acima deles a mulher gritou de novo. Snape se aproximou da porta de sua sala, sua varinha em prontidão, e sumiu de vista. Harry hesitou por um momento, então o seguiu. Os gritos estavam de fato vindo da Entrada Principal; ficavam cada vez mais altos conforme Harry corria pelo caminho de pedra que levavam para fora da masmorra. Quando alcançou o topo achou a Entrada Principal lotada; muitos alunos estava saindo do Salão Principal, onde o jantar ainda estava nas mesas, para ver o que estava acontecendo; outros estavam se apertando na escada de mármore.

Harry empurrou um grupo de altos sonserinos e viu que os espectadores tinham formado um grande círculo, alguns deles pareciam chocados, outros até mesmo assustados. A professora McGonagall estava do lado oposto de Harry do outro lado do Salão; parecia como se o que ela estivesse assistindo a fizesse se sentir levemente doente.

A professora Trelawney estava parada no meio do Salão Principal, sua varinha numa mão e uma garrafa vazia de vinho na outra, parecendo quase louca. Seu cabelo estava de pé e seus óculos estavam inclinados, de forma que um olho parecia maior que o outro; seus inúmeros xales e lenços faziam uma trilha a partir de seus ombros, dando a impressão de que ela saía das costuras. Dois grandes baús jaziam no chão à sua frente, um de cabeça para baixo; parecia que haviam sido atirados pela escada.

A professora Trelawney estava encarando, aparentemente aterrorizada, alguma coisa que Harry não podia ver dali mas que parecia estar ao pé da escada.

- Não - gritou. - NÃO! Isso não está acontecendo... Mão pode... Recuso-me a aceitar isso!

- Você não sabia o que estava por vir? - disse uma voz fina, soando em cruel diversão, e Harry, movendo-se ligeiramente para a direita, percebeu que a visão aterrorizante de Trelawney não era senão a professora Umbridge. - Incapaz mesmo de prever o tempo de amanhã; você não percebeu que sua péssima performance durante minhas inspeções e a falta de melhora fariam com que fosse inevitavelmente demitida?

- Você n-não pode! - berrou Trelawney, lágrimas rolando por sua face através das grandes lentes. -Você n-não pode me despedir! Eu estive a-aqui por dezesseis anos! H-Hogwarts é m-minha c-casa!

- Era sua casa - disse a professora Umbridge e Harry se revoltava ao ver a diversão esticando aquele semblante anuro que olhava Trelawney afundar, soluçando descontroladamente, em um de seus baús - há uma hora, quando o Ministério da Magia assinou sua demissão. Agora, por favor, retire-se desse Salão. Você está nos embaraçando.

Mas ela permanecia olhando com uma expressão de grande divertimento enquanto a professora Trelawney tremia e se queixava, arrastando seu baú para um lado e outro, num paroxismo da dor. Harry ouviu um soluço abafado à sua esquerda e olhou. Lilá e Parvati choravam quietas, abraçadas. Então ouviu passos: a professora McGonagall surgira dos espectadores, marchando em direção à professora Trelawney, e a abraçara firmemente, enquanto tirava um garfo de suas vestes.

- Calma, calma, Sibila... Acalme-se... Use esse lenço... Não é tão ruim quando você está pensando... Você não precisa deixar Hogwarts...

- É mesmo, professora McGonagall? - disse Umbridge, numa voz mortal, dando alguns passos à frente. - E qual a sua autoridade para dizer isso?...

- Essa autoridade é minha - disse uma voz grave. As portas de carvalho da frente do castelo se abriram. Os estudantes a seu lado abriram caminho assim que Dumbledore apareceu na entrada. O que ele estivera fazendo lá fora Harry não podia imaginar mas havia algo de imponente na visão dele com as portas abertas, uma noite nebulosa atrás. Deixando as portas abertas às suas costas, seguiu do círculo de observadores para a professora Trelawney que, chorosa, tremia sobre seu baú, a professora McGonagall a ladeando.

- Sua, professor Dumbledore? - disse Umbridge, com uma risadinha singular e desagradável. - Temo que não entendo sua posição. Eu tenho aqui - e puxou um pergaminho suas roupas - uma ordem de demissão assinada por mim e pelo Ministro da Magia. Sob os termos do Decreto Educacional Número 23 a grande inquisitora de Hogwarts tem o poder de inspecionar, colocar sob análise e demitir qualquer professor que ela, isto é, eu, considerar não satisfatório perante os padrões exigidos pelo Ministério da Magia. Eu considerei que a professora Trelawney não está à altura do cargo e por isso a demiti.

Para grande surpresa de Harry, Dumbledore continuava a sorrir. Ele olhou para a professora Trelawney, que ainda estava chorando e soluçando sobre seu baú, e disse.

- 'Você está correta, é claro, professora Umbridge. Como Grande Inquisitora você tem o direito de demitir meus professores. Não possui, entretanto, a autoridade para retirá-los do castelo. E temo - ele foi à frente, numa pequena reverência - que esse poder ainda pertença ao diretor, e é meu desejo que a professora Trelawney continue morando em Hogwarts.

Nisso, a professora Trelawney deu uma pequena risada, na qual um soluço estava vagamente escondido.

- Não... Mão, eu v-vou, Dumbledore! Eu d-devo deixar Hogwarts e... Procurar meu destino em outro lugar...

- Não - disse Dumbledore claramente. - É meu desejo que você permaneça, Sibila - ele se virou para a professora McGonagall. - Posso lhe pedir que acompanhe Sibila até seus aposentos, professora McGonagall?

- Claro - disse McGonagall. - Vamos, Sibila...

A professora Sprout surgiu rápido da multidão e agarrou o outro braço da professora Trelawney. Juntas, guiaram seus passos por Umbridge e através das escadas marmórea. O professor Flitwick veio correndo em seguia, a varinha em punho; ele grunhiu 'Locomotor baús!' e a bagagem da professora Trelawney se ergueu no ar, seguindo-a pelas escadas, o professor logo atrás.

A professora Umbridge continuava ali, olhando Dumbledore, que continuava a sorrir gentilmente.

- E o que - disse ela, num sussurro que varreu todo o salão - você fará com ela uma vez que eu tenha apontado um novo professor de Adivinhação, que necessite de seus aposentos?

- Ah, isso não será problema - disse Dumbledore amavelmente. - Veja, eu já encontrei um novo professor de Adivinhação e ele preferirá se alojar no térreo.

- Você já achou...? - disse Umbridge estridente. - Você já achou? Eu preciso lembrá-lo, professor Dumbledore, que sob o Decreto Educacional Número 22...

- O Ministério tem o direito de apontar um candidato apropriado para o cargo se, e apenas se, o diretor for incapaz de encontrar um. E estou alegre em dizer que nesta ocasião tive sucesso. Posso apresentá-lo a você?

Ele se virou para as portas, pelas quais a névoa noturna agora adentrava. Harry ouviu galopes. Houve um burburinho chocado por todo o saguão e aqueles próximos às portas rapidamente se moveram para trás, alguns tropeçando em sua pressa para dar passagem ao novo professor. Por meio da névoa surgiu um semblante que Harry já vira uma vez, numa escura e perigosa noite na Floresta Proibida: cabelo loiro, esbranquiçado, e espantosos olhos azuis; a cabeça e dorso de um homem juntos ao corpo castanho-dourado de um cavalo.

- Este é Firenze - disse Dumbledore alegremente à uma Umbridge estupefata. - Creio que você o considerará adequado.

Capítulo Vinte e Sete

O Centáuro e o Dedo-Duro


'Eu aposto que você não queria ter desistido de Adivinhação agora, não é, Hermione?' perguntou
Parvati, sorrindo.
Era a hora do café da manhã, dois dias depois da despedida da Professora Trelawney, e Parvati
estava ondulando sua pestana do olho em volta de sua varinha e examinando os efeitos na parte
de trás de sua colher. Eles teriam a primeira aula com Firenze essa manhã.
'Na verdade não,' disse Hermione indiferente, que estava lendo o Profeta Diário. 'Eu nunca gostei
de cavalos.'
Ela virou uma página e examinou as colunas.
'Ele não é um cavalo, ele é um centauro!' disse Lavender, parecendo chocada.
'Um explêndido centauro. . .' completou Parvati.
'De qualquer forma, ele ainda tem quatro patas,' disse Hermione normalmente. 'Além do mais, eu
achava que vocês duas estavam chateadas agora que a Trelawney saiu?'
'Nós estamos!' Lavender assegurou a ela. 'Nós fomos ao seu escritório para ve-la; nós levamos
umas plantas ornamentais para ela - não as horriveis que a Sprout nos deu, umas lindas.'
'Como ela esta?' perguntou Harry.
'Não muito bem, pobre coitada,' disse Lavender pateticamente. 'Ela estava chorando e dizendo
que preferia sair do castelo para sempre só que ficar aqui onde Umbridge está, e eu não a culpo
por isso, Umbridge foi horrível com ela, não foi?'
'Eu tenho um pressentimento que Umbridge apenas começou a ser horrível,' disse Hermione
obscuramente.
'Impossivel,' disse Ron, que estava se arregaçando para um largo prato de ovos e bacon. 'Ela não
pode ficar pior do que ela ja tem sido.'
'Você marque minhas palavras, ela vai querer vingança em Dumbledore por apontar um novo
professor sem consulta-la,' disse Hermione, fechando o jornal. 'Especialmente um outro parte-
humano. Você viu o olhar em seu rosto quando ela viu Firenze.'
Depois do Café da manhã Hermione partiu para sua aula de Aritemancia enquanto Harry e Ron
seguiram Parvati e Lavender para o Salão de Entrada, indo para Adivinhação.
'Não subiremos as Torre do Norte?' perguntou Ron, parecendo confuso, enquanto Parvati passou
pela escadaria de mármore.
Parvati olhou para ele desdenhosa sobre seu ombro.
'Como você espera que Firenze suba as escadas? Nós estamos na classe onze agora, estava no
quadro de avisos ontem.'
A Classe onze era no pátio pelo corredor que dava no Salão de Entrada e era no lado oposto do
Salão de Entrada. Harry sabia que essa era uma daquelas classes que ninguém usava
regulamente, e portanto ele tinha um meio que achava negligenciadamente que seria uma
armário ou um armazém. Quando ele entrou logo depois de Ron, e se encontrou no meio de uma
clareira de uma floreata, ele ficou momentaneamente estonteado.
Mas que - ?'
O piso da sala de aula ficou como musco de primavera e árvores cresaciam dela; seus ramos de
plantas estavam espalhados pelo teto e pelas janelas, que fazia que a sala ficasse cheia de macios,
raios inclinados de luz verde. Os estudantes que ja tinham chegado estavam se sentando no chão
de terra com suas costas repousando contra troncos ou galhos de árvores, braços agarrados às
pernas ou abraçado firmemente ao peito, e todos parecendo bastante nervosos . No meio da
claridade, onde não havia árvores, estava Firenze.
'Harry Potter,' ele disse, estendendo uma mão quando Harry entrou.
'Er - oi,' disse Harry, apertando a mão do centauro, que o observou sem piscar seus esplêndidos
olhos azuis mas não sorriu. 'Er - é bom ver você,'
'E você,' disse o centauro inclinando sua cabeça branca aloirada. 'Foi previsto que nos
encontrariamos de novo.'
Harry percebeu uma sombra de contusão no formato de casco no peito de Firenze. Quando virou
para se juntar ao resto da classe no chão, ele viu que eles olhavam para ele com admiração,
aparentemente profundamente impressionados que ele falava como se conhecesse Firenze de
quem eles achavam intimidador.
Quando a porta se fechou e o último aluno se sentou num galho de árvore ao lado da lixeira,
Firenze gesticulou pela sala.
'Professor Dumbledore nos arranjou gentilmente essa sala de aula' disse Firenze, quando todos se
acalmaram, 'em imitação ao meu habitat natural. Eu teria preferiado ensina-los na Floresta
Proibida, da qual - até Segunda - era minha casa... mas agora não é mais possível.'
'Por favor - er - senhor - ' disse Parvati sem ar, levantando sua mão, - porque não? Nós já
estivemos lá com Hagrid, nós não temos medo!'
'Não é uma questão de sua bravura,' disse Firenze, 'mas de minha posição, eu não posso voltar
para a Floresta. Meu bando me expulsou.'
'Bando?' disse Lavender numa voz confuda, e Harry sabia que ela estava pensando em vacas 'O
que - oh!'
Comprensão se desenhou em seu rosto. 'Há mais de você?' ela disse, estonteada.
'O Hagrid o alimentou, como os Thestrals?' perguntou Dean impetuosamente.
Firenze virou sua cabeça lentamente para encarar Dean, que parecia ter percebido que disse algo
muito ofensivo.
'Eu não quis - digo - desculpa' ele terminou numa voz envergonhada.
'Centauros não são servos ou brinquedos dos humanos,' disse Firenze silenciosamente. Houve
uma pausa e então Parvati levantou sua mão de novo.
'Por favor, senhor... porque os outros centauros lhe expulsaram,'
'Porque concordei em trabalhar para Professor Dumbledore,' disse Firenze. Eles vêem isso como
uma traição a nossa raça.'
Harry lembrou como, a quase quatro anos atrás, o centauro Bane tinha gritado com Firenze por
ter deixado Harry cavalgar livre em suas costas; ele tinha o chamado de 'mula'. Ele imaginou se
tivesse sido Bane que tinha chutado Firenze no peito.
'Vamos começar.' disse Firenze. Ele balançou sua causa, levantou sua mão para um tolde de
plantas a frete, e então o abaixou vagarosamente, e assim que o fez, a luz na sala enfraqueceu, e
então pareceu que eles estavam sentados numa clareira de uma floresta pelo crepúsculo, e
estrelas apareceram no teto. Houve oohs e gritos sufocados e Ron disse audivel 'Caramba!'
'Deitem-se no chão, disse Firenze com sua calma voz, e observem os céus. Aqui está escrito, para
aqueles que conseguem ver, o futuro de nessas raças.'
Harry deitou de costas e contemplou o teto acima. Uma estrela vermelha cintilou sobre sua
cabeça.
'Eu sei que vocês sabem dos nome dos planetas e suas luas em Astronomia,' disse a calma voz de
Firenzeid, 'e que vocês já mapearam as estrelas' progrediremos para os céus. Centauros tem
revelado os mistérios desses movimentos por séculos. Nossas descobertas nos ensinam que o
futuro pode estar escrito no céu acima de nós - '
'Professora Trelawney fez astrologia conosco!' disse Parvati excitadamente, levantando sua mão
para a frente dela e então parou no ar porque ela estava de deitada de costas. 'Marte causa
acidentes e queima e coisas do tipo, e quando faz um ângulo com Saturno como agora -' ela
desenhou um ângulo diretito no ar sob ela '- isso significa que as pessoas precisam de cuidado
estra quando mexer com coisas quentes - '
'Isso,' disse Firenze calmo, 'é falta de sentido humano.'
A mão de Parvati caiu vagarosa ao seu lado.
Machucados Triviais, pequenos acidentes humanos,' disse Firenze, enquanto suas patas
chocavam-se sobre o chão de musgos. 'Não tem mais significados do que corridas de formigas
no imenso universo, e não são afetados pelos movimentos planetários.'
'Professora Trelawney - ' começou Parvati, numa machucada e indignada voz.
' - é uma humana,' disse Firenze simplismente. 'E é antes de mais nada é cegada e algemada às
limitações de sua raça.'
Harry virou sua cabeça bem suavemente para olhar para Parvati. Ela parecia muito ofendida,
assim como várias pessaos que a cercavam.
'Sybila Trelawney pode ter a Visão, Eu não sei,' continuou Firenze, e Harry ouviu o balançar de
sua cauda de no enquanto ele andava para cima e para baixo por eles, 'mas ela gasta o seu tempo,
a maior parte, em sua própria lisonja sem sentido humana camada de adivinhação da sorte. Eu,
no entanto, estou aqui para explicar a sabedoria dos centauros, que é impessoal e imparcial. Nós
observamos os céus para as grandes ondas maléficas ou mudanças que as vezes ficam marcadas
lá. Pode demorar dez anos para se ter certeza do que nós estamos vendo.'
Firenze apontou para a estrela vermelha diretamente acima de Harry.
'Na década passada, as indicações eram que os bruxos estavam vivendo nada mais que um calmo
período entre duas guerras. Marte, que traz as guerras, brilha forte em cima de nós, sugerindo
que a luta deve começar de novo logo. Quão logo, os centauros podem tentar adivinhar pela
queima de certas ervas e folhas, pela observação da fumaça e das chamas . . .'
Foi a aula mais incomum que Harry ja havia tido. Eles realmente queimaram salvas e malvas
doces lá no chão da sala de aula, e Firenze os disse para olhar para certas fomas e símbolos na
fumaça pungente, mas ele parecia perfeitamente apático de que nenhum deles conseguia ver
alguns dos sinais que ele descreveu , dizendo que humanos dificilmente seriam bons nisso,
aquilo levou anos e anos para os centauros se tornarem competentes, e terminou a aula os
dizendo que era tolice botar muita fé nessas coisas, porque mesmo os centauros as vezes os lêem
errado. Ele não era nada parecido com qualquer professor humano que Harry ja teve. Sua
prioridade não parecia ser ensina-los o que ele sabia, mas sim dar a impressão de que nada, nem
mesmo o conhecimento dos centauros, era completamente comprovado.
'Ele não é muito definido ou qualquer coisa do tipo né?' disse Ron numa voz baixa, enquanto eles
colocavam fogo na malvadoce. 'Digo, eu poderia fazer com um pouco mais de detalhes sobre
essa guerra que estamos prestes a ter, você não?'
O sino soou logo do lado de fora da classe e todo mundo pulou; Harry tinha esquecido
completamente que eles ainda estavam dentro do castelo e estava bem convencido que estava
realmente na Floresta. A classe saiu parecendo levemente perplexa.
Harry e Ron estavam a ponto de segui-los quando Firenze chamou, 'Harry Potter, uma
palavrinha, por favor.'
Harry virou. O centauro avanlou um pouco em relação a ele. Ron hesitou.
'Você pode ficar,' Firenze disse a ele. 'Mas feche a porta por favor.'
Ron se apressou a obedecer..
'Harry Potter, você é amigo de Hagrid, não é?' disse o centauro.
'Sim,' disse Harry.
Então lhe de uma aviso para mim. Sua tentativa não esta funcionando. É melhor ele abandona-
lo.'
'Sua tentativa não está funcionando?' Harry repetiu curioso.
'e que seria melhor abandona-lo,' disse Firenze, confirmando. 'Eu avisaria Hagrid eu mesmo, mas
estou banido - seria estúpido de minha parte ir para perto da Floresta por agora - Hagrid já tem
problemas demais, sem uma batalha de centauros
'Mas - o que Hagrid esta tentando fazer?' disse Harry nervosamente.
Firenze contemplou Harry impassivamente.
'Hagrid me fez recentemente um grande serviço,' disse Firenze, 'e ja faz tempo que ele conseguiu
meu respeito por mostrar tanta preocupação que ele mostra por todas as criaturas vivas. Eu não
devo trair seu segredo. Mas ele deve ser levado de volta a razão. A tentativa não está
funcionando. Diga a ele, Harry Potter. Bom dia para vocês.'

*

A felicidade que Harry sentirá logo após a entrevista ao O Quibbler(o tracadilho) já tinha se
evaporado. Enquanto um vagaroso Março se transformava em um tempestuoso Abril, sua vida
parecia ter se transformado em uma longa série de preocupações e problemas de novo.
Umbridge continuou vigiando todas as aulas de Trato das Criaturas Mágica, o que fez ficar muito
difícil para entregar o aviso de Firenze para Hagrid. Até que Harry conseguiu fingir que perderá
sua cópias de Criaturas Fántasticas e Onde Encontra-las, voltando depois da aula um dia. Quando
ele repetiu as palavras de Firenze, Hagrid o contemplou por um momento através de seus olhos
negros peludos, aparentemente pego de seupresa. Então ele pareceu voltar si.
'Boa tentativa, Firenze,' ele disse rudemente 'mas ele não sabe do que esta falando. A tentativa
está indo bem.'
'Hagrid, o que você está tentando fazer?' perguntou Harry sério. 'Porque você tem que ter
cuidado, Umbridge já demitiu Trelawney e, e se você me perguntar, ela está atrás de você. Se
você fizer qualquer coisa que não deveria, você vai - '
Há coisas mais importantes que manter um trabalho,' disse Hagrid. no entanto suas mão
tremeram levemente enquanto disse isso e uma bacia cheia de excrementos de Knarls quebrou no
chão. 'Não se importe comigo, Harry, apenas vá indo, seja um bom rapaz.'
Harry não teve outra alternativa a não ser deixar catando o esterco pelo seu chão, mas ele se
sentiu profundamente desanimado enquanto voltava ao castelo.
Enquanto isso, assim como os professores e Hermione persistiam em lembra-los, os NOMs
estavam cada vez mais perto. Todos os alunos do quinto ano estavam sofrendo de algum tipo de
estresse, Hannah Abbott foi a primeira a receber Calmante de Barril da Madame Pomfrey depois
de cair em lágrimas durante Herbologia e gritado que ela era muito estupida para os exames e
que ela queria sair da escola agora.
Se não fosse pelas aulas do ED, Harry achou que ele estaria extremamente infeliz. As vezes ele
sentia que estava vivendo pelas horas gastas na Sala do Requerimento, trabalhando duro mas
aproveitando o máximo ao mesmo tempo, inchando-se de orgulho quando olhava para seus
amigos membros do ED e via como eles tinham chegado longe. Na verdade, Harry as vezes
imaginava como Umbridge iria reagir quando todos os membros do ED receberiam
'Impressionate' em seus NOMs de Defesa Contra a Arte das Trevas.
Eles tinha finalmente começado o trabalho em Patronos, do qual todos estavam ansiosos para
praticar, entretanto, como Harry mantinha os lembrando, produzir um Patrono no meio de uma
clara sala de aula e sem estar ameaçado era bem diferente de produzir um quando confrontado
por algo como um Dementador.
'Ah, não seja tão estraga prazer,' disse Cho claramente, observando sue Patrono em forma de um
fio prateado atravessar a Sala do Requerimento durante a última aula antes da Páscoa. Eles são
tão lindos!'
Eles não deveriam ser lindos, eles devem proteger vocês,' disse Harry pacientemente. 'O que nós
precisamos realmente é de um Bicho Papão ou algo assim; foi assim que eu aprendi, eu tinha que
invocar um Patrono enquanto o Bicho Papão fingia ser um Dementador - '
'Mas isso seria muito assustador!' disse Lavender, que atirava pequenos vapores prateados do
final de sua varinha. 'E eu ainda - não consigo - fazer!' ela adicionou raivosa.
Neville estava tendo problemas também. Seu rosto estava contorcido de concentração, mas
apenas relances de fumaça prateada saiam da ponta de sua varinha.
'Você tem que pensar em algo feliz,' Harry o lembrou.
'Eu estou tentando,' disse Neville miseravelmente, que estava tentando tanto que seu rosto estava
coberto de suor.
'Harry, eu acho que estou conseguindo!' gritou Seamus, que tinha sido levado para o seu primeiro
encontro do ED por Dean. 'Olhe - ah - se foi . . . mas era alguma coisa peluda, Harry!'
O Patrono de Hermione, uma lontra prateada brilhante, estava saltitante atrás dela.
Eles são muito legais não são?' elka disse, o olhando profundamente.
A porta da Sala de Requerimento abriu e depois fechou. Harry olhou em volta para ver quem
entrou, mas não viu ninguém lá. Alguns momentos depois ele percebeu que as pessoas perto da
porta caíram em silêncio. Depois ele notou que algo puxava seu manto em algum lugar perto das
pernas. Ele olhou para baixo e, para seu espanto, Dobby o elfo doméstico o olhava por debaixo
de seus usuais oito chapéus.
'Oi, Dobby!' ele disse. 'O que você está - O que foi?'
Os olhos do elfo estavam largos com terror e ele estava tremendo. Os membros do ED mais perto
de Harry caíram em silêncio; todos na sala olhavam para Dobby. Os poucos Patronos que foram
invocados sumiram numa névoa prateada, deixando a sala bem mais escura que antes.
'Harry Potter, sr . . .' sussurrou o elfo, tremendo dos pés a cabeça, 'Harry Potter, sr . . . Dobby
veio avisa-lo . . . mas os elfos domésticos foram avisado para não falarem nada . . .'
Ele correu sua cabeça para a parede. Harry, que tinha alguma experiência com os hábitos de se
punir de Dobby, tentou impedi-lo, mas Dobby simplesmente pulou da pedra, protegido pelos oito
chapéus. Hermione e algumas garotas deram gritinhos de medo e simpatia.
'O que houve, Dobby?' Harry perguntou, segurando o fino braço do elfo e o deixando longe de
qualquer coisa com que ele poderia se machucar.
'Harry Potter . . . ela . . . ela . . .'
Dobby acertou seu nariz com seu punho livre. Harry segurou ele também.
'Quem é "ela", Dobby?'
Mas achava que já sabia; com certeza apenas uma 'ela' poderia por tanto medo em Dobby? O elfo
olhou para ele, com olhos levemente cruzados, e a boca sem palavras.
'Umbridge?' perguntou Harry, horrorizado.
Dobby confirmou, e então tentou jogar sua cabeça nas pernas de Harry. Harry o segurou na
altura do braço.
'O que tem ela? Dobby - ela não soube disso - 'sobre nós - sobre o ED?'
Ele leu a resposta no rosto ferido do elfo. Com suas mãos seguradas rápidamente por Harry, o
elfo tentou se chutar e caiu no chão.
'Ela está vindo?' Harry perguntou silenciosamente.
Dobby deixou escapar u uivo, e deixou bater seus pés duramente no chão
'Sim, Harry Potter, sim!'
Harry se levantou e olhou para a as pessoas sem movimento e aterrorizadas que contemplavam o
elfo.
'O QUE VOCÊS ESTÃO ESPERANDO?' Harry berrou. 'CORRAM!'
Todos correram para a saída de uma vez só, formando um emaranhado na porta, e então pessoas
escapuliram por ela. Harry os podia ouvir correndo pelos corredores e esperou que eles tivessem
o bom senso de não irem direto aos dormitórios. Era só dez pras nove; se eles fosse se refugiar na
biblioteca ou no Corujal, que eram ambos mais perto - '
'Harry, vamos!' berrou Hermione do centro da confusão de pessoas que lutavam para sair.
Ele observou Dobby, que tentava fazer sérios ferimentos em si mesmo, e correu com o elfo em
seus braços para se juntar atrás da fila.
'Dobby - isso é uma ordem - volte para a cozinha com os outros elfos e se ela perguntar se você
me avisou, minta e diga não!' disse Harry. 'E eu o proíbo de se ferir!' ele adicionou, largando o
elfo enquanto passava pela abertura por último e fechava a porta atrás dele.
Obrigado, Harry Potter!' disse Dobby, e ele se foi. Harry olhou para a esquerda e para a direita,
os outros se moviam tão rapidamente que ele só vira relances de calcanhares voando por ambos
finais do corredor antes de sumir; ele começou a correr para a direita; havia um banheiro
masculino bem acima, ele podia fingir que estava lá o tempo todo se ele pudesse alcança-lo - '
'AAARGH!
Algo o atingiu por entre as canelas e ele caiu espetacularmente, escorregando de onde estava
para seis pés depois onde parou. Alguém atrás dele estava rindo .Ele virou suas costas e viu
Malfoy escondido atrás de um vaso feio em forma de dragão.
'Tropeção azarado, Potter!' ele saiu. 'Ei, Professora - PROFESSORA! Eu peguei um!'
Umbridge veio bufando pelo final do corredor, sem ar mas com um sorriso de satisfação.
'É ele!' ela disse jubilante ao ver Harry no chão, 'Excelente, Draco, excelente, oh, muito bom -
cinqüenta pontos para Sonserina! Eu cuido dele daqui . . . se levante, Potter!'
Harry ficou de pé, encarando o par. Ele nunca tinha visto Umbridge parecendo tão feliz. Ela
segurou seu braço num agarrão maldoso e virou, num clara felicidade, para Malfoy.
'Você pode ir na frente e vê se acha mais deles, Draco,' ela disse. 'Diga aos outros para olhar na
biblioteca - qualquer um sem ar - olhe nos banheiros, Senhorita Parkinson pode olhar o das
garotas - pode ir - e você,' ela acrescentou em sua mais doce e perigosa voz enquanto Malfoy ia
embora, 'você pode ir comigo para o escritório do Diretor, Potter.'
Eles estavam na gárgula de pedra em minutos Harry imaginou quanto dos outros foram pegos.
Ele pensou em Ron - Sra Weasley o mataria - e como Hermione se sentiria sendo expulsa antes
dos NOMs. E era o primeiro encontro de Seamus . . . e Neville estava ficando tão bom . . .
'Delicias Gasosas ,' cantou Umbridge; a gargula de pedra pulou de lado, a parede começou a se
abrir, e eles subiram, pelo escadaria de pedra que se movia. Ele alcaçaram a porta polida com o
grifo como batedor, mas Umbridge não se importou em bater, ela foi direto para dentro, ainda
segurando Harry firme.
O escritório estava cheia de gente. Dumbledore estava sentado atrás de sua mesa, com uma
expressão serena, com as pontas de seus longos dedos juntas. Professora McGonagall estava
parada rigidamente ao lado dele, com o rosto extremamente tenso. Cornélio Fudge, Ministro da
Magia, mexia para frente e para trás seu dedão do pé ao lado do fogo, aparentemente
imensamente agradado pela situação; Kingsley Shacklebolt e um bruxo de aparência grosseira
com um cabelo bem curto igual a um arame de quem Harry não reconheceu, estavam
posicionados em ambos os lados da porta como guardas, e as sarnas, que vinham de Percy
Weasley parado excitadamente ao lado da parede, com uma pena para escrever e um pesado
pergaminho em suas mãos, aparentemente destinado a escrever.
Os retratos dos antigos diretores e diretoras não fingiam que dormiam essa noite. Todo eles
estavam alertas e sérios, assistindo o que acontecia abaixo deles. Enquanto Harry entrava, uns
poucos passaram para quadro vizinho e cochicharam urgentemente nos ouvidos dos vizinhos.
Harry se livrou do agarrão de Umbridge enquanto ela fechava a porta atrás deles. Cornélio Fudge
o encarava com um tipo viciante de satisfação em seu rosto.
'Beml,' ele disse. 'Bem, bem, bem . . .'
Harry respondeu com o pior olhar que podia fazer ao ministro. Seu coração batucava loucamente
dentro dele, mas seu cérebro estava estranhamente calmo e limpo.
'Ele estava voltando para a Torre de Grifindória,' disse Umbridge. Houve uma indecente
satisfação em sua voz, a mesma calorosa satisfação que Harry tinha ouvido enquanto ela assistia
a Professora Trelawney se disolver em miséria no Salão de Entrada. O garoto Malfoy o
encontrou.'
'Ele fez, é?' disse Fudge apreciativamente. 'Eu devo lembrar de falar para Lucius. Bem, Potter . . .
eu acho que você sabe o porque você está aqui?'
Harry tinha a intenção de responder com um desafiador 'sim': sua boca tina e a palavra foi
formada pela metade quando ele pegou o olhar do rosto de Dumbledore. Dumbledore não o
olhava diretamente - seus olhos estavam fixos num ponto acima de seu ombro - mas assim que
Harry o olhou, ele sacudiu a cabeça por uma fração de polegadas de uma lado para o outro.
Harry mudou a direção da meia palavra.
'Si - não.'
'Eu peço o seu perdão?' disse Fudge.
'Não,' disse Harry, firme.
Você não sabe porque você está aqui?'
'Não, eu não sei,' disse Harry.
Fudge olhou incrédulo de Harry para a Professora Umbridge. Harry tirou vantagem de
momentânea desatenção e roubou outro rápido olhar de Dumbledore, que deu ao tapete a menor
das confirmações e a sombra de uma piscadela.
'Então você não tem idéia,' disse Fudge, numa voz positivamente carregada de sarcasmo, 'do
porque a Professora Umbridge lhe trouxe para esse escritório? Você não foi avisado que quebrou
um das regras da escola??'
'Regras da Escola? ' disse Harry. 'Não.'
'Ou Decretos do Ministério?' aumentou Fudge nervoso.
'Não que eu saiba,' disse Harry brando.
Seu coração ainda o martelava muito rápido. Quase valeu a pena contar essas mentiras para ver a
pressão sangüínea de Fudges subir, mas ele não tinha nem idéia de como ele podia fugir deles; se
alguém deu uma dica sobre o ED então ele, o líder, deveria estar arrumando seu baú nesse
instante.
'Então, é novidade para você, que,' disse Fudge, sua voz agora grossa de raiva, 'que uma
organização ilegal de estudantes foi descoberta nessa escola?'
'Sim, é,' disse Harry, fazendo um olhar não convincente de inocente surpresa em seu rosto.
'Eu acho, Ministro,' disse Umbridge habilmente ao lado dele, 'que nós fariamos mais progressos
que eu buscar nossa informante.'
'Sim, sim, faremos,' disse Fudge, confirmando, e ele notou malícia em Dumbledore enquanto
Umbridge saia da sala. 'Não há nada como uma boa testenhuma não é, Dumbledore?'
'Nada mesmo, Cornelius,' disse Dumbledore grave, inclinando sua cabeça.
Houve uma espera de alguns minutos, em que ninguém se olhou, e então Harry ouviu a porta
abrir atrás dele. Umbridge passou por ele pela sala, segurando pelo ombro a amiga de cabelos
curtos de Cho, Marietta, que escondia seu rosto com as mãos.
'Não tenha medo, querida, não se assuste,' disse Professor Umbridge suavemente, apalpando ela
nas costas, 'está tudo bem agora. Você fez a coisa certa. O ministro está muito feliz com você.
Ele vai falar para sua mãe que boa garota você tem sido.
A mãe de Marietta, Ministro,' ela acrescentou, olhando para Fudge, 'é a Madame Edgecombe do
Departamento de Transporte Mágico, escritório da Rede de Flu - ele tem nos ajudado a policiar
as linhas de Hogwarts, sabe.'
'Ótimo, ótimo!' disse Fudge alegre. 'Tão mãe, tal filha, não é? Bem, vamos, agora, querida, olhe
para gente, não seja tão tímida, vamos ouvir o que você tem para - Gárgulas galopantes!'
Quando Marietta levantou sua cabeça, Fudge pulou para trás em choque, quase caindo no fogo.
Ele xingou, e bateu na ponta de seu manto que começava a soltar fumaça. Marietta deu um grito
e puxou o pescoço do seu manto até os olhos, mas não antes que todos vissem que seu rosto
estava horrivelmente desfigurado por um monte de pústulas roxas se espalhavam pelo seu nariz e
suas bochechas para formar a palavra 'DEDO-DURO'.
'Não ligue para isso agora, querida,' disse Umbridge impaciente, 'apenas tire o manto de sua boca
e fale ao ministro - '
Mas Marietta deu outro grito e balançou a cabeça freneticamente.
'Ah, muito bem, muito bem, sua garota boba, eu digo a eles,' disse Umbridge. Ela colocou seu
suave sorriso de volta em seu rosto e disse, 'Bem, Ministro, Senhorita Edgecombe aqui veio ao
meu escritório logo após o jantar esta noite e me disse que queria me falar algo. Ela disse que se
eu fosse a uma sala secreta no sétimo andar, algumas vezes conhecidas como a Sala do
Requerimento, Eu acharia algo d meu interesse. Eu a questionei mais um pouco e ela admitiu que
era um tipo de encontro. Infelizmente nessa hora que esse feitiço, ' ela pontou impacientemente
para o rosto escondido de Marietta, 'entrou em operação e quando ela so olhou no meu espelho a
garota ficou muito nervosa para me falar qualquer coisa a mais.'
'Bem, agora,' disse Fudge, fixando em Marietta com o que ele evidentemente achava que era algo
como um olhar paternal, 'é muito bravo de você minha querida, ir falar com a Professora
Umbridge. Você fez exatamente a coisa certa. Agora, você irá nos dizer o que acontecia nesses
encontros? Qual era o motivo? Quem estava la?'
Mas Marietta não disse nada; Ela meramente balançou a cabeça de novo, seu olhos largos e
amedrontados.
'Não temos uma contra-azaração para isso?' Fudge perguntou a Umbridge impaciente,
gesticulando para o rosto de Marietta. 'para que ela possa falar livremente?'
'Eu ainda não consegui encontar um,' Umbridge admitiu com rancor, e Harry sentiu surgir um
orgulho da abilidade de azaração de Hermione 'Mas não importa se ela não quer falar, eu pego a
históra daqui.
'Você vai se lembrar, Ministro, que eu te mandei um relatório em Outubro que Potter se
encontrou com um número de amigos estudantes no Hog's Head em Hogsmeade - '
'E que evidência disso você tem' cortou Professora McGonagall
'Eu tenho o testemunho de Willy Widdershins, Minerva, que estava no bar naquele instante. Ele
estava pesadmente enfaixado, é verdade, mas sua audição estava bem ímpar,' disso Umbridge
elegante 'Ele ouviu cada palavra que Potter disse e se apressou para a escola e me dizer - '
'Ah, então é por isso que ele não não pagou pena por aqueles banheiros regurgitastes que ele fez!'
disse Professora McGonagall, levantando seus olhos castanhos. 'Que interessante caso dentro de
nosso sistema de justiça!'
'Alardeante corrupção!' reclamou um retrado de um corpulento bruxo de nariz vermelho na
parede atrás da mesa de Dumbledore. O ministério não fazia acordos com criminosos nos meus
dias, não senhor, ele não fazia!'
Obrigado, Fortescue, isso serve,' disse Dumbledore calmo.
'O propósito do encontro de Potter com esses estudantes,' continuou Professora Umbridge, 'era os
persuadir para se juntar numa sociedade ilegal, cujo objetivo era aprender feitiços e maldições
que o Ministério decidiu serem inapropriadas para a idade escolar -'
'Eu acho que você está errada ai, Dolores,' disse Dumbledore quietamente, espiando a ela pelo
seus óculos meia lua pendurados a meio caminho de seu nariz torto.
Harry o olhou. Ele não podia ver como Dumbledore iria falar para tira-lo dessa; Se Willy
Widdershins tinha realmente ouvido cada palavra dita no Hog´s Head não havia como escapar.
'Aha!' disse Fudge, pulando para cima e para baixo de pé de novo. 'Sim, vamos ouvir a última
história para boi dormir designada para tirar o Potter de problemas! Continue, então,
Dumbledore, continue - '
Willy Widdershins estava mentindo, não é? Ou foi o irmão gêmeo idêntico de Potter no Hog's
Head aquele dia? Ou há a geralmente simples explicação envolvendo a inversão do tempo, um
homem morto voltando a vida e um par de Dementadores invisíveis?'
Percy Weasley caiu numa grande gargalhada.
'Ah, muito boa, Ministro, muito boa!'
Harry poderia te-lo chutado. Mas então ele viu, para seu espanto, que Dumbledore também sorria
gentilmente.
'Cornélio, eu não nego - e tenho que certeza que Harry também não - 'que ele estava no Hog's
Head naquele dia, nem que ele estava tentando recrutar estudantes para um grupo de Defesa
Contra Arte das Teevas. Estou meramente apontando que Dolores está bem errada em sugerir
que esse grupo era, naquela ocasião, ilegal. Se você se lembrar, O Decrete do Ministério banindo
todas sociedades estudantis só foi posto em ação dois dias depois do encontro de Harry em
Hogsmeade, logo ele não estava quebrando regra alguma no Hog's Head.'
Percy pareceu ter sido atingido por algo muito pesado no rosto. Fudge continuou sem movimento
num meio pulo, com sua boca permanecendo aberta.
Umbridge se recuperou primeiro.
'Isso é tudo muito bom, Diretor,' ela disse sorrindo docemente. 'mas estamos a quase seis meses
da introdução do Decreto Educacional Número Vinte e Quatro. Se o primeiro encontro não foi
ilegal, todos os outros que ocorreram desde então certamente o são.'
'Bem,' disse Dumbledore, a observando com um educado interesse sobre seus interligados dedos,
'eles certamente seriam, se ele tivesses continuado depois que o Decreto foi anunciado. Você tem
alguma evidência que tais encontros continuaram?'
Quando Dumbledore falou, Harry ouviu um murmuro atrás dele como se Kingsley sussurrasse
algo. Ele podia jurar também que ele sentiu alguma coisa passar por seu lado como se fosse um
assovio ou um asa de pássaro, mas quando ele olhou para baixo ele não viu nada.
'Evidência?' reptiu Umbridge, com aquele horrivel sorriso largo feito um cogumelo.'Você não
tem ouvido, Dumbledore? Porque você acha que a Senhorita Edgecombe está aqui?'
'Oh, ela pode nos dizer sobre seis meses de encontros?' disse Dumbledore, levantando seus olhos
castanhos. 'Eu tive a impressão de que ela meramente dizia sobre um encontro hoje a noite.'
'Senhorita Edgecombe,' disse Umbridge de uma vez, 'nos diga a quanto tempo esses encontros
acontessem, querida. Você pode simplismente concordar ou balançar sua cabeça, tenho certeza
que não vai fazer isso piorar. Elas aconteceram regurlamente pelos últimos seis meses?'
Harry sentiu um horrivel balanço em seu estômago. Era isso, eles chegara a um final sem saida,
um pedaço de sólida evidência que nem mesmo Dumbledore poderia deixar de lado.
'Apenas concorde ou balançe a cabeça, querida,' Umbridge disse coaxialmente para Marietta,
'vamos la, isso não vai reativar a azaração.'
Todos na sala encaramva o topo do rosto de Marietta. Apenas seus olhos era visiveis entre seu
manto puxado e sua franja curta. Talvez tinha sido um truque do luz do fogo, mas seus olhos
pareciam estranhamente vazios. E então - para outro espanto de Harry - 'Marietta sacudiu a
cabeça.
Umbridge olhou rapidamente para Fudge, e de volta para Marietta.
'Eu acho que você não entendeu a pergunta, entendeu querida? Estou perguntanjdo se você
esteve nesses encontros pelos últimos seis meses? Você esteve não foi?'
De novo, Marietta sacudiu a cabeça.
'O que você quer dizer sacudindo a cabeça, querida?' disse Umbridge numa voz controlada.
'Eu acho que seu significado foi bem claro,' dsse Professora McGonagall rude, 'não houve
encontros secretos nesses seis últimos meses. Isso não está correto Senhorita Edgecombe?'
Marietta concordou.
'Mas havia um encontro hoje a noite!' disse Umbridge furiosa. Havia um encontro, Senhorita
Edgecombe, você me disse, na Sala de Requerimento! E Potter era o líder não era, Potter
organizou, Potter - porque você esta sacodindo essa cabeça garota?
'Bem, geralmente quando uma pessoa sacode a cabeça,' disse McGonagall friamente, 'então ela
diz "não". A não ser que a Senhorita Edgecombe esteja usando uma linguagem de símbolos
ainda não reconhecida por huamnos - '
Professora Umbridge mediu Marietta, a puxou para ela para olha-la, e começou a sacudi-la
bastante. Um segundo depois Dumbledore estava de pé, com sua varinha levantada; Kingsley foi
para frente e Umbridge soltou Marietta, balançando suas mãso como se estivessem queimando.
'Eu não posso permirit que você maltrate meus estudantes, Dolores,' disse Dumbledore e, pela
primeira vez, ele parecia nervoso.
'Você quer se acalmar, Madame Umbridge,' disse Kingsley, em sua profunda e lenta voz. 'Você
não quer nos colocar em problemas agora.'
'Não,' disse Umbridge sem ar, encarando a elevada figura de Kingsley. 'Digo, sim - você está
certo, Shacklebolt - eu - eu me esqueci.'
Marietta estava parada eexatamente onde Umbridge a tinha largado. Ela não parecia nem
perturbada pelo súbito ataque de Umbridge e nem aliviada por ter sido libertada; ela continuava
escondida em seu manto levantado com seus diferentes olhos vazios e olhando para frente dela.
Uma súbita suspeita, ligada ao sussuro de Kingsley e a coisa que ele sentiu passar por ele, surgiu
na mente de Harry.
'Dolores,' disse Fudge, com o ar de tentar resolver algo de uma vez por todas, 'o encontro de hoje
a noite - o que a gente sabe que definitavamente aconteceu - '
'Sim,' disse Umbridge,voltando a si, 'sim . . . brm, Senhorita Edgecombe me deu uma dica e eu
procedi de uma vez para o sétimo andar, acompanhada por certos estudantes de confiança, para
pegar esses estudantes no encontro em flagrante. Parece que eles foram avisados de minha
chegada, no entanto, porque quando chegamos no sétimo andar, eles corriam em várias direções.
Entretanto, isso não importa. Eu tenho o nome de todos aqui, Senhorita Parkinson correu para a
Sala de REquerimento para mim para procurar algo que eles tivessem deixado para trás. Nós
precisavamos de evidências e a sala nos proviu..'
E para o horros de Harry, ela tirou de seu bolso a lista com os nomes que tinha sido pendurada na
parede da Sala de Requerimento e a passou para Fudge.
No momento em que vi o nome de Potter na lista, eu sabia com o que estávamos lidando com,'
ela disse leve.
'Excelente,' disse Fudge, com um sorriso surgindo pelo seu rosto, 'excelente, Dolores. E . . . pelo
trovão . . .'
Ele olhou para Dumbledore, que ainda estava ao lado de Marietta, com sua varinha firmemente
segurada em sua mão.
'Vê como eles se chamam?' disse Fudge quieto. 'Exército de Dumbledore.'
Dumbledore os alcançou e pegou o pedaço de pergaminho de Fudge. Ele olhou o título escrito
por Hermione antes e por um momento parecia incapaz de falar. Então levantou o olhar,
sorrindo.
'Bem, o jogo acabou,' ele disse simplesmente. 'Você quer uma confissão escrita de mim, Cornélio
- ou uma frase diante dessas testemunhas é o suficiente?'
Harry viu McGonagall e Kingsley olhar um para o outro. Havia medo em ambos os rostos. Ele
não entendia o que estava acontecendo e nem, aparentemente Fudge.
'Frase?' disse Fudge devagar. 'O que - eu não - ?'
'Exército de Dumbledore, Cérnelio,' disse Dumbledore, ainda sorrindo enquanto ele balançava a
lista de nomes perante o rosto de Fudge. 'Não o Exército de Potter. Exército de Dumbledore.'
'Mas - mas - '
Entendimento surgiu subitamente no rosto de Fudge. Ele deu um passo horrorizado para trás,
gritou e pulo fora do fogo de novo.
'Você?' ele sussurrou, pisando de novo em seu manto.
'Isso mesmo,' disse Dumbledore agradavelmente.
'Você organizou isso?'
'Sim,' disse Dumbledore.
'Você recrutou esses estudantes para - para seu exército?'
'Hoje a noite seria o primeiro encontro,' disse Dumbledore, confirmando. 'Meramente para ver se
eles estariam interessados em se junta a mim. Vejo agora que foi um engano chamar a Senhorita
Edgecombe, é claro.'
Marietta confirmou. Fudge olhou dela para Dumbledore, seu peito suando.
Então você tem planejado contra mim!' ele gritou.
É isso mesmo,' disse Dumbledore animado.
'NÃO!' gritou Harry.
Kingsley lhe deu um alhor de aviso, McGonagall alargou seus olhos ameaçadoramente, mas
havia surgido súbitamente em Harry o que Dumbledore estava para fazer, e ele não podia deixa-
lo fazer.
'Não - Professor Dumbledore - '!'
'Fique quieto, Harry, ou temo que você terá que deixar meu escritório,' disse Dumbledore calmo.
'É, cale a boca, Potter!' retrucou Fudge, que ainda encarava Dumbledore com um tipo de prazer
horrorizado. 'Bem, bem, beml - eu vim aqui hoje a noite esperando expulsar Potter e no entanto -
'
'No entanto você conseguiu me prender,' disse Dumbledore, sorrindo. 'É como perder um Nuque
e achar um Galeão, não é?'
'Weasley!' chorou Fudge, agora positivamente delirando de prazer, 'Weasley, você escreveu isso,
tudo o que ele disse, sua confissão, você pegou tudo?'
'sim, senhor, acho que sim, senhor!' disse Percy ansioso, cujo nariz estava manchado de tinta por
causa da velocidade com que estava escrevendo.
A parte que ele estava tentando montar um exército contra o Ministrério, como ele estava
trabalhando para me desestabilizar?'
'Sim, senhor, eu anotei tudo, sim!' disse Percy, olhando para sua notas alegremente.
'Muito bem, então' disse Fudge, agora radiante de regogizo 'duplique suas notas, Weasley, e
mande uma cópia para o Profeta Diário de uma vez por todas. Se mandarmos uma coruja rápida
deverá sair na edição da manhã!' Percy correu para a sala, batendo a porta atrás dele, e Fudge se
virou para Dumbledore. 'Você será escortado de volta ao Ministério, onde será formalmente
julgado, e irá mandado para Azkaban para esperar sua vez!'
'Ah,' disse Dumbledore gentilmente, 'sim. Sim, eu acho que nós podemos acabar com esse
pequeno empecilho.'
'Empecilho?' disse Fudge, sua voz ainda vibrando de alegria. 'Eu não vejo empecilho,
Dumbledore!'
Bem,' disse Dumbledore apologético, 'Temo que eu veja.'
'Ah, é?'
'Bem - é que parece que você criou uma ilusão que eu vou - com é a frase - ir silenciosamente.
Temo que não irei calmamente de forma alguma, Cornélio. Eu não tenho a menor intenção de ser
mandado para Azkaban. Eu poderia fugir, é claro - mas é puro desperdício de tempo, e
francamente, e posso pensar em um monte de coisas melhores para fazer.'
O rosto de Umbridge estava crescendo firmemente de vermelho; ela parecia ter sido cheia de
água fervendo. Fudge encarou Dumbledore com uma cara muito boba, como se tivesse sido
atingido por uma súbita batida e não podia acreditar no que tinha acontecido. Ele fez um
pequeno barulho por causa do choque, então olhou para Kingsley e o homem com o curto cabelo
cinza, que diferente de todos na sala, havia permanecido em completo silêncio até agora - O
último deu a Fudge uma confirmação o reassegurando e se moveu para frente um pouco, longe
da parede. Harry viu sua mão ir, quase casualmente, para o seu bolso.
'Não seja idiota, Dawlish,' disse Dumbledore educadamente. 'Tenho certeza que você é um
excelente Auror - Eu me lembro que você conseguiu "Impressionante" em todos os seus NIEMs
- mas se você tentar - er - 'me levar pela força, eu serei obrigado a machuca-lo.'
O homem chamado Dawlish piscou parecendo tolo. Ele olhou para Fudge de novo, mas agora
parecendo esperar por uma pista sobre o que fazer em seguida.
'Pelas barbas de Merlin, não,' disse Dumbledore, sorrindo, 'a não ser que você seja tolo o
suficiente para me forçar.'
'Ele não estará sozinho!' disse Professora McGonagall alto, colocando suas mãos em seu manto.
'Ah sim, estarei Minerva!' disse Dumbledore cortante. 'Hogwarts precisa de você!'
'Chega dessa palhaçada!' disse Fudge, puxando sua própria varinha. 'Dawlish! Shacklebolt!
Peguem Ele!'
Uma saraivada de luzes prateadas cortaram a sala; houve um bag como uma arma e o chão
tremeu; uma mão seguraou as golas de HArry e o forçou a abaixar-se no chão quando a segunda
saraivada de luzes prateadas vieram; muitos quadros gritaram, Fawkes piou e uma nuvem de
poeira encheu o ar. Tossindo na poeira, Harry viu uma figura escura cair no chão com uma
batida em sua frente; houve um grito e um som de alguém chorando, 'Não!'; então houve o som
de vidro quebrando, frenéticas batidas de passos, um suspiro... e silêncio.
Harry olhou em volta para ver que estava quase lhe estrangulando e viu a Professora
McGonagall abaixada ao seu lado; ela tinha força tanto Harry quanto Marietta fora de perigo.
Poeira ainda flutuava gentilmente pelo ar. Palpitando levemente, Harry viu uma vigura muito
alta se movendo a eles.
'Vocês estão bem?' Dumbledore perguntou.
'Sim!' disse Professora McGonagall, se levantando e largando Harry e Marietta com ela..
A poeira estava sumindo. Os destroços do escritório ficaram a vista: A mesa Dumbledore estava
virada, todas as mesas caidas tinham sido arrancadas do chão, com instrumentos prateados em
pedaços. Fudge, Umbridge, Kingsley e Dawlish caidos sem movimento no chão. Fawkes a fênix
sobrevoava em largos círculos sobre eles, cantando levemente.
'Infelizmente, eu tive que azarar Kingsley também, ou teria sido muito suspeito,' disse
Dumbledore numa voz baixa. 'Ele foi notávelmente rápido, modificando a memória da Senhorita
Edgecombe com todo mundo olhando para o outro lado - agradeça a ele por mim, fara isso,
Minerva?
'Agora, eles vão acordar em breve e será melhor não saberem que nos comunicamos - você deve
agir como se não passou nenhum tempo, como se eles tivesse sido meramente jogados no chão,
eles não irão se lembrar - '
'Aonde você vai, Dumbledore?' sussurrou Professora McGonagall. 'Grimmauld Place?'
'Ah não,' disse Dumbledore, com um pequeno sorriso, 'Eu não vou sair para me esconder. Fudge
vai logo desejar nunca ter me tirado de Hogwarts, Eu te prometo.'
'Professor Dumbledore . . .' Harry começou.
Ele não sabia o que dizer primeiro: como ele sentia culpado por iniciar o ED em primeiro lugar e
causou essa confusão, e quão terrível eles se sentia porque Dumbledore estava indo embora para
salva-lo da expulsão? Mas Dumbledore o cortou antes que ele pudesse dizer alguma palavra.
'Me ouça, Harry,' ele disse urgente. 'Você deve estudar Ocluemncia o máximo que puder, você
me entendeu? faça tudo que o Professor Snape pedir e pratique particularmente todas as noites
antes de ir dormir para que você feche sua mente contra maus sonhos - você entenderá em breve,
mas você deve me prometer - '
O homem chamado Dawlish estava se mexendo. Dumbledore pegou o pulso de Harry.
'Lembre-se - feche sua mente - '
Mas assim que os dedos de Dumbledore se fecharam na pele de Harry, uma dor surgiu pela
cicatriz em sua testa e ele sentiu de novo a horrivel vontade igual a uma cobra de atacar
Dumbledore, morde-lo, feri-lo - '
' - você vai entender,' sussurrou Dumbledore.
Fawkes circulou pelo escritório voando baixo sobre ele. Dumbledore soltou Harry, levantou sua
mão e agarrou a longa e dourada calda da fênix. Houve uma luz de fogo e o par deles sumiram..
'Onde está ele?' gritou Fudge, empurrando-se do chão. 'Cade ele?'
'Eu não sei!' gritou Kingsley, também ficando de pé.
'Bem, ele não pode ter Disaparatado!' disse Umbridge. 'Você não pode de dentro da escola - '
As escadas!' disse Dawlish, e ele foi para a porta, deixando-a aberta e disaparecendo, seguido de
perto de Kingsley e Umbridge. Fudge hesitou, e então foi vagaroso com os pés, limpando poeira
de sua frente. Houve um longo e doloroso silêncio.
'Bem, Minerva,' disse Fudge sujo, ajeitando sua arrancada manga da camisa, 'Temo que seja o
fim de seu amigo Dumbledore.'
'Você acha?' disse Professora McGonagall.
Fudge pareceu não ouvi-la. Ele olhava pelos destroços do escritório. Uns poucos quadros o
vaiaram; um ou dois fizeram gestos ainda mais rudes com a mão.
'Melhor levar esses dois para a cama,' disse Fudge, voltando a olhar para a Professora
McGonagall com um olhar diminuido para Harry e Marietta.
Professora McGonagall não disse nada, mas levou Harry e Marietta para a porta. Quando ela se
fechou atrás deles, Harry ouviu a voz Phineas Nigellus.
'Sabe ministro, eu não concordo com Dumbledore em vários assuntos . . . mas você não pode
negar que ele tem estilo . . .' -- CAPÍTULO 28 --
A PIOR LEMBRANÇA DE SNAPE


POR ORDEM DO MINISTRO DA MAGIA

Dolores Jane Umbridge (Alta Inquisitora) é a substituta de Alvo Dumbledore como Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

A sentença acima está de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Oito.

Firmado por: Cornélio Osvaldo Fudge, Ministro da Magia

As notícias correram toda a escola durante a madrugada mas ninguém sabia explicar como cada pessoa dentro daquele castelo parecia saber que Dumbledore tinha passado por dois Aurores, a Alta Inquisitora, o Ministro da Magia e seu Assistente Júnior para escapar. Não importava onde Harry passasse dentro do castelo, o único assunto das rodinhas de conversa era a briga de Dumbledore e, apesar de alguns detalhes tenham sido exagerados no repasse da história (Harry ouviu uma garota do segundo ano assegurando que Fudge agora estava descansando no St. Mungus com uma abóbora no lugar da cabeça), era surpreendente como o resto da informação era preciso. Todos sabiam, por instância, que Harry e Marietta eram os únicos estudantes a presenciar a cena no escritório de Dumbledore e, como Marietta estava na ala hospitalar, Harry se achou assediado com pedidos para dar uma versão dos acontecimentos em primeira mão.

- Dumbledore não vai ficar longe por muito tempo - disse Ernesto MacMillan seguramente na volta da aula de Herbologia, depois de ouvir a história de Harry atentamente. - Eles não conseguiram afastá-lo por muito tempo no segundo ano e não vão ser capazes de fazer isso agora. O Frei Gorducho me disse - ele diminuiu o tom de voz para um sussurro, tanto que Harry, Rony e Hermione tiveram que chegar bem perto para ouvir - que Umbridge tentou entrar no escritório dele a noite passada, depois que fizeram a busca por todo o castelo e arredores. Não conseguiu passar pela gárgula. O escritório do diretor se trancou sozinho para impedir a entrada dela - Ernesto deu uma risadinha maliciosa. - Aparentemente ela teve um pequeno piti.

- Ah, ela ia se sentir a toda poderosa sentada na cadeira do diretor - disse Hermione maldosamente enquanto subiam os degraus de pedra que dava ao Saguão de Entrada. - Mandando em todos os outros professores, com aquele "hum, hum" irritante, aquela velha louca e...

- Não vai terminar a sentença, Granger? - Draco Malfoy apareceu de repente de detrás da porta, seguido de perto por Crabbe e Goyle. Sua face pálida e angulosa resplandecia de malícia. - Receio que vou ter que descontar alguns pontos da Grifinória e da Lufa-lufa - disse com a voz arrastada.

- Apenas os professores podem tirar pontos das casas, Malfoy - disse Ernesto num átimo.

- É. Nós também somos monitores, esqueceu? - grunhiu Rony.

- Eu sei que monitores não podem descontar pontos, Rei Weasel - zombou Malfoy. Crabbe e Goyle riram. - Mas membros do Esquadrão Inquisitorial...

- O Esquadrão o quê? - retrucou Hermione, espefata.

- O Esquadrão Inquisitorial, Granger - disse Malfoy, apontando para um pequeno "I" prateado em suas vestes bem ao lado de seu emblema de monitor. - Um seleto grupo de estudantes que apóiam o Ministério da Magia, escolhido a dedo pela professora Umbridge. De qualquer forma, membros do Esquadrão Inquisitorial têm o poder de tirar pontos... Então, Granger, vou descontar cinco pontos de você por ter ofendido a nova diretora. Macmillan, cinco por me contrariar. Cinco porque eu não gosto de você, Potter. Weasley, sua camiseta está amassada, então vou tirar mais cinco pontos por isso. Ah, e eu ia esquecendo, você é uma sangue-ruim, Granger, dez pontos a menos.

Rony puxou a varinha mas Hermione a tomou dele, murmurando:

- Não!

- Sábia atitude, Granger - Malfoy disse com a voz anasalada. - Nova Diretora, novos tempos... Seja bonzinho de agora em diante, Potty... Rei Weasel...

Gargalhando, ele saiu seguido por Crabbe e Goyle.

- Ele estava blefando - disse Ernesto, parecendo intimidado. - Ele não pode ter permissão para descontar pontos... Isso iria contra todos os princípios do sistema de monitoria.

Mas Harry, Rony e Hermione se viraram automaticamente para as ampulhetas gigantes que ficavam na parede logo atrás deles, que registravam os pontos das casas. A Grifinória e a Corvinal estavam numa briga acirrada pela liderança durante a manhã. Assim que olharam as pedrinhas subiram outra vez, reduzindo a quantidade depositada no vidro de baixo. Na verdade, a única ampulheta que parecia inalterada era a preenchida de esmeraldas que representava a Sonserina.

- Vocês também repararam? - Fred perguntou.

Ele e Jorge tinham acabado de descer e se juntar a Harry, Rony, Hermione e Ernesto em frente às ampulhetas.

- Malfoy acabou de descontar cerca de cinqüenta pontos da gente - disse Harry, furioso, quando viram mais algumas pedras retornarem à parte superior da ampulheta da Grifinória.

- É, Montague tentou fazer isso com a gente no intervalo - disse Jorge.

- O que vocês querem dizer com "tentou"? - Rony perguntou rapidamente.

- Ele não teve tempo de dizer todas as palavras - disse Fred - devido ao fato de que nós o obrigamos a entrar naquela Cabine de Desaparecimento no primeiro andar.Hermione parecia chocada.

- Mas vocês vão se meter numa encrenca terrível!

- Não até que o Montague reapareça, e isso pode levar semanas... Eu nem sei pra onde nós o mandamos - disse Fred friamente. - De qualquer forma, nós decidimos que não nos importamos mais em nos meter em encrenca...

- E algum dia vocês se importaram? - perguntou Hermione.

- Lógico que sim - disse Jorge. - Nunca fomos expulsos, não é mesmo?

- Nós sempre soubemos qual era o limite - disse Fred.

- Talvez nós tenhamos avançado um dedinho além dele ocasionalmente - disse Jorge.

- Mas nós sempre parávamos antes de causar problemas realmente sérios - disse Fred.

- E agora? - Rony experimentou perguntar.

- Bem, agora... - disse Jorge.

- ...que o Dumbledore foi embora... - disse Fred.

- ...nós achamos que um pouco de caos... - disse Jorge.

- ...é exatamente o que a nossa querida nova diretora merece,- disse Fred.

- Vocês não devem - Hermione sussurrou. - Vocês realmente não deveriam! Ela adoraria ter um motivo para expulsar vocês!

- Você não entendeu, não é, Hermione? - Fred disse sorrindo para ela. - Nós não nos importamos mais em continuar aqui.

- Nós já estaríamos fora daqui se não estivéssemos determinados

a fazer uma pequena vingancinha em nome de Dumbledore

antes. Bem, de qualquer forma - ele olhou seu relógio

de pulso -. a primeira parte está para começar. Eu iria

para o Salão Principal almoçar se fosse um de vocês,

de forma que os professores possam ver que vocês não

têm nada a ver com isso.

- Isso o quê? - interrogou Hermione, ansiosa.

- Vocês vão ver - disse Jorge. - Agora se mandem.

Fred e Jorge se viraram e desapareceram dentro da multidão que descia as escadas para almoçar. Parecendo bastante desconcertado, Ernie murmurou alguma coisa sobre uma tarefa de Transfiguração inacabada e saiu dali.

- Acho que nós devíamos dar o fora daqui - disse Hermione, nervosa. - Para evitar que sobre para nós.

- Tudo bem - disse Rony e os três se dirigiram à entrada do Salão Principal mas Harry mal tinha notado as nuvens brancas se movendo pelo céu encantado do Salão quando alguém lhe deu um tapinha nas costas e, ao se virar, ele se achou cara a cara com Argo Filch, o inspetor de alunos. Ele se afastou rapidamente, dando vários passos para trás; era melhor ver Filch à distância.

- A diretora quer lhe ver, Potter - ele levantou as sobrancelhas

denotando um certo prazer.

- Não fui eu - Harry soltou estupidamente, pensando no

que quer que fosse que Fred e Jorge estavam planejando.

A mandíbula de Filch bateu numa risada taciturna.

- Consciência pesada, hein? - ele falou com a voz rouca.

- Siga-me.

Harry olhou de relance para Rony e Hermione, os dois

com o mesmo semblante preocupado. Encolheu os ombros

e seguiu Filch de volta ao Saguão de Entrada, contra

a maré de estudantes.

Filch parecia estar de extremo bom humor; zumbia

irritantemente ao respirar enquanto subiam a escada

de

mármore. Assim que chegaram ao primeiro andar ele

disse.

- As coisas estão mudando por aqui, Potter.

- Eu notei - disse Harry amargamente.

- Pois é... Eu venho dizendo a Dumbledore por anos e anos que ele era condescendente demais com vocês - disse Filch, rindo desagradavelmente. - Pequenas bestas imundas que nunca teriam soltado bombas de bosta se soubessem que eu podia açoitá-los até ficarem em carne viva, teriam? Ninguém teria pensado em soltar Fanged Frisbees corredores afora se eu pudesse pendurá-los pelos tornozelos em meu escritório, teriam? Mas quando o Decreto Educacional Número 29 entrar em vigor, Potter, eu poderei fazer estas coisas... E ela pediu ao Ministro para assinar uma ordem para a expulsão do Pirraça... Ah, as coisas vão ser muito diferentes com ela no comando.

Obviamente, Umbridge tinha cuidado de alguns detalhes que manteriam Filch a seu lado, Harry pensou, e o pior disso tudo era que ele provavelmente era uma arma importante; seu conhecimento a respeito das passagens secretas e locais escondidos por toda a escola provavelmente só era menor do que o dos gêmeos Weasley.

- Aqui estamos nós - ele disse, empurrando Harry depois

de dar três batidinhas na porta da diretora e abri-la.

- O garoto Potter veio vê-la, Madame.

O escritório de Umbridge, tão familiar a Harry depois de tantas detenções, continuava igual, com exceção de um grande bloco de madeira repousando sobre sua mesa, no qual estava escrito com letras douradas: DIRETORA. Sua Firebolt e as Cleansweeps de Fred e Jorge, que ele viu apavorado, também estavam ali, presas num robusto cabideiro de metal numa parede perto da mesa.

Umbridge continuava sentada atrás da mesa, ocupada em escrever qualquer coisa em seu pergaminho cor de rosa mas levantou os olhos e sorriu exageradamente quando entraram.

- Obrigada Argo - disse docemente.

- De nada Madame, de nada - respondeu Filch, fungando o menos que seu reumatismo permitia e saindo em seguida.

- Sente-se - disse Umbridge rude, apontando para uma cadeira.

Harry se sentou. Ela continuou escrevendo por alguns momentos. Ele olhou alguns dos gatinhos tolos dando cambalhotas nas placas sobre sua cabeça, imaginando que tipo de novidade ela tinha reservado para ele.

- Bem, agora - disse finalmente, deixando a pena de lado e o observando complacentemente, como um sapo prestes a engolir um mosquito particularmente saboroso. - O que você gostaria de beber?

- Como? - perguntou, certo de que a tinha entendido mal.

- Pra beber, Sr. Potter - ela disse, sorrindo ainda mais. - Chá? Café? Suco de abóbora?

Assim que ela nomeava cada bebida acenava a varinha num movimento curto e um copo ou xícara da bebida aparecia em sua mesa.

- Nada, obrigado.

- Eu gostaria que você me acompanhasse - disse, sua voz se tornando perigosamente amável. - Escolha um.

- Bem... Então chá - Harry encolheu os ombros.

Ela se levantou e deu um pequeno showzinho adicionando leite de costas para o garoto. Então deu à volta em torno da mesa com a xícara, sorrindo de maneira sinistramente doce.

- Pronto - disse, entregando a xícara a ele. - Beba antes que esfrie! Bem, agora, Sr. Potter... Eu pensei que nós poderíamos ter uma conversinha rápida, depois dos angustiantes eventos da noite passada.

Ele não disse nada. Ela se ajeitou novamente no banco e esperou. Após um grande momento de silêncio, ela bronqueou:

- Você não está bebendo!

Harry ergueu a xícara junto aos lábios e então, de repente, abaixou-a. Um dos gatinhos mais mal desenhados atrás de Umbridge tinha grande olhos azuis, exatamente como o olho mágico de Olho-Tonto Moody. E ocorreu a Harry o que Olho-Tonto diria se ouvisse que ele tinha tomado algo oferecido por um inimigo declarado.

- Qual é o problema? - perguntou Umbridge, que ainda o olhava atentamente. - Quer açúcar?

- Não.

Ele levou a xícara aos lábios outra vez e fingiu tomar um gole, apesar de manter a boca bem fechada. Umbridge deu um sorriso largo.

- Bem - ela murmurou. - Muito bom. Agora... - ela se inclinou um pouco para frente. - Onde está Alvo Dumbledore?

- Não faço idéia - Harry respondeu de imediato.

- Beba, beba - ela disse, ainda sorrindo. - Agora, Sr. Potter, vamos parar de brincadeiras. Eu sei que você sabe para onde ele foi. Você e Dumbledore estão juntos nessa desde o começo. Considere sua posição, Sr. Potter...

- Eu não sei onde ele está - repetiu.

Ele fingiu bebericar outra vez. Ela o observava bem de perto.

- Muito bem - ela disse, aparentando um certo descontentamento. - Nesse caso, você poderia me dizer o paradeiro de Sirius Black.

O estômago de Harry revirou por dentro e a mão que segurava a xícara de chá tremeu, fazendo um barulhinho ao se chocar com o pires. Ele inclinou a xícara rumo a seus lábios contraídos e fechados, um pouco do líquido quente escorregou por suas vestes.

- Eu não sei - respondeu um pouco rápido demais.

- Sr. Potter, permita-me lembrá-lo que fui eu quem quase pegou o criminoso Black na lareira da Grifinória em outubro. Eu sei perfeitamente bem que ele estava encontrando você e se eu tivesse uma prova nenhum do dois estaria livre hoje, eu lhe garanto. Vou repetir, Sr Potter... Onde está Sirius Black?

- Não faço idéia - Harry respondeu bem alto. - Nenhuma pista.

Eles se encararam por tanto tempo que os olhos de Harry começaram a lacrimejar. Então Umbridge se levantou.

- Muito bem, Sr. Potter, vou aceitar suas desculpas desta vez, mas fique alerta: o poder do Ministério está em minhas mãos. Todos os canais de comunicação dentro e fora desta escola estão sendo monitorados. Um regulador da Rede de Flu está mantendo sob vigilância todas as lareiras de Hogwarts, exceto a minha, é claro. Meu Esquadrão Inquisitorial está abrindo e lendo todas as correspondências que entram e saem do castelo. E o Sr. Filch está observando todas as passagens secretas dentro e fora do castelo. Se eu achar um fio de evidência...

BUM!

O chão do escritório tremeu. Umbridge caiu de lado, procurando a mesa para se apoiar e parecendo chocada.

- O que foi...?

Ela estava olhando para a porta. Harry aproveitou a oportunidade para esvaziar sua xícara de chá no vaso de flores murchas mais próximo. Ele podia ouvir pessoas correndo e gritando nos andares inferiores.

- Volte para o Salão Principal, Potter! - gritou Umbridge, levantando sua varinha e desaparecendo do escritório.

Harry deixou que ela ganhasse alguns minutos à sua frente e então saiu correndo atrás dela para ver que estava causando tanto alvoroço.

Não foi difícil de descobrir. No andar debaixo o pandemônio era geral. Alguém (e Harry tinha uma ligeira idéia de quem) tinha soltado uma enorme quantidade de fogos de artifício encantados.

Dragões que soltavam faíscas verdes e douradas voavam de um lado para o outro nos corredores, enchendo os lugares por onde passavam do barulho alto das explosões; espirais rosa-choque de quase 3 metros de diâmetro zumbiam letalmente pelo ar, como se fossem discos voadores; foguetes com longas caudas repletas de estrelas prateadas ricocheteavam pelas paredes; traques explodiam como minas em todos os lugares que Harry olhava e, ao invés de se perderem, o gás, a cor ou os ruídos começarem a diminuir até enfim terminar, esses milagres pirotécnicos pareciam ganhar energia e impulso quanto mias ele olhava.

Filch e Umbridge estavam parados, aparentemente transfigurados em horror, na metade das escadas. Assim que Harry olhou uma das espirais cor de rosa pareceu decidir que precisava de mais espaço para girar e foi para cima dos dois como um redemoinho que zumbia sinistramente "wheeeeeeeeeeee".

Ambos gritaram com medo e mergulharam no chão, então o fogo de artifício voou em direção à janela atrás deles e avançou pelo gramado fora do castelo. Enquanto isso muitos dos dragões e um grande morcego roxo que voava ameaçadoramente se aproveitaram de uma porta aberta no final do corredor e ganharam o segundo andar.

- Depressa, Filch, depressa! - grunhiu Umbridge. - Daqui a pouco eles terão tomado conta da escola a não ser que nós façamos alguma coisa. Estupefaça!

Um jato de luz vermelha saiu da ponta da varinha da diretora e atingiu um dos foguetes. Em vez de se congelar no ar ele explodiu com tanta força que abriu um buraco numa pintura de uma bruxa encharcada do meio de uma pradaria; ele escapou a tempo, reaparecendo segundos depois espremida na pintura ao lado, onde um grupo de bruxos jogando cartas se levantou rapidamente para dar lugar a ela.

- Não tente atordoá-lo, Filch! - Umbridge gritou para o mundo todo como se ele que tivesse encantado os foguetes.

- Certamente diretora! - zumbiu Filch, que como aborto poderia atordoar os fogos tanto quanto engoli-los.

Deu com um armário próximo, tirou de dentro uma vassoura e começou a esmagar os fogos em pleno ar; dentro de segundos as palhas da vassoura estavam todas queimadas.

Harry já tinha visto o bastante; rindo, desceu as escadas devagar, entrou por uma porta escondida detrás de uma peça de tapeçaria um pouco à frente naquele corredor e escorregou por ela para encontrar Fred e Jorge escondidos ali, ouvindo os gritos de Umbridge e Filch, tentando segurar o riso.

- Impressionante - disse Harry baixinho, sorrindo. - Realmente impressionante... Vocês acabaram com negócios do Sr. Filibusteiro, sem sombra de dúvidas...

- Saúde - murmurou Jorge, enxugando lágrimas que brotavam em sua face de tanto que o rapas ria. - Ah, eu tô torcendo pra que ela tente fazer com que eles desapareçam... Eles se multiplicam por dez a cada tentativa.

Os fogos de artifício continuaram a estourar e a se espalhar por toda a escola durante à tarde. Apesar de causarem muitas interrupções nas aulas, especialmente os traques, os outros professores não pareciam muito incomodados.

- Querida - disse a professora Minerva sarcasticamente, quando um dos dragões apareceu dentro da sala de Transfiguração, soltando ruídos altos e exalando fogo. - Srta. Brown, você se importaria de ir até a sala da diretora e informá-la que temos um dragão fugitivo em nossa sala?

O resultado disso tudo foi que a professora Umbridge passou sua primeira tarde como diretora correndo pela escola toda atendendo aos chamados de outros professores, nenhum dele capaz de dar fim aos fogos de artifícios que invadiam suas salas sem a ajuda dela. Quando o último sinal tocou e estavam voltando para a Torre da Grifinória com suas mochilas Harry viu, com imensa satisfação, uma Umbridge desengonçada e coberta por fuligem cambaleando, o rosto suado, da sala de aula do Professor Flitwick.

- Muito obrigado, professora! - disse o professor Flitwick

em sua vozinha aguda. - Eu poderia ter me livrado deles sozinho, com certeza, mas eu não estava certo de que tinha autoridade o bastante para isso.

Sorridente, ele bateu a porta na cara dela. Fred e Jorge foram aclamados como heróis naquela noite na Torre da Grifinória. Até mesmo Hermione arranjou um jeito de passar pela multidão delirante para parabenizá-los.

- Foram fogos maravilhosos - ela disse admirada.

- Obrigado - disse Jorge, olhando tão surpreso quanto embevecido. - Granadas Enlouquecidas Weasley. O único problema é que usamos todo nosso estoque; vamos ter que recomeçar do nada agora.

- Mas valeu à pena - disse Fred, que estava anotando pedidos de vários grifinórios. - Se você quiser colocar seu nome na lista de espera, Hermione, são apenas cinco galões por uma caixa de Incêndio Básico e vinte por uma Detonação de Luxo.

Hermione retornou à mesa onde Harry e Rony estavam sentados fitando suas mochilas desejando que suas tarefas criassem vida e se completassem sozinhas.

- Ah, por que não tiramos uma noite para descanso? - disse Hermione contente quando um foguete Weasley de cauda prateada zuniu rumo à janela. - Afinal de contas o feriado da Páscoa começa na sexta-feira, nós vamos ter tempo de sobra então.

- Você está se sentindo bem? - Rony perguntou, olhando para ela desconfiado.

- Agora que você mencionou - ela respondeu feliz. - Sabe... Eu acho que estou me sentindo um pouquinho... Rebelde.

Harry ainda podia ouvir os estouros longínquos dos últimos traques quando ele e Rony subiram para o dormitório uma hora mais tarde. E assim que ele se despiu, um foguetinho flutuou acima da torre, ainda dizendo claramente a palavra 'POO'.

Ele se deitou, bocejando. Sem os óculos, os fogos de artifícios que vez ou outra passavam pela janela pareciam borrados, como nuvens brilhantes, bonitas e misteriosas contra o fundo negro do céu. Virou de lado, perguntando-se como Umbridge estaria se sentindo em seu primeiro dia no lugar de Dumbledore e como Fudge reagiria quando soubesse que a escola tinha passado a maior parte do dia na mais absoluta bagunça. Sorrindo sozinho, Harry fechou os olhos... Os zunidos e estouros dos fogos de artifício nos jardins pareciam estar cada vez mais longe... Ou talvez ele estivesse se afastando deles...

Ele caíra no mesmo corredor que levava ao Departamento de Mistérios. Estava correndo em direção à porta de sempre... Abra... Abra...

Ela se abriu. Estava numa sala circular repleta de portas... Ele a atravessou e colocou a mão na maçaneta de uma porta idêntica à anterior. Girou e entrou. Agora estava numa sala longa e retangular onde um som mecânico estranho se repetia. Havia feixes de luz dançando pelas paredes mas não parou para investigar... Tinha que continuar... Havia uma porta bem no fim... Ta também se abriu apenas ao toque de Harry...

Agora estava numa sala mal iluminada tão alta e grande quanto uma igreja, cheia de nada além de linhas e mais linhas de prateleiras elevadas, cada uma delas guardando pequenas esferas de vidro empoeiradas... Agora o coração de Harry batia apressado... Sabia aonde ir... Correu mas seus passos não faziam barulho na enorme sala deserta...

Havia algo naquela sala que ele queria, queria muito... Algo que ele queria... Ou que alguma outra pessoa queria... Sua cicatriz estava latejando...

BANG!

Harry acordou instantaneamente, confuso e arredio. Risos ecoavam pelo dormitório escuro.

- Massa! - disse Simas, cuja silhueta podia ser vista contra a janela. - Uma das espirais bateu num foguete! Parece até que estão dando uns amassos, venham ver!

Harry ouviu Rony e Dino descerem da cama para ver melhor. Continuou deitado quieto e silencioso enquanto a dor que sentia na cicatriz diminuía e o desapontamento tomava conta dele. Era como se alguém lhe tivesse roubado uma surpresa maravilhosa no último minuto. Tinha chegado tão perto daquela vez.

Porquinhos alados cor de rosa e prata estavam agora planando perto das janelas da Torre da Grifinória. Harry se deitou e ouviu os gritinhos de contentamento vindos dos dormitórios abaixo do deles. Seu estômago se revirou enojado quando lembrou que teria aulas de Oclumancia da noite seguinte.

*

Harry desperdiçou o dia seguinte inteiro imaginando o que Snape diria quando descobrisse o quão longe ele havia entrado no Departamento de Mistérios. Com uma pitada culpa, percebeu que não havia praticado Oclumancia desde sua última aula: tinha acontecido muita coisa desde a saída de Dumbledore; tinha certeza que não teria conseguido esvaziar sua mente mesmo que tivesse tentado. No entanto, duvidou que Snape aceitaria essa desculpa. Tentou praticar um pouco de última hora durante as aulas do dia mas não estava dando certo. Hermione continuava perguntado a ele o que estava acontecendo toda vez que ficava calado, tentando se livrar de todos os seus pensamentos e emoções e, além disso, o melhor momento de se esvaziar o cérebro não era enquanto os professores ficavam bombardeando os alunos de perguntas durante as aulas.

Resignado a esperar o pior, rumou para o escritório de Snape logo após o jantar. Quando atravessou o Saguão de Entrada, no entanto, Cho veio apressada em sua direção.

- Aqui, - disse Harry, feliz em ter uma razão para adiar seu encontro com Snape e acenando para ela de um dos cantos do Saguão onde ficavam as ampulhetas das casas. A da Grifinória estava quase vazia. - Você está bem? A Umbridge não te perguntou nada sobre o ED, perguntou?

- Ah, não - disse Cho apressadamente. - Não, é só que... Bem, eu queria dizer... Harry, eu nem sonhava que a Marietta pudesse contar...

- Er, tudo bem - respondeu meio mal humorado. Achava que Cho devia escolher seus amigos com um pouco mais de cuidado; ao menos, para compensar, a última notícia que ouvira sobre Marietta era que a menina continuava na ala hospitalar e Madame Pomfrey não fora capaz de conseguir nem uma melhora mínima nos furúnculos que tinham aparecido em seu rosto.

- Ela é uma pessoa adorável, de verdade. Ela só cometeu um engano...

Harry a fitou. incrédulo.

- Uma pessoa adorável que cometeu um engano? Ela entregou todos nós, inclusive você!

- Bem... Todos nós escapamos, não foi? - Cho alegou. - Você sabe, a mãe dela trabalha no Ministério, é realmente difícil para ela...

- O pai do Rony também trabalha no Ministério! - Harry retorquiu furiosamente. - E caso você não tenha percebido, não está escrito "dedo-duro" na cara dele...

- Isso foi um truque horrível daquela Hermione Granger - Cho retrucou feroz. - Ela tinha que ter avisado que tinha enfeitiçado aquela lista...

- Pois eu achei que foi uma idéia brilhante! - Harry respondeu friamente. Cho ruboresceu e seus olhos se escancararam cheios de brilho.

- Ah, claro, eu tinha esquecido... Lógico, se foi uma idéia da sua querida Hermione...

- Não comece a chorar novamente - Harry advertiu.

- Eu não ia chorar.

- Ah, tá... Bem, eu já tenho preocupações suficientes no momento.

- Então vá cuidar delas! - Cho respondeu furiosa, retomando seu caminho e saindo dali.

Fumegando de raiva, Harry desceu as escadas que davam à masmorra de Snape e, apesar de saber por experiência própria que seria muito mais fácil para Snape penetrar em sua mente se estivesse zangado, não conseguiu parar de pensar em mais uma meia dúzia de coisas que poderia ter dito a Cho sobre Marietta antes de chegar à porta da sala.

- Atrasado, Potter - disse Snape, friamente, assim que Harry fechou a porta atrás de si.

Snape estava de costas para Harry, filtrando, como de costume, parte de seus pensamentos e os depositando cuidadosamente na penseira de Dumbledore. Deixou o último fio prateado cair no recipiente de pedra e encarou Harry.

- Então, tem praticado?

- Sim - Harry mentiu, desviando o olhar para uma das pernas da mesa de Snape.

- Bom, nós vamos descobrir logo, não vamos? - disse num tom de voz suave. - Varinha em punho, Potter.

Harry assumiu a posição habitual, encarando Snape com a mesa entre ambos. Seu coração acelerado com raiva de Cho e ansiedade a respeito de quanto Snape conseguiria extrair de sua mente.

- Quando eu disser três - disse Snape preguiçosamente. - Um... Dois...

A porta do escritório de Snape bateu com estrondo e Draco Malfoy entrou.

- Professor Snape, senhor... Oh... Desculpe-me...

Malfoy olhou surpreso para Harry e Snape.

- Tudo bem Draco - disse Snape, abaixando a varinha. - Potter está aqui para tomar algumas aulinhas de reforço em Poções.

A última vez que Harry vira Malfoy ficar tão contente fora quando Umbridge aparecera para inspecionar a aula de Hagrid.

- Eu não sabia - ele disse, olhando de soslaio para Harry, que sentia seu rosto ferver. Ele queria que tivessem lhe dado oportunidade de jogar toda a verdade na cara de Malfoy ou, melhor ainda, derrubá-lo com um bom feitiço.

- Bem, Draco, o que houve?

- É a professora Umbridge, senhor... Ela precisa de sua ajuda - disse Malfoy. - Acharam Montague, senhor, ele apareceu esmagado numa cabine do banheiro no quarto andar.

- Como ele foi parar lá? - perguntou Snape.

- Eu não sei, senhor, ele está um pouco confuso.

- Muito bem, muito bem. Potter, acho melhor adiarmos esta aula para amanhã à noite.

Ele se virou e deixou o escritório. Malfoy murmurou "Reforço em Poções?" para que Harry ouvisse, deixando a sala logo atrás de Snape.

Fervendo por dentro, Harry recolocou a varinha dentro das vestes e começou a sair da sala. Ao menos tinha mais 24 horas para praticar, sabia que deveria se sentir feliz por ter escapado, apesar de isso ter custado caro: Malfoy com certeza espalharia para a escola toda que estava tendo aulas de reforço em Poções. Já estava junto à porta quando viu um fio de luz tremeluzia no batente. Parou e ficou contemplando a luz, lembrando-se de alguma coisa... Então a recordação veio nítida: aquilo parecia com as luzes que tinha visto em seu sonho naquela noite, as luzes da segunda sala por onde tinha passado em sua jornada pelo Departamento de Mistérios.

Ele olhou em volta. A luz estava saindo da penseira que descansava sobre a mesa de Snape. O conteúdo prateado rodando ligeiramente dentro dela. Os pensamentos de Snape... Coisas que ele não queria que Harry visse caso quebrasse as defesas de Snape acidentalmente...

Harry contemplou a penseira, a curiosidade tomando conta de si... O que era quilo que Snape parecia tão determinado em esconder de Harry? As luzes prateadas tremiam na parede... Harry deu dois passos em direção à mesa. Poderia ser algum tipo de informação a respeito do Departamento de Mistérios?

Olhou por sobre o ombro, seu coração agora batendo mais rápido e mais forte do que nunca. Quanto tempo levaria para Snape release Montague do banheiro? Voltaria diretamente para seu escritório depois disso ou acompanharia Montague à ala hospitalar? Provavelmente a segunda opção... Montague era o capitão do time de quadribol da Sonserina, Snape deveria querer ter certeza de que estava tudo bem.

Harry andou pelo curto caminho que o separava da penseira e parou ali, admirando sua profundidade. Hesitou, ouvindo, então sacou sua varinha outra vez. O escritório e o corredor que dava nele estavam em completo silêncio. Mexeu no conteúdo da penseira com a ponta da varinha. O líquido prateado começou a girar rapidamente. Harry se inclinou sobre o objeto e viu a mistura se tornar transparente. Ele estava, mais uma vez, olhando dentro de uma sala, como se olhasse por uma janela circular no teto... Na verdade, a não ser que estivesse muito enganado, estava olhando para o Salão Principal.

Sua respiração estava embaçando a superfície dos pensamentos de Snape... Seu cérebro parecia estar num limbo... Seria uma verdadeira loucura fazer aquilo que estava tentado a fazer... Estava tremendo... Snape poderia voltar a qualquer momento... Mas Harry pensou na raiva que sentia de Cho, da cara zombeteira de Malfoy e uma ousadia imprudente encheu seu peito.

Respirou fundo e mergulhou o rosto na superfície dos pensamentos de Snape. Imediatamente o chão tremeu, empurrando Harry para dentro da penseira... Estava caindo por uma escuridão gelada, girando furiosamente por ela, e então...

Estava de pé bem no meio do Salão Principal mas as quatro mesas das casas tinham sumido. No lugar delas havia mais de uma centena de mesinhas, todas voltadas para o mesmo lugar e, em cada uma delas, estava sentado um estudante, cabeça baixa, escrevendo num rolo de pergaminho. O único som que se podia ouvir no local era o das penas arranhando e um ou outro sussurro de alguém ajustando o pergaminho. Era claramente hora de exame.

Raios de sol fluíam pelas janelas mais altas atingindo as cabeças inclinadas, que resplandeciam o castanho, o cobre e o dourado na luz brilhante. Harry olhou ao redor cuidadosamente. Snape tinha que estar em algum lugar... Era uma lembrança dele...

E lá ele estava, na mesinha logo atrás de Harry. Fitou-o. O Snape-adolescente tinha uma aparência pálida

e pegajosa, como uma planta mantida no escuro. Seu cabelo era liso e gorduroso e estava caindo sobre a mesa, seu nariz em forma de gancho distante menos de um dedo da superfície do pergaminho em que escrevia. Harry andou em volta de Snape e leu o título do exame: DEFESA CONTRA AS ARTES DAS TREVAS - NÍVEL ORDINÁRIO DE MAGIA.

Então Snape devia estar com 15 ou 16 anos, mais ou menos a mesma idade que Harry. Sua mão voava pelo pergaminho; já tinha escrito pelo menos uns 50 centímetros a mais que seus colegas mais próximos e sua letra era miúda.

- Mais cinco minutos!

A voz fez Harry pular. Ao se virar deu com a cabeça do professor Flitwick se movendo entre as cadeiras pouco adiante. O professor Flitwick estava passando ao lado de um garoto de cabelo negro e despenteado... Bastante negro e despenteado... Harry se virou tão rápido que, se fosse sólido, teria derrubado algumas carteiras. Em vez disso, deslizou, como um sonho, por entre dois corredores até um terceiro. A parte de trás da cabeça do rapaz moreno estava cada vez mais nítida e... Estava se levantando agora, guardando sua pena, abrindo o rolo de pergaminho à sua frente para reler o que tinha escrito...

Harry parou em frente à carteira e ficou a observar seu pai-adolescente.

Uma pontada de excitação pareceu tomar conta de seu estômago: era como se olhasse para si mesmo, com alguns enganos propositais. Os olhos de Tiago eram castanhos, seu nariz um pouquinho mais longo que o de Harry mas tinham o mesmo rosto fino, a mesma boca, as mesmas sobrancelhas; o cabelo de Tiago espetava atrás exatamente como o de Harry, suas mãos podiam ser as de Harry e Harry podia dizer, quando viu Tiago de pé, que tinham exatamente a mesma altura.

Tiago deu um bocejo demorado e amarrotou os cabelos, deixando-os mais bagunçados do que já eram. Então, depois de olhar para o professor Flitwick, ele se virou para trás na cadeira e sorriu para um garoto sentado quatro carteiras atrás dele.

Com outro choque de excitação, Harry viu Sirius fazer um sinal de ok para Tiago. Sirius estava largado em sua cadeira, equilibrando-a apenas nas pernas traseiras. Ele era realmente atraente; o cabelo escuro lhe caía sobre os olhos numa espécie de elegância casual que nem Tiago nem Harry nunca conseguiriam ter, e uma garota sentada atrás dele lançava olhares esperançosos, apesar de que ele não parecia ter reparado. E duas cadeiras ao lado da garota - o estômago de Harry se contorceu prazerosamente outra vez - estava Remo Lupin. Ele parecia bastante pálido e adoentado (será que a lua cheia estava chegando?), absorto em seu exame: conforme relia suas respostas, arranhava a testa com a ponta da pena, franzindo-a de leve.

Isso queria dizer que Rabicho também deveria estar ali em algum lugar... E completamente seguro disso Harry o avistou em poucos segundo; roia as unhas, olhando para seu teste, arranhando o solo com os dedos do pé. A todo instante dava olhadas furtivas nos exames dos colegas a seu lado. Harry fitou Rabicho por um momento e depois voltou a olhar Tiago, que agora rabiscava um pedaço qualquer de pergaminho. Ele tinha desenhado um pomo-de-ouro e agora estava escrevendo as letras 'L.E.'. O que elas significavam?



- Guardem suas penas, por favor! - berrou o professor Flitwick. - Isso inclui você também, Stebbins!. Por favor, continuem sentados enquanto eu recolho seus exames! Accio!

Mais de uma centena de rolos de pergaminho flutuou no ar na direção dos braços escancarados do professor Flitwick, derrubando-o no chão. Muita gente riu. Alguns dos alunos que estavam nas carteiras da frente se levantaram, seguraram o professor pelos cotovelos e o puseram de pé.

- Obrigado... Obrigado - o professor Flitwick disse ofegante. - Muito bem, já podem ir embora!

Harry voltou a olhar para seu pai, que tinha rabiscado apressadamente o 'L.E.' que há pouco se preocupava em embelezar; ele se pôs de pé, enfiou a pena e o papel do exame dentro da mochila, que jogou sobre as costas, e ficou esperando Sirius vir encontrá-lo.

Harry olhou ao redor e pegou Snape não muito longe deles, movendo-se entre as mesas em direção ao hall de entrada, ainda absorto em seu próprio exame. Os ombros angulosos e curvados faziam com que seu andar lembrasse o de uma aranha e seu cabelo oleoso continuava caindo em seu rosto.

Um grupinho de garotas faladeiras separava Snape de Tiago, Sirius e Lupin e, misturando-se a elas, Harry conseguia manter um olho em Snape e seus ouvidos para ouvir a conversa de Tiago e seus amigos.

- Gostou da pergunta dez, Aluado? - perguntou Sirius quando atingiram o Saguão de Entrada.

- Amei - respondeu Lupin animado. - Dê cinco sinais que permitem identificar o lobisomem. Ótima pergunta.

- Você acha que conseguiu lembrar de todos? - Tiago falou em tom de gozação.

- Acho que sim - disse Lupin seriamente quando se juntaram à multidão que se aglomerava perto das portas de entrada, afoitas para ir para fora aproveitar a luz do sol. - Um: ele está sentado na minha cadeira. Dois: ele está usando as minhas roupas. Três: o nome dele é Remo Lupin.

Rabicho foi o único que não riu.

- Eu lembrei do formato do focinho, das pupilas dilatadas e da cauda em escovinha - disse ansiosamente - mas eu não consegui pensar em mais nada.

- Como você consegue ser tão tapado, Rabicho? - Tiago retorquiu impaciente. - Você dá voltinhas com um lobisomem uma vez por mês...

- Fala baixo - Lupin implorou.

Harry olhou para trás, ansioso. Snape continuava por perto, ainda absorto nas questões de seu exame - mas essa era uma lembrança de Snape e Harry tinha certeza que, se Snape resolvesse ir para qualquer outro lugar em vez dos jardins, ele, Harry, não poderia mais seguir Tiago. No entanto, para seu alívio, quando Tiago e seus três amigos avançaram pela grama em direção ao lago Snape os seguiu, ainda estudando a prova e, aparentemente, sem se dar conta de onde estava indo. Mantendo-se um pouco à frente dele, Harry continuou de olho em Tiago e nos outros.

- Bom, eu achei essa prova baba - ele ouviu Sirius dizer. - Duvido que eu não consiga no mínimo um "Excelente".

- Eu também - disse Tiago. Ele guardou a varinha no bolso e pegou um inquieto pomo-de-ouro.

- Onde você conseguiu isso?

- Roubei - Tiago respondeu com descaso. Começou a brincar com o pomo, deixando que voasse uns 50 centímetros no ar antes de agarrá-lo outra vez; seus reflexos eram excelentes.

Rabicho o contemplava admirado. Pararam debaixo da sombra da mesma árvore na margem do lago onde Harry, Rony e Hermione tinham passado um domingo inteiro terminando seus deveres e se jogaram na grama. Harry olhou para trás novamente e constatou, com alegria, que Snape tinha se ajeitado na grama também, debaixo da sombra densa de um amontoado de arbustos. Ele continuava profundamente imerso na prova do N.O.M., o que deixava Harry livre para se sentar no gramado entre a árvore e os arbustos e, assim, assistir ao grupinho debaixo da árvore. A luz do sol resplandecia sobre a superfície lisa do lago, na beirinha em que o grupo de garotas risonhas que tinha acabado de deixar o Saguão de Entrada estava sentado, de pés descalços, refrescando-os na água.

Lupin tinha aberto um livro e estava lendo. Sirius observava a confusão de estudantes pelo gramado, parecendo bastante aborrecido e desdenhoso mas de uma maneira muito charmosa também. Tiago continuava brincando com o pomo, deixando-o ir cada vez mais longe, quase escapando, mas sempre o agarrando no último segundo. Rabicho o observava de boca aberta. A cada pegada particularmente difícil de Tiago, Rabicho ofegava e aplaudia. Depois de cinco minutos disso, Harry se perguntou por que Tiago não mandava Rabicho se tocar mas ele aprecia estar gostando daquela atenção. Harry reparou que seu pai tinha o costume de bagunçar ainda mais o cabelo como se para evitar que ficasse arrumado. E que, volta e meia, olhava para as garotas na beira do lago.

- Melhor você guardar isso logo - disse Sirius finalmente, após Tiago fazer uma ótima pegada e Rabicho deixar escapar um assobio -, antes que o Rabicho se molhe de tanta excitação.

Rabicho ficou levemente vermelho mas Tiago riu.

- Se isso te incomoda - ele disse, enfiando o pomo dentro do bolso. Harry teve a impressão de que Sirius era a única pessoa que conseguiria fazer Tiago parar de se mostrar.

- Isso aqui tá muito monótono - disse Sirius. - Queria que fosse lua cheia.

- Só você - Lupin retorquiu sombriamente detrás do livro. - Nós ainda temos os exames de Transfiguração. Se você não tem nada pra fazer podia me testar. Aqui... - e ele ofereceu o livro.

Mas Sirius fez pouco caso.

- Eu não preciso nem olhar para esse lixo. Sei tudo de cor.

- Isso vai te animar, Almofadinhas - disse Tiago calmamente. - Olha que está aqui - Sirius virou a cabeça. Ele ficou aceso, como um cachorro que farejou um coelho.

- Excelente - disse suavemente. - Seboso.

Harry se virou para ver o que Sirius estava olhando, Snape estava de pé novamente e guardava o teste em sua mochila. Assim que deixou a sombra dos arbustos e começou a andar pela grama Sirius e Tiago se colocaram em seu caminho.

Lupin e Rabicho continuaram sentados: Lupin ainda tinha os olhos presos no livro, apesar de que eles não se moviam, sua testa tinha se franzido demarcando uma linha entre suas sobrancelhas. Rabicho olhava de Sirius e Tiago para Snape com um semblante ávido de antecipação.

- Tudo bem, Seboso? - Tiago perguntou em voz bem audível.

Snape reagiu tão rapidamente que era como se estivesse esperando para ser atacado: derrubando sua mochila, tirou a mão de dentro das vestes e sua varinha já estava meio caminho no ar quando Tiago gritou.

- Expelliarmus!

A varinha de Snape voou uns seis metros no ar e caiu com um pequeno estrondo na grama atrás dele. Sirius soltou uma gargalhada.

- Impedimenta! - ele disse, apontando sua varinha na direção de Snape, que foi jogado longe enquanto ia em busca de sua varinha.

Os estudantes em volta se viraram para assistir. Alguns deles tinham se levantado e estavam se aproximando. Alguns pareciam apreensivos, outros divertidos.

Snape estava caído arquejante no solo. Tiago e Sirius avançaram em sua direção, varinhas erguidas, Tiago dando olhares furtivos por sobre o ombro na direção das garotas na beira do lago. Rabicho estava de pé agora, consumindo a cena com o olhar, perambulando ao redor de Lupin para conseguir uma visão melhor.

- Como você foi no exame, Seboso? - perguntou Tiago.

- Eu estava observando o nariz dele estava tocando o pergaminho - disse Sirius maldosamente. - Deve ter marcas enormes de óleo no pergaminho inteiro, eles não vão conseguir ler uma palavra.

Muita gente que estava em volta riu; Snape era claramente impopular. Rabicho gargalhou. Snape tentava se levantar mas a azaração ainda estava funcionando; estava preso, como se estivesse amarrado por cordas invisíveis.

- Você... Você não perde por esperar - ele resmungou ofegante, fitando Tiago com uma expressão da mais pura aversão. - Não perde por esperar!

- Esperar pelo quê? - disse Sirius, irônico. - O que você vai fazer, Seboso, escarrar na gente?

Snape soltou uma mistura de palavras encantadas e maldiçoes mas com sua varinha tão longe nada aconteceu.

- Lave essa boca - disse Tiago, friamente. - Esfregaça!

Bolhas cor de rosa de sabão saíram da boca de Snape de uma vez; a espuma estava cobrindo seus lábios, como uma mordaça, sufocando-o...

- Deixe-o em PAZ!

Tiago e Sirius olharam ao redor. A mão de Tiago que não segurava a varinha voou em direção ao cabelo.

Era uma das garotas que há pouco estavam na beira do lago. Ela tinha um cabelo volumoso, de cor acaju, que caía sobre seus ombros, olhos amendoados de cor verde, extremamente brilhantes - os olhos de Harry. A mãe de Harry.

- Tudo bom, Evans? - disse Tiago, e o tom de sua voz mudou subitamente. Estava mais profundo, mais maduro.

- Deixe-o em paz - Lílian repetiu. Ela encarava Tiago com todos os sinais de uma grande antipatia. - O que ele fez pra você?

- Bem - disse Tiago, aparentando pensar sobre o caso -, é mais o fato de que ele existe, se é que você me entende...

Muitos dos alunos ao redor riram, Sirius e Rabicho também, mas Lupin, aparentemente ainda concentrado em seu livro, não riu, tampouco Lílian.

- Você se acha muito engraçado - ela retorquiu friamente. - Mas você é só um piadista infame e arrogante, Potter. Deixe-o em paz.

- Eu deixo se você sair comigo, Evans - Tiago respondeu rapidamente. - Vamos... Saia comigo e eu nunca mais encosto a varinha no velho Seboso outra vez.

Atrás dele, o efeito do feitiço Impedimenta estava se acabando. Snape estava começando a engatinhar para junto de sua varinha, deixando escapar bolhas de sabão enquanto se movia.

- Eu não sairia com você nem se eu só pudesse escolher entre você e a lula gigante - disse Lílian.

- Deu azar, Pontas - disse Sirius marotamente e se virou para Snape. - HEY!

Tarde demais; Snape tinha a varinha apontada exatamente na direção de Tiago; um feixe de luz e um corte apareceu num dos lados do rosto de Tiago, manchando suas vestes com sangue. Tiago revidou: um segundo feixe de luz e Snape estava pendurado de cabeça para baixo no ar, suas vestes descendo e revelando um par de pernas pálidos e esqueléticos e cuecas de cor cinza.

Muitas das pessoas naquela pequena multidão aplaudiam; Sirius, Tiago e Rabicho se fartavam de rir; Lílian, cuja expressão de fúria hesitou por um instante como se fosse se render ao riso, disse.

- Coloque-o no chão!

- Com certeza - Tiago respondeu baixando a varinha; Snape caiu como uma pilha de roupas amontoada no chão. Desenroscando-se de suas próprias vestes, ele se levantou rapidamente, varinha em punho, mas Sirius bradou.

- Petrificus Totalus! - Snape caiu outra vez, rígido como uma tábua.

- DEIXE-O EM PAZ! - Lílian gritou. Ela tinha sua própria varinha empunhada agora. Tiago e Sirius olharam cautelosos.

- Ah, Evans, não me faça azarar você - disse Tiago sério.

- Então retire o feitiço.

Tiago respirou fundo e então se voltou para Snape e murmurou o contra-feitiço.

- Prontinho - disse quando Snape se colocou de pé novamente. - Você teve sorte de a Evans estar aqui, Seboso...

- Eu não preciso da ajuda de sangue-ruins imundos como ela!

Lílian piscou.

- Bem - ela respondeu friamente. - Não vou me incomodar no futuro. E eu lavaria suas cuecas se eu fosse você, Seboso.

- Peça desculpas para Evans! - Tiago rugiu na direção de Snape, a varinha apontada ameaçadoramente para ele.

- Eu não quero que você o faça se desculpar - Lílian gritou para Tiago. - Você é tão desprezível quanto ele.

- Quê? - ganiu Tiago. - Eu NUNCA chamei você de... Você-sabe-o-quê!

- Bagunçando seu cabelo só porque você acha legal parecer que acabou de descer da sua vassoura, se mostrando com aquele pomo estúpido, andando pelos corredores e azarando quem quer que seja só porque você pode... Estou surpresa que sua vassoura consiga sair do chão com um ego tão inflado quanto o seu. Você me dá NOJO.

Ela se virou e correu dali.

- Evans! - Tiago gritou por ela. - HEY, EVANS!

Mas ela nem olhou para trás.

- O que é que deu nela? - disse Tiago, tentado e fracassando em parecer que esta não era uma questão de grande importância para ele.

- Lendo nas entrelinhas eu diria que ela acha você um pouquinho convencido, cara - respondeu Sirius.

- Certo - disse Tiago, que parecia furioso agora -, certo...

Houve um novo feixe de luz e Snape estava novamente suspendo de ponta-cabeça no ar.

- Quem quer me ver tirar as cuecas do Seboso?

Se Tiago realmente fez isso Harry nunca descobriu. Uma mão segurava apertado seu braço, fechado num arco parecido com o de uma pinça. Estremecendo, Harry olhou em volta para saber quem o estava segurando e viu, com uma pontada de horror, um Snape completamente crescido, adulto, parado bem a seu lado, branco de ódio.

- Se divertindo?

Harry se sentiu se subindo no ar; o dia de verão evaporando em volta dele; estava flutuando por uma escuridão gélida, a mão de Snape ainda apertando seu braço. Então numa reviravolta repentina se sentiu como se estivesse de ponta-cabeça em pleno ar, seus pés tocaram o chão de pedra da masmorra de Snape. Estava de pé outra vez ao lado da mesa onde estava a penseira, debaixo da sombra do professor de Poções.

- Então - disse Snape, apertando o braço de Harry tão bruscamente que a mão do garoto estava começando a adormecer. - Então... Está se divertindo, Potter?

- N-não - respondeu Harry, tentando livrar seu braço.

Era aterrorizante: os lábios de Snape estavam tremendo, sua face estava branca, os dentes, cerrados.

- Seu pai era um homem muito divertido, não era? - disse Snape, sacudindo Harry tão forte que seus óculos escorregaram pelo nariz.

- Eu... Não...

Snape empurrou Harry para longe dele com toda a vontade. o garoto caiu dolorosamente no chão da masmorra.

- Você não vai repetir o que viu para ninguém! - Snape berrou.

- Não - disse Harry, levantando-se rapidamente e se colocando o mais longe possível de Snape. - Não, é claro que eu não...

- Suma daqui, suma! Eu não quero ver você nesse escritório nunca mais!

E assim que Harry atingiu a porta um vidro cheio de baratas mortas explodiu sobre sua cabeça. Largou a porta aberta e correu desabalado pelo corredor, parando somente quando já estava há três andares de distância de Snape. Ali se apoiou numa parede, esbaforido e massageando seu braço machucado. Não tinha a menor vontade de voltar para a Torre da Grifinória tão cedo nem de contar a Rony e Hermione sobre o que vira. O que estava deixando Harry tão aterrorizado e infeliz não era ter sido enxotado ou as jarras que Snape tinha arremessado contra ele; era que sabia como era ser humilhado em meio a uma multidão de curiosos, sabia exatamente como Snape tinha se sentido quando seu pai o insultou e, julgando pelo que acabara de ver, seu pai era tão arrogante quanto Snape sempre dissera que era.

-- CAPÍTULO 29 --
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL


- Mas por que você não tem mais aulas de Oclumancia? - perguntou Hermione franzindo a testa.

- Eu já disse - Harry murmurou -, Snape acha que eu posso continuar sozinho agora que eu tenho a base.

- Então você parou de ter sonhos estranhos? - perguntou, cética.

- Praticamente - falou Harry, sem olhar para ela.

- Bom, eu não acho que Snape deveria parar até você ter certeza absoluta que pode controlá-los! - disse indignada. - Harry, eu acho que você deveria ir até ele e perguntar...

- Não. - falou Harry firme. - Esquece isso, ok, Hermione?

Era o primeiro dia das férias de páscoa e Hermione, como era de costume, tinha passado grande parte do dia montando horários de revisão para os três. Harry e Rony a deixaram fazer isso; era mais fácil do que brigar com ela e, de qualquer forma, poderiam ser úteis.

Rony tinha ficado espantado ao descobrir que só tinham seis semanas até os exames.

- Como isso pode ser uma surpresa? - Hermione questionou enquanto batia com sua varinha em cada quadrado do horário de Rony para que tivesse uma cor diferente de acordo com a matéria.

- Eu não sei - falou Rony. - Tem muita coisa acontecendo.

- Bom, aí está - disse, entregando a tabela de horários para ele. - Se você seguir isso vai se dar bem.

Rony olhou para a tabela desanimado mas então se animou.

- Você me deu uma noite de folga toda semana!

- É para o treino de quadribol - falou Hermione.

O sorriso sumiu do rosto de Rony.

- De que adianta? - falou chateado. - Nós temos tantas chances de ganhar a Taça de Quadribol esse ano quanto meu pai tem de se transformar em Ministro da Magia.

Hermione não disse nada; estava olhando para Harry, que estava encarando desinteressadamente a parede do outro lado da sala comunal enquanto Bichento batia com a pata em sua mão, tentando fazer com que ele coçasse suas orelhas.

- O que aconteceu, Harry?

- O quê? - falou rápido. - Nada.

Agarrou seu exemplar de Teoria da Mágica Defensiva e fingiu estar procurando por alguma coisa no índice. Bichento desistiu de esperar e se esgueirou para baixo da cadeira de Hermione.

- Eu vi a Cho mais cedo - disse Hermione, hesitante. - Ela parecia muito mal também... Vocês dois brigaram de novo?

- O qu... Ah, sim, nós discutimos - falou Harry, enquadrando-se na desculpa.

- Por quê?

- Aquela amiga cobra dela, Marietta.

- É, bem, eu não te culpo! - falou Rony zangado, largando seu horário. - Se não tivesse sido por ela...

Rony começou a discursar contra Marietta Edgecombe, o que Harry achou de muita ajuda; tudo que precisava fazer era parecer zangado, acenar com a cabeça e dizer "é" e "isso mesmo" sempre que Rony parava para respirar, deixando sua mente livre para devanear, ainda mais miseravelmente, sobre o que tinha visto na penseira.

Ele se sentia como se a lembrança o estivesse consumindo por dentro. Tinha estado tão certo de que seus pais eram pessoas maravilhosas que nunca tinha tido a menor dificuldade em não acreditar nas falhas que Snape atribuía ao caráter do seu pai. Pessoas como Harry e Sirius não disseram a Harry quanto seus pais tinham sido fantásticos? ("É, bem, olha bem para o próprio Sirius", disse uma voz implicante dentro da cabeça de Harry... "Ele era mau, não era?") Sim, ele tinha uma voz ouvido professora McGonagall dizendo que seu pai e Sirius tinham sido bagunceiros na escola mas ela os tinha descrito como concorrentes para os gêmeos Weasley e Harry não conseguia imaginar Fred e Jorge virando alguém de cabeça para baixo apenas por diversão... Ao menos que realmente o odiassem... Talvez Malfoy ou alguém que realmente merecesse isso...

Harry tentou inventar um caso para que Snape tivesse merecido o que sofreu nas mãos de Tiago, mas Lílian não tinha perguntado "O que ele te fez" e Tiago respondeu "É mais pelo fato de ele existir, se você entende o que eu falo". Tiago não tinha começado tudo isso simplesmente porque Sirius disse que estava de saco cheio? Harry lembrava de Lupin falando em Grimmauld Place que Dumbledore o tinha escolhido para monitor na esperança que exercesse algum controle sobre Tiago e Sirius... Mas na penseira ele tinha se sentado lá e deixado tudo acontecer...

Continuou se lembrando que Lílian tinha intervindo; sua mãe tinha sido decente. Mas a memória da expressão em seu rosto quando gritou com Tiago o mais perturbada do que qualquer outra coisa; ela tinha claramente odiado Tiago e Harry simplesmente não conseguia entender como poderiam ter acabado se casando. Uma ou duas vezes ele até se perguntou se Tiago a teria forçado a isso. Por aproximadamente cinco anos pensar em seu pai tinha sido uma fonte de conforto, de inspiração. Sempre que alguém dizia e ele que era como Tiago ele inflava de orgulho por dentro. E agora... Agora se sentia frio e triste ao pensar nele.

O tempo foi ficando mais fresco, claro e quente conforme as férias de Páscoa passavam mas Harry, junto com os quinto e setimanistas, estava preso do lado de dentro, revisando, indo e voltando da biblioteca. Fingiu que seu mau humor não tinha outro motivo que não fosse a proximidade dos exames e como seus colegas grifinórios estavam cheios de estudar sua desculpa não foi questionada.

- Harry, eu estou falando com você, você consegue me ouvir?

- Ahn?

Ele olhou em volta. Gina Weasley, parecendo muito descabelada, tinha se juntado à mesa da biblioteca onde estivera sentado sozinho. Era domingo à noite: Hermione tinha voltado a torre da Grifinória para revisar Runas Antigas e Rony tinha treino de quadribol.

- Ah, oi - falou Harry, largando seus livros. - Por que você não está no treino?

- Acabou. Rony teve que levar Jack Sloper para a Ala Hospitalar.

- Por quê?

- Bem, nós não temos certeza mas achamos que ele se atingiu com o próprio bastão - ela suspirou pesadamente - De qualquer forma, o pacote acabou de chegar, acabou de passar pelo novo processo de inspeção da Umbridge.

Ela colocou uma caixa embrulhada em papel marrom na mesa; claramente tinha sido desembrulhada e re-embrulhada de qualquer jeito. Tinha uma nota escrita em tinta vermelha dizendo "Revistado e liberado pela Grande Inquisitora de Hogwarts."

- Ovos de páscoa da mamãe - falou Gina. - Tem um para você... Aí está.

Ela passou para ele um bonito ovo de chocolate decorado com pequenos pomos de ouro desenhados com açúcar e, de acordo com o pacote, com um saco de Fizzing Whizzbees. Harry olhou para isso por um instante, então, para seu horror, sentiu um nó na garganta.

- Você está bem, Harry? - perguntou Gina baixo.

- Sim, eu estou legal - Harry falou subitamente. O nó na sua garganta era doloroso. Ele não entendia por que um ovo de páscoa deveria fazê-lo sentir desta forma.

- Você tem parecido realmente mal ultimamente - Gina insistiu. - Você sabe, eu tenho certeza que se você ao menos falasse com Cho...

- Não é com Cho que eu quero falar - falou Harry bruscamente.

- Quem, então? - perguntou Gina, observando-o de perto.

- Eu...

Ele olhou em volta para ter certeza que ninguém estava ouvindo. Madame Pince estava a algumas estantes de distância, pegando uma pilha de livros para Ana Abbott, que parecia ansiosa.

- Eu queria poder falar com Sirius - murmurou - mas eu sei que eu não posso.

Gina continuou a encará-lo, pensativa. Mais para se dar ao que fazer do que porque realmente queria, Harry desembrulhou seu ovo de páscoa, quebrou um grande pedaço deste e pôs dentro da boca.

- Bem - falou Gina devagar, pegando um pedaço de ovo para si também. - Se você realmente quer falar com Sirius eu acho que nós podemos encontrar uma maneira de fazer isso.

- Vamos lá - falou Harry, desanimado. - Com Umbridge fiscalizando as lareiras e lendo nossas correspondências?

- A grande coisa de crescer com Fred e Jorge - falou Gina pensativa - é que você passa a pensar que qualquer coisa é possível se você tiver cérebro o suficiente.

Harry a olhou. Talvez fosse o efeito do chocolate - Lupin sempre falava para comer algum depois de encontrar com dementadores - ou simplesmente porque finalmente tinha falado alto o que o estava queimando por dentro por uma semana mas se sentiu mais esperançoso.

- QUE RAIOS VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?

- Oh, droga - sussurrou Gina, ficando de pé. - Eu esqueci...

Madame Pince estava se aproximando deles, sua cara chupada contorcida de raiva.

- Chocolate na biblioteca! - ela gritou. - Fora, fora, FORA! - e, tirando sua varinha, ela fez os livros de Harry, sua mochila e pote de tinta perseguirem a ele e Gina até fora da biblioteca, atingindo-os repetidamente na cabeça enquanto corriam.

*

Como se para sublinhar a importância dos próximos exames, um monte de panfletos, folders e matérias a respeito de várias carreiras bruxas apareceram nas mesas na Torre da Grifinória pouco antes do fim das férias, junto com um outro aviso no quadro, que dizia:

"Todos os quintanistas devem comparecer a um pequeno encontro com o diretor da sua casa durante a primeira semana do termo de verão para discutir suas carreiras futuras. O horário dos encontros individuais está listado abaixo."

Harry olhou para lista e descobriu que ele era esperado no escritório da professora McGonagall às duas e meia na segunda-feira, o que significava que perderia a maior parte da aula de Adivinhação. Ele e os outros quintanistas passaram uma parte considerável do último fim de semana das férias de Páscoa lendo todas as informações de carreiras que tinham sido deixadas para que examinassem.

- Bom, eu não gosto de medi-bruxaria - falou Rony na última noite de férias. Estava imerso em panfletos que levavam o osso cruzado com a varinha emblema de St. Mungus na frente. - Aqui diz que você precisa de pelo menos um "E" no N.I.E.M.S de Poções, Herbologia, Transfiguração, Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas. Eu quero dizer... Caramba... Não querem muito, querem?

- Bom, é um trabalho de muita responsabilidade, não é? - falou Hermione, distraída. Estava lendo atentamente um papel rosa-choque e laranja com o título "ENTÃO VOCÊ ACHA QUE GOSTARIA DE TRABALHAR EM RELAÇÕES COM OS TROUXAS".

- Aparentemente, você não precisa ter muitas qualificações para lidar com trouxas; tudo que querem é um N.O.M. em Estudos dos Trouxas: Muito mais importante é seu entusiasmo, paciência e bom senso de humor.

- Você precisaria de mais que bom senso de humor para lidar com meu tio - falou Harry, sombrio. - Mais provavelmente um bom reflexo para desviar - estava no meio de um panfleto sobre Banco Bruxo. - Ouçam isso: você está procurando por uma carreira desafiadora, ligada a viagens, aventura e bens, boas recompensas relacionadas com perigo? Então considere uma vaga no Banco Bruxo Gringotes, que está correntemente contratando desfazedores de feitiços para oportunidades emocionantes no exterior... Mas querem Aritmancia; você poderia fazer isso, Hermione!

- Eu não gosto muito de bancos - falou Hermione vagamente, agora imersa em "VOCÊ TEM O QUE É PRECISO PARA TREINAR TRASGO DE SEGURANÇA?"

- Hey - falou uma voz no ouvido de Harry. Ele olhou em volta; Fred e Jorge tinham vindo se juntar a eles. - Gina falou com a gente sobre você - falou Fred, esticando as pernas sobre a mesa à frente deles, ocasionando a queda de alguns folders com o emblema do Ministério da Magia na frente. - Ela diz que você precisa falar com Sirius?

- O quê? - Falou Hermione cortantemente, congelando com sua mão no meio do caminho para pegar "FAÇA UM BUM NO DEPARTAMENTO DE ACIDENTES MÁGICOS E CATÁSTROFES".

- É... - falou Harry, tentando soar desinteressado. - É, eu acho que gostaria...

- Não seja ridículo - falou Hermione, endireitando-se e olhando para ele como se não conseguisse acreditar em seus olhos. - Com Umbridge tomando conta das lareiras e fiscalizando todas as corujas?

- Bem, nós achamos que podemos achar uma forma mesmo assim - falou Jorge, espreguiçando-se e sorrindo. - É uma simples questão de causar diversão. Agora, você deve ter notado que nós temos estado bem quietos no que diz respeito a destruições durante as férias de Páscoa?

- De que adianta nós perguntamos a nós mesmos, de que adianta o desperdício de tempo útil? - continuou Fred. - De nada, nós respondemos a nós mesmo. E claro que nós estragamos as revisões das pessoas também, o que seria a última coisa que nós gostaríamos de fazer.

Ele deu a Hermione um aceno virtuoso. Ela pareceu um pouco desconcertada com esse pensamento.

- Mas esse tipo de negócio é natural - continuou Fred prontamente - e se nós vamos causar um pouco de tumulto então por que não fazer isso para que Harry possa ter sua conversa com Sirius?

- Sim, mas mesmo assim - falou Hermione, com um jeito de quem está explicando uma coisa muito simples para uma pessoa muito lenta -, mesmo que vocês consigam uma distração, como Harry conseguiria falar com ele?

- Do escritório da Umbridge - falou baixinho.

Estivera pensando nisso por duas semanas e não conseguiu pensar em nenhuma outra forma. A própria Umbridge tinha dito a ele que a única lareira que não estava sendo monitorada era a dela.

- Vocês estão loucos? - falou Hermione em uma voz abafada.

Rony tinha abaixado seu folder sobre trabalhos na Cultiva de Fungos e

Empreendimentos e agora assistia a conversa atentamente.

- Eu não acho - falou Harry, dando de ombros.

- E como você vai chegar até lá, pra começar?

Harry estava pronto para responder essa pergunta.

- O canivete de Sirius - falou.

- Como?

- No Natal passado, antes desse último, Sirius me deu um canivete que abre qualquer tranca. Então mesmo que ela esteja enfeitiçada para que Alorromora não funcione, o que eu aposto que ela fez...

- O que você acha disso? - Hermione perguntou incisivamente para Rony e Harry inevitavelmente se lembrou da Sra. Weasley apelando para seu marido durante o primeiro jantar de Harry em Grimmauld Place.

- Eu não sei - falou Rony, parecendo apavorado por terem perguntado sua opinião. - Se Harry quer fazer, é com ele, não?

- Falou como um amigo de verdade e um Weasley - falou Fred, dando um tapinha nas costas de Rony. - Então tá. Nós estávamos pensando em fazer isso amanhã, logo depois das aulas, porque causaria o máximo de impacto se todo mundo estiver nos corredores. Harry, nós faremos isso em algum lugar da Ala Oeste, levá-la para bem longe do próprio escritório. Eu acho que podemos te garantir o que, vinte minutos? - falou, olhando para Jorge.

- Tranqüilamente - falou Jorge.

- Que tipo de confusão é essa? - perguntou Rony.

- Você vai ver, irmãozinho - falou Fred enquanto ele e Jorge se levantavam novamente. - A menos que você passe pelo corredor de Gregório, o Adulador, por volta das cinco da tarde amanhã.

*

Harry acordou muito cedo no dia seguinte, sentindo-se quase tão ansioso como na manhã da sua audiência no Ministério da Magia. Não era apenas a iminência de invadir o escritório da Umbridge e usar sua lareira para falar com Sirius que o estava fazendo se sentir nervoso, apesar de que isso já era ruim o suficiente; também seria a primeira vez que Harry estaria perto de Snape desde que o professor o tinha o expulsado de seu escritório.

Depois de ficar algum tempo deitado na cama, pensando no dia que tinha à frente, Harry se levantou silenciosamente e cruzou o quarto até a janela ao lado da cama de Neville, olhou para fora para uma manhã realmente gloriosa. O céu estava claro, cheio de neblina, azul leitoso. Diretamente à sua frente podia ver a grandiosa árvore sob a qual seu pai tinha um dia atormentado Snape. Ele não tinha certeza o que Sirius poderia lhe dizer que desculpasse pelo que tinha visto na penseira mas estava desesperado para ouvir a versão do padrinho sobre o que tinha acontecido, para saber de alguma coisa atenuadora, alguma razão para o comportamento do seu pai...

Alguma coisa chamou a atenção de Harry: movimento nos limites da Floresta Proibida. Harry espremeu os olhos e viu Hagrid surgindo do meio das árvores. Parecia estar mancando. Enquanto Harry o observava Hagrid andou com dificuldade até a porta de sua cabana e desapareceu dentro dela. Hagrid não apareceu de novo mas saiu fumaça pela chaminé, logo não estava tão machucado que fosse incapaz de acender o fogo.

Afastou-se da janela, foi em direção ao seu malão e começou a se vestir.

Com a iminência de invadir a o escritório da Umbridge à frente, Harry nunca tinha esperado que o dia fosse calmo mas não levou em conta as tentativas quase contínuas por parte Hermione para tentar convencê-lo a não fazer o que planejava às cinco horas. Pela primeira vez ela estava mais desatenta ao professor Binns em História da Magia que Harry e Rony, com uma maré de pessimismos que Harry estava tentando arduamente ignorar.

- E se ela te pegar além de te expulsar poderá descobrir que você esteve falando com Snuffles e dessa vez eu espero que ela te force a beber Veritasserum e responder as perguntas dela...

- Hermione - falou Rony em uma voz baixa e indignada -, você não vai parar de brigar com Harry e ouvir o Binns ou eu vou ter que fazer minhas próprias anotações?

- Tomar notas pra variar não vai te matar!

Quando alcançaram as masmorras nem Harry nem Rony estavam falando com Hermione. Pouco intimidada, ela tirou vantagem do silêncio deles para continuar com a maré ininterrupta de avisos pessimistas, todos articulados aos sussurros em um sibilo continuo que fez Simas gastar cinco minutos inteiros procurando por furos em seu caldeirão.

Enquanto isso, Snape, parecia ter decidido agir como se Harry fosse invisível. Harry, é claro, estava bastante acostumado com essa tática, já que era uma das preferidas de tio Válter e, no geral, estava agradecido por não ter que sofrer nada pior. De fato, comparado com o que geralmente tinha que aturar vindo de Snape no sentido de comentários ridicularizadores e desprezíveis considerou a nova atitude um progresso e estava contente de descobrir que quando era deixado em paz era capaz de preparar facilmente uma Poção Vigorante. Ao final da aula colocou um pouco da poção em um frasco, tampou-o e levou à mesa de Snape para ser examinada, sentindo que devia ter alcançado no mínimo um E.

Tinha acabado de se virar quando ouviu um barulho de quebra. Malfoy deu um grito alegre de riso. Harry virou de costas. O frasco de sua poção estava em pedaços no chão e Snape o estava olhando com uma cara de alegria maliciosa.

- Oops - falou suavemente. - Outro zero então, Potter.

Harry estava muito irritado para falar. Voltou para seu caldeirão, pretendendo encher outro frasco e forçar Snape a avaliá-lo mas, para seu horror, viu que o resto da poção tinha desaparecido.

- Sinto muito! - falou Hermione, com as mãos sobre a boca. - Eu realmente sinto muito, Harry. Eu achei que você tinha acabado, então eu limpei!

Harry não conseguiu responder. Quando o sinal tocou ele saiu rapidamente das masmorras sem um olhar para trás e fez questão de se sentar entre Neville e Simas no almoço, de forma que Hermione não pudesse implicar com ele por usar o escritório da Umbridge. Estava com um humor tão ruim que quando chegou à Adivinhação tinha praticamente esquecido sua conversa sobre carreiras com a professora McGonagall, lembrando apenas quando Rony perguntou a ele por que não estava no escritório dela. Correu de volta para cima e chegou sem ar, apenas alguns minutos atrasado.

- Desculpe professora - ele ofegou enquanto fechava a porta. - Eu esqueci.

- Não tem problema, Potter - ela falou energética mas conforme falava outra pessoa fungou no canto. Harry olhou em volta.

A professora Umbridge estava sentada lá, a prancheta nos joelhos, um babado exagerado em volta do seu pescoço e um pequeno, horrível sorriso de satisfação em seu rosto.

- Sente-se Potter - falou a professora McGonagall eficientemente. As mãos dela tremeram levemente enquanto reunia os vários panfletos que cobriam sua mesa.

Harry se sentou de costas para Umbridge e fez o melhor que pôde para fingir que não conseguia ouvir a pena dela arranhando a prancheta.

- Bom, Potter, esse encontro é pra falar sobre as possíveis carreiras que você pode seguir e te ajudar a decidir que matérias você deve continuar nos sexto e sétimo anos - falou a professora McGonagall. - Você teve alguma idéia do que gostaria de fazer depois que deixasse Hogwarts?

- Ahn... - falou Harry. Estava achando o barulho de arranhar de trás dele muito perturbador.

- Sim? - a professora McGonagall o estimulou.

- Bem, eu pensei em, talvez, ser um Auror - murmurou.

- Você vai precisar das melhores notas para isso - respondeu, pegando um folder pequeno e escuro debaixo da montanha em cima da sua mesa e abrindo. - Eles pedem por no mínimo cinco N.I.E.M.s e nenhuma nota menor que "acima das expectativas", pelo que vejo. Depois vão te pedir para passar por uma série rigorosa de testes de caráter e aptidão no departamento de Aurores. Na verdade, acho que ninguém entrou nos últimos três anos.

Nessa altura a professora Umbridge deu uma pequena tossida, como se estivesse tentando descobrir o quão silenciosamente ela poderia fazê-lo. A professora McGonagall a ignorou.

- Você quer saber que matérias você deve fazer, eu suponho? - continuou falando um pouco mais alto que antes.

- Sim - falou Harry. - Defesa Contra as Artes das trevas, eu suponho?

- Naturalmente - falou firme. - Eu também recomendaria...

A professora Umbridge tossiu novamente, um pouco mais audivelmente desta vez. McGonagall fechou os olhos por um momento, abriu-os de novo e continuou como se nada tivesse acontecido.

- Eu também recomendaria Transfiguração, porque aurores freqüentemente precisam transfigurar ou destransfigurar em seu trabalho. E eu gostaria de te dizer agora, Potter, que eu não aceito estudantes da minha turma de N.I.E.M. a menos que eles tenham alcançado "acima das expectativas" ou mais nos Níveis Ordinários de Magia. Eu diria que sua média está "aceitável" no momento então você precisaria de um pouco mais de dedicação antes para poder ter uma chance de continuar. Então, você deve fazer Feitiços, sempre útil, e Poções. Sim, Potter, Poções - acrescentou com o menor tremor de um sorriso. - Venenos e antídotos são estudos essenciais para aurores. E eu devo te dizer que professor Snape absolutamente não aceita estudantes que tenham qualquer coisa que não seja "excelente" em seus N.O.M.'s, então...

A professora Umbridge tossiu da forma mais perceptível até então.

- Posso te oferecer uma pastilha para tosse, Dolores? - McGonagall perguntou abruptamente, sem olhar para professora Umbridge.

- Ah, não, muito obrigada - falou Umbridge, com a risadinha besta que Harry tanto detestava. - Eu só estava querendo saber se eu poderia fazer uma pequena interrupção, Minerva?

- Eu ouso dizer que você vai descobrir que pode - falou a professora McGonagall entre os dentes.

- Eu estava apenas me perguntando se Sr. Potter tem o temperamento correto para um Auror - disse docemente.

- Estava, é? - respondeu com desprezo. - Bem,

Potter - continuou como se não tivesse havido interrupção. - Se você está realmente levando a sério essa ambição eu deveria te recomendar a se concentrar firmemente em trazer suas Transfigurações e Poções para o máximo. Eu vejo que professor Flitwick te avaliou entre "Aceitável" e "Acima das Expectativas" nos últimos dois anos, então seu trabalho em Feitiços parece satisfatório. Enquanto em Defesa Contra as Artes das Trevas suas notas têm sido geralmente altas, o professor Lupin em particular pensou que você... Tem certeza que você não gostaria de uma pastilha para tosse, Dolores?

- Ah, sem a menor necessidade, obrigada, Minerva - desprezou a professora Umbridge, que tinha acabado de tossir o seu mais alto agora. - Eu apenas estava preocupada que você talvez não tivesse a nota mais recente de Harry em Defesa Contra as Artes das Trevas nas suas mãos. Eu tenho certeza que eu deixei uma anotação.

- O quê, essa coisa? - falou a professora McGonagall em tom de repulsa enquanto pegava uma folha de pergaminho rosa do meio das folhas da pasta de Harry. Olhou o papel, suas sobrancelhas ergueram-se levemente, então colocou de volta na pasta sem comentários. - Sim,como eu estava dizendo, Potter, o professor Lupin acha que você demonstrou a aptidão correta para a matéria e, obviamente para um Auror...

- Você não entendeu minha anotação, Minerva? - perguntou a professora Umbridge em seu tom adocicado, certamente esquecendo de tossir.

- Claro que eu entendi - falou a outra, seus dentes tão cerrados que as palavras saíram um pouco sibiladas.

- Bem, então, eu estou confusa... Tenho medo que eu não consiga entender direito como você pode dar falsas esperanças ao Sr. Potter que...

- Falsas esperanças? - repetiu a professora McGonagall, ainda se recusando a se virar para olhar Umbridge. - Ele conseguiu notas altas em todos seus exames de Defesa Contra as Artes das Trevas...

- Eu sinto muitíssimo em te contradizer, Minerva, mas como você verá na minha anotação Harry tem tido resultados muito ruins em suas aulas comigo...

- Eu deveria ter falado mais claramente - falou a professora McGonagall, finalmente virando para olhar Umbridge diretamente nos olhos. - Ele alcançou notas altas em todos os exames de Defesa Contra as Artes das Trevas feitos por um professor competente.

O sorriso da professora Umbridge desapareceu tão repentinamente quanto uma lâmpada apagando. Ela se sentou de volta em sua cadeira, virou uma folha em sua prancheta e começou a escrever realmente rápido, seus olhos saltados revirando de um lado para o outro. McGonagall se virou de volta para Harry, suas narinas finas inflando, seus olhos queimando.

- Alguma pergunta, Potter?

- Sim. Que tipo de testes de aptidão e psicotécnicos o Ministério faz com você, se você tiver N.I.E.M.s o suficiente?

- Bem, você precisa demonstrar habilidade de reagir bem a pressão e por aí vai. Perseverança e dedicação, porque o treino para Auror leva mais três anos, sem mencionar habilidades muito grandes em Defesa prática. Isso vai significar muito mais estudos mesmo depois que você sair da escola, então a menos que você esteja preparado para...

- Eu acho que você também vai descobrir - falou Umbridge, sua voz

muito fria agora - que o Ministério também checa a ficha de quem se candidata para Auror. Sua ficha criminal.

- A menos que você esteja preparado para fazer ainda mais testes depois de Hogwarts, você realmente deveria procurar por outra..

- O que significa que este menino tem tanta chance de se tornar um Auror quanto Dumbledore de voltar a essa escola.

- Uma chance muito grande, então - falou McGonagall.

- Potter tem crimes na ficha! - falou Umbridge alto.

- Potter foi inocentado de todas as culpas - falou McGonagall, ainda mais alto.

A professora Umbridge se levantou. Ela era tão pequena que isso não fazia uma grande diferença mas seu jeito fútil e tolo tinha dado lugar a uma fúria dura que fazia sua cara larga e flácida parecer estranhamente sinistra.

- Potter não tem uma chance que seja de virar Auror!

A professora McGonagall ficou de pé também e em seu caso era um movimento muito mais impressionante; sobrepunha a professora Umbridge.

- Potter - falou em um tom continuo -, eu te ajudarei a se tornar um Auror nem que seja a última coisa que eu faça! Se eu tiver que te orientar a cada noite farei de tudo para que você atinja os resultados necessários!

- O Ministério da Magia nunca vai empregar Harry Potter! - falou Umbridge, sua voz aumentando furiosamente.

- Pode muito bem haver um novo Ministro da Magia à altura que Potter estiver pronto para entrar! - gritou a professora McGonagall.

- Ahá! - gritou Umbridge, apontando o dedo gorducho para McGonagall. - Sim! Sim, sim, sim! É claro! É isso que você quer, não é, Minerva McGonagall? Você quer Cornélio Fudge sendo substituído por Alvo Dumbledore! Você acha que vai estar onde eu estou, não acha: Subsecretária Sênior do Ministro e Diretora para completar!

- Você está delirando - falou, soberbamente desdenhosa. - Potter, isso conclui sua consulta.

Harry girou sua mochila sobre o ombro e se apressou para fora da sala, sem ousar olhar para Umbridge. Ele a pôde ouvir e a professora McGonagall continuando a gritar uma com a outra por todo o caminho ao longo do corredor. Umbridge continuava a respirar como se tivesse acabado de competir numa corrida quando chegou na aula deles de Defesa Contra as Artes das Trevas àquela tarde.

- Eu espero que você tenha pensado melhor no que você está planejando fazer, Harry - Hermione sussurrou no momento em que abriram seus livros no "Capítulo 34, Não retaliação e Negociação." - Parece que Umbridge já está com um humor realmente ruim.

Toda hora Umbridge lançava olhares raivosos para Harry, que mantinha sua cabeça abaixada encarando seu Teoria da Defesa Mágica, seus olhos desfocados, pensando...

Conseguia imaginar a reação da professora McGonagall se fosse pego no escritório da professora Umbridge poucas horas depois de ela ter dado força a ele... Não tinha nada para impedi-lo, simplesmente voltar para a Torre da Grifinória e esperar que em algum momento durante as próximas férias de verão tivesse a chance de perguntar a Sirius sobre a cena que tinha testemunhado na penseira... Nada, exceto que o pensamento de tomar esse rumo sensível de atitude o fazia sentir como se um peso enorme tivesse caído dentro de seu estômago... E então tinha a questão de Fred e Jorge, cuja bagunça já estava planejada, sem mencionar o canivete que Sirius tinha lhe dado, que estava agora guardado em sua mochila com a velha capa de invisibilidade de seu pai. Mas ainda tinha o fato de que se ele fosse pego...

- Dumbledore se sacrificou para te manter na escola, Harry! - sussurrou Hermione, levantando seu livro para esconder o rosto de Umbridge. - E se você for mandado embora hoje vai ter sido tudo à toa!

Ele poderia abandonar o plano e simplesmente aprender a viver com a memória do que seu pai tinha feito em um dia de verão mais de vinte anos atrás... Então lembrou de Sirius na lareira na sala comunal da Grifinória... "Você é menos parecido com seu pai do que eu pensei... O risco teria sido o que traria a diversão a Tiago..." Mas ele continuava querendo ser como seu pai?

- Harry, não faça isso, por favor não faça isso! - Hermione falou em um tom angustiado conforme o sinal tocou no final da aula.

Não respondeu; não sabia o que fazer. Rony parecia determinado em não dar nem sua opinião nem um conselho; não olharia para Harry apesar de quando Hermione abriu a boca para tentar convencê-lo mais um pouco ele falou em uma voz baixa.

- Dê um tempo a ele, ok? Ele pode tomar uma decisão sozinho.

O coração de Harry batia muito rápido quando saiu da sala. Já estava no meio do caminho do corredor do lado de fora quando ouviu o som inconfundível da confusão acontecendo à distância. Tinham gritos e berros ecoando de algum lugar acima deles; as pessoas saindo das salas de aula em volta de Harry estavam interrompendo seus caminhos e olhando para o teto assustadas.

Umbridge veio aos trancos para fora de sua sala tão rápido quanto suas pequenas pernas podiam levá-la.

- Harry, por favor! - Hermione implorou rapidamente.

Mas ele já tinha tomado uma decisão; puxando sua mochila mais seguramente sobre seu ombro começou uma corrida, desviando pra lá e pra cá dos estudantes, agora todos se apressando na direção oposta para ver por que toda aquela confusão que estava acontecendo na Ala Oeste. Alcançou o corredor do escritório da Umbridge e o achou deserto.Jogando-se atrás de uma armadura grande cujo capacete se moveu para observá-lo ele abriu sua mochila, encontrou o canivete de Sirius e colocou a capa de invisibilidade. Então se esgueirou lenta e cuidadosamente de trás da armadura e pelo corredor até alcançar a porta de Umbridge.

Colocou a lâmina do canivete mágico dentro da fechadura e a moveu gentilmente para cima e para baixo, então a removeu. Teve um click fino e a porta se abriu. Esgueirou-se para dentro do escritório, fechou a porta rapidamente atrás de si e olhou em volta. Nada estava se movendo a não ser os horríveis filhotes de gato que continuavam a se mover despreocupados nas sancas acima das vassouras confiscadas.

Tirou sua capa e, com passos largos até a lareira, achou o que estava procurando em questão de segundos: uma pequena caixa contendo Pó de Flu brilhante.

Agachou-se na frente da lareira vazia, suas mãos sacudindo. Nunca tinha feito isso antes, apesar de achar que sabia como isso devia funcionar. Pondo sua cabeça dentro da lareira, pegou uma grande quantidade de pó e jogou na lenha empilhada abaixo dele. Elas explodiram em chamas verde esmeralda na mesma hora.

- Número doze, Grimmauld Place! - Harry falou alto e claramente.

Foi uma das sensações mais curiosas que já tinha experimentado. Tinha viajado por Pó de Flu antes, claro, mas tinha sido seu corpo inteiro que tinha dado voltas e voltas pela rede de lareiras bruxas que se espalhavam pelo país. Dessa vez seus joelhos continuavam firmes no chão frio do escritório de Umbridge e apenas sua cabeça corria pelo fogo esmeralda. E então, tão abruptamente como quanto tinha começado, a corrida terminou. Sentindo-se um tanto mal e como se estivesse vestindo um cachecol excepcionalmente quente em volta da cabeça, Harry abriu os olhos para descobrir que estava olhando da lareira da cozinha para a longa mesa de madeira, onde um homem sentava estudando um pedaço de pergaminho.

- Sirius?

O homem pulou e olhou em volta. Não era Sirius, mas sim Lupin.

- Harry! - falou, parecendo bastante chocado. - O que você... O que aconteceu, está tudo bem?

- Sim. Eu estava pensando... Quero dizer, eu gostaria de... De falar com Sirius.

- Eu vou chamá-lo - falou Lupin, ficando de pé, ainda parecendo perplexo. - Ele foi lá em cima procurar por Kreacher, parece estar se escondendo nas colunas novamente...

E Harry viu Lupin se apressar para fora da cozinha. Agora tinha sido deixado sem nada para olhar além de a cadeira e as pernas da mesa.

Ele se perguntava porque Sirius nunca tinha mencionado o quão desconfortável era falar da lareira; seus joelhos estavam já reclamando dolorosamente por conta do seu contato prolongado com o chão de pedra do escritório da Umbridge.

Lupin voltou com Sirius nos seus tornozelos alguns momentos depois.

- O que é? - falou urgentemente, tirando seu longo cabelo negro da frente dos seus olhos e se atirando no chão em frente ao fogo, de forma que ele e Harry estivesse da mesma altura. Lupin se ajoelhou também, parecendo muito preocupado. - Você está bem? Você precisa de ajuda?

- Não. Não é nada disso... Eu só queria falar... Sobre meu pai.

Eles trocaram olhares muito surpresos mas Harry não tinha tempo de se sentir intimidado ou embaraçado; seus joelhos estava ficando mais machucados a cada segundo e achava que cinco minutos já tinham passado desde o inicio da confusão; Jorge só tinha lhe garantido vinte. Então começou imediatamente a contar a história do que tinha visto na penseira.

Quando acabou nem Sirius nem Lupin falou por um momento. Então este último falou baixo:

- Eu não gostaria que você julgasse seu pai pelo que você viu ali, Harry. Ele só tinha quinze anos...

- Eu tenho quinze anos! - falou com raiva.

- Olha Harry - falou Sirius pacificadoramente. - Tiago e Snape odiaram um ao outro desde o momento em eles puseram os olhos um no outro, isso era apenas uma das coisas, você consegue entender isso, não consegue? Eu acho de Tiago era tudo que Snape queria ser: popular, bom em quadribol, bom em quase tudo. E Snape era apenas aquele pequeno excêntrico que estava até as orelhas de Artes das Trevas e Tiago, seja o que for que ele tenha parecido para você, Harry, sempre odiou Artes das Trevas.

- Sim. Mas simplesmente atacar Snape sem nenhum bom motivo, só porque... Bem, só porque você disse que estava de saco cheio -  terminou com um quê de desculpa na sua voz.

- Eu não tenho orgulho disso - falou Sirius rapidamente.

Lupin olhou de rabo-de-olho para o amigo então disse:

- Olha, Harry, o que você tem que entender é que seu pai e Sirius eram os melhores na escola no que quer que fizessem, todo mundo achava que eles eram o máximo da popularidade, se eles às vezes se deixavam levar...

- Se nós às vezes éramos arrogantes como pequenos caras de Berk você quer dizer - falou Sirius e Lupin sorriu.

- Ele ficava bagunçando o cabelo - falou Harry em uma voz dolorida.

Os dois riram.

- Eu tinha esquecido que ele costumava fazer isso - falou Sirius afetuosamente.

- Ele estava brincando com o pomo? - perguntou Lupin astutamente.

- Estava - disse Harry, olhando incompreensivamente enquanto Sirius e Lupin sorriam continuamente. - Bem... Eu achei que ele era um tanto idiota.

- Claro que ele era um tanto idiota! - falou Sirius revigorantemente. - Nós éramos todos idiotas! Bem, Aluado nem tanto -  ele falou justamente olhando para Lupin, mas este sacudiu a cabeça.

- Eu falei alguma vez para vocês deixarem Snape em paz? Alguma vez eu tive cara para dizer a vocês que eu achava que vocês estavam exagerando?

- Bem, é. Você nos fazia ter vergonha de nós mesmos de vez em quando... Isso era alguma coisa.

- E - falou Harry perversamente, determinado a dizer tudo que tinha em mente agora que estava lá - ele ficava olhando para as garotas em volta do lago, esperando que elas estivessem olhando para ele!

- Ah, bem, ele sempre se fazia de bobo quando Lílian estava por perto. - falou Sirius, dando de ombros. - Ele não conseguia deixar de se exibir sempre que estava perto dela.

- Como foi que eles se casaram? - perguntou Harry miseravelmente. - Ele o odiava!

- Não, ela não odiava - falou Sirius.

- Ela começou a sair com ele no sétimo ano - falou Lupin.

- Depois que Tiago tinha aberto um pouco sua mente - disse Sirius.

- E parou de azarar pessoas só por diversão - falou Lupin.

- Até Snape? - perguntou Harry.

- Bem - falou Lupin vagarosamente -, Snape era um caso especial. Eu quero dizer, ele nunca perdia uma oportunidade de amaldiçoar Tiago então você não podia realmente esperar que seu pai levasse isso na boa, podia?

Sirius franziu a testa para Harry, que continuava olhando sem se convencer.

- Olha - ele falou -, seu pai foi o melhor amigo que eu já tive e era uma boa pessoa. Um monte de gente é idiota aos quinze anos. Ele cresceu e saiu dessa.

- Ah, ok - falou Harry pesadamente. - Eu só nunca achei que eu me sentiria mal por Snape.

- Agora que você mencionou - falou Lupin, uma forte linha entre suas sobrancelhas. - Como Snape reagiu quando descobriu que você tinha visto tudo isso?

- Ele me disse que nunca mais me ensinaria Oclumancia - disse, indiferente. - Como se isso fosse um grande desapontamento...

- Ele O QUÊ? - gritou Sirius, fazendo com que Harry pulasse e inalasse uma boca inteira de cinzas.

- Você está falando sério, Harry? - falou Lupin rapidamente. - Ele parou de te dar aulas?

- Sim - falou Harry, surpreso pelo que considerava uma reação muito exagerada. - Mas está ok, eu não me importo, é um pouco de alivio para a falar a...

- Eu vou ai ter uma palavra com Snape! - falou Sirius com força e ele realmente levantou mas Lupin o puxou para baixo novamente.

- Se alguém vai falar com Snape serei eu! - falou firmemente. - Mas Harry, antes de tudo, você vai voltar até Snape e falar a ele que de maneira nenhuma deve parar de te dar aulas, quando Dumbledore ouvir...

- Eu não posso dizer isso a ele, ele me mataria! - falou Harry violentamente. - Você não o viu quando ele me tirou da penseira.

- Harry, não tem nada tão importante quanto você aprender Oclumancia! - falou Lupin severamente.

- Ok, ok - falou Harry, completamente descomposto, para não mencionar aborrecido. - .Então.. Eu vou tentar falar alguma coisa... Mas não vai ser...

Ele ficou calado. Conseguia ouvir passos distantes.

- Isso é Kreacher descendo?

- Não - falou Sirius, olhando para trás de si. - Deve ser alguém do seu lado.

O coração de Harry pulou algumas batidas.

- Eu tenho que ir! - falou rapidamente e puxou sua cabeça pra fora da lareira de Grimmauld Place. Por um momento sua cabeça parecia estar rodando sobre seus ombros, então se entrou ajoelhado na frente da lareira de Umbridge com seu fundo firme e agora observando as chamas esmeralda sacudirem e apagarem.

- Rápido, rápido! - ele ouviu uma voz bufando murmurar logo de fora da porta do escritório. - Ah, ela deixou aberta...

Harry mergulhou até a capa da invisibilidade e tinha acabado de conseguir colocá-la de volta em si quando Filch apareceu dentro do escritório. Parecia absolutamente deliciado com alguma coisa e falava ferventemente consigo mesmo enquanto atravessava o cômodo, abriu uma gaveta da escrivaninha de Umbridge, começou a vasculhar pelos papéis dentro dela.

- Aprovação de Castigos... Aprovação de Castigos... Eu finalmente posso fazer isso... Eles têm procurado isso por anos...

Ele pegou um pedaço de pergaminho, beijou-o, então arrastou os pés rapidamente de volta pra fora da porta, apertando-o contra o peito. Harry se levantou e, tendo certeza de que estava com sua mochila e que a capa da invisibilidade o estava cobrindo completamente, abriu a porta e correu para fora do escritório atrás de Filch, que estava se mancando o mais rápido que Harry já o tinha visto ir.

Um andar abaixo do escritório da Umbridge, Harry achou que era seguro voltar a ser visível. Tirou a capa, enfiou-a na mochila e se apressou para continuar. Tinha muito barulho de gritos e movimento vindo do Saguão de Entrada. Correu escada de mármore abaixo e achou o que parecia ser a maior parte dos alunos da escola ali. Era exatamente como na noite que Trelawney tinha sido despedida. Estudantes estavam de pé ao longo da parede em um grande círculo (alguns deles, Harry notou, cobertos por uma substância que parecia muito gosma); professores e fantasmas também estavam na multidão.

Destacados dos demais observadores estavam os membros do Esquadrão Inquisidor, todos parecendo bastante contentes consigo mesmos, e Pirraça, flutuando acima, olhava para baixo para Fred e Jorge, que estavam parados no meio do chão, a aparência inegável de duas pessoas que tinha acabado de ser encurraladas.

- Então! - falou Umbridge triunfantemente. Harry percebeu que ela estava de pé apenas alguns degraus à sua frente, mais uma vez olhando para baixo sobre sua caça. - Então... Vocês acharam interessante transformar o corredor da escola em um pântano, não acharam?

- Bastante interessante, é - falou Fred, olhando para ela sem o menor sinal de medo.

Filch abriu seu caminho para mais perto de Umbridge, quase chorando de felicidade.

- Eu peguei o formulário, diretora - falou rouco, sacudindo o pedaço de pergaminho que Harry tinha acabado de vê-lo pegar da escrivaninha dela. - Eu tenho o formulário e tenho as varas prontas... Ah, me deixe fazer isso agora...

- Muito bem, Argo - ela falou. - Vocês dois - ela continuou olhando para Fred e Jorge - estão prontos para aprender o que acontece com desordeiros da minha escola?

- Você sabe? - falou Fred. - Nós não achamos que vamos.

Ele virou para o seu gêmeo.

- Jorge - disse Fred. - Eu acho que nós já passamos da fase da  educação em tempo integral.

- É, eu tenho me sentido assim também - Falou Jorge levemente.

- É hora de testar nossos talentos no mundo real, você não acha? - perguntou Fred.

- Definitivamente - disse Jorge.

E antes que Umbridge pudesse dizer uma palavra eles levantaram suas varinhas e disseram ao mesmo tempo:

- Accio Vassouras!

Harry ouviu um crack alto em algum lugar distante. Olhando para a esquerda ele desviou bem em tempo. As vassouras de Fred e Jorge, uma ainda levantou a pesada corrente e o prego de ferro com os quais Umbridge as tinha prendido na parede, estavam rugindo pelos corredores na direção de seus donos; viraram à esquerda, voaram escada a baixo e pararam exatamente na frente dos gêmeos, a corrente batendo com barulho no chão de pedra polida.

- Nós não te veremos logo - falou Fred para a professora Umbridge, passando a perna sobre sua vassoura.

- É, a gente não se preocupa em manter contato - falou Jorge, montando sua própria.

Fred olhou em volta para os alunos, a multidão que observava silenciosa.

- Se alguém quiser comprar pântanos portáteis como nos demonstramos lá em cima venha ao número noventa e três do Beco Diagonal, As Gemialidades Weasley - falou em voz alta. - Nossas novas premissas!

- Descontos especiais para alunos de Hogwarts que jurem que vão usar nossos produtos para se livrar dessa morcega velha - adicionou Jorge, apontando para a professora Umbridge.

- Segurem eles! - gritou Umbridge mas era tarde demais.

Enquanto o Esquadrão Inquisidor fechava em volta dos gêmeos Fred e Jorge saíram do chão, subindo quatro metros e meio no ar, a corrente de ferro sacudia perigosamente abaixo. Fred olhou para o outro lado do saguão para o poltergeist flutuando um nível acima da multidão.

- Mande o inferno pra ela por nós, Pirraça.

E Pirraça, que Harry nunca tinha visto obedecer a um aluno antes, tirou seu chapéu uivante da cabeça e sacudiu para saudar enquanto Fred e Jorge faziam a volta sobre aplausos tumultuosos dos alunos abaixo, aceleraram para as portas abertas da frente em direção a um pôr-do-sol glorioso.

-- CAPÍTULO 30 --
GRAWP


A história do vôo para a liberdade de Fred e Jorge era narrada tão freqüentemente durante os dias que se seguiram que Harry estava apostando que a matéria logo se tornaria lenda de Hogwarts: dentro de uma semana testemunhas estavam meio convencidas que tinham visto os gêmeos mergulharem bombardeando Umbridge nas vassouras e tinham jogado Bombas de Bosta antes de zunir pela saída. E imediatamente depois desta partida houve um grande falatório sobre os copiar. Harry freqüentemente ouviu estudantes que diziam coisas como "Honestamente tem dias que eu tenho vontade de saltar em minha vassoura e deixar este lugar" ou então "Mais uma lição como esta e posso fazer como o Weasley".

Fred e Jorge tinham certeza que ninguém os esqueceria tão cedo. Em primeiro lugar não tinham deixado instruções em como remover o pântano que agora enchia o corredor do quinto andar da ala oeste. Umbridge e Filch tinham sido vistos tentando vários meios diferentes de o remover mas sem sucesso. Eventualmente a área era interditada por Filch enquanto rangendo os dentes furiosamente chutava os estudantes para as salas de aulas. Harry tinha certeza que professores como McGonagall ou Flitwick teriam removido o pântano em um segundo mas no caso de Fred e Jorge terem se espalhado com tanto divertimento eles pareciam preferir assistir a luta de Umbridge.

Haviam dois buracos moldados em forma de vassoura na porta do escritório de Umbridge, que as Cleansweeps de Fred e Jorge fizeram pra retornar aos seus mestres. Filch fixou uma nova porta e retirou a Firebolt de Harry da masmorra, foi o que disseram, Umbridge tinha colocado um trasgo como segurança e armado para vigiá-la. Porém seus problemas estavam bem longe de acabar.

Inspirados nos exemplos de Fred e Jorge, um grande número de estudantes estavam agora competindo pelas vagas recentemente desocupadas de Encrenqueiros-Chefes. Apesar da nova porta, alguém conseguiu pôr um peludo Pelúcio dentro do escritório de Umbridge, a qual prontamente vasculhou separadamente o lugar a procura de objetos brilhantes, pulando em Umbridge quando entrou, roendo os anéis em seus dedos grossos.

Freqüentemente foram jogadas Bombas de Bosta e Bolotas Fedorentas nos corredores e se tornou uma nova moda para os estudantes executarem feitiços Cabeça-de-Bolha antes de deixar a aula, para assegurar uma provisão de ar fresco, embora quando usassem suas cabeças tivessem uma aparência peculiar embaixo da bolha de peixe dourado.

Filch rondava os corredores com um chicote pronto nas mãos dele, desesperado para pegar um miserável mas o problema é que havia tantos deles agora que nunca sabia de que modo prosseguir. O Esquadrão Investigador estava tentando ajudá-lo mas coisas estranhas estavam acontecendo com seus sócios, Warrington, do time de quadribol da Sonserina, chegou a ala hospitalar com uma irritação de pele horrível que o fez parecer coberto de flocos de milho; Pansy Parkinson, para o prazer de Hermione, perdeu todas a lições do dia seguinte, porque haviam brotado chifres de sua cabeça.

Enquanto isso, ficou claro quantas Skiving Snackboxes Fred e Jorge venderam antes de saírem de Hogwarts. Umbridge só teve que entrar na sala de aula dela para os estudantes juntos começarem a desmaiar, vomitar, tendo febres altíssimas ou então escorrendo sangue das narinas. Gritando com raiva e frustração ela tentou localizar a fonte dos sintomas misteriosos, mas os estudantes obstinados lhe falaram que estavam sofrendo de "Umbridgetise aguda". Depois de pôr quatro classes sucessivas em detenção e não descobrindo o segredo deles ela foi forçada a se render e deixar alunos com hemorragia, desmaiando, suando e vomitando deixar a classe.

Mas nem mesmos os usuários das Snackboxes podiam competir com o mestre do caos, Pirraça, que parecia ter levado boas parte das palavras de Fred no coração. Cacarejando loucamente, planou pela escola, derrubando mesas, estourando quadros-negros, tombando estátuas e vasos; duas vezes fechou Madame Nor-r-ra dentro de uma armadura da qual foi salva, enquanto berrava, pelo zelador furioso. Pirraça quebrou lanternas e apagou velas, passando tochas ardentes por cima das cabeças dos estudantes a gritar, empilhando propositalmente pergaminhos e tacando fogo ou os jogando pela janela, inundando o segundo andar quando abriu todas as torneiras dos banheiros, derrubando um saco de tarântulas no meio do Salão Principal durante o café da manhã e sempre fingia uma fratura, gastando horas do seu tempo sobrevoando Umbridge e gritando alto, palavras grosseiras toda vez que ela falava.

Mais ninguém do pessoal do Filch parecia estar se mexendo para ajudar. E naturalmente, uma semana depois da partida de Fred e Jorge, Harry testemunhou a professora McGonagall dando um sermão em Pirraça, que estava determinado a soltar um lustre de cristal e poderia ter jurado que a ouviu falar ao poltergeist pelo canto da boca "Esse não tem volta".

A propósito, Montague ainda não tinha se recuperado de sua curta estada no banheiro; permaneceu confuso e desorientado e seus pais foram vistos na manhã de terça-feira, vindo pela entrada, parecendo extremamente zangados.

- Nós deveríamos dizer algo? - disse Hermione com uma voz preocupada, encostando a bochecha dela contra a janela da sala de feitiços de forma que pudesse ver o Sr. e a Sra. Montague que caminhavam para dentro. - Sobre o que aconteceu com ele? Poderíamos ajudar Madame Pomfrey a curá-lo?

- Claro que não, ele vai ficar bem - disse Rony, indiferente.

- De qualquer maneira, mais problemas pra Umbridge, não é? - disse Harry com uma voz satisfeita.

Ele e Rony bateram juntos nas xícaras, estavam supostamente encantando com suas varinhas. Na de Harry brotaram quatro pernas muito curtas que não puderam atravessar a mesinha e serpentearam sem rumo. Na de Rony cresceram quatro pernas longas muito magras e duras pra fora da escrivaninha, tremeram durante alguns segundos, então dobraram, fazendo a xícara quebrar em dois.

- Reparo - disse Hermione depressa enquanto reparava a xícara de Rony com um movimento de sua varinha. - Quer dizer que está tudo muito bem mas e se isso prejudicar Montague permanentemente?

- Quem se preocupa? - disse Rony impaciente enquanto a xícara dele se levantava bêbada novamente, tremendo seus joelhos violentamente. - Montague não deveria ter tentado levar todos esses pontos para a Grifinória, deveria? Se você quer se preocupar com qualquer um Hermione, se preocupe comigo!

- Você? - disse enquanto pegava a xícara dela que pulava alegremente para fora da mesa com quatro pequenas pernas de salgueiro moldadas e robustas, e tirando da sua frente. - Por que eu me preocuparia com você?

- Quando a próxima carta de mamãe finalmente chegar na fortaleza da Umbridge - disse Rony amargamente enquanto sustentava a xícara e suas pernas delicadas tentaram debilmente apoiar seu peso - eu vou estar encrencado. E não ficarei surpreso se ela mandar um outro Berrador.

- Mas...

- Será minha culpa que Fred e Jorge partiram, espera só - disse Rony, zangado - Ela dirá que deveria ter impedido os dois de partir, eu deveria ter agarrado na cauda das vassouras, deveria ter feito algo... Ah, sim, será tudo minha culpa.

- Bem, se ela disser será muito injusto, você não poderia ter feito nada! Mas eu tenho certeza que ela não vai, eu quero dizer, se é realmente verdade que eles têm permissão de ir ao Beco Diagonal, eles devem ter planejado isso há anos.

- É, mas tem outra coisa, como eles conseguiram as permissões? - disse Rony enquanto batia duro com sua varinha na xícara. - É um pouco astucioso, não é? Eles precisarão de muitos galeões para alugar um lugar no Beco Diagonal. Ela vai querer saber como conseguiram ganhar tanto ouro.

- Bem sim, isso também me ocorreu - disse Hermione, permitindo que a xícara dela se sacudisse para circular em pequenos círculos ao redor da de Harry, cujas pequenas pernas curtas e grossas ainda não puderam sair do centro da mesa -, eu queria saber se Mundungo os persuadiu a vender bens roubados ou algo terrível.

- Ele não fez - disse Harry brevemente.

- Como você sabe? - perguntaram Rony e Hermione juntos.

- Porque... - Harry hesitou mas o momento para confessar finalmente parecia ter chegado. Ele não ganharia nada mantendo o silêncio e ninguém poderia suspeitar que Fred e Jorge eram criminosos - Porque eles ganharam o ouro de mim. Eu dei a eles o meu prêmio do Torneio Tribruxo no ano passado.

Houve um silêncio chocado então a xícara de Hermione sacudiu na extremidade da mesa e se espatifou no chão.

- Oh Harry, você não fez isso! - ela disse.

- Sim, eu fiz - disse Harry, rebelde. - E eu não me arrependo disto. Eu não precisava do ouro e eles teriam uma ótima loja de logros.

- Mas isso é excelente! - disse Rony, parecendo emocionado - É tudo sua culpa, Harry. Mamãe não pode me culpar de nada! Eu posso falar pra ela?

- É, eu suponho que isso ajudaria - disse Harry estupidamente - especialmente se ela pensa que eles estão recebendo caldeirões roubados ou algo assim.

Hermione não disse nada pelo resto da aula mas Harry suspeitou que ela estava se contendo para a primeira oportunidade que teria para quebrar o silêncio. Depois que deixaram o castelo pararam para aproveitar os raios de sol de maio, ela fixou Harry com um olho pequeno e abriu a boca dela com um ar determinado.

Harry a interrompeu antes que ela pudesse começar.

- Não foi nenhuma boa ação minha mas está feito - disse firmemente. - Fred e Jorge têm o ouro, gastaram uma boa parte, também, isto é certo, e eu não posso voltar atrás e eu não quero. Assim economize seu fôlego, Hermione.

- Eu não ia dizer nada sobre Fred e Jorge! - ela disse com uma voz ferida.

Rony bufou desacreditado e Hermione lhe lançou um olhar de desprezo.

- Não, eu não ia! - disse nervosa. - De fato eu ia perguntar para o Harry quando ele vai voltar ao Snape e pedir mais lições de Oclumancia!

O coração de Harry afundou. Uma vez que haviam abandonado o assunto da partida dramática de Fred e Jorge, que assumia, havia levado muitas horas, Rony e Hermione queriam ouvir notícias de Sirius e em primeiro lugar tinha sido difícil pensar no que lhes falar, terminou dizendo que, de fato, Sirius queria que Harry retomasse lições de Oclumancia. Vinha lamentado isto desde então; Hermione não deixaria o assunto por isso mesmo e continuou a insistir, o que Harry já esperava.

- Você não pode negar que teve alguns sonhos engraçados - disse Hermione - porque Rony me falou que você andou murmurando novamente ontem à noite enquanto dormia.

Harry lançou um olhar furioso a Rony. O amigo ficou sem graça até para parecer envergonhado.

- Você só estava murmurando um pouco - resmungou com uma expressão de desculpa. - Algo sobre... Ah, só um pouco mais adiante.

- Eu sonhei que eu estava assistindo uma partida de quadribol - Harry mentiu brutalmente. - Eu estava tentando fazer com que você fosse um pouco mais adiante para agarrar a goles.

As orelhas de Rony ficaram vermelhas. Harry sentiu um tipo de prazer vingativo e não teve, é claro, um sonho com qualquer coisa do tipo.

Na noite anterior estava de novo caminhando nos corredores do Ministério da Magia. Passou por uma sala circular, uma sala cheia de luzes piscando e dançando, então se encontrou de novo naquela sala cavernosa cheia de estantes empoeiradas com esferas de vidro.

Então se apressou para o corredor da porta número noventa e sete, virando à esquerda e adiante... Provavelmente foi quando ele falou em voz alta....Só um pouco mais adiante... E depois que chegou perto da porta se encontrou em sua cama de novo, envolta de seus pôsteres.

- Você está tentando bloquear sua mente, não é Harry? - disse Hermione, olhando braba para ele. - Você está continuando com sua Oclumancia?

- Claro que eu estou - disse Harry, tentando soar como se a pergunta o tivesse insultado mas não a encarou nos olhos. O curioso é que estavam mais intensos sobre aquela sala cheia de esferas empoeiradas e que fazia os sonhos continuarem.

O problema é que em um mês estaria sob exames, então todos os momentos livres seriam devotados às revisões, sua mente estava cheia de informações que levava para a cama e ficava muito difícil dormir, quando conseguia seu cérebro se enchia de sonhos estúpidos sobre provas. Suspeitava que parte de sua mente, à parte em que a voz de Hermione falava, agora se sentia culpada quando vagueava por aqueles corredores escuros que terminavam naquela porta escura, então tentava acordar antes que pudesse chegar ao fim das viagens.

- Você sabe - disse Rony, ainda com as orelhas vermelhas - que se Montague não voltar para o jogo da Sonserina contra a Lufa-lufa, nós temos uma grande chance de vencer a copa.

- É eu suponho que sim - disse Harry, contente com a mudança de assunto.

- Eu quero dizer, nós ganhamos uma, perdemos uma... Se a Sonserina perder para a Lufa-lufa sábado que vem...

- É, você tem razão - disse Harry, aceitando a última derrota. Cho Chang estava atravessando o pátio, determinada a não olhar para ele.

*

A última partida da temporada de quadribol, Grifinória versus Corvinal, aconteceria na última semana de maio. Embora a Sonserina tivesse sido derrotada pela Lufa-lufa na última partida a Grifinória não estava tão confiante da vitória, devido principalmente (embora ninguém dissesse isso a ele) ao inacreditável recorde de Rony. Porém ele parecia estar otimista.

- Bem, eu não posso me sair pior não é? - disse nervoso a Harry e Hermione durante o café da manhã no dia da partida. - Nada de perder agora, né?

- Sabe - disse Hermione quando ela e Harry caminhavam por entre a multidão excitada -, eu acho que o Rony pode fazer melhor sem Fred e Jorge à sua volta. Eles nunca lhe deram muita confiança.

Luna Lovegood os deixou passar com o que parecia ser uma águia viva empoleirada em cima da cabeça dela.

- Oh não, eu esqueci! - disse Hermione, mirando a águia agitando suas asas enquanto Luna caminhava calmamente por um grupo de sonserinos que riam e apontavam. - Cho vai jogar, não vai?

Harry, que não tinha esquecido, somente grunhiu.

Acharam acentos na fila mais alta da arquibancada. Estava bom, um dia limpo; Rony não poderia desejar melhor e Harry se encontrava esperançoso de que o amigo não desse motivo aos sonserinos de gritar em coro desencorajador de "Weasley é nosso Rei". Lino Jordan, que tinha estado muito abatido desde que Fred e Jorge tinham partido, estava narrando como sempre. Conforme os times zuniam para dentro do campo ele ia nomeando os jogadores como algo nada mais do que o habitual.

- ...Bradley... Davies... Chang - ele dizia e Harry sentia o estômago fazer um pequeno estremecimento, uma sacudidela fraca quando Cho caminhou para dentro do campo, com seu cabelo preto brilhante, ondulando na brisa leve. Ele não estava seguro sobre o que aconteceria exceto que queria estar de pé na última fila. Até mesmo a visão da conversa animada de Rogério Davies para prepararem e montarem suas vassouras causava um leve ciúme nele. - E lá vão eles! - disse Lino - E Davies leva a goles imediatamente, Davies, o capitão da Corvinal com a posse da goles, dribla Johnson, Bell, e passa por Spinnet e vai diretamente para os aros! Ele vai atirar... E... E... E... - Lino diz um palavrão muito alto. - E ele marca.

Harry e Hermione gemeram com o resto da torcida Grifinória. Praguejando horrivelmente, os sonserinos do outro lado que começaram a cantar:

"Weasley não pode salvar nada, ele não pode bloquear um aro."

- Harry - disse uma voz rouca na orelha de Harry -, Hermione...

Harry olhou à sua volta e viu a face barbuda e enorme de Hagrid, que estava atrás de seus assentos. Aparentemente ele esteve todo o tempo ali na fileira de trás, na primeira e segunda cadeira, para o primeiro e segundo ano tinha passado um pouco de arrepio, com o olhar sobre eles. Por alguma razão, Hagrid estava curvado sobre eles, como alguém que não queria ser visto, entretanto ainda era pelo menos umas quatro cabeças mais alto que todo mundo.

- Escutem - sussurrou. - Hum, podem vir comigo? Agora? Enquanto todos estão assistindo a partida?

- Er... Você não pode esperar, Hagrid? - perguntou Harry. - Pode esperar a partida terminar?

- Não. Não Harry, preciso que seja agora... Enquanto todo mundo está olhando o outro lado... Por favor?

O nariz de Hagrid estava gotejando sangue suavemente. Os olhos dele estavam assombrosos. Harry não o tinha visto daquele jeito desde o seu retorno à escola, ele o olhou totalmente abatido.

- Claro - disse Harry imediatamente. - Claro que nós iremos.

Ele e Hermione foram para a fileira de trás, fazendo vários estudantes rosnarem para que saíssem da frente deles. As pessoas na fila de Hagrid não estavam reclamando, tentando fazer mínimo quanto possível somente.

- Eu fico muito grato por isto, a vocês dois, eu realmente agradeço - disse Hagrid quando chegaram aos degraus. Continuou dando olhadas nervosas quando desceram para o gramado. - Eu espero que ela não nos note indo.

- Você está falando da Umbridge? - disse Harry. - Ela não vai, ela está com o Esquadrão Inquisitor inteiro sentada com ela, você não viu? Ela está esperando por algum problema na partida.

- Ah, bem, menos um problema - disse Hagrid enquanto parava para observar ao redor para ter certeza de que o caminho estava livre até sua cabana. - Nos dá mais tempo.

- O que foi, Hagrid? - disse Hermione, olhando para ele com uma expressão preocupada na face dela quando se apressavam para a extremidade da Floresta.

- Ah, vai ver em um momento - disse Hagrid observando pelo ombro uma grande rosa que brotou numa roseira que estava atrás deles. - Hey... Alguém fez ponto?

- Foi a Corvinal - disse Harry severamente.

- Bom... Bom... - disse Hagrid distraído. - Isso é bom...

Tiveram que correm para manter o ritmo pelo gramado, dando uma olhada para os lado em todos os passos. Quando chegaram à cabana Hermione virou automaticamente em direção a porta. Porém Hagrid passou direto indo para as sombras das extremidades da Floresta onde apanhou uma arma medieval que estava apoiada em uma árvore. Quando percebeu que não estavam com ele, virou-se.

- Nós iremos por aqui - disse enquanto apontava a cabeça peluda na direção contrária.

- Na Floresta? - disse Hermione, perplexa.

- É, venham agora, rápido, antes que nos vejam.

Harry e Hermione olharam um para o outro, então entraram por entre as árvores atrás de Hagrid, que já se encontrava longe na escuridão verde e com sua arma sobre o braço. Harry e Hermione correram para o alcançar.

- Hagrid por que você está armado? - disse Harry.

- Só por precaução - disse, encolhendo os ombros volumosos.

- Você não trouxe sua arma no dia que nos mostrou os Testrálias - disse Hermione timidamente.

- Ah, bem, nós vamos um pouco mais longe. E de qualquer jeito, isso foi antes de Firenze deixar a Floresta, não foi?

- Por que a partida de Firenze faz diferença? - perguntou curiosamente Hermione.

- Porque os centauros estão...Ah... Aborrecidos comigo, é esse o porquê - disse Hagrid baixo, olhando a sua volta. - Eles costumam ser, bem, não podemos chamar de amigáveis, mas nós estamos bem. Bandos pra lá e pra cá... Buh, sempre às voltas como se eu quisesse ordens. Nada de mais.

Ele suspirou profundamente.

- Firenze disse que eles estão irritados porque ele foi trabalhar para Dumbledore - Harry disse tropeçando em uma raiz porque se distraiu enquanto olhava para Hagrid.

- É - disse Hagrid pesadamente - Bem, não estão tão irritados assim. Estão furiosos. Se eu não tivesse aparecido aqui acho que eles o pisoteariam até a morte...

- Eles o atacaram? - disse Hermione, chocada.

- Aham - disse Hagrid asperamente enquanto forçava sua entrada por entre vários ramos. - Eles usaram metade de todo o seu bando contra ele.

- E você os parou? - disse Harry, surpreso e impressionado. - Você fez isso mesmo?

- Claro que eu fiz, não podia ficar assistindo eles o matando, podia? - disse Hagrid. - Sorte que eu estava por ali, realmente... E eu pensava que Firenze se lembraria disto mas depois ele começou a me chamar de estúpido! - adicionou calorosa e inesperadamente.

Harry e Hermione olharam um para o outro novamente, assustados, mas Hagrid, com o olhar zangado, não se importou.

- De qualquer maneira - ele disse, respirando um pouco mais pesadamente que o habitual -, desde que os centauros ficaram brabos comigo tenho tido muitas dificuldades pois eles sem muita influência na Floresta... Criaturas se abrigam aqui.

- E por isto que estamos aqui, Hagrid? - perguntou Hermione. - Os centauros?

- Ah, não - disse Hagrid, estremecendo sua cabeça ao negar. - Não, não por eles. Bem é claro, eles podem complicar o problema, ah... Mas você vocês vão ver o que eu quero dizer daqui a pouco.

Depois desta frase incompreensível ele se calou e foi um pouco mais à frente, andando com um passo largo que era três vezes maior que o seu, de forma que tiveram grande dificuldade para manter o ritmo dele.

O caminho estava se adensando cada vez mais, as árvores ficavam mais juntas conforme avançavam dentro da Floresta que estava tão escura, como se já tivesse anoitecido. Logo estavam bem longe do lugar em que Hagrid os havia mostrado os Testrálias mas Harry não se sentia preocupado até que Hagrid pisou inesperadamente para fora do caminho e começou a ir em direção ao coração escuro da Floresta.

- Hagrid! - disse Harry enquanto lutava para poder passar por uma densa amoreira na qual Hagrid passou com facilidade e, lembrou-se vividamente o que tinha acontecido na outra ocasião que tinha ido para fora do caminho da Floresta. - Aonde nós vamos?

- Mais adiante - disse Hagrid por cima do ombro. - Venha Harry... Nós precisamos nos manter juntos agora.

Era uma grande luta manter o ritmo de Hagrid, com as moitas cheias de espinhos das quais o meio gigante passava tão facilmente como se fossem teias de aranha mas que enroscavam nas vestes de Harry e Hermione, freqüentemente tinham que parar durante minutos para se livrar deles. Os braços e pernas de Harry logo estavam cheios de pequenos cortes e arranhões. Agora estavam tão embrenhados na floresta que às vezes o que Harry podia ver era uma forma escura volumosa de Hagrid à sua frente. Qualquer som parecia ameaçador no amortecido silêncio. A quebra de um galho ecoou ruidosamente e o barulho minúsculo de um movimento, embora tivesse sido feito por um pardal inocente, fazia Harry procurar na escuridão por um culpado. Ocorreu a ele que nunca tinha estado tão distante na Floresta sem se encontrar com algum tipo de criatura; a ausência delas o deixou com uma má impressão.

- Hagrid, tudo bem se nós iluminarmos nossas varinhas? - disse Hermione baixo.

- Er... Tudo bem - Hagrid sussurrou pelas costas. - Na verdade...

Ele parou de repente e se virou, Hermione, que caminhava atrás dele, bateu em suas costas. Harry bateu nela e caiu no chão da Floresta.

- Talvez nós devêssemos parar por um momento, assim eu posso... Informar vocês - disse Hagrid. - Antes de nós chegarmos lá.

- Bom! - disse Hermione enquanto Harry sentava atrás dela em seus pés. Os dois murmuraram "Lumus" e a ponta de ambas varinhas acendeu. O rosto de Hagrid vagou da escuridão para a luz das varinhas que irradiava oscilante e Harry viu de novo que ele parecia nervoso e triste.

- Certo. Bem... Vejam... A coisa é assim... - ele deu um grande suspiro. - Bem, há uma grande chance de eu ter que sair, de me demitir mais dia ou menos dia.

Harry e Hermione olharam um para o outro, então voltaram para ele.

- Mas você tem que terminar o ano... - Hermione tentou dizer. - O que te faz pensar...

- Umbridge acha que fui eu que coloquei aquele Pelúcio no escritório dela.

- E foi? - disse Harry, antes que pudesse parar.

- Não, definitivamente não fui! - disse Hagrid, indignado. - Oh, qualquer coisa que envolva criaturas mágicas ela acha que tem algo a ver comigo. É, sabem, ela está tentando se livrar de mim desde que voltei. Eu não quero ir, é claro, mas isso não... Bem... As circunstâncias especiais em que estou, tenho que explicar, eh, deixar tudo claro agora, antes que ela tenha a chance de fazer isso na frente da escola inteira, como fez com a Trelawney.

Harry e Hermione fizeram barulhos de protesto mas Hagrid os calou com um aceno de uma das mãos enormes.

- Não é o fim do mundo, eu sou capaz de ajudar Dumbledore uma vez ou outra aqui, eu posso ser útil a Ordem. E vocês terão muitas Grubbly-Plank, ah vão... Ah, vão ter que sair bem nos exames...

A voz dele tremeu e parou.

- Não se preocupem comigo - disse apressadamente quando Hermione bateu levemente no braço dele. Ele puxou um lenço manchado enorme do bolso do colete e esfregou seu olhos. - Olha, eu não queria é falar isto se eu não tivesse que falar. Veja, se eu vou... Bem, seu eu sair daqui... Tenho que falar pra alguém... Porque eu... Eu preciso que vocês dois me ajudem. E Rony, se ele estiver disposto.

- Claro que nós o ajudaremos - disse Harry imediatamente. - O que você quer que a gente faça?

Hagrid deu uma grande suspiro dando uma batida "leve" no ombro de Harry, que sentiu como se uma árvore o tivesse batido.

- Eu sabia que diriam sim - disse Hagrid por entre o seu lenço - mas eu não vou... Nunca... Esquecerei... Bem... Venham... É só um pouco mais à frente... Tomem cuidado agora, há urtigas...

Ficaram em silêncio durante mais uns quinze minutos; Harry abriu a boca para perguntar quanto mais adiante deveriam ir quando Hagrid levantou o braço para sinalizar que deveriam parar.

- Realmente fácil - ele disse suavemente. - Está muito quieto, agora...

Eles se arrastaram até mais adiante e Harry viu que estavam indo para um monte extenso, uma terra lisa e tão alta quanto Hagrid que pensou com um estremecimento de medo ser a toca de algum animal enorme. Tinham sido cortadas árvores pelas raízes ao redor do monte, de forma que isso havia feito uma depressão nua no chão cercada por troncos de árvores e ramos que formavam um tipo de cerca ou barricada atrás do qual Harry, Hermione e Hagrid estavam agora.

- Dormindo - suspirou Hagrid.

Certo o suficiente, Harry podia ouvir um estrondo distante, ritmo parecido como os de pulmões enormes em trabalho. Olhou pelo canto do olho Hermione, que estava contemplando o montículo com sua boca ligeiramente aberta. Ela olhava totalmente impressionada.

- Hagrid - ela disse num sussurro pouco audível se comparando ao som da criatura dormente. - Quem é ele?

Harry achou que a pergunta certa seria... "O que é isso?", era o que tinha pensado perguntar.

- Hagrid, você nos falou... - disse Hermione com a varinha tremendo na mãe dela. - Você nos contou que nenhuma deles quis vir!

Harry olhou dela a Hagrid e então como uma pancada compreendeu, olhou atrás para o monte com um pequeno suspiro de horror.

O grande monte de terra na qual ele, Hermione e Hagrid podiam ver facilmente estava se movendo lentamente para cima e para baixo profundamente, grunhindo e respirando. Não era um monte. Era à parte de trás curvada do que era claramente.

- Bem... Não... Ele não queria vir - disse Hagrid, soando desesperado. - Mas eu o fiz vir, Hermione, Eu tinha que trazer!

- Mas por quê? - perguntou Hermione, que soou como se ela quisesse chorar. - Por que... Isso... Oh, Hagrid.

- Eu sabia que eu tinha que lhe trazer - disse Hagrid, soando como se já fosse chorar. - E... E... Lhe ensinaram alguns modos... Eu seria capaz de o levar lá pra fora e mostrar para todos como ele é inofensivo!

- Inofensivo! - disse Hermione, guinchando e Hagrid fazendo sinais frenéticos com as mãos para silenciar os barulhos, a criatura enorme atrás deles grunhiu ruidosamente e se virou em seu sono. - É ele que tem te ferido este tempo todo, não é? É por isso que você está todo machucado!

- Ele não sabe a força que tem! - disse Hagrid sinceramente. - Ah, é que ele melhora, ele não é nenhum lutador, nada de mais...

- Ah sim, isto é porque levou dois meses para chegar em casa! - disse insensatamente Hermione. - Oh Hagrid, por que você não o devolveu, se ele não queria vir? Ele não ficaria mais contente com o pessoal dele?

- Todos o ameaçavam, Hermione, por ele ser tão pequeno!

- Pequeno? - disse Hermione. - Pequeno?

- Hermione, eu não podia deixá-lo - disse Hagrid com lágrimas rolando em seu rosto e se perdendo em sua barba. - Olha... Ele é meu irmão!

Hermione simplesmente o encarou de boca aberta.

- Hagrid, quando você diz meu irmão - disse Harry lentamente - você que dizer...?

- Bem, meio-irmão - emendou Hagrid. - Me disseram que minha mãe esteve com outro gigante depois que ela me deixou com meu pai e que ela teve o Grawp, que está aqui...

- Grawp? - disse Harry.

- É... Bem, é assim que diziam ser o nome dele - disse Hagrid ansiosamente. - Ele não fala muito inglês... Tenho tentado ensiná-lo... De qualquer maneira, ela não parece ter gostado mais dele do que gostava de mim. Veja, com os gigantes, que estão produzindo boas e grandes crianças, ele tem sido sempre um pouco tampinha para um gigante, só tem uns 5 metros.

- Oh sim, minúsculo! - disse Hermione com um tipo de sarcasmo histérico. - Absolutamente mínimo!

- Ele era chutado por todos eles... Se eu não o tivesse trazido...

- Madame Máxime queria trazê-lo pra cá? - perguntou Harry.

- Ela... Bem, ela pôde ver como era importante pra mim - disse Hagrid, torcendo suas mãos enormes. - Mas ... Mas, cansada, ela o aceitou muito tempo depois, eu tenho que admitir... Assim nós dividimos a jornada, ela prometeu não contar a ninguém, entretanto...

- Como você voltou por terra sem que ninguém o notasse? - disse Harry.

- Bem, é por isso que levou tanto tempo, veja. Só podíamos viajar durante à noite, pelo meio de áreas rurais ou selvagens. Claro que ele era bem coberto quando estávamos em terra , quando ele deixava, mas ele queria voltar.

- Oh, Hagrid, por que quando estavam em terra não o deixou ir! - disse Hermione, indo para baixo e sentando num tronco de árvore, enterrando seu rosto nas mãos. - O que você acha que vai ter com um gigante violento que nem mesmo quer estar aqui!

- Bem, agora...Violento é um pouco de severo - disse Hagrid, ainda torcendo as mãos descontroladamente. - Admito que a força dele me espanta quando está de mau humor mas ele melhorará, vai se controlar melhor.

- Para que são essas cordas, hein? - Harry perguntou.

Ele tinha notado há pouco cordas grossas esticadas nas árvores ao redor da depressão em torno do lugar que Grawp estava encolhido no chão com suas costas, voltada a eles.

- Você tem que o manter amarrado aí em cima? - disse Hermione fracamente.

- Bem, eh... - disse Hagrid, parecendo ansioso. - Olha... É como eu disse, ele realmente não conhece a própria força.

Harry entendeu agora por que tinha havido uma certa suspeita de que qualquer outra criatura vivendo nesta parte da Floresta.

- Então, o que você quer que Harry, Rony e eu façamos? - Hermione perguntou apreensiva.

- Cuidem dele - disse Hagrid com um grasnido. - Depois que eu me for.

Harry e Hermione trocaram olhares infelizes, Harry constrangido, ciente que havia prometido que faria tudo que Hagrid pediria.

- E o que... O que isso envolve exatamente? - Hermione inquiriu.

- Nada de comida ou qualquer coisa! - disse Hagrid avidamente. - Ele pode conseguir sua própria comida, sem problemas. Pássaros e cervos o alimentam... Não, é companhia que ele precisa. Se eu soubesse de alguém que pudesse o treinar ajudaria um pouco, ensinar ele, entendem.

Harry não disse nada mas virou para olhar atrás a forma gigantesca deitada dormindo no chão à frente deles. Hagrid parecia somente um homem enorme mas Grawp era estranhamente disforme. O que Harry tinha pensado ser um enorme pedregulho cheio de musgo à esquerda no monte de terra, reconheceu agora, era a cabeça de Grawp. Era muito maior em proporção ao corpo que uma cabeça humana, quase perfeitamente redondo e coberto de um cabelo cacheado, avermelhado e crescente como uma samambaia. Apenas uma única orelha carnuda era visível no topo da cabeça, dava a impressão, ser um pouco parecida com a de tio Válter, colada nos ombros, sem pescoço nenhum. Sua costas debaixo do que parecia ser um avental castanho encardido contendo peles de animais costuradas toscamente juntas era muito larga; e como Grawp dormiu parecia que tinha puxado um pouco a costura de peles. As pernas estavam enroladas debaixo do corpo. Harry podia ver as solas dos pés enormes, nus, imundos, grandes como trenós, descansando no topo de outro monte de terra no chão da Floresta.

- Você quer que nós o ensinemos - Harry disse numa voz rouca. Ele entendeu o que a advertência de Firenze significava agora. "A tentativa dele não está funcionando. Ele faria melhor se o abandonasse." É claro, as outras criaturas que moram na Floresta devem ter ouvido Hagrid tentando em vão ensinar inglês a Grawp.

- É... Até mesmo se for pra falar pouquinho - Hagrid disse, esperançoso. - Por que eu acho, que se ele puder falar com as pessoas entenderá o que nós gostamos realmente e vai querer ficar.

Harry olhou para Hermione, que observada por entre seus dedos no seu rosto.

- Tipo, você não quer que resgatemos Norberto, quer? - disse e ela deu uma risada trêmula.

- Farão isto então? - disse Hagrid, que parecia não ter captado o que Harry há pouco tinha dito.

- Nós vamos... - disse Harry, compelido pela sua promessa. - Nós vamos tentar, Hagrid.

- Eu sabia que podia contar com você, Harry - disse Hagrid, o olhos brilhando cheios de água e limpando seu rosto novamente com o lenço. - E eu não quero que venham para cá muito, como... Eu sei que vocês têm exames... Se vocês pudessem vir só de vez em quando aqui, talvez debaixo da capa de invisibilidade, uma vez por semana e ter uma pequena conversa com ele. Eu vou acordá-lo então, para apresentar vocês.

- O q... Não! - disse Hermione, pulando à frente. - Hagrid não, não o acorde, realmente, nós não precisamos...

Mas Hagrid já tinha passado pelo grande tronco de árvore à frente e prosseguido na direção de Grawp. Quando estava aproximadamente uns 3 metros de distância pegou um ramo longo, quebrado no chão, sorriu tranqüilamente por cima do ombro a Harry e Hermione, cutucou Grawp forte no meio das costas com a ponta do ramo.

O gigante de um rugido que ecoou ao redor da Floresta silenciosa. Pássaros nos topos das árvores voaram de seus ninhos para longe. Na frente de Harry e Hermione, entretanto, o gigante Grawp tinha levantado do chão, que estremeceu quando colocou a mão enorme para ajudar a se levantar e ficar de joelhos. Virou sua cabeça para ver o que o tinha perturbado.

- Tudo bem, Grawp? - disse Hagrid, em uma voz alegre, voltando com o longo ramo, pronto para cutucar Grawp novamente. - Teve um sono agradável, hein?

Harry e Hermione recuaram até onde puderam enquanto ainda mantinham o gigante dentro de suas vistas. Grawp ajoelhou entre duas árvores que ainda não tinha arrancado. Observaram surpreso o enorme rosto dele, que se assemelhava a uma lua cheia cinzenta atordoado na escuridão da clareira. Era como se seus traços tivessem sido esculpidas em uma grande bola de pedra. O nariz era curto e grosso, a boca torta para um lado e cheia de dentes amarelados, disformes do tamanho de metade de um tijolo; os olhos, pequenos para os padrões gigantescos, eram de um marrom barrento-esverdeado, agora meio fechado pelo sono. Grawp levou o nó dos dedos sujos, tão grandes quanto bolas de críquete, para os olhos, esfregou vigorosamente, então sem aviso, deu um impulso com seus pés numa velocidade e agilidade surpreendente.

- Minha nossa! - Harry ouviu Hermione gritar, apavorada, ao seu lado.

As árvores da outra extremidade das cordas que cercavam os pulsos e tornozelos de Grawp estavam presas e rangeram vacilantes. Ele era como Hagrid disse, tinha pelo menos 5 metros de altura. Contemplando ofuscadamente ao redor, Grawp, com uma mão do tamanho de um guarda-sol, agarrou o ninho de um pássaro nos galhos superiores e o virou de ponta-cabeça com um rugido de desgosto, aparentemente por não ter nenhum pássaro nele, ovos caíam como granadas pelo chão e Hagrid colocou os braços em cima da cabeça para se proteger.

- De qualquer maneira, Grawp - gritou Hagrid, observando apreensivo os vários ovos caídos diante deles - eu trouxe alguns amigos para conhecerem você. Se lembra que eu pedi a você se podia? Lembra, quando eu disse que poderia ter que fazer uma pequena viagem e os deixaria cuidar de você um pouco? Se lembra disso, Grawp?

Mas Grawp deu um outro rugido mais baixo; era difícil dizer se estava escutando o que Hagrid dizia ou se até mesmo reconhecia os sons que Hagrid estava fazendo com a fala. Agarrou um galho no topo de um pinho, puxando-o para si, evidentemente pelo simples prazer de vê-lo voltar com toda força para trás quando o fizesse.

- Agora Grawp não faça isso! - gritou Hagrid. - Aquilo que você terminou de soltar pode cair em cima dos outros...

E seguro o bastante Harry pôde ver a terra ao redor das raízes das árvores que começavam a rachar.

- Eu consegui companhia para você! - Hagrid gritou. - Companhia, veja! Olhe para baixo, você, palhaço grande, eu trouxe alguns amigos para você!

- Oh Hagrid não faça isso - gemeu Hermione mas Hagrid já tinha levantado novamente o ramo e cutucou o joelho de Grawp.

O gigante foi para o topo da árvore, que chacoalhou alarmantemente, inundou Hagrid com ramos do pinheiro, e olhou para baixo.

- Este - disse Hagrid, indo em direção a Harry e Hermione - é Harry, Grawp! Harry Potter! Ele é que virá te visitar se eu tiver que ir embora, entendeu?

Só agora é que o gigante percebeu que Harry e Hermione estavam ali. Eles olharam, em grande agitação, como ele abaixou sua enorme cabeça de pedregulho, de forma que pôde os observar.

- E esta é Hermione, viu? Ela... - Hagrid hesitou. Virou para Hermione e disse. - Você se importaria se ele a chamasse de Mione, Hermione? É um nome muito difícil para ele lembrar.

- Não, não - gemeu Hermione.

- Esta é Mione, Grawp! E ela vai vir e tudo mais! Não é adorável? Hein? Dois amigos para você... GRAWP, NÃO!

Grawp atirou sua mão na direção de onde Hermione estava; Harry a agarrou e a puxou para trás de uma árvore, de forma que o punho de Grawp raspou no tronco mas parou fraco no ar.

- GRAWP MAU! - eles ouviram Hagrid gritar, Hermione se agarrando em Harry atrás da árvore, tremendo e choramingando. - MENINO MUITO MAU! VOCÊ NÃO PODE PEGAR... AI!

Harry tirou a cabeça de trás da árvore e viu Hagrid virado para trás, a mão em cima do nariz, Grawp aparentemente perdendo interesse, tinha puxado e soltado novamente o ramo do pinheiro para ver até onde iria.

- Certo - disse Hagrid densamente, levantando a mão que segurava o nariz sangrando e a outra agarrava sua arma. - Bem... Vocês então... Estão apresentados e... E agora ele os reconhecerá quando vocês voltarem. É... Bem...

Ele olhou para Grawp, que estava soltando ramo do pinheiro com uma expressão de prazer estancada no rosto de pedra; as raízes estavam rachando o chão em volta.

- Bem, acho que já foi o bastante por um dia. Nós vamos... Errr... Nós devemos voltar agora, não é?

Harry e Hermione acenaram com a cabeça. Hagrid pôs sua arma nos ombros de novo, ainda segurando seu nariz, e os conduziu para trás das árvores.

Ninguém falou durante algum tempo, nem mesmo quando ouviram um estrondo distante, que significada que Grawp finalmente tinha tirado o pinheiro da terra. O rosto de Hermione estava pálido e rígido. Harry não conseguia pensar em nada para dizer. O que será que aconteceria quando alguém descobrisse que Hagrid havia escondido Grawp na Floresta Proibida? E tinha prometido que ele, Rony e Hermione continuariam o ato insensato de Hagrid de tentar civilizar o gigante. Como pôde Hagrid, até mesmo com a imensa capacidade de se iludir de que os monstros armados eram amavelmente inofensivos, se enganar e achar que Grawp poderia se misturar com os humanos?

- Esperem - disse Hagrid abruptamente, justamente quando Harry e Hermione lutavam contra um pedaço cheio de sanguinárias atrás dele. Arrancou uma seta do seu saco e a colocou em sua arma. Harry e Hermione levantaram as varinhas; agora que pararam de andar também conseguiram ouvir movimentação perto deles. - Oh, sublime - disse Hagrid baixo.

- Eu pensei que nós o tivéssemos avisado, Hagrid - disse uma voz masculina profunda - que você não é bem-vindo aqui?

O dorso nu de um homem parecia estar flutuando para eles em meio à meia-luz esverdeada; então viram que a sua cintura se unia suavemente ao corpo castanho de um cavalo. Este centauro era orgulhoso, tinha as maças do rosto ressaltadas e cabelos pretos longos. Como Hagrid, estava armado; uma aljava cheia de setas e um arco atirado por cima dos ombros.

- Como você está, Morgorian? - disse Hagrid cautelosamente.

As árvores atrás do centauro sussurraram e mais quatro ou cindo centauros emergiram atrás dele. Harry reconheceu o negro corpulento e barbudo Ronan, que tinha encontrado quase quatro anos antes na noite em que conheceu Firenze. Ronan não deu nenhum sinal de que alguma vez tinha visto Harry antes.

- Então - disse com uma inflexão sórdida na voz, antes de virar imediatamente para Morgorian. - Nós concordamos, eu acho, o que faríamos se víssemos o rosto desse humano novamente na Floresta?

- Este humano agora, sou eu? - disse Hagrid determinado. - Todos que passaram por aqui vocês mataram?

- Você não devia ter se intrometido, Hagrid - disse Morgorian. - Nossos modos e leis não são de sua conta. Firenze nos traiu e desonrou.

- Eu não sei como vocês são tão desinformados - disse Hagrid impaciente. - Ele não fez nada exceto ajudar Alvo Dumbledore...

- Firenze entrou em servidão aos humanos - disse um centauro cinzento com o rosto duro profundamente vincado.

- Servidão! - disse sarcasticamente Hagrid. - Ele só está fazendo um favor a Dumbledore, é tudo...

- Ele está passando nosso conhecimento e segredos para os humanos - disse Morgorian tranqüilamente. - Não há retorno para tal desgraça.

- Se vocês estão dizendo - disse Hagrid, encolhendo os ombros - mas pessoalmente eu acho que o que vocês estão fazendo é um grande erro...

- Com você, humano - disse Ronan - entrando em nossa Floresta, quando nós já o advertimos...

- Agora vocês vão ter que me escutar - disse Hagrid furiosamente. - Até agora tem sido nossa Floresta, é a mesma tanto para vocês. Não podem impedir que venham aqui...

- Não mais para você, Hagrid - disse Morgorian suavemente. - Eu o deixarei passar hoje, porque você está acompanhado por seus jovens...

- Eles não são dele! - interrompeu Bane Ronan desdenhosamente. - Estudantes, Morgorian, de dentro da escola! Eles provavelmente já tiveram proveito do que o traidor do Firenze os ensinou.

- Não obstante - disse calmamente Morgorian - o assassinato de potros é um crime terrível... Nós não tocamos um inocente. Hoje, Hagrid, você passa. Daqui em diante fique longe desse lugar. Você perdeu amizade quando você ajudou o traidor do Firenze a escapar.

- Eu não vou ser colocado para fora desta Floresta por um bando mulas velhas como vocês! - disse Hagrid estrondosamente.

- Hagrid - disse Hermione em uma voz alta e terrificada quando ambos, Ronan e o centauro cinzento avançaram. - Vamos embora, por favor, vamos embora!

Hagrid foi para frente, sua arma na frente dos olhos mirando fixo e ameaçadoramente em Morgorian.

- Nós sabemos o que você esta escondendo na Floresta, Hagrid! - falou Morgorian depois que os centauros já estavam saindo se sua vista. - E a nossa tolerância está se esgotando!

Hagrid virou, cedendo aparentemente à vontade de querer ir atrás de Morgorian.

- Você tolerará, contanto, que ele esteja aqui, ele é tanto da Floresta como você! - gritou, enquanto Harry e Hermione o empurravam com toda a força contra o colete de toupeira, esforçando-se para empurrá-lo para trás. Ainda fazendo carranca, olhou para baixo; a expressão mudou para um de surpresa moderada quando viu ambos o empurrando; ele parecia não os ter sentido.

- Se acalmem vocês dois - disse, virando-se para caminhar enquanto colocava sua arma atrás de si. - Mulas velhas grossas, então hein?

- Hagrid - disse Hermione sem fôlego, cortando retalhos da saia para cobrir os cortes das urtigas que tinham acabado de passar -, se os centauros não querem humanos na Floresta, realmente não vejo como Harry e eu seremos capazes...

- Ah, você ouviu o que eles disseram - disse Hagrid, não admitindo -, eles não feririam potros... Quer dizer, crianças. De qualquer maneira, nós não podemos deixar que ele seja expulso por aquele bando.

- Boa tentativa - Harry murmurou para Hermione, que parecia desanimada.

Afinal voltaram ao caminho e depois de outros dez minutos as árvores começaram a diminuir, puderam ver retalhos do céu azul claro novamente e ao longe os sons definidos de gritos alegres.

- Aquilo foi um outro gol? - perguntou Hagrid, parando e se escondendo nas árvores com a visão do estádio de quadribol. - Ou acham que a partida terminou?

- Eu não sei - disse Hermione miseravelmente. Harry viu que ela parecia muito pior que o usual, o cabelo estava cheio de ramos e folhas, as vestes foram rasgado em vários lugares e havia numerosos arranhões em seu rosto e braços. Sabia que ele estava um pouco melhor.

- Eu acho que terminou, sabem! - disse Hagrid, piscando para o campo. - Olha... O pessoal já está saindo... Se vocês forem depressa podem se misturar dentro da multidão e ninguém saberá que vocês não estavam lá!

- Boa idéia - disse Harry. - Bem... Até logo então, Hagrid.

- Eu não acredito - disse Hermione em uma voz muito oscilante no momento que saíram do alcance de voz de Hagrid. - Eu não acredito. Eu realmente não acredito

- Se acalma.

- Se acalma! - disse febrilmente. - Um gigante! Um gigante na Floresta! E nós provavelmente vamos lhe dar aulas de inglês! Sem dizer, é claro, que nós podemos ser expulso por um rebanho assassino de centauros caminho afora! Eu... Não... Acredito!

- Nós não temos que fazer qualquer coisa, entretanto! - Harry tentou assegurar em voz baixa quando se uniram ao fluxo tagarela da Lufa-lufa que ia na direção do castelo. - Ele não nos está pedindo para fazer qualquer coisa a menos que saia daqui e isso não pode acontecer mesmo.

- Oh, cai na real, Harry! - disse Hermione furiosamente, parando desanimada no seu caminho, tanto que a pessoas atrás dela tiveram que desviar. - Claro que ele vai sair, pra ser honesta, depois do que há pouco vimos, quem pode culpar Umbridge?

Houve uma pausa em que Harry a encarou e os olhos dela se encheram lentamente com lágrimas.

- Você não quis dizer aquilo - disse Harry baixo.

- Não... Bem... Certo... Eu não queria - disse, esfregando os olhos furiosamente. - Mas por que ele tem que tornar a vida tão difícil para ele... Para nós?

- EU NÃO ACREDITO...

- Weasley é nosso rei, Weasley é nosso rei, ele não deixa a goles passar, Weasley é nosso rei...

- Eu queria que ele parassem de cantar aquela canção estúpida - disse Hermione miseravelmente -, não nos gozaram o suficiente?

Uma maré de estudante estava saindo do campo indo para o gramado.

- Oh, vamos embora antes que nós nos encontremos os sonserinos - disse Hermione.

- Weasley pode salvar qualquer coisa. Ele nunca deixa um único aro. É por isso que a Grifinória toda canta: Weasley é nosso rei.

- Hermione... - disse Harry lentamente.

A canção estava ficando mais alta mas não estava sendo emitida de uma multidão verde e prata dos sonserinos mas de uma massa vermelha e dourada que se movia lentamente para o castelo, levantando uma única figura em seus muitos ombros.

- Weasley é nosso rei, Weasley é nosso rei. Ele não deixou a goles passar, Weasley é nosso rei...

- Não? - disse Hermione numa voz fraca.

- SIM! - disse Harry, gritando.

- HARRY! HERMIONE! - gritou Rony, levantando a taça de prata de Quadribol no ar e olhando em direção ao lado deles. - NÓS CONSEGUIMOS! NÓS GANHAMOS!

Eles sorriram para ele quando passou. Havia uma grande briga no bolo à porta do castelo e a cabeça de Rony deu uma batida ruim no batente mas ninguém parecia querer deixá-lo. Ainda cantando a multidão se apertou no corredor de entrada e saíram de vista. Harry e Hermione os assistiram, irradiados, até que os últimos versos de "Weasley é nosso rei" se extinguiram. Então viraram um para o outro, com um sorriso fraco.

- Nós guardaremos nossas notícias até amanhã, certo? - disse Harry.

- Sim, certo - disse Hermione, cansada. - Eu não estou com pressa.

Andaram juntos. Em frente à porta ambos olharam instintivamente para trás, a Floresta Proibida. Harry não tinha certeza ou se foi imaginação mas pensou que havia visto uma nuvem pequena de pássaros estourar no ar no topo de uma árvore distante, a árvore perto da que tinham estado aninhados há pouco, tinha sido levantada pelas raízes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário