terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Harry Potter e a Ordem da Fênix 31/35


-- CAPÍTULO 31 --
N.O.M.s


A euforia de Rony em ter ajudado a Grifinória a conquistar a Taça de Quadribol era tão grande que ele não conseguia falar em mais nada no dia seguinte. Tudo o que queria era falar sobre a partida, deixando difícil para Harry e Hermione acharem uma chance de falar sobre Grawp. Não que eles tenham tentado; nenhum deles queria trazer Rony de volta à realidade de forma tão brutal. Como era um dia ótimo e quente o persuadiram a se juntar a ambos para revisar as matérias embaixo da faia que ficava na beira do lago, onde teriam menos chance de serem ouvidos do que se estivessem na sala comunal. Rony não estava particularmente satisfeito com a idéia no início - estava perfeitamente satisfeito por receber tapinhas nas costas por os todos alunos da Grifinória que passavam por sua cadeira, sem mencionar a ocasional explosão de "Weasley é nosso Rei!" mas depois concordou que um pouco de ar puro faria bem.

Espalharam seus livros na sombra da faia e sentaram enquanto Rony falava sobre sua primeira defesa na partida, pelo que pareceu uma dúzia de vezes.

- Bem, digo, eu já tinha deixado passar aquela do Davies então eu não estava me sentindo tão confiante mas eu não sei, quando Bradley veio pra cima de mim não sei de onde, eu pensei "Você pode fazer isso!" e levei quase um segundo para decidir pra onde voar, sabem, por que ele parecia que estava mirando o aro da direita, minha direita, claro, à esquerda dele, mas eu tive uma estranha sensação de que ele estava blefando e então eu fui pra esquerda, à direita dele, digo, e, bem, vocês viram o que aconteceu - concluiu modestamente, jogando o cabelo para trás desnecessariamente, então olhou para trás parecendo interessado se pessoas que estavam mais próximas deles, um bando de alunos do terceiro ano da Lufa-lufa fofocando, tinha o ouvido. - E então quando Chambers veio direto para mim cinco minutos depois... O quê? - perguntou Rony, parando no meio da frase ao olhar para o rosto de Harry. - Por que está rindo?

- Não estou -, disse Harry rapidamente, olhando para suas anotações de Transfiguração. A verdade é que Rony o lembrava um outro jogador de quadribol da Grifinória que certa vez havia sentado debaixo desta mesma árvore arrumando seu cabelo. - Eu apenas estou feliz porque nós ganhamos, só isso.

- É - disse Rony vagarosamente, saboreando as palavras. - Nós ganhamos. Você viu a cara da Cho quando a Gina pegou o pomo debaixo do nariz dela?

- Eu suponho que ela chorou, não? - disse Harry, amargo.

-Bem, é, mais perdendo a compostura, acho... - disse Rony pensativo. - Mas você viu quando ela atirou a vassoura para longe quando chegou ao chão, não é?

- Er.

- Bem, realmente... Não, Rony - disse Hermione com um profundo suspiro, baixando o livro que tinha nas mãos e olhando para ele cheia de culpa. - Na realidade a única parte que o Harry e eu vimos foi o primeiro gol de Davies.

Rony calmamente despenteou o cabelo, parecendo murchar, desapontado.

- Vocês não assistiram a partida? - disse fracamente, olhando de um para o outro. - Vocês não me viram fazer nenhuma daquelas defesas?

- Bem... Não - disse Hermione, levando uma mão em direção a ele. - Mas Rony, nós não quisemos sair, nós tivemos que sair!

- É? - disse Rony com a face ficando muito vermelha. - Por quê?

- Foi o Hagrid - disse Harry. - Ele decidiu nos dizer por que estava cheio de machucados desde que voltou da viagem para achar os gigantes. Ele quis que nós fôssemos com ele para a Floresta, você sabe como ele é. De toda forma...

A história foi contada em cinco minutos e no final a indignação de Rony se transformou em total incredulidade.

- Ele trouxe um gigante de volta e o escondeu na floresta?

- Sim - disse Harry.

- Não! - disse Rony, como se dizendo isso tudo se tornasse uma inverdade. - Não, ele não pode...

- Bem, foi o que ele fez - disse Hermione firmemente. - Grawp tem uns seis metros, adora arrancar árvores de dez metros do chão, e me chama de - bufou - Mione.

Rony deu uma risada nervosa.

- E Hagrid quer que nós... ?

- O ensinemos ele a falar, sim - disse Harry.

- Ele ficou doido! - disse Rony numa voz aterrorizada.

- Sim - disse Hermione irritada, virando uma página de Transfiguração Intermediária e olhando para uma série de diagramas mostrando uma coruja se tornando um par de óculos de ópera. - Sim, eu estou começando a achar que ficou mesmo. Mas infelizmente ele fez com que Harry e eu prometêssemos.

- Bem, vocês vão quebrar sua promessa - disse Rony firmemente. - Digo, ora, vamos... Nós temos exames e estamos assim - disse, mostrando o indicador e o polegar quase encostados - de sermos expulsos. E além disso... Lembram de Norberto? Lembram de Aragogue? O que ganhamos em nos misturar com os amigos monstros de Hagrid?

- Eu sei. Mas nós prometemos - disse Hermione com a voz sumindo.

Rony embaraçou seu cabelo novamente, parecendo preocupado.

- Bem - suspirou -, Hagrid não foi expulso ainda, não é? Ele conseguiu vir até aqui, talvez consiga ficar até o final do período letivo e nós não precisaremos chegar perto de Grawp afinal.

*

Os terrenos do castelo estavam brilhando à luz sol do como se tivesses sido pintados; o céu sem nuvens sorria para si mesmo na superfície calma do lago; a grama verde acetinada ondulava ocasionalmente em uma brisa gentil. Junho havia chegado mas para os alunos do quinto ano isso significava somente uma coisa: seus testes para os N.O.M.s estavam chegando.

Seus professores não estavam mais passando dever de casa; as lições eram destinadas a revisar os tópicos que achavam que apareceriam nos exames. Uma atmosfera proposital e febril tirava tudo da mente de Harry, apesar de ocasionalmente imaginar se Lupin havia dito a Snape que devia continuar dando aulas de Oclumancia. Se tinha feito isso Snape tinha ignorado Lupin da mesma maneira que estava agora ignorando Harry. Isto estava bem para Harry; estava bastante ocupado e tenso sem aulas extras com Snape e, para seu alívio, Hermione estava ocupada demais naqueles dias para perturbá-lo com a Oclumancia; estava gastando muito tempo murmurando para si mesma e não tinha feito nenhuma roupa para os elfos por dias.

Ela não era a única pessoa agindo estranhamente enquanto os N.O.M.s se aproximavam. Ernie Macmillan desenvolveu um estranho hábito de interrogar as pessoas sobre suas práticas de revisão.

- Quantas horas vocês acham que está gastando por dia? - perguntou a Harry e Rony enquanto estavam na fila para sair da aula de Herbologia, um brilho maníaco nos olhos.

- Não sei - disse Rony. - Umas poucas.

- Mais ou menos que oito?

- Menos, acho - disse Rony, parecendo realmente alarmado.

- Estou gastando umas oito horas - disse Ernie, estufando o peito. - Oito ou nove. Estou fazendo uma hora antes do café da manhã. Eu posso fazer dez num fim de semana. Não tanto na terça. Só sete horas e 15 minutos. Então na quarta...

Harry estava profundamente grato que a professora Sprout os conduziu para a estufa três naquele momento, forçando Ernie a abandonar seu recital.

Enquanto isso Draco Malfoy achou uma forma diferente de induzir ao pânico.

- Claro, não é o que você sabe - ele era visto falar a Crabbe e Goyle alguns dias antes dos exames começarem -, é quem você conhece. Agora, papai tem sido amigo do diretor da Autoridade de Exames de Magia há anos, a velha Griselda Marchbanks. Ela já foi jantar lá em casa e tudo o mais...

- Acha que é verdade? - perguntou Hermione, alarmada a Harry e Rony.

- Não há nada que possamos fazer se for - disse Rony com tristeza.

- Eu não penso que seja - disse baixinho Neville atrás deles -, porque Griselda Marchbanks é amiga da minha avó e nunca mencionou os Malfoy.

- Como ela é, Neville? - perguntou Hermione imediatamente. - Ela é rígida?

- Um pouco como minha avó, realmente - disse com uma voz triste.

- Conhecê-la não diminui suas chances, não é? - disse Rony, encorajando-o.

- Oh, eu não acho que fará qualquer diferença - disse ainda mais miserável. - Vovó sempre dizia à professora Marchbanks que eu não sou bom como o meu pai... Bem... Vocês viram como ela é lá no St. Mungus.

Neville olhou fixamente para a porta. Harry, Rony e Hermione se olharam mas não sabiam o que dizer. Era a primeira vez que Neville tinha falado que haviam se encontrado no hospital dos bruxos.

Enquanto isso um próspero mercado-negro comerciava auxiliares de concentração e melhoradores de agilidade mental e vivacidade entre os alunos do quinto e sétimo ano. Harry e Rony foram muito tentados pela garrafa de Elixir de Cérebro do Baruffio oferecido pelo aluno do sexto ano da Corvinal, Eddie Carmichael, que jurou que tinha sido responsável pelos nove níveis "Excelente" que ganhou nos N.O.M.s no verão anterior e estava oferecendo uma dose por meros 12 galeões. Rony prometeu a Harry que ele o reembolsaria pela sua metade no momento que saíssem de Hogwarts e conseguisse um emprego mas antes de fecharem o negócio Hermione confiscou a garrafa de Carmichael e jogou todo o conteúdo num vaso.

- Hermione, nós queríamos comprar aquilo! - gritou Rony.

- Não sejam estúpidos - disse ela. - Vocês se sairiam melhor com o Pó de Garra de Dragão de Harold Dingle.

- Dingle tem Pó de Garra de Dragão? - disse Rony avidamente.

- Não tem mais. Eu confisquei também. Nada disso realmente funciona, sabe?

- Garra de Dragão funciona! - disse Rony. - Ela é dita como incrível, realmente dá um aumento na performance do cérebro, você fica realmente esperto por algumas horas. Hermione, me deixe pegar um pouco, vai, não vai machucar...

- Estas coisas podem, sim - disse Hermione assustadoramente. - Eu verifiquei e na realidade eram fezes de fadas mordentes.

Essa informação retirou de Harry e Rony o desejo de usar estimulantes de cérebro.

Receberam seus horários dos exames e os detalhes do procedimento dos N.O.M.s durante a aula de Transfiguração.

- Como podem ver -, disse a professora McGonagall à classe enquanto escreviam as datas e horas de seus exames do quadro negro - sus N.O.M.s estão estendidos por duas semanas consecutivas. Vocês vão ter suas provas teóricas pela manhã e as práticas serão à tarde. Sua prova prática de Astronomia será, é claro, à noite. Agora, eu preciso avisá-los que os mais severos feitiços anticola serão aplicados às suas provas escritas. Penas de resposta automática serão banidas da sala de prova como também os Lembróis, Lápis de punhos destacáveis e tinta auto corrigível. Todo ano, eu sinto em dizer, pelo menos um aluno ou aluna acha que pode burlar as regras da Autoridade de Exames de Magia. Só espero que este não seja ninguém da Grifinória. Nossa nova "Diretora"... - e a professora McGonagall falou esta palavra com a mesma expressão que a tia Petúnia fazia quando contemplava uma teimosa mancha de sujeira - mandou os diretores das casas dizerem aos alunos que as trapaças serão punidas severamente por que, é claro, seus resultados refletirão no novo regime que a diretora tem imposto à escola.

A professora McGonagall deu um pequeno suspiro; Harry viu as narinas ficarem finas de raiva.

- Porém, não há razão para vocês não mostrarem seu melhor. Vocês têm seus próprios futuros para pensar.

- Por favor, professora - disse Hermione com a mão no ar -, quando receberemos nossos resultados?

- Uma coruja será enviada a vocês em algum momento de julho.

- Excelente! - disse Dino Thomas num sussurro audível. - Então não teremos que nos preocupar até as férias.

Harry se imaginou sentado no seu quarto na rua dos Alfeneiros durante seis semanas, esperando seus resultados dos N.O.M.s.

"Bem...", pensou vagarosamente. "Haverá pelo menos uma carta para mim no verão."

Seu primeiro exame, Teoria dos Feitiços, tinha sido marcado para segunda pela manhã. Harry concordou em testar Hermione depois do almoço de domingo mas desistiu imediatamente; ela estava muito agitada e ficava tirando o livro da mão dele para verificar se tinha respondido completamente certo, finalmente o acertando no nariz com a borda do Realizando Encantamentos.

- Por que você apenas não faz por si mesma? - disse ele, entregando o livro para ela com os olhos cheios de lágrimas.

Enquanto isso Rony estava lendo dois anos de importantes anotações sobre feitiços com seus dedos nas orelhas, seus lábios se movendo sem som; Simas Finnigan estava deitado de costas no chão, recitando a definição de um Feitiço Substantivo, Dino verificava se estava certo no Livro Padrão de Feitiços (4ª série); e Parvati e Lilá, que estavam praticando os Feitiços de Locomoção, estavam fazendo suas caixas de lápis apostarem corrida sobre a mesa.

No jantar Harry e Rony não falaram muito mas comeram com animação, tendo estudado duro todo o dia. Hermione, por outro lado, ficava soltando sua faca e seu garfo a todo instante e mergulhava por trás da mesa para alcançar sua bolsa, de onde tirava um livro para verificar um fato ou expressão. Rony estava dizendo para ela ter uma refeição decente ou não dormiria à noite quando ela deixou cair o garfo de seus dedos frouxos e se baixou, quase encostando no prato.

- Oh, meu Deus - disse ela fracamente, olhando para o Saguão de Entrada. - São eles? São os Examinadores?

Harry e Rony viraram-se nos seus bancos. Pelas portas do Salão Principal podiam ver Umbridge em pé como um pequeno grupo de velhos bruxos e bruxas. Umbridge, Harry estava satisfeito em ver, parecia bem nervosa.

- Vamos olhar mais de perto? - disse Rony.

Harry e Hermione concordaram e eles se apressaram em direção às portas duplas do Saguão de Entrada, diminuindo o passo quando pisaram o solado da porta para passar serenamente pelos examinadores. Harry pensou que a professora Marchbanks devia ser a menor e mais curvada deles e tinha um rosto tão cheio de linhas que parecia coberto por uma teia de aranha; Umbridge estava conversando com ela respeitosamente. A professora Marchbanks parecia ser um pouco surda; respondia à professor Umbridge alto, considerando que estavam afastadas apenas uns 30 centímetros.

- A viagem foi boa, a viagem foi boa, nós a fizemos muitas vezes antes - disse ela impacientemente. - Agora, não tenho ouvido sobre Dumbledore ultimamente! - disse, olhando pelo Salão como se ele pudesse surgir de algum armário. - Suponho que não tenha idéia de onde ele está?

- Não - disse Umbridge com um olhar maligno para Harry, Rony e Hermione, que estavam gastando um tempo aos pés da escadaria enquanto Rony fingia amarrar os cordões dos sapatos. - Mas eu me atrevo a dizer que o Ministro da Magia o encontrará em breve.

- Eu duvido -gritou a pequena professora Marchbanks. - Não se Dumbledore não quiser ser encontrado! Eu deveria saber... Examinei ele pessoalmente em Feitiços e Transfiguração quando tentou os N.I.E.M.s... Fez coisas com um varinha que eu nunca havia visto antes.

- Sim... Bem... - disse a professora Umbridge enquanto Harry, Rony e Hermione arrastavam seus pés na escadaria de mármore tão lentos quanto podiam. - Deixe-me lhes mostrar a sala dos professores. Aposto que vocês gostariam de uma xícara de chá depois da sua viagem.

Foi uma noite realmente desconfortável. Todos estavam fazendo revisões de última hora mas ninguém parecia estar indo muito longe. Harry foi para a cama cedo mas ficou acordado pelo que pareceram horas. Lembrou sua consulta sobre a carreira e a declaração furiosa da professora McGonagall de que o ajudaria a se tornar um Auror mesmo que fosse a última coisa que fizesse. Desejou que tivesse tido mais ambição agora que os exames haviam chegado. Sabia que não era o único acordado mas nenhum dos outros no dormitório falava e finalmente, uma a um, caíram no sono.

Nenhum dos alunos do quinto ano falou muito no café da manhã no dia seguinte, tão pouco: Parvati praticava encantamentos com todo o fôlego enquanto o saleiro na frente dela girava; Hermione estava novamente lendo Realizando Encantamentos tão rápido que seus olhos pareciam borrados; Neville continuava deixando sua faca e garfo caírem no seu prato de marmelada.

Quando o café da manhã terminou os alunos do quinto e sétimo ano se empurravam no Saguão de Entrada enquanto os outros alunos se dirigiam às suas lições; então, às nove e meia, foram chamados turma por turma para entrar no Salão Principal, que havia sido arrumado exatamente como Harry tinha visto na penseira quando seu pai, Sirius e Snape tinham feito seus N.O.M.s; as quatro mesas das casas tinham sido removidas e substituídas por muitas mesas individuais, todas viradas para a mesa dos professores no fim do Salão, onde a professora McGonagall estava parada olhando para eles. Quando estavam sentados e quietos ela disse.

- Podem começar - e virou uma enorme ampulheta ao seu lado, onde também haviam penas de reserva, vidros de tinta e rolos de pergaminho.

Harry virou seu teste, seu coração batendo forte - três filas à sua direita e quatro assentos à frente Hermione já estava escrevendo - e baixou os olhos para a primeira questão:

a) Diga o encantamento e b) descreva o movimento de varinha necessário para fazer objetos voarem.

Harry teve uma lembrança de uma clava se elevando alto no ar e caindo com estrépito na pequena cabeça de um trasgo... Sorrindo, levemente se curvou sobre o papel e começou a escrever.

*

- Bem, não foi muito ruim, não é? - perguntou Hermione, ansiosa, no Saguão de Entrada duas horas depois, ainda agarrada a um pedaço de papel do exame. - Não tenho certeza que fiz justiça nos Encantamentos de Animar, eu fiquei sem tempo. Vocês colocaram o contra-feitiço para soluços? Eu não tenho certeza se eu devia, achei demais e na questão vinte e três...

- Hermione - disse Rony severamente -, nós já passamos por isso antes... Não vamos repassar cada exame, já é demais fazê-los uma vez.

Os alunos do quinto ano almoçaram com o resto da escola (as quatro mesas das casas reapareceram para a refeição), então foram para uma pequena câmara ao lado do Salão Principal enquanto esperavam para serem chamados para seu exame prático. Enquanto pequenos grupos de estudantes eram chamados em ordem alfabética aqueles que ficavam murmuravam encantamentos e praticavam movimentos de varinha, ocasionalmente batendo uns nos outros nas costas ou num olho.

Hermione foi chamada. Tremendo, deixou a câmara com Antônio Goldstein, Gregório Goyle e Dafne Greengrass. Estudantes que já tinham sido testados não retornavam à câmara, então Harry e Rony não tinham idéia do que Hermione havia feito.

- Ela ficará bem. Lembra que conseguiu cento e vinte por cento em um de seus exames de Feitiços? - disse Rony.

Dez minutos depois o Professor Flitwick chamou.

- Pansy Parkinson, Padma Patil, Parvati Patil, Harry Potter.

- Boa sorte - disse Rony baixinho. Harry entrou no Salão Principal apertando sua varinha tão forte que sua mão tremia.

- Professor Tofty está livre, Potter - guinchou o professor Flitwick, que estava em pé logo na porta. Ele apontou para o examinador que estava sentado atrás de uma pequena mesa no canto, perto da professora Marchbanks, que estava no meio do Salão, testando Draco Malfoy.

- Potter, não é? - disse o professor Tofty, consultando suas notas e olhando por cima do seus óculos enquanto Harry se aproximava. - O famoso Potter?

Com o canto do seu olho, Harry distintamente viu Malfoy dar um olhar de lástima para ele: o cálice de vinho que Malfoy estava levitando caiu no chão e se quebrou. Harry não pôde deixar de sorrir; o professor Tofty sorriu de volta par ele, encorajando-o.

- É isso - disse ele com sua voz trêmula e velha -, não precisa ficar nervoso. Agora, quero pedir para pegar este ovo e faça para mim algumas rotações.

No geral, Harry achou que foi bem. Seu encantamento de levitação foi certamente muito melhor que o de Malfoy, mesmo que tivesse desejado não ter misturado os encantamentos de Mudança de Cor e de Crescimento, o que fez o rato que deveria deixar alaranjado inchar e ficar tão grande quanto um texugo antes de Harry corrigir o erro. Estava feliz que Hermione não estivesse no Salão Principal naquele momento e evitou comentar com ela depois do exame. Podia contar a Rony, de qualquer forma; Rony conseguiu transformar um prato em um grande cogumelo e não tinha nem idéia de como havia feito.

Não havia tempo para relaxar naquela noite; foram direto para a sala comunal depois do jantar e se enfiaram na revisão para o Exame de Transfiguração no dia seguinte; Harry foi para a cama com sua cabeça zumbindo com os modelos e teorias de feitiços complexos.

Esqueceu a definição para o Feitiço de Troca durante seu exame escrito mas seu exame prático poderia ter sido bem pior. Pelo menos conseguiu fazer sua iguana desaparecer por completo, enquanto Anna Abbott perdeu a cabeça completamente na mesa próxima e de certo modo conseguiu multiplicar seu furão num grupo de flamingos, fazendo com que o exame fosse interrompido por dez minutos enquanto os pássaros eram capturados e retirados do Salão.

Fizeram seus exames de Herbologia na quarta (fora uma mordida de um Gerânio Dentuço, Harry achou que foi bastante bem); então na quinta Defesa Contra as Artes das Trevas. Pela primeira vez Harry teve certeza que passou. Não teve nenhum problema com as questões escritas e teve um prazer particular durante seu exame prático, enquanto mostrava todas as contra-azarações e feitiços defensivos bem na frente da Umbridge, que olhava friamente de perto das portas Saguão de Entrada.

- Oh, bravo! - gritou o professor Tolty, que estava examinando Harry novamente quando demonstrou um feitiço que fez com que um bicho-papão desaparecesse. - Muito bom, realmente! Eu acho que é tudo, Potter... A menos que...

Ele se inclinou um pouco para frente.

- Eu soube pelo meu querido amigo Tiberius Ogden que você pode produzir um Patrono? Bom, um ponto extra...?

Harry levantou sua varinha, olhou diretamente para Umbridge e a imaginou sendo demitida.

- Expecto patronum!

Seu cervo prateado saiu da ponta de sua varinha e galopou por todo o Salão. Todos os examinadores olhavam enquanto o cervo percorria o Salão e quando se dissolveu numa neblina prateada o professor Tofty bateu palmas com suas mãos nodosas e cheia de veias entusiasticamente.

- Excelente! Muito bem, Potter, você pode ir!

Enquanto Harry passava por Umbridge ao lado da porta seus olhos se encontraram. Havia um sorriso horrível na sua boca grande e frouxa mas ele não se importou. A menos que estivesse muito enganado (e ele não diria a ninguém, no caso de estar) acabara de conseguir um "Excelente" N.O.M.

Na sexta, Harry e Rony tiveram o dia livre enquanto Hermione fazia seu exame de Runas Antigas e como tinham todo o fim de semana pela frente se permitiram uma folga das revisões. Espreguiçaram-se e bocejaram ao lado da janela aberta, de onde o ar quente do verão estava entrando enquanto jogavam uma partida de xadrez de bruxo. Harry podia ver Hagrid à distância, dando uma aula na orla da floresta. Imaginava que criaturas estavam estudando - deviam ser unicórnios, porque os garotos estava a alguma distância - quando o buraco do retrato se abriu e Hermione entrou, parecendo perfeitamente de mau humor.

- Como foi as Runas? - disse Rony, bocejando e se espreguiçando.

- Eu errei a tradução de ehwaz - disse Hermione furiosa. - Significa sociedade, não defesa. Eu misturei com eihwaz.

- Ah, bem - disse Rony preguiçoso -, foi apenas um erro, não é, você ainda tem...

- Oh, cale-se! - disse Hermione furiosa. - Um erro pode ser a diferença entre passar ou não. E tem mais. Alguém colocou outro pelúcio no escritório da Umbridge. Eu não sei como passaram pela porta mas eu passei lá perto e a Umbridge estava gritando a todo volume, pelo que eu pude ouvir o pelúcio tentou arrancar um pedaço da perna dela...

- Bom! - disseram Harry e Rony juntos.

- Não é bom! - disse Hermione irritada. - Ela acha que é Hagrid que está fazendo isso, lembram? E nós não queremos que Hagrid seja demitido!

- Ele está ensinado agora; ela não pode culpá-lo - disse Harry, apontando para a janela.

- Oh, você é tão ingênuo às vezes, Harry. Você realmente acha que Umbridge vai esperar por provas? - disse Hermione, que parecia determinada em se manter chateada, e se dirigiu para o dormitório das garotas, batendo a porta atrás de si.

- Uma garota amável e doce - disse Rony, bem baixinho, fazendo com que sua rainha derrotasse um dos cavalos de Harry.

O mau humor de Hermione permaneceu pela maior parte do fim de semana, de forma que Harry e Rony acharam bem fácil ignorá-la enquanto gastavam a maior parte do sábado e do domingo revisando Poções, que estava marcada para segunda, o exame que Harry menos esperava para fazer - e o qual tinha certeza que seria sua queda na ambição para a carreira de Auror. Claro, achou o teste escrito difícil embora tenha achado que conseguiu a maior pontuação na questão sobre a poção Polissuco; pôde descrever os efeitos corretamente, tendo feito essa poção ilegalmente no seu segundo ano.

O exame prático da tarde não foi tão terrível quanto esperou. Com Snape ausente dos procedimentos achou que estava muito mais relaxado do que ficava enquanto estava fazendo poções. Neville, sentado perto de Harry, também parecia mais feliz do que nunca o havia visto durante a aula da matéria. Quando a professora Marchbanks disse.

- Afastem-se dos seus caldeirões, por favor, o exame está terminado.

Harry tampou seu frasco de amostra sentindo que talvez não tivesse conseguido uma boa pontuação mas tinha, com um pouco de sorte, evitado uma falha.

- Só faltam quarto exames - disse Parvati Patil, cansada, enquanto se dirigiam para a sala comunal da Grifinória.

- Só! - disse Hermione, irada. - Eu tenho Aritmancia e é provavelmente a matéria mais difícil que há!

Ninguém era tolo de discordar então ela não podia expressar seu rancor e se atirar contra nenhum deles, então se limitou a repreender alguns alunos do primeiro ano por rir alto demais na sala comunal.

Harry estava determinado a se dar bem no exame de Trato de Criaturas Mágicas na terça de modo que Hagrid não ficaria mal. O exame prático foi aplicado à tarde na orla da Floresta Proibida, onde os alunos foram solicitados a identificar corretamente um ouriço escondido entre dúzias de porcos-espinho (o truque era oferecer leite a cada um deles: ouriço, criaturas muito desconfiadas dos quais os espinhos têm muitas propriedades mágicas, geralmente ficam furiosos quando vêem alguém tentando os envenenar); então demonstrar o correto manuseio de um Tronquilho; alimentar e limpar um caranguejo de fogo sem sofrer queimaduras sérias e escolher, de uma grande seleção de comidas, a dieta para um unicórnio doente.

Harry podia ver Hagrid olhando ansioso da janela de sua cabana. Quando o examinador de Harry, uma bruxa pequena e redonda, sorriu para ele e lhe disse que podia ir Harry deu a Hagrid um passageiro dedão para o ar, mostrando que tinha se saído bem, antes de se dirigir ao castelo.

O exame teórico de Astronomia na quarta de manhã foi bem o suficiente. Harry não tinha certeza de ter colocado os nomes corretos de todas as luas de Júpiter mas estava plenamente confiante de que nenhuma delas era habitada por ratos. Tinham que esperar até à noite para seu exame prático; a tarde foi então devotada a Adivinhação.

Mesmo para os baixos padrões de Harry em Adivinhação o exame correu muito mal. Tentou ver figuras se movendo na mesa como também na teimosa bola de cristal; perdeu a cabeça completamente durante a leitura de folhas de chá, dizendo que parecia que a professora Marchbanks logo encontraria um estranho redondo, encharcado e escuro, e terminou com um total fiasco quando misturou as linhas da vida e da cabeça na palma das mãos dela, informando que ela deveria ter morrido na terça anterior.

- Bem, nós sempre falhamos nessa aí - disse Rony com tristeza enquanto subiam a escadaria de mármore. Tinha acabado de fazer Harry se sentir melhor quando disse ao examinador os detalhes de um homem feio com uma verruga no nariz na sua bola de cristal, apenas para ver depois que estivera descrevendo o reflexo do examinador.

- Nós nunca devíamos ter pegado esta matéria desde o início - disse Harry.

- Pelo menos nós podemos sair agora.

- É. Nada mais de fingir se importar com o que acontece quando Júpiter e Urano ficam próximos.

- E a partir de agora eu não me importo se minha folhas de chá dizem "morra, Rony, morra". Eu vou apenas jogá-las na lata de onde vieram.

Harry ria quando Hermione veio correndo atrás deles. Parou de sorrir de imediato, no caso de isso a perturbar.

- Bem, eu acho que me saí bem em Aritmancia - disse ela e Harry e Rony suspiraram de alívio. - Temos tempo de dar uma olhada rápida nos gráficos estelares antes do jantar, então...

Quando chegaram ao topo da Torre de Astronomia às onze horas da noite encontraram uma perfeita noite para olhar as estrelas, firme e sem nuvens. Os terrenos da escola eram banhados pela luz da lua e havia uma leve friagem no ar. Cada um preparou seus telescópios quando a professora Marchbanks falou que começassem a preencher os gráficos estelares que tinham recebido.

Os professores Marchbanks e Tofty passeavam por eles, olhando enquanto colocavam as posições precisas das estrelas e planetas que estavam observando. Tudo estava quieto exceto pelo arranhado nos pergaminhos, um rangido ocasional de um telescópio enquanto eram ajustados nos seus suportes. Meia hora havia passado, então uma hora; os pequenos quadrados dourados nos terrenos abaixo começaram a sumir enquanto as luzes do castelo eram apagadas.

Quando Harry completou a constelação de Órion no seu mapa, porém, as portas do castelo se abriram diretamente abaixo do parapeito onde ele estava, luz saiu pelos degraus de pedra e atravessou o gramado. Harry olhou para baixo enquanto fazia um ajuste leve na posição do telescópio e viu cinco ou seis sombras alongadas se movendo através da luz brilhante antes das portas se fecharem e o gramado ficar como um mar de escuridão novamente.

Harry colocou seu olho no telescópio novamente e ajustou o foco, agora examinando Vênus. Olhou para o seu mapa para colocar o planeta lá mas algo o distraiu; parando sua pena acima do pergaminho olhou para os terrenos sombrios abaixo e viu meia dúzia de figuras andando sobre a grama. Se não estivesse se movendo e a luz da lua não estivesse brilhando sobre suas cabeças seria impossível de serem distinguidos do terreno escuro onde andavam. Mesmo à distância, Harry tinha uma estranha sensação de reconhecer o andar de um deles, o que parecia liderar o grupo.

Não imaginava o que levaria Umbridge a dar um passeio do lado de fora depois da meia noite, muito menos acompanhada por outros cinco. Então alguém tossiu atrás dele e se lembrou que estava no meio do exame. Tinha esquecido a posição de Vênus. Apertando o olho contra o telescópio o achou novamente e estava para apontar o local no gráfico quando, alertado por um estranho som, ouviu uma distante batida que ecoou através dos campos desertos, seguida imediatamente pelo latido abafado de um grande cão.

Olhou para cima, seu coração batendo rápido. Havia luzes nas janelas da cabana de Hagrid e as pessoas que havia observado se movendo pela grama estavam agora com suas silhuetas formadas por elas. A porta se abriu e viu distintamente seis figuras atravessarem a soleira. A porta se fechou novamente e se fez silêncio.

Harry se sentiu preocupado. Olhou ao redor para ver se Rony ou Hermione tinham visto o que ele viu e a professora Marchbanks veio andando por trás dele naquele momento, não querendo parecer que estava tentado olhar o trabalho de ninguém, Harry se curvou rapidamente sobre seu gráfico e fingiu estar fazendo anotações enquanto olhava por cima do parapeito em direção à cabana de Hagrid. Figuras agora se moviam pelas janelas, bloqueando temporariamente a luz.

Podia sentir os olhos da professora Marchbanks nas suas costas e colocou novamente o olho no telescópio, fixo na lua, que havia marcado uma hora atrás, mas a professora Marchbanks se moveu no momento que um rugido veio da distante cabana e ecoou através da escuridão até o topo da Torre de Astronomia. Várias pessoas ao redor de Harry saíram de trás de seus telescópios e olharam diretamente para a cabana de Hagrid.

O professor Tofty deu uma leve tossida.

- Tentem se concentrar, meninos e meninas - disse levemente.

A maioria das pessoas voltou para trás de seus telescópios. Harry olhou para sua esquerda. Hermione mirava fixamente a cabana de Hagrid.

- Aham. Vinte minutos para terminar - disse Professor Tofty.

Hermione saltou e voltou para seu gráfico estelar; Harry olhou para o seu próprio e reparou que tinha anotado erradamente Vênus com Marte. Ele se curvou para consertar.

Houve um alto "BANG" nos campos. Várias pessoas gritaram "Ouch!" quando acertaram a si mesmo com os telescópios quando tentaram rapidamente ver o que estava acontecendo lá embaixo.

A porta da cabana de Hagrid estava arrebentada e pela luz que saía e eles o viram claramente, uma figura massiva urrando e levantando os punhos, cercado por seis pessoas que, julgando pelos finos fios de luz vermelha, estavam mirando em sua direção, parecendo tentar nocauteá-lo.

- Não! - gritou Hermione.

- Meu Deus! - disse o professor Tofty numa voz escandalizada. - Isto é um exame!

Mas ninguém estava mais dando atenção aos gráficos estelares. Jatos de luz vermelha ainda voavam pela cabana de Hagrid, ainda que parecesse que estavam ricocheteando nele, ainda em pé e parado e, pelo que Harry podia ver, lutando. Choros e berros ecoavam pelos terrenos da escola; um homem gritou:

- Seja razoável, Hagrid!

Hagrid rugiu.

- Razoável uma ova. 'cês não vão me 'var assim, Dawlish!

Harry podia ver uma fina linha ao redor de Canino, tentando defender Hagrid, saltando repetidamente nos bruxos ao redor deles até um Feitiço Estuporante acertá-lo e ele cair no chão. Hagrid deu um uivo de fúria, levantando o atacante do chão e o arremessando; o homem voou o que pareceu uns quatro metros e não se levantou mais. Hermione arfou, ambas as mãos cobrindo sua boca; Harry olhou para Rony e viu que também estava assustado. Nenhum deles tinha visto Hagrid realmente zangado antes.

- Olhem! - gritou Parvati, que estava inclinada sobre o parapeito e apontava para as portas do castelo que se abriam novamente; mais luz se derramou sobre o gramado escuro e uma sombra comprida estava agora ondulanda sobre a grama.

- Ora, realmente! - disse o professor Tofty, ansioso. - Restam apenas dezesseis minutos agora!

Mas ninguém lhe deu a mínima atenção: estavam olhando para a pessoa que corria direto para a briga perto da cabana de Hagrid.

- Como se atrevem! - gritou a figura enquanto corria. - Como se atrevem!

- É McGonagall! - murmurou Hermione.

- Soltem-no! Soltem-no, estou dizendo! - disse a voz da professora McGonagall na escuridão. - Com que acusações o estão atacando? Ela não fez nada, nada para merecer essa...

Hermione, Parvati e Lilá gritaram. As figuras ao redor da cabana dispararam nada menos que quatro Feitiços Estuporantes na professora McGonagall. A meio caminho entre a cabana e o castelo os feitiços a atingiram; por um momento pareceu se iluminar e brilhar num vermelho assustador e então ela caiu de costas e não se mexeu mais.

- Gárgulas galopantes! - gritou o professor Tofty, que parecia também ter se esquecido do exame completamente. - Sem nenhum aviso! Isso é vergonhoso!

- COVARDES! - urrou Hagrid; sua voz ecoou até o topo da torre e várias luzes se acenderam dentro do castelo. - SEUS COVARDES! TOMEM ISSO, E ISSO...

- Oh meu Deus - arfou Hermione.

Hagrid deu dois golpes massivos nos atacantes mais próximos; a julgar pelo modo como caíram foram nocauteados. Harry viu Hagrid se dobrar e pensou que havia sido finalmente acertado por um feitiço. Mas pelo contrário. Logo depois Hagrid ficou novamente de pé com o que parecia um saco nas costas, então Harry percebeu que era um corpo mole sobre os seus ombros.

- Pegue ele! - gritou Umbridge mas seu último ajudante parecia muito relutante em chegar perto dos punhos de Hagrid; realmente estava se afastando tão rápido que tropeçou nos seus colegas inconscientes e caiu. Hagrid se virou e começou a correr com Canino ainda ao redor do seu pescoço. Umbridge atirou um último Feitiço Estuporante nele mas errou e Hagrid, correndo a toda para os portões distantes, desapareceu na escuridão.

Houve um silêncio agitado por longos minutos enquanto todos estavam com suas bocas abertas, olhando para o terreno da escola. Então a voz do professor Tofty disse fracamente.

- Um... Cinco minutos para terminar, todos vocês.

Apesar de ter preenchido apenas dois terços do seu gráfico Harry estava desesperado para o exame terminar. Quando finalmente terminou, ele, Rony e Hermione forçaram seus telescópios nos estojos e desceram correndo a escadaria em espiral. Nenhum dos estudantes estava indo para cama; estavam todos falando alta e excitadamente aos pés da escada sobre o que haviam presenciado.

- Aquela mulher má! - arfou Hermione, que parecia ter dificuldade de falar devido a sua raiva. - Tentando pegar Hagrid sorrateiramente no meio da noite!

- Ela claramente quis evitar uma cena como a de Trelawney - disse Ernie Macmillan sabiamente, apertando-se para se juntar a eles.

- Hagrid estava bem, não é? - disse Rony, que parecia mais alarmado que impressionado. - Como ele conseguiu suportar todos aqueles feitiços?

- É o sangue de gigante - disse Hermione. - É muito difícil estuporar um gigante, eles são como trasgos, realmente fortes... Mas pobre professora McGonagall... Quatro feitiços estuporantes direto no peito e ela não é jovem, não é?

- Terrível, terrível - disse Ernie, balançando sua cabeça pomposamente. - Bem, eu vou indo pra cama. Noite, todos.

As pessoas ao redor deles iam se dissipando, ainda falando sobre o que tinham acabado de ver.

- Pelo menos eles não vão levar Hagrid para Azkaban - disse Rony. - Eu espero que ele tenha ido se juntar a Dumbledore, não é?

- Acho que ele foi - disse Hermione, parecendo chorosa. - Oh, isso é horrível, eu realmente pensava Dumbledore voltaria depois de algum tempo mas agora nós perdemos Hagrid também.

Perambularam de volta até a sala comunal da Grifinória e a encontraram lotada. A perturbação que veio dos jardins acordou muitas pessoas, que agora se apressavam em acordar os amigos. Simas e Dino, que chegaram antes de Harry, Rony e Hermione, estavam agora contando a todos o que haviam visto do topo da Torre de Astronomia.

- Mas por que despedir Hagrid agora? - perguntou Angelina Johnson, balançando a cabeça. - Ele não é como Trelawney; ele esteve ensinado muito melhor que o normal este ano!

- Umbridge odeia meio-humanos - disse Hermione amargamente, sentando-se no braço de uma cadeira. - Ela estava sempre tentando expulsar Hagrid.

- E ela pensou que Hagrid estava colocando pelúcios no escritório dela - afirmou Katie Bell.

- Oh, não - disse Lino Jordan, cobrindo sua boca. - Fui eu quem estive colocando os pelúcios no escritório dela. Fred e Jorge me deixaram um casal; eu os estive levitando através da janela dela.

- Ela o teria despedido de qualquer jeito - disse Dino. - Ele estava muito próximo de Dumbledore.

- É verdade - disse Harry, afundando na cadeira ao lado de Hermione.

- Eu espero que a professora McGonagall esteja bem.

- Eles a levaram de volta ao castelo, nós vimos pela janela do dormitório - disse Colin Creevey. - Ela não parecia muito bem.

- Madame Pomfrey vai cuidar dela - disse Alícia Spinnet firmemente. - Ela nunca falhou antes.

Era perto das quatro da manhã quando a sala comunal começou a esvaziar. Harry se sentia muito acordado; a imagem de Hagrid fugindo para a escuridão o estava perseguindo; estava com tanta raiva de Umbridge que não podia pensar um castigo ruim o suficiente para ela, mesmo que Rony tenha sugerido dá-la como comida para uma caixa de Explosivins famintos tenha tido seu mérito. Adormeceu contemplando vinganças horríveis e se levantou da cama três horas depois, sentindo-se distintamente cansado.

Seu exame final, História da Magia, não aconteceria até a tarde. Harry teria gostado muito de voltar para a cama depois do café mas estava contando com a manhã para fazer uma revisão de última hora, então ao invés disso sentou com a cabeça apoiada nas mãos olhando pela janela da sala comunal, tentando não cochilar enquanto lia um metro e vinte centímetros de anotações que Hermione lhe emprestou.

Os alunos do quito ano entraram no Salão Principal às duas horas da tarde e se sentaram de frente para os exames que estavam virados para baixo. Harry se sentia exausto. Ele só queria que isso acabasse, então poderia ir dormir; então no dia seguinte ele e Rony iriam ao campo de quadribol - ele voaria um pouco na vassoura de Rony e saborearia sua liberdade de revisões.

- Virem seus exames - disse a professora Marchbanks na frente do Salão, tocando de leve na ampulheta. - Podem começar.

Harry mirou fixamente a primeira questão. Vários minutos passaram até que lhe ocorreu que não tinha entendido uma só palavra dela; um zumbido constante que vinha de uma das janelas acima o distraía. Vagarosa e  tortuosamente ele finalmente começou a escrever uma resposta.

Estava tendo dificuldade em se lembrar de nomes e continuava a confundir datas. Simplesmente pulou a questão quatro (Na sua opinião, a lei da varinha deveria contribuir ou conduzir a um melhor controle sobre as rebeliões dos duendes no século dezoito?), pensando em voltar a ela se tivesse tempo no final. Teve alguma vantagem na questão cinco (Como era o Estatuto de Segredo criado em 1749 e que medidas introduziu para prevenir uma renovação?) mas tinha uma irritante suspeita de que tinha esquecido vários ponto importantes; sentia que tinha vampiros na história em algum lugar.

Avançou até uma questão que podia definitivamente responder e seus olhos se alinharam na dez: Descreva as circunstâncias que levaram à formação da Confederação Internacional de Bruxos e explique por que os Feiticeiros de Liechtenstein recusaram a se unir.



"Eu sei isso", pensou Harry, mesmo que seu cérebro estivesse lento e adormecido. Podia visualizar um cabeçalho na escrita de Hermione: A Formação da Confederação Internacional dos Bruxos... Tinha lido essas anotações naquela manhã.

Começou a escrever, olhando para cima agora e para verificar a grande ampulheta na mesa ao lado da professora Marchbanks. Estava sentado bem atrás de Parvati Patil, cujos longos cabelos negros caíam atrás da sua cadeira. Uma ou duas vezes se achou olhando fixamente as pequenas luzes douradas que cintilavam quando movia sua cabeça levemente e tinha que balançar sua própria para acordar.

"...o primeiro Cacique Supremo da Confederação Internacional dos Bruxos foi Pierre Bonaccord mas sua eleição foi contestada pela comunidade bruxa de Liechtenstein, porque..."

Ao redor de Harry penas estavam arranhando pergaminhos como ratos cavando apressados. O sol estava muito quente atrás de sua cabeça. O que foi que Bonaccord fez para ofender os Feiticeiros de Liechtenstein? Harry tinha um pressentimento que tinha algo a ver com trasgos... Olhava inexpressivamente para as costas de Parvati novamente. Se pudesse usar Legilimencia, abrir uma janela atrás da cabeça dela e ver o que havia sobre o que os trasgos tinham causado para haver essa ruptura entre Pierre Bonaccord e Liechtenstein...

Harry fechou os olhos e colocou o rosto nas mãos, então a luz vermelha brilhante nas suas pálpebras ficou escura e fria. Bonaccord tinha ajudado a parar com a caça aos trasgos e a criar os direitos dos trasgos... Mas Liechtenstein estava tendo problemas com uma tribo de trasgos montanheses particularmente cruel... Era isso.

Abriu os olhos; doeram e lacrimejaram ao olharem para o pergaminho branco. Vagarosamente, escreveu duas linhas sobre o pergaminho, então leu o que havia escrito até ali. Não parecia muito informativo ou detalhado, já que tinha certeza que as anotações de Hermione sobre a Confederação se estendiam por página e páginas.

Fechou seus olhos novamente, tentando vê-las, tentando lembrar... A Confederação se reuniu primeiramente na França, sim, já tinha escrito isso...

Duendes tinha tentado entrar mas foram expulsos... Já tinha escrito isso também...

E ninguém de Liechtenstein tinha querido vir...

"Pense", disse a si mesmo, seu rosto nas mãos enquanto as penas ao seu redor arranhavam pergaminhos com respostas sem fim e a areia escorria através da ampulheta...

Estava novamente andando pelo corredor frio e escuro do Departamento de Mistérios novamente, andando de forma decisiva e firme, às vezes começando a correr, determinado a chegar ao seu destino finalmente... A porta escura se abriu para ele como sempre e estava então na sala circular com muitas portas...

Atravessou o chão de pedra e a segunda porta... Trechos de luz dançavam nas paredes e no chão e havia um estranho clique mecânico mas não havia tempo para explorar, tinha que se apressar...

Correu os últimos metros para a terceira porta que se abriu exatamente como as outras...

Novamente estava na sala com o tamanho de uma catedral, cheia de estantes e esferas de vidro... Seu coração estava batendo muito rápido agora... Conseguiria agora... Quando chegou ao número noventa e sete virou e se apressou pelo corredor entre duas estantes...

Mas havia uma forma estranha no final do corredor, uma forma negra se movendo como um animal ferido... O estômago de Harry contraiu com o medo... Com a excitação...

Uma voz que parecia sair de sua própria boca, um voz aguda, fria e vazia, totalmente sem aparência humana...

- Pegue-a pra mim... Levante-a agora... Eu não posso tocá-la... Mas você pode...

A forma negra no chão mudou um pouco. Harry viu uma mão com dedos longos e brancos se elevar como seu próprio braço... Escutou a voz aguda e fria dizer "Crucio!".

O homem no chão deixou escapar um grito de dor, tentando se levantar mas caiu novamente, contorcendo-se. Harry estava gargalhando. Levantou sua varinha e o feitiço cessou e a figura gemeu e ficou imóvel.

- Lord Voldemort está esperando...

Muito vagarosamente, seus braços tremendo, o homem no chão levantou seus ombros alguns centímetros e levantou sua cabeça. Seu rosto estava ensangüentado e abatido, torcido pela dor porém rígido e desafiante...

- Terá que me matar... - sussurrou Sirius.

- Sem dúvida eu farei no final - disse a voz fria. - Mas você vai pegá-la para mim primeiro, Black... Você pensa que já sofreu o suficiente? Pense novamente... Nós temos horas pela frente e ninguém para ouvir você gritar...

Mas alguém gritou enquanto Voldemort baixava sua varinha novamente; alguém berrou e caiu ao lado de uma mesa quente no chão de pedra frio; Harry acordou quando bateu no chão, ainda gritando, sua cicatriz ardendo como fogo, enquanto todo o Salão Principal irrompeu ao seu lado.

-- CAPÍTULO 32 --
FORA DA LAREIRA


- Eu não vou... Eu não preciso de assistência médica...Eu não quero...

Estava tentando se desvencilhar do professor Tofty, que estava vigiando Harry com muito cuidado após ajudá-lo sair da sala, com os estudantes o observando.

- Eu... Eu estou bem, senhor - falou Harry gaguejando, limpando o suor de seu rosto. - Realmente... Eu só cochilei por um momento... Tive um pesadelo...

- É a pressão dos exames! - disse o velho bruxo, batendo amigavelmente no ombro de Harry. - Isso acontece! Isso acontece! Beba um copo de água e talvez você estará bem para retornar ao Salão Principal? O exame está perto de terminar mas você estará bem para repetir a sua resposta calmamente?

- Sim - disse Harry excitadamente. - Eu disse... Não... Eu fiz... Fiz tudo o que pode, eu acho...

- Muito bem, muito bem - disse o velho bruxo gentilmente. - Eu verei seus exames e sugiro que você vá dormir.

- Eu farei isso. Muito obrigado.

No segundo que o velho desapareceu através do Salão Principal Harry subiu os degraus de mármore tão rapidamente que os retratos que passava perto diziam palavras de reprovação, subindo mais os andares e finalmente abriu violentamente a porta da ala hospitalar, assustando Madame Pomfrey, que tinha um líquido azul brilhante na colher de Montague.

- O que você acha que está fazendo Potter?

- Eu preciso ver a professora McGonagall - murmurou ofegante. - Agora... É urgente!

- Ela não está aqui, Potter - disse tristemente Madame Pomfrey. - Ela foi transferida para o St. Mungus esta manhã. Quatro Feitiços Estuporantes direto no tórax na idade dela? É um milagre que não a mataram.

- Ela... Se foi? - disse, chocado.

A sineta tocou fora da ala hospitalar e ouviu um ruído distante dos estudantes saindo das aulas. Ficou quieto, olhando Madame Pomfrey. Um medo surgia dentro de si.

Não havia ninguém para contar. Dumbledore se fora, Hagrid também mas sempre achou que a professora McGonagall estaria ali, dura e inflexível, talvez, mas sempre ali presente...

- Eu também estou chocada, Potter - disse Madame Pomfrey com uma cara de desaprovação. - Como se um deles pudessem substituir Minerva McGonagall! Covardia é o que foi... Covardia explicita... Se eu não tivesse preocupada com o que poderia acontecer com os estudantes sem mim protestaria.

- Sim - disse Harry confusamente.

Ele saiu às cegas da ala hospitalar pelo corredor, em pânico, não podia pensar no que fazer...

"Rony e Hermione", disse uma voz em sua cabeça.

Correu de novo, empurrando estudantes para fora de seu caminho, obviamente sob muitos protestos furiosos. Desceu dois andares e do topo de um degrau de mármore os avistou indo apressadamente ao seu encontro.

- Harry! - disse Hermione, olhando-o assustadoramente. - O que aconteceu? Você está bem? Você estará?

- Onde você esteve? - disse Rony.

- Venham comigo - disse Harry rapidamente. - Vamos, tenho algo para contar.

Foram até primeiro andar, foi numa sala de aula vazia da qual rapidamente fechou a porta atrás de Rony e Hermione no momento que entraram.

- Voldemort pegou Sirius.

- O quê?

- Como você...

- Eu vi. Agora. Quando eu fiquei desacordado durante o exame.

- Mas... Mas onde? Como? - disse Hermione, ficando pálida.

- Eu não sei como. Mas eu sei exatamente onde. Existe uma sala no Departamento de Mistérios cheia de esconderijos com pequenas bolas de cristal e estavam no final da porta noventa e sete... Estava tentando usar Sirius para conseguir algo que ele queria de lá... Torturava Sirius... Dizendo que no final iria matá-lo!

Harry achou sua voz trêmula, como se estivesse em pânico. Puxou uma cadeira e sentou, contendo-se.

- Como nós chegaremos lá? - Harry perguntou a eles.

Fez-se um momento de silêncio. Depois Rony disse.

- Che-chegar lá?

- Chegar ao Departamento de Mistérios, então poderemos resgatar Sirius - gritou Harry.

- Mas Harry... - murmurou Rony.

- O quê?

Ele não pôde entender por que os dois olhavam para ele como se estivesse pedindo algo irracional.

- Harry - falou Hermione, assustada. - Ahn... Como... Como você sabe que Voldemort entrou no Ministério da Magia sem ninguém notar?

- Como eu sei? - observou Harry. - A pergunta é como nós chegaremos lá!

- Mas... Harry, pense nisso! São cinco horas da tarde... O Ministério da Magia deve estar cheio de gente... Como Voldemort e Sirius entraram sem serem vistos? Harry... Eles provavelmente são os dois bruxos mais procurados no mundo... Você acha que poderiam chegar num prédio cheio de Aurores sem serem notados?

- Eu não sei, Voldemort usou uma capa de invisibilidade ou coisa semelhante! - berrou. - De qualquer forma, o Departamento de Mistério estava sempre completamente vazio quando eu estive...

- Você nunca esteve lá, Harry - disse Hermione tranqüilamente. - Você sonhou com esse lugar, só isso.

- Não são sonhos comuns - berrou, levantando-se e se aproximando dela. Queria sacudi-la. - Como você explica aquilo sobre o pai de Rony? Quando ele veio eu já sabia o que tinha acontecido com ele!

- É um bom argumento - falou tranqüilamente Rony, olhando Hermione.

- Mas isso é... É impossível! - disse Hermione desesperadamente. - Harry, como Voldemort capturou Sirius se estava em Grimmauld Place todo este tempo?

- Sirius provavelmente não agüentou e foi respirar um ar puro - falou Rony, parecendo preocupado. - Ele estava desesperado para sair daquela casa por anos...

- Eu não sei, pode ter muitos motivos! - Harry se afastou de Hermione. - Talvez Sirius seja só mais uma pessoa que Voldemort não liga em machucar...

- É só um pensamento - disse Rony. - O irmão de Sirius era um Comensal da Morte, não era? Talvez contou a Sirius o segredo de como obter a arma!

- É... Então é por isso que Dumbledore estava tão preocupado em manter Sirius trancafiado nesse lugar o tempo todo! - falou Harry.

- Olha, eu sinto muito - chorou Hermione - mas nada faz sentido, nós não temos provas de nada disso, nenhuma prova de que Voldemort e Sirius estão lá...

- Hermione, Harry os viu! - disse Rony, rondando-a.

- Ok - disse, olhando assustada mas ainda determinada. - Eu tenho que dizer isso...

- O quê?

- Você... Isso não é uma crítica, Harry! Mas você faz... Uma espécie de... Eu digo... Não que você tenha um pouco de um... Extinto de salvar pessoas? - ele a contemplava.

- E o que vem a ser o significado de "extinto de salvar pessoas"?

- Bem... Você... - ela olhou apreensivamente para ele. - Quero dizer... Ano passado, por um instante... No lago... Durante o Torneio... Você não deveria... Quero dizer, você não precisava salvar a irmã de Delacour... Você ficou um pouco... A levou...

Uma fúria se alastrou pelo corpo de Harry, como ela cometeria um erro desses?

- Quero dizer, foi bom para você e tudo... - falava Hermione rapidamente, olhando positivamente para o rosto de Harry. - Todos acharam algo maravilhoso que você fez...

- Foi engraçado - disse Harry entre os dentes - porque eu definitivamente lembro de Rony dizendo que eu perdi tempo bancando o herói... É o que você acha disso? Você acha que eu agi como o herói de novo?

- Não, não, não! - disse Hermione, olhando apavorada. - Não é o que eu quis dizer!

- Bem, nós entendemos o que você quis dizer, por que nós estamos perdendo tempo aqui! - Harry gritou.

- Eu estou tentando dizer, Voldemort conhece você, Harry! Ele pegou Gina e foi até a Câmara Secreta para atrair você para lá, é algo que ele faz, ele sabe que você é o tipo da pessoa que socorreria Sirius! É o que ele está tentando fazer, atraí-lo para o Departamento de Mistérios!

- Hermione, não importa se ele vai me atrair ou não, levaram McGonagall para St. Mungus, agora não existe ninguém da Ordem em Hogwarts para nós dizemos, então se nós não formos Sirius morrerá!

- Mas Harry, o que você sonhou... Era só um sonho, não era?

Harry suspirou frustrado. Hermione andava atrás dele em alarme.

- Você não conseguiu! - Harry gritou para ela. - Eu não estou tendo alucinações, isto não é um sonho! O que você acha que eram as aulas de Oclumancia, por que você acha que Dumbledore queria me prevenir dessas coisas? Porque eram REAIS, Hermione, Sirius capturado, eu nunca mais o verei. Voldemort o pegou e ninguém mais sabe, isso significa que nós somos os únicos que podemos salvá-lo, se nós não fizermos isso tudo bem mas eu vou, entendeu? E se eu me lembro corretamente você não tem um problema com meu extinto de salvar pessoas quando era você, eu a salvei dos dementadores - ele se virou para Rony. - Ou quando foi sua irmã, eu a salvei do basilisco.

- Eu nunca disse que eu tinha um problema! - disse Rony.

- Mas Harry, você acabou de dizer - disse Hermione -, Dumbledore queria que você aprendesse a tirar essas coisas da sua mente, se você fez Oclumancia você jamais verá isso...

- SE VOCÊS ACHAM QUE EU APENAS ESTOU AGINDO COMO EU NUNCA TIVESSE VISTO...

- Sirius disse a você que não há mais nada importante do que você mantivesse controle da sua mente!

- ENTÃO EU ESPERAVA QUE ELE DISSESSE ALGO DIFERENTE SE SOUBESSE O QUE EU ACABEI...

A porta da sala se abriu. Harry, Rony e Hermione se entreolharam. Gina entrou curiosa, seguida por Luna.

- Oi - disse Gina. - Nós reconhecemos a voz de Harry. O que você estão falando?

- Nunca - disse Harry rudemente.

Gina levantou as sobrancelhas

- Não há necessidade de falar comigo dessa forma - ela disse tristemente. - Eu só iria perguntar se podia ajudar.

- Bem, você não pode - disse brevemente Harry.

- Você está sendo muito rude, você sabe - disse Luna serenamente.

Harry se virou. A última coisa que queria era conversar com Luna Lovegood.

- Espere - disse Hermione rapidamente. - Espere... Harry, elas podem ajudar.

Harry e Rony olharam para ela.

- Olha - ela continuou -, Harry, nós precisamos nos certificar se Sirius realmente deixou o Quartel General.

- Eu já lhe disse, eu vi...

- Harry, Eu estou pedindo a você - desesperou-se Hermione. - Por favor, vamos verificar que Sirius não está em casa antes de sairmos de Londres. Se descobrimos que ele não está lá eu juro que eu não impedirei você. Eu irei, eu farei qualquer coisa para tentar salvá-lo.

- Sirius está sendo torturado AGORA! - gritou Harry. - Nós não temos tempo a perder.

- Mas se for uma armadilha de Voldemort, Harry, nós precisamos ter certeza, nós precisamos.

- Como? - reclamou Harry. - Como nós teremos certeza?

- Nós usaremos a lareira da professora Umbridge e se conseguimos entrar em contato com ela - disse Hermione com um olhar encorajador - usaremos isso de novo mas precisamos de alguém para vigiar, por isso precisamos de Gina e Luna.

Tentando entender o que estava se passando, Gina disse imediatamente.

- Sim, nós faremos isso.

- Quando você disse "Sirius", você estava falando sobre Stubby Boardman? - perguntou Luna.

Ninguém respondeu.

- Ok - disse Harry agressivamente para Hermione. - Ok, se você acha que vai ser rápido estou com você, se não eu estou indo para o Departamento de Mistérios agora mesmo.

- Departamento de Mistérios? - disse Luna, um pouco surpresa. - Mas como você pretende chegar lá?

Harry a ignorou novamente.

- Certo - disse Hermione, torcendo as mãos entre as cadeiras. - Certo... Bem... Um de nós vai encontrar Umbridge e mandá-la na direção oposta, mantê-la longe da sua sala. Elas podem dizer... Eu não sei... Que Pirraça está agindo fora do comum...

- Eu farei isso - disse Rony imediatamente. - Eu falarei que Pirraça está arruinando a sala de Transfiguração ou coisa parecida, são milhas de distância da sala dela. Vamos pensar nisso, eu posso convencer Pirraça a fazer isso, se eu o encontrar no caminho.

Com aquela situação, Hermione não foi contra destruir a sala de Transfiguração.

- Ok - ela disse. - Agora, nós precisamos manter os estudantes fora do caminho da sala enquanto tentamos entrar ou alguém da Sonserina vai tirá-la do caminho.

- Luna e eu podemos ficar até o final do corredor - disse Gina - e avisar as pessoas para não descerem porque alguém soltou Garrotting Gás - Hermione a olhou surpresa, não poderia acreditar que Gina estivesse inventando aquilo. A menina continuou. - Fred e Jorge estavam planejando isso antes deles saírem.

- Ok. Depois, Harry, você e eu estaremos debaixo da capa de invisibilidade e entraremos na sala e falaremos com Sirius...

- Ele não está lá, Hermione!

- Eu disse, você pode verificar se Sirius está ou não enquanto eu vigio, eu não acho que você deve está lá sozinho, Lino já provou que as janelas são frágeis, mandando aqueles pelúcios através delas.

Mesmo estando com raiva e impaciente Harry achou que a companhia de Hermione era uma prova de solidariedade e lealdade.

- Eu... Ok, obrigado - murmurou.

- Certo, bem, mesmo fazendo isso tudo eu não acho que poderemos ficar lá por mais de cinco minutos - disse Hermione, olhando aliviada para Harry por ter aceitado seu plano -, não com Filch rondando por aí.

- Cinco minutos serão o suficiente - disse Harry. - Vamos.

- Agora? - disse Hermione, chocada.

- Claro que agora! - disse Harry, feroz. - O que você acha, nós esperaremos até o final do jantar ou algo? Hermione, Sirius está sendo torturado bem agora!

- Eu... Oh, certo - disse ela desesperadamente. - Você vai e pega a capa de invisibilidade e iremos ao seu encontro no final do corredor de Umbridge, ok?

Harry não respondeu, saiu da sala às pressas. Subiu dois andares e encontrou Simas e Dino, que o cumprimentaram e disseram que planejavam fazer uma comemoração até o dia amanhecer para celebrar o fim dos exames, na sala comunal. Harry os ouviu até o buraco do retrato enquanto falavam quantas cervejas amanteigadas precisariam, a capa da invisibilidade e a faca de Sirius estavam em sua mochila, antes de notarem ele os deixou.

- Harry, você quer par de galeões quebrados? Harold Dingle queria vender a nós um Firewhisky...

Mas Harry se afastou e avançou pelo corredor, em poucos minutos encontrou Rony, Hermione, Gina e Luna, estavam juntos no final do corredor.

- Consegui. Prontos?

- Certo - murmurou Hermione. - Então Rony, você vai e até Umbridge... Gina, Luna, se vocês conseguirem desviar as pessoas do corredor... Harry e eu ficaremos embaixo da capa e esperamos até o caminho estar limpo...

Rony caminhou até o fim da passagem enquanto Gina empurrava estudantes na outra direção, seguida por Luna.

- Por ali - murmurou Hermione. - Você está bem, Harry? Você está pálido.

- Eu estou bem - disse secamente, tirando a capa da invisibilidade de sua mochila. Na verdade sua cicatriz estava doendo mas não tanto a ponto de achar que Voldemort já tivesse dado a Sirius um feitiço fatal, doeu muito mais quando Voldemort falou Avada...

- Aqui - disse, jogando a capa por cima deles.

- Você não pode descer! - Gina estava falando para as pessoas. - Sinto muito mas vocês terão que rodear porque alguém jogou Garrotting Gás por ali...

Eles podiam ouvir pessoas reclamando, uma voz disse "Eu não vejo nenhum gás".

- Porque é invisível - disse Gina num tom convincente - mas se você quiser atravessar tome cuidado, depois nós teremos o seu corpo como prova para o próximo idiota que não acreditar na gente.

Aos poucos todos desviaram. As notícias sobre o Garrotting Gás pareciam ter se espalhado e ninguém mais vinha por aquela direção. Quando o último barulho se cessou Hermione falou.

- Eu acho que foi o melhor que conseguimos, Harry, vamos.

Foram até o final do corredor onde Luna estava de pé, passaram por Gina e Hermione sussurrou.

- Não se esqueça do sinal.

- Que sinal? - murmurou Harry quando se aproximaram da porta de Umbridge.

- Uma música alta "Weasley é o nosso rei" se virem Umbridge vindo.

Harry pôs o canivete de Sirius entre a porta e a parede. A porta se abriu e entraram na sala. Hermione suspirou aliviada

- Achei que ela poderia ter acrescentado uma segurança extra depois do segundo pelúcio.

Saíram debaixo da capa; Hermione se apressou e foi até a janela, prestar atenção no sinal. Harry foi até a lareira, pôs o Pó de Flu e jogou nela, surgindo chamas esmeraldas. Ele se ajoelhou e pôs sua cabeça dentro das chamas e disse.

- Número doze, Grimmauld Place!

Sua cabeça começou a rodar mas ele permaneceu firme com os joelhos no chão frio da sala. Manteve seus olhos fechados e quando o rodopio parou os abriu, viu a cozinha de Grimmauld Place.

Não tinha ninguém ali. Aguardou, sentiu-se em pânico, um frio na barriga por apenas ver a sala deserta.

- Sirius? - gritou. - Sirius, você está aí?

Sua voz ecoou pela sala mas não teve resposta, exceto por um baixo ruído.

- Quem está aí? - disse.

Kreacher, o elfo-doméstico, apareceu. Ele viu suas mãos enfaixadas.

- É o menino Potter, sua cabeça está no fogo - Kreacher informou para a cozinha vazia. - Para que ele veio, Kreacher quer saber?

- Onde está Sirius, Kreacher?

O elfo-doméstico deu um gemido.

- O mestre se foi, Harry Potter.

- Para onde? Para onde, Kreacher?

Kreacher se calou.

- Eu estou lhe avisando... E Lupin? Olho-Tonto? Algum deles, algum deles está aí?

- Ninguém está aqui! - disse o elfo-doméstico num gemido e se virou em direção à porta da cozinha. - Kreacher acha que ele terá uma conversa com sua senhora agora, sim, ele não tinha uma chance por um bom tempo, o mestre de Kreacher foi afastado dele por ela... Mestre não diz ao pobre Kreacher onde ele estava indo - disse o elfo quieto.

- Mas você sabe! - gritou Harry. - Não sabe? Você sabe onde ele está!

Fez-se um momento de silêncio, depois o elfo começou a falar.

- Mestre não vai voltar do Departamento de Mistérios - disse alegre. - Kreacher e sua senhora estão sós de novo!

E ele desapareceu pela sala.

- Você!

Mas antes que pudesse insultá-lo Harry sentiu uma grande dor no topo de sua cabeça, inspirou muita cinza, chocado, foi arrastado através das chamas e viu o rosto pálido da professora Umbridge.

- Você acha - murmurou - que depois de dois pelúcios eu deixaria mais um tolo entrar em meu escritório sem meu conhecimento? Eu tenho Feitiços Sensoriais escondidos, instalados no caminho da minha porta depois de você ter entrado - gritou para alguém que ele não pôde ver, resolveu tirar sua varinha do bolso. Não estava lá.

Harry ouviu um barulho atrás da porta e soube que Hermione também fora pega.

- Eu estava tentando pegar minha Firebolt! - rosnou Harry.

- Mentiroso - ela bateu na cabeça dele. - Sua Firebolt está debaixo das masmorras, como você sabe muito bem, Potter. Você tinha sua cabeça no fogo. Com quem você estava se comunicando?

- Com ninguém - disse Harry, tentando fugir dela, sentiu algo evitando sua fuga.

- Mentiroso! - gritou Umbridge. Ela o jogou para longe. Agora ele pôde ver Hermione olhando com raiva para Emília Bulstrode. Malfoy estava aprendendo a jogar a varinha de Harry no ar e a pegava de novo.

Muitos alunos da Sonserina entraram, segurando Gina, Rony, Luna e Hermione e, para a surpresa de Harry, Neville, que estava sendo arrastado por Crabbe e parecia sufocado. Todos foram pegos.

- Pegamos todos eles - disse Warrington, olhando Rony, apontou para Neville. - Esse tentou fazer com que eu parasse de falar com ela - apontou para Gina - então eu o trouxe também.

- Bem, bem - disse Umbridge, olhando Gina. - Bem, parece que Hogwarts vai ter uma área livre para os Weasley, não é?

Malfoy riu alto. Umbridge lhe deu um sorriso largo e se sentou, olhando para os alunos capturados.

- Então, Potter, você pôs espiões em volta do meu escritório e mandou esse bufão - apontou para Rony e Malfoy riu mais alto - dizer-me que Pirraça estava se vingando na Sala de Transfiguração, quando eu sabia perfeitamente que ele estava ocupado limpando os telescópios da escola, o Sr. Filch tinha acabado de me informar. Claramente, era muito importante para você falar com alguém, foi Alvo Dumbledore? Ou o tonto do Hagrid? Duvido que foi Minerva McGonagall, eu escutei que ela está muito mal para falar com alguém.

Malfoy e outros amigos do Esquadrão Inquisitorial riram. Harry se encontrou tão aborrecido e irritado que estava balançando.

O rosto de Umbridge estava contraído.

- Muito bem - disse falsamente. - Muito bem, Sr. Potter... Eu lhe dei a chance de você falar espontaneamente. Você recusou. Eu não tenho alternativa para forçar você. Draco, chame o professor Snape.

Malfoy colocou a varinha de Harry em seu bolso e saiu da sala contente mas Harry não se importou. Não pôde acreditar que fora tão estúpido para esquecer. Havia todos os outros membros da Ordem, todos poderiam que ajudá-lo a salvar Sirius se foram mas estava errado. Ainda havia um membro da Ordem da Fênix em Hogwarts, Snape.

Fez-se silêncio no escritório exceto pela inquietação e esforço dos alunos da Sonserina em manter Rony e os outros sob controle. Os lábios de Rony estavam sangrando no carpete de Umbridge, lutava contra Warrington; Gina estava tentando bater no pé de uma garota do sexto ano, Neville estava ficando púrpura enquanto Crabbe o apertava com os braços; Hermione estava tentando afastar, em vão, Emília Bulstrode para longe. Luna, no entanto, estava livre do outro lado do carpete, olhando vagamente a janela e aborrecida pelo o que aconteceu.

Harry olhou por trás de Umbridge, que o estava vigiando depressa. Tentou mostrar tranqüilidade quando ouviu passos no corredor e Draco Malfoy seguido por Snape.

- Você queria me ver, senhora? - disse Snape, olhando para os estudantes capturados com indiferença.

- Ah, professor Snape - disse Umbridge, sorrindo e se levantando. - Sim, eu gostaria de outro pote de Veritasserum, o mais rápido que você puder, por favor. Você pode fazer mais, não pode? - disse com sua voz ficando branda e doce como sempre acontecia quando ficava brava.

- Certamente - disse Snape -, vai demorar um ciclo lunar, então eu terei em torno de um mês.

- Um mês? - estremeceu Umbridge. - Um mês! Mas eu preciso disso essa tarde, Snape! Eu acabei de encontrar Potter usando minha lareira para se comunicar com pessoa ou pessoas desconhecidas!

- É mesmo? - falou Snape com interesse, olhando Harry. - Isso não me surpreende, Potter nunca mostrou muito interesse para seguir as regras da escola.

Seus olhos frios fitaram Harry, que tentou se manter concentrado no sonho que tivera, talvez Snape estivesse pronto para ler sua mente, para entender...

- Eu gostaria de interrogá-lo! - repetiu Umbridge, irritada, e Snape passou a olhar seu rosto furioso. - Eu quero que você providencie uma poção que o force me falar a verdade!

- Eu já lhe disse - disse Snape tranqüilamente - que eu não tenho um Veritasserum no meu estoque. Mesmo que você queira enfeitiçar Potter, e eu lhe asseguro que ficarei contente se o fizer, eu não posso lhe ajudar. O único problema é que a maioria da ação da poção é temporária, a vítima não tem muito tempo para dizer a verdade.

Snape olhou de novo fixamente para Harry, que estava querendo se comunicar com ele sem palavras.

"Voldemort pegou Sirius no Departamento de Mistérios", pensou desesperadamente. "Voldemort pegou Sirius..."

- Você está com problemas - guinchou a professora Umbridge e Snape voltou a olhar para ela, as sobrancelhas levantadas. - Você está sendo tolo! Eu esperava, Lúcio Malfoy sempre falou bem de você! Agora saia do meu escritório!

Snape deu um sorriso irônico e se virou para partir. Harry sabia que era a única chance de alguém da Ordem saber o que estava acontecendo sair da sala.

- Ele pegou Almofadinhas! - Harry gritou. - Ele pegou Almofadinhas no lugar em que estava escondido!

Snape parou com a mão na maçaneta da porta.

- Almofadinhas? - chorou a professora Umbridge, olhando para Harry e Snape. - O que é Almofadinhas? Onde estava escondido? O que significa, Snape?

Snape olhou em volta e parou em Harry. Seu rosto impassível. Harry não pôde dizer se havia entendido ou não mas não ousava falar mais na frente de Umbridge.

- Eu não faço idéia - disse Snape secamente. - Potter, quando você me falou algo que não faz sentido eu deveria ter lhe dado Babbling Beverage - Crabbe soltou Neville um pouco.

Ele fechou a porta atrás dele fortemente, deixando Harry preocupado. Snape era sua última esperança. Olhou para Umbridge, que parecia estar se sentindo do mesmo modo.

- Muito bem - disse Umbridge. - Muito bem... Eu não tenho escolha... É mais um problema de disciplina da escola... E isso falha do Ministério... Sim... Sim...

Ela parecia estar falando consigo mesma ou algo parecido. Estava se movendo nervosamente, batendo sua varinha na mão e respirando apressadamente enquanto ele a olhava, Harry se sentiu sem poderes com a ausência de sua varinha.

- Você está me provocando, Potter... Eu não quero fazer isso - disse Umbridge enquanto se movia pela sala - mas às vezes as circunstâncias justificam o uso... Eu estou certa que o Ministro vai entender que eu não tinha escolha...

Malfoy a olhava com uma expressão satisfeita no rosto.

- Terei que usar a Maldição Cruciatus - disse Umbridge quietamente.

- Não! - gritou Hermione. - Professora Umbridge, é ilegal.

Mas Umbridge não se manifestou, olhou para Harry com uma expressão que nunca tinha visto antes, ela levantou sua varinha.

- O Ministro não quer que você quebre as leis, professora Umbridge! - chorou Hermione.

- O que Cornélio sabe que eu não vou feri-lo - disse Umbridge, agora apontando sua varinha para partes diferentes do corpo de Harry, provavelmente tentando decidir onde doeria mais. - Ele jamais saberá que eu mandei os dementadores atrás de Harry verão passado mas decidiu lhe dar uma chance, não expulsá-lo.

- Foi você? - gritou Harry. - Você mandou os dementadores atrás de mim?

- Alguém precisava agir - respirou Umbridge e sua varinha apontando para a testa de Harry. - Eles estavam tentando silenciar você mas eu fui a única que fiz algo a respeito... Somente você torcia para isso, não, Potter? Não hoje, não agora - e respirando profundamente, ela chorou. - Cruc...

- NÃO! - berrou Hermione atrás de Emília Bulstrode. - Não, Harry, nós temos que contar para ela!

- Sem chance! - respondeu Harry.

- Nós teremos, Harry, ela nos forçará de qualquer forma, mas... Mas contar o quê?

Hermione começou a chorar fracamente atrás de Emília Bulstrode, que parou de espremê-la contra a parede imediatamente.

- Ora, ora, ora! - disse Umbridge triunfante. - A senhorita sabe-tudo vai nos dar algumas respostas! Vamos, vamos!

- É... Meu... Nós... Não! - gritou Rony através da mordaça.

Gina olhava fixamente para Hermione como se nunca a tivesse visto antes. Neville, ainda ofegante, a fitava. Mas Harry notou algo. Hermione estava soluçando desesperadamente escondendo seu rosto mas não havia nenhum sinal de lágrimas.

- Me perdoem - disse Hermione. - Mas eu não consigo aturar isso...

- Está certo, está certo garota! - disse Umbridge, segurando Hermione pelos ombros e a colocando na cadeira. - Agora... Com quem Potter estava falando ainda há pouco?

- Bem - soluçou Hermione dentro de suas mãos. - Bem, ele estava tentando falar com o professor Dumbledore.

Rony congelou, arregalou os olhos; Gina parou de bater no pé da menina do sexto ano e até Luna olhou surpresa. Felizmente, Umbridge estava concentrada exclusivamente em Hermione.

- Dumbledore? - disse Umbridge. - Você sabe onde Dumbledore está?

- Bem... Não! - soluçou Hermione. - Nós tentamos o Caldeirão Furado no Beco Diagonal e no Três Vassouras em Hogsmeade...

- Idiota... Dumbledore não ficará num bar com todo o Ministério da Magia procurando por ele! - gritou Umbridge, desaprovando o que ela disse.

- Mas nós precisamos dizer a ele algo importante! - lamentou Hermione, Harry entendeu a ausência de lágrimas.

- Sim? - disse Umbridge, excitada. - O que você queria dizer a ele?

- Nós... Nós queríamos dizer que está pronto!

- O que está pronto? - vociferou Umbridge, agora agarrando os ombros de Hermione de novo e a balançando. - O que está pronto, garota?

- A... A arma.

- Arma? Arma? - disse Umbridge. - Você estava desenvolvendo um tipo de método de resistência? Uma arma que pudesse ser usada contra o Ministério? Sob as ordens do professor Dumbledore, é claro?

- S-s-sim - soluçou Hermione -, mas ele teve que sair antes de terminar e ag-ag-agora nós terminamos para ele e não conseguimos encontrá-lo para dizer!

- Que tipo de arma é essa? - disse Umbridge rudemente, as mãos ainda nos ombros de Hermione.

- Nós não ent-ent-entendemos isso. Nós ap-ap-apenas fizemos o que o professor Dumbledore disse para a gente fazer.

Umbridge se endireitou, olhando exultante.

- Leve-me até a arma.

- Eu não mostrarei... Eles - disse Hermione, olhando para os alunos da Sonserina, através de seus dedos.

- Isso não é para você nessas condições - disse a professora Umbridge rudemente.

- Bem - disse Hermione, agora se escondendo em suas mãos. - Deixe-os ver, eu espero que eles usem isso em você! De fato, eu queria que você chamasse muitas e muitas pessoas para vir ver! Veria se serve bem em você, eu adoraria que toda a escola soubesse onde está e como usá-la e se você incomodasse algum deles poderiam acabar com você!

Essas palavras tiveram um grande impacto em Umbridge: ela olhou rápida e suplicantemente envolta dela o Esquadrão Inquisitorial, fixou seu olhar um momento em Malfoy, que disfarçou o olhar ardente e ganancioso que aparecia em seu rosto.

Umbridge contemplou Hermione por outro momento, depois falou num tom maternal.

- Certo, querida, vamos fazer apenas eu e você... E levaremos Potter também, devemos? Levante-se agora.

- Professora - disse Malfoy -, professora Umbridge, eu acho que alguém do Esquadrão deve ir com você para olhar...

- Eu sou totalmente qualificada, Malfoy, você acha que eu não posso acompanhar dois bruxos adolescentes sozinha? - perguntou Umbridge rudemente. - De qualquer forma, não parece que esta arma é algo que alunos devem ver. Você vai permanecer aí até eu retornar e se certificar que esses - gesticulou para Rony, Gina, Neville e Luna. -  não... Escapem.

- Está bem - disse Malfoy, parecendo de repente despontado.

- E vocês dois, podem ir à minha frente e me mostrar o caminho - disse Umbridge, apontando Harry e Hermione com sua varinha. - Conduzam-me.

-- CAPÍTULO 33 --
LUTA E VÔO


Harry não fazia idéia de qual era o plano de Hermione ou até mesmo se tinha um. Andou meio passo atrás dela e saíram da sala de Umbridge, sabendo que parecia suspeito se aparentasse que não sabia onde estavam indo. Não se atreveu a falar com ela; Umbridge estava andando tão perto atrás deles que pôde ouvir sua profunda respiração.

Hermione os conduziu para o Salão Principal. O barulho alto de vozes animadas dos estudantes ecoava no corredor do saguão, parecia impossível para Harry que a vinte passos deles havia pessoas que estavam jantando, celebrando o final do exame, sem se preocupar com nada no mundo...

Hermione seguiu direto para fora, dava para sentir o vento calmo da tarde. O sol estava se pondo atrás das copas das árvores da Floresta Proibida agora e Hermione estava marchando pela grama.

- Está escondido na cabana de Hagrid, não? - disse Umbridge próximo a orelha de Harry.

- É claro que não - disse Hermione calmamente. - Hagrid explodiria acidentalmente.

- Sim - disse Umbridge. - Sim, ele poderia ter feito isso.

Ela riu. Harry sentiu uma enorme vontade de virar e agarrá-la pela garganta mas resistiu. Sua cicatriz estava palpitando com o ar da tarde mas ainda não estava queimando, como se soubesse que Voldemort estava indo para matá-lo.

- Então... Onde está? - perguntou Umbridge com um tom de incerteza quando Hermione se dirigia para a Floresta.

- Por ali, é claro - disse Hermione, apontando para as escuras árvores. - Se tivesse que ser um lugar onde os estudantes não fossem descobrir acidentalmente teria que ser lá, não?

- Claro - disse Umbridge, parecendo apreensiva. - É claro... Muito bem, agora... Vocês dois fiquem atrás de mim.

- Você pode dar sua varinha, se nós formos primeiro? - Harry perguntou a ela.

- Eu não acho que sim, Sr. Potter - disse Umbridge docemente, pondo-o atrás de si com a varinha. - O Ministro dá mais valor à minha vida do que a sua.

Passaram pelas primeiras árvores, Harry tentou ficar vigiando Hermione; entrando na Floresta sem varinha parecia ser tão tola. No entanto, o jeito de Umbridge se mover, suas pernas curtas, com dificuldade de se equilibrar.

- É muito longe? - perguntou Umbridge, sua roupa se rasgando.

- Ah sim - disse Hermione. - Sim, está bem escondido.

A apreensão de Harry aumentava. Hermione não estava falando no caminho, estavam indo ver Grawp, o único caminho que ele seguira na Floresta fora três anos antes, até a toca de Aragogue. Hermione não estava com ele nessa ocasião; duvidava que ela soubesse do perigo que a esperava.

- Você tem certeza que é o caminho certo? - ele perguntou a ela.

- Sim - ela disse, descendo o terreno íngreme, pensou que havia um barulho estranho. Atrás dele Umbridge tropeçava. Nenhum deles parou para ajudá-la. Hermione falou por cima dos ombros. - É ainda um pouco mais para dentro!

- Hermione, fale baixo - Harry murmurou. - Qualquer coisa pode ser percebida aqui...

- Eu quero que eles ouçam - respondeu tranqüilamente, Umbridge tropeçou bruscamente atrás deles. - Você vai ver...!

Andaram por um longo tempo, até que estavam tão dentro da Floresta que as árvores bloqueavam a luz do sol. Harry já tinha se sentido assim quando esteve na Floresta, olhos invisíveis o observando.

- Quanto mais? - reclamou Umbridge atrás dele.

- Não tanto agora! - ela gritou quando entraram numa escuridão. - Só um pouco mais...

Um arco cortou o céu e parou com ameaça na árvore que tinha acabado de passar, bem próximo à cabeça. Começaram a escutar uivos; Harry podia sentir a floresta tremendo; Umbridge deu um grito e o puxou para frente como se fosse um escudo.

Ele se desvencilhou dela e se virou. Cerca de cinqüenta centauros apareceram, seus arcos levantados, apontados para Harry, Hermione e Umbridge. Retornaram para o centro da clareira, Umbridge estava aterrorizada. Harry e Hermione se entreolharam. Ela estava dando um triunfante sorriso.

- Quem é você? - disse uma voz.

Harry olhou à esquerda. Um centauro chamado Magorian estava os rondando em círculos, como os outros, com o arco levantado. À direita de Harry, Umbridge estava ainda limpando sua varinha trêmula e apontou para o centauro.

- Eu perguntei quem é você, humana - disse Magorian rudemente.

- Eu sou Dolores Umbridge! - disse Umbridge numa voz amedrontada. - Subsecretária do Ministério da Magia e diretora da escola de Hogwarts!

- Você é do Ministério da Magia? - disse Magorian e os centauros sussurrando em volta.

- Sim! - disse Umbridge. - Então tenha muito cuidado! Pelas leis estabelecidas pelo Departamento para o Regulamento e Controle das Criaturas Mágicas qualquer ataque por mestiços como vocês com humanos...

- Do que você nos chamou? - gritou um centauro negro e selvagem que Harry reconheceu como Agouro.

- Não os chame disso! - Hermione disse furiosa mas Umbridge não pareceu escutá-la. Ainda apontando a varinha para Magorian, continuou. - A lei Quinze "B" está claramente dizendo que qualquer ataque de uma criatura que tem uma mente semelhante aos humanos é considerado responsável por seus atos.

- Próximo à inteligência humana? - repetiu Magorian e Agouro e muitos outros rugiram com raiva e bateram no chão. - Nós consideramos isso um grande insulto, humana! Nossa inteligência, ainda bem, é superior a sua.

- O que vocês estão fazendo na nossa floresta? - perguntou o centauro com a face cinza, Harry e Hermione o tinham visto na última vez que foram para a Floresta. - Por que vocês estão aqui?

- Sua Floresta? - disse Umbridge, movendo-se não só com medo mas também com indignação. - Eu gostaria de lembrá-lo que você mora aqui porque o Ministério da Magia permite você habitar essas áreas...

Uma flecha passou de raspão pela sua cabeça e pegou um pouco de seu cabelo passando; ela gritou e pôs suas mãos em cima da cabeça, enquanto alguns centauros abaixaram de aprovação e outros deram uma risada rouca. Pareciam selvagens, suas risadas ecoando pela clareira e o olhar deles sobre as patas eram extremamente amedrontadores.

- De quem é essa floresta agora, humana? - perguntou Agouro.

- Cinqüenta mestiços! - ela gritou, suas mãos ainda estavam sobre sua cabeça. - Bestas! Animais descontrolados!

- Fique quieta! - gritou Hermione mas já era tarde: Umbridge apontou sua varinha para Magorian e gritou.

- Incarcerous!

Cordas voaram como cobras, enrolaram os apertando em volta do dorso dos centauros e amarrando seus braços: ele chorou de raiva e elevou suas pernas, tentando se libertar, enquanto outros centauros atacavam.

Harry agarrou Hermione e a empurrou para o chão, o rosto virado para o chão, sentiu medo por um momento quando ouviu cascos batendo em volta dele mas o centauro saltou sobre eles e gritou com raiva.

- Nãaaaaaao! - ouviu Umbridge bradar. - Nãaaaaaaao... Eu sou subsecretária... Vocês não podem. Soltem-me, seus animais... Nãaaaaaao!

Harry viu uma luz vermelha e soube que ela quase virou um deles; depois gritou muito alto. Levantando sua cabeça ele viu pequenas polegadas, Harry viu que Umbridge foi agarrada por Agouro e levantada no ar, amarela e contorcida com o medo. Sua varinha saiu da sua mão até o chão, o coração de Harry bateu forte. Se ele pudesse pegá-la...

Mas assim que ele tentou chegar até a varinha uma pata de centauro levantou a varinha e a quebrou no meio.

- Agora! - falou uma voz na orelha de Harry e um braço cabeludo vindo do ar e o arrastou para cima. Hermione também estava suspensa. Após isso, muitas cabeças coloridas dos centauros. Harry viu Umbridge sendo furada nas árvores por Agouro. Gritando para que parasse, sua voz ficou menor e menor até eles não puderem mais ouvi-la, o barulho dos cascos sufocando-os.

- E esse? - disse o centauro de rosto cinza, levantando Hermione.

- Eles ainda são jovens - disse uma voz fraca atrás de Harry. - Nós não atacamos os pequenos.

- Eles a trouxeram aqui, Ronan - respondeu um centauro com suas garras em Harry. - E eles não são tão jovens... Ele está próximo da maturidade, este aqui.

Ele levantou Harry por trás de sua roupa.

- Por favor - disse Hermione. - Por favor, não nos ataque, nós não pensamos como ela, nós não somos empregados do Ministério da Magia! Nós só viemos aqui porque nós esperávamos que vocês se livrassem dela por nós.

Harry soube no momento, pela expressão do centauro cinza que estava segurando Hermione, que ela cometeu um grande erro dizendo isso. O centauro cinza o atirou de volta e suas pernas bateram furiosamente, e se baixou.

- Você vê, Ronan? Eles já têm a arrogância do tipo deles! Então vocês estavam fazendo trabalho sujo, estavam, garota humana? Nós devíamos agir como seus servos, tirar seus inimigos do seu caminho como um cão de guarda?

- Não! - disse Hermione em estado de choque. - Por favor, eu não quis dizer isso! Eu só esperava que você se dispusesse a nos ajudar...

Mas parece que ela piorou a situação.

- Nós não ajudamos humanos! - rosnou um centauro, levantando Harry. - Nós não vamos permitir você sair daqui, vangloriando-se que nós fizemos suas vontades!

- Nós não falaremos nada disso! - Harry gritou. - Nós sabemos que vocês não iam fazer porque nós pedimos.

Mas ninguém pareceu o ouvir. Um centauro com barba gritou.

- Eles vieram aqui sem avisar, eles devem sofrer as conseqüências!

Um som de aprovação com essas palavras e um centauro pardo gritou.

- Eles podem se juntar à mulher!

- Você disse que não machucaria inocentes! - gritou Hermione, com lágrimas reais em seu rosto agora. - Nós não fizemos nada para machucá-los, nós não usamos varinhas ou armadilhas, nós apenas queremos voltar para a escola, por favor, nos deixe ir...

- Nós não somos como o traidor Firenze, garota humana! - gritou o centauro cinza, rígido de aprovação de seus companheiros. - Talvez você acha que somos apenas cavalos? Nós somos um povo antigo que não agüenta invasões e insultos dos bruxos! Nós não conhecemos suas leis, não reconhecemos sua superioridade, nós somos...

Mas não ouviram o que mais os centauros eram, por um momento se ouviu um barulho da borda da clareira tão alto que todos, Harry, Hermione, e os cinqüenta centauros, olharam em volta. O centauro de Harry o deixou cair no chão de novo e suas mãos caíram no arco. Hermione foi solta também e Harry se apressou para perto dela, dois troncos de árvores espessas se partiram sinistramente e a forma gigantesca e monstruosa de Grawp apareceu na passagem estreita.

Os centauros perto dele voltaram atrás; a clareira agora estava uma floresta de arcos e flechas pronta para ser atirada, todas apontando para cima e o enorme rosto cinza surgiu debaixo da passagem da os galhos. A boca de Grawp se abriu; podiam ver seus dentes amarelos, seus profundos olhos se estreitaram e foram em direção das criaturas que estavam em seus pés. Cordas se partiram em seus tornozelos.

Ele abriu sua boca largamente.

- Hagger.

Harry não pode entender o que "Hagger" significava ou que linguagem era essa, estava olhando para os pés de Grawp, que eram tão grandes quanto todo o corpo de Harry. Hermione segurou seu braço fortemente; os centauros estavam em silêncio, encarando o gigante, enorme, movendo sua cabeça de um lado a outro, continuou a procurar por algo que deixou cair.

- Hagger! - ele disse de novo, mais insistente.

- Saia daqui, gigante! - chamou Magorian. - Você não é bem-vindo aqui!

Essas palavras pareciam não ter efeito em Grawp. Ele parou um pouco (os braços dos centauros ainda rijos segurando os arcos), depois abaixou.

- HAGGER!

Poucos centauros olharam preocupados agora. Hermione, no entanto, respirou ofegante.

- Harry! - ela murmurou. - Eu acho que ele está tentando dizer "Hagrid"!

Nesse momento Grawp os olhou, os únicos dois humanos num mar de centauros. Baixou sua cabeça e o outro pé, olhando fixamente para eles. Harry pôde sentir Hermione se movendo quando Grawp abriu sua boca novamente e disse, num ruído.

- Mione.

- Meu deus! - disse Hermione, segurando nos braços de Harry tão fortemente que parecia que ela ia desmaiar. - Ele... Ele se lembra!

- MIONE! - gritou Grawp. - ONDE ESTÁ HAGGER?

- Eu não sei! - falou Hermione aterrorizada. - Eu lamento, Grawp, eu não sei!

- GRAWP QUER HAGRID!

Uma das mãos do gigante estava abaixada. Hermione deu um grito, deu uns passou para trás e caiu. Sem uma varinha, Harry se preparou para bater, chutar ou qualquer coisa que parecesse que sua mão estivesse tateando, bateu numa perna de um centauro branco.

Era o que parecia que o centauro estava esperando, os dedos de Grawp estavam a um pé de Harry quando cinqüenta flechas cortaram o ar e atingiram o rosto do gigante, causando nele dor e raiva, levantou-se esfregando seu rosto com as mãos, quebrando as flechas, forçando suas cabeças para dentro.

Suspendeu seu enorme pé e o centauro saiu do caminho, gotas do sangue de Grawp caíram em Harry, empurrou Hermione e um par de gotas de sangue caiu tão rápido quanto puderam se esconder entre as árvores. Quando olharam para trás Grawp estava pegando cegamente os centauros e sangue escorria por seu rosto, os centauros estavam confusos, galopando pelas árvores até o outro lado da clareira. Harry e Hermione viram Grawp dando outro urro de fúria e mergulhando atrás deles, batendo nas árvores.

- Oh não - disse Hermione, tremendo tanto que seus joelhos tremiam. - Oh, foi horrível, ele provavelmente vai matar todos eles.

- Eu não estou essa confusão, para ser franco - disse Harry amargamente.

Os sons dos galopes dos centauros e o urro do gigante ficaram menor e menor. Harry sentiu sua cicatriz pulsar novamente e um grande terror o invadiu.

Perderam muito tempo, o tempo que tinham para resgatar Sirius tinha se passado desde que Harry teve a visão. Não por Harry ter perdido sua varinha mas estavam no meio da Floresta Proibida sem meio de transporte.

- Plano esperto - ele deu um tapinha em Hermione, soltando um pouco de sua fúria. - Realmente um bom plano. Para onde nós vamos?

- Nós precisamos voltar para o castelo - disse fracamente.

- Pelo tempo que nós temos Sirius provavelmente estará morto! - disse Harry, chutando uma árvore próxima.

- Bem, nós não podemos fazer nada sem varinhas - disse Hermione esperançosa, levantando-se com dificuldade de novo. - De qualquer forma, Harry, como você pretende chegar em Londres?

- Sim, nós estamos querendo saber disso - disse uma voz conhecida atrás dela.

Harry e Hermione se mexeram em direção as árvores.

Rony vinha olhando para eles, seguido por Gina, Neville e Luna. Todos pareciam preocupados, estavam arranhados, da garganta até a bochecha de Gina; o olho direito de Neville estava púrpuro e inchado; os lábios de Rony estavam sangrando pior que antes mas todos pareciam felizes consigo mesmo.

- Então - disse Rony, largando a varinha de Harry. - Alguma idéia?

- Como vocês vieram aqui? - perguntou Harry maravilhado, pegando sua varinha.

- Um pouco de Stunners, um Feitiço de Desarmamento, Neville fez uma boa azaração de Impedimento - disse Rony ofegante, agora entregando a varinha de Hermione. - Mas Gina foi a melhor, ela pegou Malfoy, Feitiço do morcego-fantasma, foi soberbo, seu rosto coberto de muitas asas. De qualquer forma, nós os vimos pela janela entrando na Floresta e seguimos. O que vocês fizeram com Umbridge?

- Ela foi levada - disse Harry. - Pelos centauros.

- E eles os deixaram para trás? - perguntou Gina, atônita.

- Não, eles foram afastados por Grawp - disse Harry.

- Quem é Grawp? - perguntou Luna.

- Irmão caçula de Hagrid - disse Rony. - Não importa agora. Harry, o que você descobriu no fogo? Você-Sabe-Quem pegou Sirius ou...

- Sim - disse Harry com sua cicatriz doendo de novo. - E eu tenho certeza que Sirius está vivo mas não consigo ver como nós vamos chegar lá para ajudá-lo.

Todos ficaram em silêncio, olhando assustados; o problema parecia insuportável.

- Nós vamos voar, não vamos? - disse Luna parecendo preocupada.

- Ok - disse Harry irritado, rodeando-a. - Primeiramente, nós não teremos nada se você se incluir nisso, então...

- Eu tenho uma vassoura! - disse Gina.

- Sim, mas você não vai - disse Rony com raiva.

- Com licença mas eu me preocupo com Sirius tanto quanto você! - disse Gina, seu jeito parecia com Fred e Jorge com raiva.

- Você também... - Harry começou mas Gina disse ferozmente.

- Eu sou três anos mais velha que você quando lutou contra Você-Sabe-Quem pela Pedra Filosofal, é por minha causa que Malfoy ainda está na sala de Umbridge com espíritos o atacando...

- Sim, mas...

- Nós estamos todos juntos - disse Neville calmamente. - Isso é, tudo sobre lutar contra Você-Sabe-Quem, não é? E essa é a nossa primeira chance de fazer algo real... Ou tudo isso é apenas um jogo ou algo parecido?

- É claro que não é... - disse Harry impaciente.

- Então devemos ir também - disse Neville. - Nós queremos ajudar.

- Isso mesmo - disse Luna, sorrindo, feliz.

Harry e Rony se entreolharam. Sabia que Rony estava pensando exatamente como ele: se pudessem escolher alguns membros do ED excetuando Rony e Hermione para se juntar para resgatar Sirius não traria Gina, Neville ou Luna.

- Bem, não importa, de qualquer forma - disse Harry entre os dentes. - Porque nós ainda não sabemos como chegar lá.

- Eu achei que já tínhamos falado - disse Luna rudemente. - Nós voamos!

- Olhe - disse Rony, contendo dificilmente sua raiva. - Você pode voar sem um cabo de vassoura mas o resto de nós não pode fazer brotar asas nem nós...

- Existem métodos de voar sem vassouras - disse Luna calmamente.

- Eu acho que devemos montar nas costas de Kack Snorgle ou seja, o que for? - Rony perguntou.

- O Crumple-Horned Snorkack não pode voar - disse Luna - mas eles podem e Hagrid diz que são muito bons em encontrar lugares escondidos.

Harry olhou em volta. Entre duas árvores haviam olhos brancos, eram dos Testrálias, olhando sua conversa como se entendessem cada palavra.

- Sim! - murmurou, movendo-se em direção a eles. Eles jogaram suas cabeças de réptil, jogando para trás suas crinas pretas, e Harry estendeu sua mão e bateu levemente no pescoço do mais próximo; como podiam ser tão feios?

- São aqueles cavalos maus? - disse Rony incerto, olhando fixamente para o Testrália à esquerda que Harry estava acariciando. - Aquele você não podia ver utilidade, você viu os cheiro deles?

- Sim - disse Harry.

- Quantos?

- Só dois.

- Bem, precisamos de três - disse Hermione, que estava ainda olhando um pouco chocada mas determinada.

- Quatro, Hermione - disse Gina com cara feia.

- Eu acho que há seis de nós - disse Luna calma, contando.

- Não seja burra, todos nós não podemos ir! - disse Harry feroz. - Olha, vocês três - apontou para Neville, Gina e Luna. - Vocês não estão envolvidos nisso então vocês não...

Eles explodiram de protestos. Sua cicatriz estava novamente doendo. Cada minuto que perdiam era precioso; não tinha tempo para argumentar.

- Ok, tudo bem, é sua escolha - disse secamente. - A menos que consigamos encontrar mais Testrálias vocês não vão...

- Oh, mais deles estão vindo - disse Gina confiante, Rony estava olhando na direção errada, achando que sob pressão ela estava vendo cavalos.

- O que você acha que é?

- Porque, caso você não notou, você e Hermione estão cobertos de sangue - disse friamente. - E nós sabemos que os Testrálias de Hagrid adoram carne crua. É por isso que esses dois vieram para aqui.

Harry sentiu um puxão em sua roupa no momento que olhou para baixo, perto onde o Testrália estava arrasando sua manga; coberta do sangue de Grawp.

- Ok, então - disse, acabando de ter uma idéia. - Rony e eu vamos pegar esses dois e seguimos em frente e Hermione pode ficar com vocês aqui e ela vai atrair mais Testrálias...

- Eu não vou ficar para trás! - disse Hermione furiosa.

- Não tem necessidade - disse Luna sorrindo. - Olhem, aqui vêm mais... Vocês dois devem estar realmente cheirando a...

Harry se virou: não mais que seis ou sete Testrálias estavam em seu caminho, tinham grandes asas em seu corpo, seus olhos brilhavam na escuridão. Não tinha desculpas agora.

- Está bem - disse com raiva. - Pegue um e vamos.

-- CAPÍTULO 34 --
O DEPARTAMENTO DE MISTÉRIOS


Harry envolveu sua mão fortemente na crina do Testrália mais próximo, apoiou um pé num toco que estava perto e subiu desajeitadamente nas sedosas costas do cavalo. Este não protestou, virou sua cabeça, com presas expostas, e tentou continuar a lamber suas vestes.

Harry descobriu que havia uma maneira de alojar seus joelhos por trás das juntas das asas que o fazia se sentir mais seguro, então olhou para os outros. Neville já havia quase subido nas costas do Testrália ao lado e agora tentava suspender uma pequena perna por trás das costas da criatura. Luna já estava montada, sentado numa sela feminina e arrumando as vestes, como se fizesse aquilo todo dia. Rony, Hermione e Gina, no entanto, continuavam imóveis no mesmo local, olhando para eles de boca aberta.

- Quê é? - disse ele.

- Como vamos subir - perguntou Rony debilmente - quando não podemos ver as coisas?

- Ah... é fácil! - disse Luna, deslizando amavelmente de seu Testrália e marchando em direção a ele, Hermione e Gina. - Venham cá...

Elas os empurrou na direção dos Testrálias restantes e os ajudou, um a um, a montar. Todos três pareciam extremamente nervosos enquanto ela envolvia suas mãos na crina dos cavalos e dizia para agarrarem fortemente antes que voltasse para seu próprio Testrália.

- Isso é loucura - murmurou Rony, movendo sua mão para cima e pra baixo no pescoço do cavalo. - Louco... Se ao menos eu pudesse vê-lo...

- É melhor torcer para continuar invisível - disse Harry sombriamente. - Todos prontos, então?

Todos concordaram com as cabeças e ele viu cinco pares de joelhos se apertarem por baixo de suas vestes.

- Ok...

Olhou para a brilhante costa da cabeça de seu Testrália e ordenou:

- Ministério da Magia, entrada de visitantes, Londres, então... - disse incerto. - Er... Se vocês souberem... onde é...

Por um momento o Testrália de Harry não fez nada; então, com um movimento majestoso que quase o derrubou de sua sela, as asas dos dois lados se estenderam; o cavalo se curvou lentamente, então saiu em disparada como um foguete, para cima, de forma tão rápida e íngreme que Harry teve que travar fortemente seus braços e suas pernas em volta do cavalo para evitar que escorregasse por seu ossudo traseiro. Fechou os olhos e afundou seu rosto na sedosa crina do cavalo enquanto arrancavam pelos galhos mais altos das árvores e se elevavam em um pôr-de-sol vermelho-sangue.

Harry achou que nunca havia se movido tão rápido, o Testrália saiu como um raio na direção do castelo, suas asas batendo fortemente; a brisa refrescante esbofeteava o rosto de Harry; os olhos apertados contra do vento cortante, olhou à sua volta e viu seus cinco companheiros também subindo atrás dele, todos se curvando o máximo possível no pescoço de seus Testrálias para se protegerem de suas rajadas.

Já estavam fora das terras de Hogwarts; haviam passado por Hogsmeade; Harry podia ver montanhas e gaivotas sob eles. Enquanto a luz do dia começava a desaparecer, Harry viu pequenas coleções de luzes enquanto passavam por mais vilarejos, então uma estrada serpeante, na qual um único carro seguia seu caminho para casa, através das colinas...

- Isso é bizarro! - Harry mal ouviu Rony gritar de algum lugar atrás dele, imaginou como devia estar se sentindo, voando cada vez mais rápido, àquela altura, sem nenhum suporte.

O crepúsculo chegou: o céu agora se transformava numa malha púrpura, leve e sombria com pequeninas estrelas prateadas, logo somente a luz das cidades trouxas deu a eles a idéia de o quão rápido estavam viajando. Os braços de Harry estavam enroscados firmemente no pescoço de seu cavalo enquanto desejava que fosse ainda mais rápido. Quanto tempo teria passado desde de que vira Sirius deitado no chão do Departamento de Mistérios? Quanto tempo Sirius seria capaz de resistir a Voldemort? Tudo que Harry tinha certeza era que seu padrinho não havia nem feito o que Voldemort queria nem morrido, pois tinha certeza que qualquer dos dois acontecimentos teriam feito o jubilação ou fúria de Voldemort viajar por seu próprio corpo, fazendo sua cicatriz queimar tão dolorosamente quanto no dia em que Sr. Weasley fora atacado.

Nisso, continuaram a voar pela escuridão que crescia; o rosto de Harry estava dolorido e frio, suas pernas adormecidas de tanto forçá-las ao redor do Testrália mas ele se atreveu a mudar de posição para não escorregar... Estava surdo por causa da barulhada que o vento forte fazia em seus ouvidos e sua boca estava seca e congelada por causa do vento frio. Mão fazia idéia de quanto já haviam voado; toda sua fé estava depositada na fera sob ele que, propositadamente, voava na velocidade de um raio pela noite, mal batendo suas asas enquanto acelerava mais ainda, avante.

Se fosse tarde demais...

"Ele ainda está vivo, ainda está lutando, posso sentir isso..."

Se Voldemort percebesse que Sirius não ia se submeter...

"Eu saberia..."

O estômago de Harry afundou; a cabeça Testrália de repente estava apontando para o chão, sentiu que havia escorregado um pouco pra frente também. Finalmente estavam descendo... Ouviu um gritinho atrás dele e virou perigosamente pra trás mas não viu sinal de corpo caído...presumidamente todos receberam o mesmo choque que ele com a mudança de direção.

Agora luzes laranjas brilhantes estavam crescendo cada vez mais e cada vez mais a volta; podiam ver o topo dos prédios, raios de luz dos faróis como olhos de insetos luminosos, nos quadrados de cerca amarela haviam janelas. Do nada, estavam descendo em direção a calçada; Harry agarrou seu Testrália com toda força que ainda tinha em seu corpo, reforçado para um próximo impacto mas o Testrália tocou o chão negro tão suavemente como uma sombra e Harry escorregou de suas costas, olhando para a rua onde o container transbordante continuava um pouco afastado da cabine telefônica vandalisada, ambos consumindo a luz laranja, forte de deslumbrante, dos postes.

Rony desceu logo depois e caiu de seu Testrália no pavimento.

- Nunca mais - disse ele, pondo-se de pé. Parecia querer sair o mais rápido possível de perto de seu Testrália mas, sem poder vê-lo, colidiu com seus quartos e quase caiu de novo. - Nunca mais, nunca mais mesmo... Essa foi a pior...

Hermione e Gina pousaram nos dois lados dele: todas desceram de seus cavalos mais graciosamente que ele mas com a mesma expressão de alívio por estar em chão firme; Neville desceu, tremendo; Luna desmontou suavemente.

- Pra onde vamos agora? - ela perguntou a Harry numa voz educadamente interessada, como se aquilo fosse um interessante passeio do dia a dia.

- Por aqui - disse ele. Deu a seu Testrália um leve tapinha em agradecimento então seguiu rápido, em direção à cabine telefônica e abriu a porta. - Vam'bora! - apressou os outros enquanto hesitavam.

Rony e Gina marcharam para dentro, obedientemente; Hermione, Neville e Luna se apertaram depois deles; Harry lançou um último olhar aos Testrálias, agora farejando restos de comida no container, então se forçou para dentro da cabine também.

- Quem quer que esteja perto do telefone, disca, 62442! - disse ele.

Rony fez isso, seu braço inclinando bizarramente para alcançar o discador; enquanto isso zumbiu de volta ao seu lugar, a voz feminina fria soou dentro da cabine:

- Bem-vindos ao Ministério da Magia. Por favor diga seu nome e o que quer.

- Harry Potter, Rony Weasley, Hermione Granger - disse Harry muito rápido -, Gina Weasley, Neville Longbottom, Luna Lovegood... Estamos aqui pra salvar alguém a não ser que o seu Ministério possa fazer isso primeiro!!

- Obrigado - disse a voz fria. - Visitantes, por favor peguem os crachás e os ponham na frente de suas vestes.

Meia dezena de crachás voou da calha de metal de onde, normalmente, saíam moedas retornadas. Hermione os agarrou e os passou, calada, para Harry, por cima da cabeça de Gina; ele olhou para o primeiro, Harry Potter, Missão de Resgate.

- Visitantes, vocês serão inspecionados e suas varinhas deve ser apresentadas para registro no balcão de segurança, localizado ao final do Átrio.

- Tá!! - disse Harry alto enquanto sua cicatriz dava outra fisgada. - Agora será que dá pra gente de mover!?

O chão da cabine estremeceu e o pavimento começou a subir por suas janelas de vidro; os Testrália estavam sumindo de vista; a escuridão tomou conta de tudo e com um estranho rangido afundaram paras as profundezas do Ministério da Magia.

Um fino raio de luz dourada iluminou seus pés e, crescendo, subiu para seus corpos, Harry se ajoelhou com varinha em punho, o máximo que podia em tal ocasião, enquanto checava pelo vidro se havia alguém esperando por eles no Átrio mas parecia estar completamente vazio. A luz estava mais fraca do que quando era de dia; não havia fogo a queimar abaixo das chaminés mas enquanto subiam na cabine, lentamente, ele pôde ver que os símbolos dourados, brilhantes, continuavam a se mover, mudando de posição, no teto azul escuro.

- O Ministério lhes deseja uma noite agradável - disse a voz da mulher.

A porta da cabine se abriu; Harry marchou para fora dela seguido por Neville e Luna. O único barulho no Átrio era da água da fonte dourada, onde jatos de águas saíam das pontas das varinhas do bruxo e da bruxa, da ponta da flecha do centauro, da ponta do chapéu do duende e das orelhas do elfo para a fonte à volta deles.

- Vamos - disse Harry baixinho e os seis atravessaram o Hall, Harry à frente, passaram a fonte, indo em direção à mesa onde o bruxo pesou a varinha de Harry, a qual estava deserta agora.

Harry sentiu que deveria haver alguém da segurança ali, tinha certeza que sua ausência não era bom sinal e seus sentimentos de agouro começaram a crescer enquanto passavam pelos portões que levavam para os elevadores. Apertou o botão "pra baixo" mais próximo e um elevador apareceu quase que imediatamente, as grades douradas se abriram com uma grande "click", ecoou, então entraram. Harry pressionou o botão nove; as grades fecharam com um "bang" e o elevador começou a descer, devagar e rangendo. Harry não havia percebido o quão barulhentos eram os elevadores quando havia ido lá com Sr. Weasley; tinha certeza que a barulheira atrairia alguém da parte da segurança mas quando o elevador parou a fria voz feminina disse:

 - Departamento dos Mistérios - as grades se abriram. Saíram, em direção ao corredor onde nada se movia, a não ser o fogo das tochas com a rajada de ar do elevador.

Harry virou em direção à porta preta. Depois de meses e meses sonham com ela, ali estava, finalmente.

- Vam'bora - suspirou e seguiu caminho pelo corredor, Luna logo atrás dele, olhando à volta com sua boca meio aberta.

- Ok, escutem - parou Harry de novo, a uns metros da porta. - Talvez... Talvez alguns de nós devessem ficar aqui como... Para cobertura, e...

- E como vamos lhe avisar que algo está vindo? - perguntou Gina, a sobrancelha erguida. - Você poderia estar a milhas.

- Vamos com você, Harry - disse Neville.

- Vamos andar com isso - disse Rony firmemente.

Harry ainda não queria levar todos com ele mas parecia não ter escolha. Virou e encarou a porta, então andou em sua direção... Assim como fez nos sonhos, ela abriu e ele marchou por ela, os outros em seu calcanhar.

Estavam numa grande sala circular. Tudo era preto, incluindo a porta e o teto; portas idênticas, sem maçanetas e pretas estavam postas em intervalos iguais na parede negra, intercaladas por velas cujo fogo era azul; suas luzes frias e brilhantes eram refletidas no chão, fazendo parecer que havia água negra no piso.

- Alguém feche a porta - murmurou Harry.

Ele se arrependeu por dar essa ordem no momento em que Neville a obedeceu. Sem o longo feixe de luz que vinha do corredor atrás deles o lugar ficou tão escuro que por um momento as únicas coisas visíveis eram as pontas das velas nas paredes e seus fantasmagóricos reflexos no chão.

No seu sonho, Harry sempre andava propositadamente pela sala para porta exatamente oposta à da entrada e entrava nela. Mas havia uma dezena de portas ali. No momento em que começou a pensar e ir em direção à porta oposta a ele, tentando decidir ainda qual era a certa, houve um ronco estranho e as velas começaram a se mover. A parede circular estava se movendo. Hermione agarrou o braço de Harry, como se estivesse com medo de o chão se mover também mas este não se moveu. Por alguns segundos as velas deixavam linhas de néon, enquanto a parede se movia; então, quase tão de repente quanto havia começado, o ronco parou e tudo voltou a ficar parado.

Os olhos de Harry tinham linhas azuis; era tudo que podia ver.

- Que foi isso? - pergunto Rony, com medo.

- Acho que é pra gente não saber por qual porta entramos - disse Gina numa voz apressada.

Harry percebeu de cara que ela estava certa: tão cedo não ia identificar que porta entraram, era como procurar uma agulha naquele chão negro; a porta que precisavam entrar poderia ser qualquer uma daquelas.

- Como vamos sair de volta?? - perguntou Neville estranhamente.

- Bem, isso não importa agora - disse Harry forçadamente, piscando o máximo para tentar apagar as linhas azuis de sua visão, segurando sua varinha com mais força que nunca. - Não vamos sair até acharmos Sirius...

- Também não vá sair chamando por ele hein! - disse Hermione urgentemente mas Harry nunca havia precisado menos de um conselho dela; seu instinto era para se manter o mais quieto possível.

- Para onde vamos então Harry? - perguntou Rony.

- Eu não... - Harry começou. Engoliu seco. - Nos meus sonhos eu passo pela porta no fim do corredor, logo depois que saio do elevador e entro numa sala. Essa aqui. E então eu entro por outra porta e a outra sala é meio... Reluzente. Devíamos tentar algumas portas - disse apressado. - Vamos!

Ele marchou direto para a porta que estava à sua frente, os outros o seguiram bem de perto, encostou sua mão em sua superfície gelada e brilhante, levantou a varinha pronto para atacar no momento em que ela se abrisse e empurrou. Abriu facilmente.

Depois da escuridão da primeira sala as lâmpadas iluminando as correntes douradas penduradas do teto davam a impressão de que essa sala era muito mais iluminada mas não havia nada reluzente, nenhuma luz reluzente, como Harry havia visto em seus sonhos. O lugar estava bem vazio, exceto por algumas mesas e, bem no meio, um enorme tanque de vidro repleto de um líquido verde escuro, grande o suficiente para todos nadarem nele; um número de objetos branco-perolados estavam flutuando dentro dele.

- O que são aquelas coisas?! - suspirou Rony.

- Não sei - disse Harry.

- São peixes? - respirou Gina.

- Aquavirius Maggots! - disse Luna excitadamente. - Papai disse que o Ministério estava criando...

- Não - disse Hermione. Soou estranha. Aa andou em direção ao tanque e olhou melhor, de lado. - São cérebros.

- Cérebros?!

- É... Mas o que estariam fazendo aqui?

Harry se juntou a ela. Com certeza não havia dúvidas agoras que podia vê-los melhor. Lampejando assustadoramente, afundavam e subiam no líquido verde, parecendo couves-flores viscosas.

- Vamos sair daqui - disse Harry. - Não é essa, temos que tentar outra porta.

- Há mais portas aqui também - disse Rony, apontando para a parede a volta deles. O estômago de Harry afundou; qual era o tamanho daquele lugar?!

- No meu sonho eu saio da sala escura para a reluzente, então acho melhor tentarmos de novo de lá.

Então se apressaram, de volta para a escura sala circular; as formas fantasmagóricas dos cérebros estavam agora nadando em frente aos olhos de Harry, ao invés das linhas azuis das velas.

- Esperem! - disse Hermione bruscamente, quando Luna ia fechar a porta da sala dos cérebros. - Flagrate!

Ela gritou com sua varinha no ar e um "X" flamejante apareceu na porta. A porta mal havia se fechado quando houve um grande ronco e, de novo, a parede começou a se mover rápido mas agora havia um borrão vermelho-dourado entre as luzes azuis e, quando tudo ficou quieto de novo, o "X" flamejante ainda queimava, mostrando a porta na qual já haviam passado.

- Bem pensado - disse Harry. - Ok, vamos tentar essa...

De novo, caminhou diretamente para a porta à sua frente e a empurrou, sua varinha ainda em punho, os outros em seus calcanhares.

A sala era maior que a outra, fracamente iluminada e retangular, sua entrada era "afundada", formando algo como uma arena de uns vinte pés de profundidade. Estavam na parte mais alta do que pareciam ser assentos de pedra por todo canto, que desciam, como num teatro ou o tribunal no qual Harry fora interrogado pela Confederação Internacional de Bruxos. No entanto, ao invés de uma cadeira com correntes havia uma plataforma no centro da arena, onde havia uma passagem em arco, parecia tão velha, rachada e desmoronando que Harry ficou impressionado em ver que a coisa ainda estava de pé. Sem apoio nenhum, a passagem em arco estava coberta por uma cortina ou véu negro o qual, num lugar onde não havia sinal de qualquer brisa, estava balançando levemente, como se alguém tivesse acabado de tocá-lo.

- Quem está aí? - disse Harry, pulando para o assento abaixo. Ninguém respondeu mas o véu continuou a se mexer.

- Cuidado! - suspirou Hermione.

Harry foi descendo pelos assentos, um a um, até que alcançou o fundo da arena. Seus passos ecoaram alto enquanto andava lentamente em direção à plataforma. De onde estava agora a passagem parecia muito maior, mais alta do que quando a observara lá de cima. O véu ainda balançava gentilmente, como se alguém tivesse acabado de atravessá-lo.

- Sirius? - Harry falou de novo mas mais baixo, agora que estava mais perto.

Ele tinha a estranha sensação de que havia alguém ali bem atrás do véu, do outro lado da passagem. Agarrando sua varinha com bastante força, rodeou a plataforma mas não havia ninguém ali; tudo que era visível era a parte de trás véu negro.

- Vam'bora! - chamou Hermione do meio do caminho. - Não é esta, Harry, vamos, vam'bora!

Ela parecia assustada, muito mais assustada do que estava na sala dos cérebros mas ainda sim Harry pensou que a passagem tinha um tipo de beleza, por mais velha que fosse. O movimento gentil do véu o estava intrigando; estava com uma vontade louca de subir na plataforma e atravessá-lo.

- Harry! Vam'bora, vamos? - disse Hermione com mais força.

- Aham - disse mas não se moveu. Ele havia ouvido algo. Haviam suspiros, murmúrios vindo do outro lado do véu.

- O que você está dizendo? - disse ele, muito alto, e suas palavras ecoaram pelos assentos de pedra.

- Ninguém está falando Harry! - disse Hermione, agora indo em sua direção.

- Alguém está sussurrando lá atrás - disse ele, fugindo do alcance dela e franzindo a testa para o véu. - É você, Rony?

- Eu tô bem aqui, cara - disse Rony, aparecendo ao lado da passagem.

- Ninguém mais consegue ouvir?! - demandou Harry, pois os sussurros e murmúrios estavam ficando mais altos; sem a menor intenção de fazer isso, ele se achou em cima da plataforma.

- Posso ouvi-los também! - respirou Luna, juntando-se aos outros, próxima à passagem e olhando intrigada para o véu. - Tem gente aí dentro!

- O que você quer dizer com, "aí dentro"? - demandou Hermione, descendo e parecendo muita mais revoltada do que antes. - Não há ninguém, aí dentro, é apenas uma passagem! Não há nenhuma sala para ter alguém dentro! Harry, pára, sai de perto!

Ela agarrou o braço dele e puxou mas ele resistiu.

- Harry, estamos aqui para achar o Sirius! - disse ela numa voz aguda e alto.

- Sirius - Harry repetiu, ainda olhando fixamente para o véu, hipnotizado. - É...

Algo finalmente voltou ao lugar em seu cérebro; Sirius, capturado, atado, torturado, e ele olhando praquela passagem...

Harry deu vários passos para trás, para longe do véu, e arrancou seus olhos dele.

- Vam'bora - disse ele.

- Isso é o que eu estou tentando... Bem, vamos logo então! - disse Hermione e seguiram caminho para fora da plataforma.

Do outro lado, Gina e Neville estavam olhando para o véu também. Sem falar, Hermione agarrou o braço de Gina, Rony agarrou o de Neville e os levaram de volta para os assentos de pedra, subiram de volta para a porta.

- O que você acha que era aquele arco? - Harry perguntou a Hermione enquanto voltavam para a sala circular.

- Não sei, mas o que quer que fosse era perigoso! - disse Hermione firmemente, marcando de novo o "X" na porta.

De novo a parede girou e depois parou. Harry se aproximou de novo da porta mais próxima e a empurrou. Ela não se moveu.

- O que foi? - perguntou Hermione.

- Está... Trancada... - disse Harry, jogando seu peso contra a porta mas ela não abriu.

- É isso né? - disse Rony excitado, juntando-se a Harry na tentativa de forçar a porta a abrir. - Tinha que estar trancada!

- Sai do caminho! - disse Hermione bruscamente. Ela apontou a varinha para onde a maçaneta estaria, numa porta comum, e disse: - Alorromora!

Nada aconteceu.

- O canivete de Sirius! - disse Harry. Puxou isso de dentro de suas vestes e enfiou na fresta entre a porta e a parede. Todos observaram ansiosamente enquanto corria a lâmina bela borda da porta e depois jogava seu corpo contra a porta novamente. Continuava tão firme quanto antes. E ainda por cima quando Harry olhou para a faca viu que sua lâmina havia derretido.

- Bem, deixamos esse pra lá - disse Hermione decisivamente.

- Mas e se essa for a certa? - disse Rony, olhando para a porta com um olhar ao mesmo tempo, apreensivo e desejoso.

- Não pode ser, Harry podia passar por todas as portas no sonho - disse Hermione, marcando a porta com um "X" enquanto Harry guardava o, agora inútil, cabo do canivete de Sirius no bolso.

- Sabe o que podia ter lá dentro? - perguntou Luna, ansiosa, enquanto a parede rodava de novo.

- Algo ácido, sem dúvida! - disse Hermione, baixinho, e Neville deu um pequeno risinho nervoso.

A parede parou e Harry, com o sentimento de desespero crescendo, abriu a próxima porta.

- É AQUI!

Ele sabia de cara por sua lindas e dançantes luzes cor de diamante. Quando os olhos de Harry se acostumaram com a luz forte viu relógios brilhando em cada superfície, grandes e pequenos, antepassados e de porte, entre estantes ou em cima das mesas que enchiam a sala, fazendo com que vários "tic-tacs" enchesse o lugar, como milhares de pezinhos marchando. A fonte da luz forte era uma jarra de cristal comprida, no final da sala.

- POR AQUI!

O coração de Harry estava pulando freneticamente agora que sabia que estavam no lugar certo; saiu andando por entre as mesas, avante, como havia feito no seu sonho, em direção à fonte da luz, a jarra de cristal tão alta quanto ele estava em cima de uma mesa e parecia estar cheia de um vento crescente e brilhante.

- Ah, olhe! - disse Gina enquanto chegavam mais próximos, apontando bem para o coração do recipiente.

Mergulhando na corrente brilhante do recipiente havia um pequeno ovinho. Conforme subia pelo recipiente o ovo abria e um pintinho saia dele, subia até o topo da jarra mas na medida que afundava de novo o corpo do pássaro ia regredindo e quando chegava ao fundo já havia se transformado num ovinho novamente.

- Continuem andando! - disse Harry bruscamente, porque Gina mostrou sinais de querer parar e ficar olhando a transformação do ovo em pássaro.

- Você perdeu um bom tempo lá naquela passagem! - disse ela em resposta mas o seguiu quando passou pela jarra, em direção a porta atrás.

- É aqui - disse Harry de novo e seu coração estava batendo tão forte agora que achou que melhor interromper o discurso. - Por aqui...

Ele olhou para todos; todos tinham sua varinhas em punho e pareciam, de repente, sérios e ansiosos. Olhou para a porta e a empurrou. Abriu.

Lá estavam eles, havia encontrado o lugar: alto como uma igreja e cheio de nada mais que prateleiras altas cobertas por poeira e pequenas orbes de vidro. Brilhavam fracamente, iluminadas pelas luz de velas posta entre as prateleiras. Como aquelas na sala circular, suas chamas eram azuis. A sala era muito fria.

Harry andou devagar e fitou um beco escuro entre duas fileiras de prateleiras. Não ouviu nada nem viu o menor sinal de movimento.

- Disse que era no "beco" noventa e sete - sussurrou Hermione.

- É - respirou Harry, olhando para o final do "beco" mais próximo. Abaixo das velas havia uma figura prateada com os números cinqüenta e três.

- Acho que temo que ir para a direita - sussurrou Hermione, espiando o próximo "beco". - É... Aquele é o cinqüenta e quatro...

- Mantenham suas varinhas prontas - disse Harry suavemente.

Seguiram em frente, lançando olhares por cima dos ombros a todo o tempo enquanto passavam pelos longos corredores de prateleiras, em direção à cada vez mais crescente escuridão. Pequenas etiquetas douradas haviam sido postas entre as orbes nas prateleiras; algumas tinham um estranho brilho enquanto outras eram escuras e negras.

Passaram pelo "beco" oitenta e quatro... Oitenta e cinco... Harry estava apreensivo para qualquer sinal de movimento mas Sirius deveria estar amordaçado ou até mesmo inconsciente... Ou, disse uma voz estranha na sua cabeça, ela pode estar morto...

"Eu teria sentido", disse para si mesmo, seu coração agora pressionado contra seu pomo de Adão, "eu saberia...".

- Noventa e sete! - sussurrou Hermione.

Ele ficaram ali, agrupados, olhando para o final do "beco". Não havia ninguém lá.

- Ele está bem no final - disse Harry, cuja boca havia se tornado seca de repente. - Não dá pra ver daqui.

E então ele os levou para o "beco" entre as altas prateleiras com as bolas de vidro, algumas brilharam suavemente enquanto passaram.

- Ele devia estar por aqui - sussurrou Harry, convencido, a cada passo, que veria a qualquer momento a forma de Sirius, amordaçado, no chão escuro. - Por aqui... Perto...

- Harry? - disse Hermione tentativamente mas ele não queria responder. Sua boca estava muito seca.

- Algum... Lugar... Por... Aqui... - disse ele.

Eles haviam chegado ao final do "beco" onde havia mais velas e não havia ninguém ali. Só um silêncio ecoante.

- Ele deve estar... - Harry sussurrou roucamente, fitando o próximo "beco". - Ou talvez... - apressando-se a olhar para o outro depois desse.

- Harry? - disse Hermione de novo.

- Quê? - rosnou Harry.

- Eu... Eu acho que o Sirius não está aqui.

Ninguém falou nada. Harry não queria olhar pra nenhum deles. Sentiu-se mal. Ele não entendia por que Sirius não estava ali. Ele tinha que estar ali. Era ali onde ele, Harry, o tinha visto...

Ele correu pelos "becos", olhando para cada um deles. Vazio atrás de vazio. Correu para o outro lado, passando pelos companheiros. Não havia nenhum sinal de Sirius nem nenhum sinal de luta em lugar nenhum.

- Harry? - chamou Rony.

- Quê?

Ele não queria ouvir o que Rony tinha a dizer; não queria ouvir Rony dizer que havia sido idiota ou sugerir que deveriam voltar para Hogwarts mas estava ficando cada vez mais irritado e tinha vontade de afundar naquele chão e ficar por ali um bom tempo até poder sair para a claridade do Átrio e encarar os olhares acusadores dos outros...

- Você viu isso? - disse Rony.

- Quê? - disse Harry, ansioso desta vez, tinha que ser um sinal de que Sirius esteve ali, uma pista. Voltou para onde estavam mas não achou nada a não ser Rony olhando para uma das orbes empoeiradas na prateleira. - Quê? - repetiu num resmungo.

- Tem... Tem seu nome aqui - disse Rony.

Harry se aproximou mais. Rony estava apontando para umas das pequenas orbes, que brilhava com uma luz estranha, mesmo estando um tanto empoeirada e parecia não ser tocada por muito anos.

- Meu nome?! - disse Harry, branco.

Andou na direção dele. Sem ser tão alto quanto Rony teve que esticar o pescoço para ler a etiqueta dourada fixada na prateleira, bem abaixo da orbe empoeirada. Numa letra muito comprida e fina estava escrita a data de uns dezesseis anos atrás e logo abaixo:

S.T.P para A.P.W.B.D.

Lord das Trevas

e (?) Harry Potter

Harry ficou olhando aquilo.

- O que é isso? - perguntou Rony, soando nervoso. - Q´que seu nome ta fazendo aí?

Ele olhou para as outras etiquetas coladas na prateleira.

- Eu não estou aqui - disse ele soando perplexo. - Nenhum de nós está aqui.

- Harry, acho que você não deveria tocar isso - disse Hermione bruscamente quando ele esticou a mão para tocar a orbe.

- Por que não?! Tem algo haver comigo, não tem?

- Não Harry! - disse Neville de repente. Ele olhou para a cara redonda de Neville, que estava brilhando em suor. Parecia que não podia agüentar mais tanto suspense.

- Tem meu nome aqui!

Se sentindo um tanto imprudente, fechou os dedos em volta da superfície da orbe. Pensou que fosse fria mas não era. Ao contrário, parecia ter sido exposta ao sol por horas, como se o pouquinho de luz de dentro a estivesse esquentando. Esperando, e até desejando, que algo dramático acontecesse, algo excitante que fizesse toda aquela viagem valer a pena, Harry levantou a bola de vidro e a tirou da prateleira. Ficou olhando para ela.

Nada aconteceu. Os outros se aproximaram, olhando para a orbe enquanto limpava a poeira.

E então, logo atrás deles, uma voz arrastada soou:

- Muito bem, Potter. Agora vire-se, devagar e dê isso pra mim.

-- CAPÍTULO 35 --
ATRÁS DA CORTINA


Escuras figuras surgiam do fino ar que os cercava, bloqueando seus caminhos, olhos brilhavam através das fendas de seus capuzes, tinha uma dúzia de luzes saindo da ponta das varinhas diretamente para seus corações; Gina ofegou horrorizada.

- Para mim, Potter - repetiu lentamente a voz de Lúcio Malfoy enquanto estendia sua mão com a palma para cima.

O interior de Harry remexeu de forma nojenta. Estavam encurralados e estavam em desvantagem de dois para um.

- Para mim - disse Malfoy novamente.

- Onde está Sirius? - disse Harry.

Vários dos Comensais da Morte riram; uma cruel voz feminina, no meio das figuras sombrias, à esquerda de Harry, disse triunfante:

- O Lorde das Trevas sempre sabe!

- Sempre! - repetiu Malfoy com cuidado. - Agora, me dê a profecia, Potter.

- Eu quero saber onde está Sirius!

- "Eu quero saber onde está Sirius" - Imitou a mulher que estava à direita de Harry.

Ela e seu companheiro Comensal se aproximaram, ficando um metro de distância de Harry e dos outros, a luz que saía das varinhas cegava os olhos de Harry.

- Você o pegou - disse Harry, ignorando o pânico que crescia em seu peito, o medo que lutava contra desde de que entraram na nonagésima sétima sala. - Ele está aqui, eu sei que está.

- A pequena criança acordou assustada e achou que o que ela sonhou era verdade! - falou a mulher em uma horrorosa e zombeteira voz de criança. Harry sentiu Rony se mexer ao seu lado.

- Não faça nada - Harry murmurou. - Ainda não...

A mulher que o tinha imitado soltou um grito rouco de risada.

- Você o escutou? Você o escutou? Dando instruções para a outra criança, achando que vai lutar conosco.

- Ah, você não conhece Potter como eu, Bellatrix - disse Malfoy calmamente. - Ele tem uma grande queda pro heroísmo; o Lord das Trevas sabe disso. Agora, me dê a profecia, Potter.

- Eu sei que Sirius está aqui - disse Harry, apesar do pânico que fazia seu peito contrair, como se não pudesse respirar normalmente. - Eu sei que você o pegou!

Mais Comensais da Morte riram, a mulher ainda riu mais alto que todos.

- Está na hora de você aprender a diferença entre sonhos e realidade, Potter - disse Malfoy. - Agora me dê a profecia ou começaremos a usar varinhas.

- Vão em frente - disse Harry, levantando sua varinha na altura do peito enquanto as cinco varinhas de Rony, Hermione, Neville, Gina e Luna levantaram na mesma altura que a dele. Os nós no estômago de Harry apertavam. Se Sirius realmente não estivesse lá ele teria levado seus amigos para a morte, sem motivo.

Mas os Comensais da Morte não atacaram.

- Solte a profecia e ninguém precisa ficar ferido - disse Malfoy friamente.

Agora era a hora de Harry rir.

- Claro! Eu te dou essa... Profecia, é isso não é? E vocês vão simplesmente nos deixar escapar para casa, não vão?

As palavras mal saíram da boca de Harry quando a Comensal gritou:

- Accio profec...

Harry já estava preparado para ela: berrou "Protego" antes que pudesse terminar de falar e, apesar de a esfera de vidro ter escorregado para a ponta de seus dedos, conseguiu segurá-la.

- Ah, ele sabe brincar, pequeno Potter - ela falou, seus nervosos olhos o fitavam através da fenda em seu capuz. - Muito bem, então...

- EU FALEI PARA VOCÊ NÃO ATACAR! - Lúcio Malfoy rosnou para a mulher. - Se você quebrar isso...

A cabeça de Harry estava girando. Os Comensais da Morte queriam aquela empoeirada esfera de vidro. E ele não tinha interesse nenhum naquilo. Só queria tirar todos vivos dali para ter certeza de que nenhum de seus amigos pagaria um terrível preço por sua estupidez...

A mulher andou para frente, longe de seus companheiros, e tirou seu capuz. Azkaban esburacou o rosto de Bellatrix Lestrange, tornando-a abatida e na forma de crânio mas estava viva com um febril e fanático brilho em seu rosto.

- Você precisa de mais persuasão? - seu peito crescia e diminuía rapidamente. - Muito bem, pegue a menor - ordenou para o Comensal perto dela. - Deixe-o assistir enquanto torturamos a pequena garota. Eu vou fazer isso.

Harry sentiu os outros se aproximarem de Gina, andou para o lado, então ficou bem à frente dela, levantando a profecia para o seu peito.

- Vocês vão ter que quebrar isso se quiserem atacar qualquer um de nós - disse para Bellatrix. - Eu não acho que seu chefe vai ficar muito satisfeito se você voltar sem isso, não é?

Ela não se moveu, só o encarou com a ponta de sua língua umedecendo sua magra boca.

- Então - disse Harry -, de que tipo de profecia vocês estão falando?

Ele não sabia o que fazer mas continuaria falando. O braço de Neville estava sendo pressionado contra o dele, podia senti-lo tremer; pôde sentir cada um dos outros respirando rapidamente por trás de sua cabeça. Esperava que todos estivessem pensando muito sobre um jeito de sair de lá porque sua mente estava vazia.

- Que tipo de profecia? - repetiu Bellatrix, o falso riso desapareceu de seu rosto. - Você está brincado, Harry Potter.

- Não, sem brincadeiras - disse Harry, seus olhos passavam de Comensal para Comensal, procurando um elo, um espaço que pudesse escapar. - O que faz Voldemort querer isso?

Muitos dos Comensais da Morte soltaram baixas vaias.

- Você ousa falar o nome dele? - murmurou Bellatrix.

- Sim - disse Harry, apertando a bola de vidro com força, esperando outro feitiço contra ele. - Sim, não vejo problema nenhum em dizer Vol...

- Cale a boca! - Bellatrix berrou. - Você ousa falar o nome dele com sua desonrosa boca, você ousa manchá-lo com essa sua língua de sangue-ruim, você ousa...

- Você sabia que ele é sangue-ruim também? - disse Harry de forma imprudente. Hermione soltou um baixo ruído em sua orelha. - Voldemort? Sim, sua mãe era bruxa mas o pai era um trouxa... Ou quer dizer que ele vem contando que é puro sangue?

- ESTUP...

- NÃO!

Um raio de luz vermelha saiu da varinha de Bellatrix Lestrange mas Malfoy o desviou, seu feitiço fez com que o feitiço de Bellatrix atingisse a prateleira a um pé à esquerda de Harry e muitas esferas de vidro quebraram.

Duas imagens brancas como perolas apareceram na fumaça como fantasmas, abrindo-se do fragmento de vidro quebrado em cima do chão, cada um começou a falar, suas vozes competiam uma com a outra, então só algumas partes do que falavam podia ser escutadas sobre os gritos de Malfoy e Bellatrix.

- ...No solstício vai surgir um novo... - falou a imagem de um velho homem barbudo.

- NÃO ATAQUE! PRECISAMOS DA PROFECIA!

- Ele ousou... Ele ousou... - berrou Bellatrix confusa. - Ele insistiu... Asqueroso sangue-ruim...

- ESPERE ATÉ TERMOS A PROFECIA! - vociferou Malfoy.

- ...E nenhum virá depois... - disse a imagem de uma jovem moça.

E as duas imagens que explodiram das esferas quebradas evaporaram no ar. Nada deles restou ou de seus anteriores lugares, somente os fragmentos de vidro no chão. Tinham, de qualquer maneira, dado a Harry uma idéia. O problema seria para comunicar para os outros.

- Você não me falou o que tem de tão especial nessa profecia, eu vou quebrá-la - falou, fazendo um jogo. Moveu seu pé devagar para o lado, procurando por alguém.

- Não brinque conosco Potter - disse Malfoy.

- Eu não estou brincando - disse Harry com metade do pensamento na conversa e a outra metade no pé que buscava por algo. Então encontrou o dedo de alguém e o apertou. Uma aguda respiração atrás dele mostrou que era Hermione.

- Quê? - ela murmurou.

- Dumbledore nunca lhe contou a razão de você carregar a cicatriz está nas entranhas do Departamento de Mistérios? - falou Malfoy com desprezo.

- Eu... O quê? - disse Harry. Por um momento ele esqueceu completamente de seu plano. - O que tem minha cicatriz?

- O quê? - murmurou Hermione em tom de urgência por trás dele.

- Como pode ser? - disse Malfoy, parecendo malicioso e satisfeito, alguns dos Comensais da Morte estavam rindo de novo e, sobre as risadas, Harry assobiou para Hermione, movendo seus lábios menos que podia:

- Prateleiras quebradas...

- Dumbledore nunca te falou? - repetiu Malfoy. - Bem, isso explica por que você não veio mais cedo, Potter. O Lord das Trevas deseja saber por que...

- ... Quando eu disser agora...

- ...Você não veio correndo quando ele mostrou para você o lugar que ela estava guardada em seus sonhos. Ele pensou que a curiosidade natural faria você querer ouvir uma explicação...

- Ele pensou? - disse Harry. Atrás dele, sentiu melhor ouvindo Hermione passando sua mensagem e preferiu se manter falando, para distrair os Comensais da Morte. - Então ele queria que eu viesse e pegasse isso, não é? Por quê?

- Por quê? - Malfoy pareceu extremamente deliciado. - Porque as únicas pessoas que são permitidas a resgatar uma profecia do Departamento de Mistérios, Potter, são aqueles para quem ela foi feita, o Lord das Trevas descobriu isso enquanto tentava usar outros para roubá-la para ele.

- E por que ele quer roubar uma profecia sobre mim?

- Sobre os dois, Potter, os dois... Você nunca teve curiosidade em saber por que o Lord das Trevas tentou te matar quando você era um bebê?

Harry fitou dentro da fenda, o buraco dos olhos de Malfoy, os quais estavam brilhando. Era essa profecia a razão pela qual os pais de Harry tinham morrido, a razão pela qual carregava aquela cicatriz em forma de raio? Era a resposta para tudo aquilo que ele agarrava na mão?

- Alguém fez uma profecia sobre mim e Voldemort? - Harry disse calmamente, encarando Lúcio Malfoy, seus dedos apertavam a quente esfera de vidro. Não era muito maior que um pomo de ouro e continuava empoeirado. - E ele me fez vir e pegá-la para ele? Por que ele não poderia ter vindo e pegado ele mesmo?

- Ele vir pegar? - fritou Bellatrix por cima de uma louca gargalhada. - O Lord das Trevas andaria no Ministério da Magia quando ignoram tão facilmente sua volta? O Lord das Trevas se revelaria para Aurores enquanto eles preocupados com meu querido primo?

- Então ele está fazendo você fazer o trabalho sujo para ele, não é? - disse Harry. - Como quando tentou fazer Sturgis roubar isso... E Bode?

- Muito bem, Potter, muito bem... - disse Malfoy devagar. - Mas o Lord das Trevas sabe que você não está uni...

- AGORA! - berrou Harry.

Cinco diferentes vozes atrás dele gritaram "REDUCIO!". Cinco feitiços voaram em cinco diferentes direções e as prateleiras à sua frente explodiram quando foram atingidas; a alta estrutura inclinou enquanto cem esferas de vidros explodiram, imagens brancas como pérola surgiram no ar e flutuaram lá, suas vozes ecoando de quem sabia da morte depois de muito tempo no meio de correntes de vidros quebrando e madeiras despedaçadas que agora choviam sobre o chão.

- CORRAM! - gritou Harry enquanto a prateleira inclinava de forma precária e mais bolas de vidro caiam. Agarrou as vestes de Hermione e a puxou para frente, mantendo o braço sobre a sua cabeça enquanto pedaços de prateleiras e cacos de vidro caiam sobre eles.

Um Comensal da Morte avançou através da nuvem de sujeira e Harry o acotovelou fortemente em sua face encapuzada; estavam todos gritando, chorando, junto com o barulho das colisões enquanto as prateleiras desmoronavam sobre eles, estranhamente ecoando pedaços dos profetas de suas esferas.

Harry achou um caminho limpo para frente e viu Rony, Gina e Luna correndo à sua frente, seus braços estavam sobre suas cabeças; alguma coisa pesada o acertou no rosto mas ele simplesmente abaixou a cabeça e correu adiante; uma mão o agarrou no ombro, escutou Hermione gritando: "Estupefaça" e a mão o soltou imediatamente.

Estavam no final da fileira noventa e sete quando Harry virou para direita e começou a correr confiante; podia escutar passos logo atrás de si e a voz de Hermione encorajando Neville; mais à frente a porta na qual tinham chegado estava entreaberta, Harry podia ver a brilhante luz do sino; jogou-se através da entrada, a profecia se mantinha bem agarrada e a salvo em sua mão, esperou pelos outros para empurrá-la em cima do piso antes que a porta batesse atrás dele.

- Colloportus! - respirou Hermione e a porta se fechou sozinha com um estranho silêncio.

- Onde... Onde estão os outros? - suspirou Harry.

Ele achava que Rony, Gina e Luna estavam logo na frente deles e estariam o esperando nessa sala mas não havia ninguém lá.

- Eles devem ter pegado o caminho errado - sussurrou Hermione com uma expressão assustada.

- Escutem - murmurou Neville.

Passos e tiros ecoavam por trás da porta que tinham acabado de fechar; Harry colocou sua orelha perto da porta e ouviu Lúcio Malfoy rosnar.

- Abandonem Nott, abandonem, quer dizer... Seus ferimentos não serão nada para o Lord das Trevas comparado à perda da profecia. Jugson, volte aqui, nós precisamos organizar! Vamos nos separar em pares e procuraremos, não esqueçam, sejam amigáveis com Potter até conseguirmos a profecia, podem matar os outros se acharem necessário, Bellatrix, Rodolphus, vocês pegam a esquerda, Crabbe, Rabastan, para a direita, Jugson, Dolohov, a porta à frente, Macnair e Avery, por aqui, Rookwood para lá, Mulciber venha comigo!

- O que vamos fazer? - Hermione perguntou para Harry, tremendo da cabeça aos pés.

- Bom, ficar aqui parado esperando que eles nos achem já é um começo - disse Harry. - Vamos nos distanciar dessa porta.

Correram o mais silenciosamente que conseguiram, passando o brilhante sino onde o pequeno ovo estava chocando em direção a saída dentro da entrada circular no final da sala. Estavam quase lá quando Harry escutou algo grande e pesado colidindo com a porta que Hermione havia trancado com feitiço.

- Continuem aí dentro - disse uma grossa voz. - Alorromora!

Quando a porta abriu Harry, Hermione e Neville mergulharam debaixo de mesas. Podiam ver a base das vestes dos Comensais da Morte se aproximarem rapidamente.

- Eles devem ter corrido através do salão - falou a voz grossa.

- Olhe debaixo das mesas - disse outro.

Harry viu os joelhos do Comensal dobrarem; colocando a varinha para fora, debaixo da mesa, ele gritou.

- ESTUPEFAÇA!

Um jato de luz vermelha acertou próximo do Comensal, caiu para trás, em um relógio de parede golpeando para cima; o segundo Comensal pulou para dentro, para evitar o feitiço de Harry e apontou sua varinha para Hermione, que estava se rastejando para fora da mesa, para conseguir uma mira melhor.

- Avada...

Harry se jogou pelo chão e agarrou o joelho do Comensal, fazendo-o tombar, assim não mirava mais. Neville derrubou uma mesa na sua ansiedade para ajudar; apontando sua varinha desordenadamente para os dois, que lutavam, gritou:

- EXPELLIARMUS!

A varinha de Harry e do Comensal da Morte voaram para longe de suas mãos e caíram na direção da entrada do Salão da Profecia, ambos se arrastaram e foram atrás delas, o Comensal na frente, Harry saltou com entusiasmo, Neville segurou suas costas, simplesmente horrorizado pelo que tinha feito.

- Saia do caminho, Harry - gritou Neville, claramente arrependido pelo o que tinha feito.

Harry se jogou para o lado enquanto Neville apontou a varinha de novo e gritou:

- ESTUPEFAÇA!

O raio de luz vermelha voou sobre o ombro do Comensal da Morte e acertou um vidro que estava na frente de um armário, com a parede cheia de formatos de horas de vidro; o armário caiu no chão e estourou, vidros voando para todos os lados, lançando-se de volta para a parede, totalmente consertada, então, caiu de novo e destruiu-se...

O Comensal agarrou sua varinha, que estava no chão, ao lado do brilhante sino. Harry se jogou embaixo de outra mesa enquanto o homem voltava; sua máscara tinha escorregado, então não podia enxergar. Ele a rasgou com sua mão livre e gritou:

- ESTUP...

- ESTUPEFAÇA - gritou Hermione, que tinha acabado de alcançá-los. O jato de luz vermelha acertou o Comensal no meio do peito; ele congelou, seus braços continuavam levantados, sua varinha caiu no chão e ele caiu para trás, perto do sino brilhante. Harry esperava ouvir um "clunk" do homem que caiu duro no chão e empurrou a jarra mas em vez disso sua cabeça mergulhou através do sino, enquanto não tinha nada, somente bolhas de sabão, e começou a dormir, jogado de costas na mesa, sua cabeça dentro da jarra cheia de vento brilhante.

- Accio varinha! - chamou Hermione. A varinha de Harry voou de um canto escuro até as mãos da garota, que a jogou de volta para ele.

- Obrigado. Certo, vamos sair daqui...

- Olhem lá! - disse Neville, horrorizado. Estava fitando a cabeça do Comensal dentro do sino.

Os três levantaram suas varinhas novamente mas ninguém atacou: estavam todos encarando apavorados e de boca aberta o que acontecia com a cabeça do homem.

Ela estava encolhendo rapidamente, ficando cada vez mais careca, o cabelo preto e o pêlo arrepiado saiam de dentro de seu crânio; sua bochecha começou a ficar plana, seu crânio redondo, coberto com penugem de pêssego.

Uma cabeça de bebê grotesca era vista do grosso músculo do pescoço do Comensal enquanto ele lutava para ficar de pé novamente mas enquanto assistiam com suas bocas abertas a cabeça começo a crescer novamente, um grosso cabelo preto estava brotando da cabeça e do queixo...

- Está na hora - disse Hermione com uma voz apavorada. - Hora...

O Comensal da Morte sacudiu sua horrível cabeça novamente, tentando limpá-la mas antes que conseguisse puxá-la junto a cabeça começou a voltar para a infância novamente...

Houve um tiro de um quarto próximo, depois uma batida e um grito.

- RONY? - berrou Harry, virando rapidamente do lugar da monstruosa transformação. - GINA? LUNA?

- Harry! - Hermione gritou.

O Comensal da Morte tirou sua cabeça do sino. Sua aparência era totalmente bizarra, sua pequena cabeça de bebê chorou alto enquanto seus grossos braços batiam perigosamente em todas as direções, por pouco em Harry, que abaixou a cabeça. Levantou sua varinha mas para seu desapontamento Hermione segurou seu braço.

- Você não pode machucar um bebê!

Não tinha tempo para discutir; Harry podia ouvir mais passos se aproximando do Hall da profecia e ele sabia, era muito tarde, ele não deveria ter gritado e dado sua posição.

- Venha! - disse, deixando a horrorosa cabeça de bebê do Comensal balançando atrás deles, saíram pela porta no final da sala, ainda aberta, que levava para o negro saguão.

Tinham corrido a metade dele quando Harry viu através da porta aberta mais dois Comensais correndo o saguão preto atrás deles, desviando para a esquerda, surgiu dentro de um pequeno, escuro e misturado escritório, então bateu a porta atrás de si.

- Collo... - começou Hermione mas antes que ela pudesse continuar o feitiço a porta abriu com uma explosão e dois Comensais entraram empurrando.

Com um grito triunfante, os dois berraram:

- IMPEDIMENTA!

Harry, Hermione e Neville foram todos golpeados por trás de seus pés. Neville foi jogado em cima da mesa e sumiu de vista; Hermione bateu em uma estante de livros e estava completamente coberta por uma cascata de livros pesados; as costas da cabeça de Harry bateram na parede de pedra atrás dele, minúsculas luzes explodiram na frente de seus olhos e por um momento estava muito vertiginoso e confuso para reagir.

- NÓS O PEGAMOS! - berrou o Comensal próximo a Harry. - EM UM ESCRITÓRIO DE...

- Silencio! - gritou Hermione e a voz do homem estava extinta. Ele continuava a mexer a boca através do buraco de sua máscara mas nenhum som saiu. Ele foi empurrado pelo seu companheiro Comensal.

- Petrificus Totalus! - lançou Harry no momento que o segundo Comensal levantou sua varinha. Seus braços e pernas se fecharam juntos e ele caiu para trás, o rosto para baixo no tapete embaixo dos pés de Harry, duro como uma tábua, incapaz de se mover.

- Muito bem, Har...

Mas o Comensal que Hermione tinha acabado de calar fez um grande movimento com sua varinha; uma linha, que parecia uma chama roxa, atravessou o peito de Hermione. Ela soltou um pequeno "Oh!" apesar da surpresa e se apoiou no chão, onde caiu imóvel.

- HERMIONE!

Harry caiu nos seus joelhos ao lado dela enquanto Neville engatinhou na sua direção por debaixo da mesa, sua varinha foi levantada na sua frente. O Comensal chutou fortemente a cabeça de Neville no mesmo momento que ele surgiu - seu pé quebrou a varinha de Neville em duas e ligou com o rosto de Neville. Ele deu um berro de dor e recuou, agarrando com força seu nariz e boca. Harry girou ao redor sua varinha, segurando-a no alto, viu que o Comensal que tinha rasgado sua máscara e estava apontando sua varinha diretamente para ele, que reconheceu o longo, pálido e deformado rosto do Profeta do Diário: Antonin Dolohov, o Comensal que tinha assassinado os Prewetts.

Dolohov deu uma risada forçada. Com sua mão livre apontou a profecia, ainda segura nas mãos de Harry, para ele mesmo, e então para Hermione. Desde que não podia mais falar seu significado não poderia ser mais claro. Dê-me a profecia, ou você terá o mesmo que ela teve.

- Como se você não fosse nos matar de qualquer jeito quando eu largar isso - disse Harry.

Um lamento de pânico na cabeça dele o estava prevenindo para pensar propriamente: tinha uma mão no ombro de Hermione, que continuava armada, ainda que não ousasse olhá-la direito. "Não a deixe morrer, não a deixe morrer, é minha culpa se ela morrer."

- Qualquer toisa que bocê fider, Harry - disse Neville ferozmente de debaixo da mesa, abaixando suas mãos para mostrar um nariz quebrado e um rio de sangue debaixo de sua boca e queixo. - Não bê para ele!

Então houve um barulho de fora da porta e Dolohov olhou por cima de seus ombros - o Comensal cabeça-de-bebê apareceu na entrada, sua cabeça gritando, seus grandes punhos continuavam a bater em tudo ao seu redor. Harry aproveitou a chance.

- PETRIF1CUS TOTALUS!

O feitiço acertou Dolohov antes que pudesse bloqueá-lo então caiu para frente, em cima de seu companheiro, os dois duros como tábuas e incapazes para mover um dedo.

- Hermione - Harry disse de uma vez, sacudindo-a enquanto o Comensal cabeça-de-bebê se enganava fora de vista novamente.

- O que ele fez com ela? - disse Neville, saindo engatinhando debaixo da mesa, ajoelhando-se de seu outro lado, sangue escorria rapidamente de seu nariz inchado.

- Eu não sei...

Neville tocou o pulso de Hermione.

- Dem pulsação, Harry. Estou cerdo que dem.

Uma poderosa onda de alívio atravessou Harry, que por um momento fez com que sentisse sua consciência leve.

- Ela está viva?

- Sim, eu acho de sim.

Teve uma pausa do pensamento de Harry para o barulho de mais passos mas a única coisa que podia escutar era o choramingo e resmungos do Comensal cabeça-de-bebê no quarto ao lado.

- Neville, nós não estamos longe da saída - Harry sussurrou. - Nós estamos próximos daquela sala circular... Se conseguirmos levá-la para cruzá-la e encontrar a porta certa antes que nenhum Comensal da Morte, eu aposto que você pode levar Hermione para o corredor e dentro do elevador... Então você pode achar alguém... Aperte o alarme.

- E o de você vai fader? - disse Neville, esfregando seu nariz com sua manga ao mesmo tempo em que franzia suas sobrancelhas.

- Eu tenho que encontrar os outros.

- Bom, eu bou encontrá-los com bocê. - disse Neville com firmeza.

- Mas Hermione...

- Nós bamos lebá-la conosco. - disse Neville com firmeza. - Eu bou lebá-la, bocê é belhor lutando do que eu.

Ele se levantou e agarrou um dos braços de Hermione, encarando Harry, que hesitou, então agarrou o outro e ajudou a erguer Hermione para os ombros de Neville.

- Espere - disse Harry, agarrando a varinha de Hermione do chão e a enfiando na mão de Neville. - É melhor você pegar isso.

Neville chutou para o lado os pedaços de sua varinha enquanto andava devagar a caminho da porta.

- Minha avó bai me batar - disse Neville desesperadamente, sangue saía de seu nariz enquanto falava. - Essa barinha era do meu avô.

Harry colocou sua cabeça para fora da porta e olhou cautelosamente. O Comensal cabeça-de-bebê estava gritando e batia em coisas, derrubando relógios de paredes e mesas, gritava confuso enquanto o vidro à frente da cabine, que Harry agora suspeitava que continha vira-tempos, continuava a cair, destruindo-se e se concertava na parede atrás dele.

- Ele nunca vai nos notar - murmurou ele. - Venha... Mantenha-se perto de mim...

Eles rastejaram para fora do escritório e voltaram a caminho da porta da negra entrada, que agora parecia totalmente deserta. Deram alguns passos para frente, Neville cambaleando um pouco devido o peso de Hermione. A porta da sala do tempo balançou e se trancou, as paredes começaram a girar de novo. O recente sopro atrás da cabeça de Harry pareceu ter morrido por alguns instantes; encolheu seus olhos, inclinando levemente antes que as paredes começassem a mexer de novo. Com um aperto no coração, Harry viu que as cruzes inflamáveis de Hermione tinham desaparecido da porta.

- Então, que caminho você lem...

Mas antes que pudesse decidir que caminho tomar uma porta sua direita caiu, abrindo-se, e três pessoas caíram de lá.

- Rony! - resmungou Harry, jogando-se na direção deles. - Gina, vocês todos estão...

- Harry - disse Rony, sorrindo fracamente, inclinando para o lado, agarrando a frente do traje de Harry e olhando para ele com olhos ofuscados. - Aí está você... Ha, ha, ha... Você parece engraçado, Harry... Nós estamos todos complicados...

O rosto de Rony estava pálido e alguma coisa escura estava pingando do canto da boca dele. No segundo seguinte seus joelhos cederam mas ainda agarrava com força a frente da roupa de Harry, então estava sendo puxando em uma forma de arco.

- Gina? - disse Harry amedrontado. - O que aconteceu?

Mas Gina balançou sua cabeça e escorregou encostada na parede, sentada, ofegando e segurando seu tornozelo.

- Eu acho que ela quebrou seu tornozelo, eu escutei alguma coisa quebrar - murmurou Luna, que estava curvada sobre ela e parecia ser a única que não estava ferida. - Quatro deles nos perseguiram dentro de um quarto escuro cheio de planetas, era um lugar muito estranho, em algum instante nós estávamos flutuando no escuro...

- Harry, nós vimos Urano tão de perto - disse Rony ainda sorrindo com fraqueza. - Entendeu, Harry? Nós vimos Urano... Ha, ha, ha...

Uma bolha de sangue saiu do canto da boca de Rony e estourou.

- ... De qualquer jeito, um deles agarrou Gina pelo pé e eu usei o feitiço de redução nele e lancei Plutão no seu rosto, mas...

Luna fez um gesto de esperança para Gina, que estava respirando de uma maneira superficial, seus olhos se mantinham fechados.

- E o que aconteceu com Rony? - disse Harry, receoso enquanto Rony continuava sorrindo, ainda agarrando à sua roupa.

- Eu não sei o que fizeram com ele - disse Luna tristemente - mas ele ficou muito estranho, eu quase não consegui trazê-lo.

- Harry - disse Rony, puxando a orelha de Harry para perto de sua boca, continuava sorrindo estranhamente. - Você sabe quem é essa garota, Harry? Ela é louca... Louca Lovegood... Ha, ha, ha...

- Nós temos que sair daqui - disse Harry firmemente. - Luna, você pode ajudar Gina?

- Sim - disse Luna, colocando sua varinha atrás de sua orelha, para segurança, então colocou o braço em volta da cintura de Gina, colocando-a de pé.

- É só meu tornozelo, posso fazer isso sozinha - disse Gina impacientemente mas no mesmo momento caiu para o lado, agarrando Luna como suporte. Harry colocou o braço em volta dos ombros de Rony, somente alguns meses antes tinha segurado Duda. Olhou em volta: só tinham uma chance em vinte para achar a saída certa de primeira...

Levantou Rony a caminho da porta; estavam a alguns passos dela quando outra porta abriu bruscamente e três Comensais da Morte saíram com velocidade, liderados por Bellatrix Lestrange.

- Eles estão aqui - berrou ela.

Muitos feitiços foram lançados pelo salão; Harry amassou seu caminho até a porta, lançando Rony sem cerimônia, depois mergulhou para ajudar Neville com Hermione, estavam em cima do solado da porta, justamente em tempo para bater a porta contra Bellatrix.

- Colloportus! - gritou Harry e escutou três corpos batendo do outro lado da porta.

- Isso não importa! - disse uma voz masculina. - Tem outras maneiras de entrar. NÓS O PEGAMOS! ELES ESTÃO AQUI!

Harry olhou ao redor, estavam de volta à sala dos cérebros e, com certeza, tinha muitas portas em volta das paredes, podia escutar passos na sala ao lado deles enquanto iam chegando cada vez mais Comensais da Morte para se unirem ao primeiro.

- Luna, Neville, me ajudem!

Os três checaram em volta do salão, fechando as portas; Harry bateu em uma mesa e rolou até o topo dela por causa de sua afobação para fechar a próxima porta.

- Colloportus!

Havia passos correndo por trás das portas, toda hora um corpo pesado se jogava contra a porta e ela tremia e rangia; Luna e Neville estavam trancando as portas da parede oposta - então, no mesmo momento que Harry checava o final do salão, escutou Luna gritar:

- Collo... Aaaaaaaaargh!

Ele se virou a tempo para ver Luna voando pelo ar; cinco Comensais estava entrando na sala através da porta que ela não teve tempo de fechar; Luna acertou uma mesa, escorregou sobre sua superfície e foi parar no outro lado, jogada no chão, como Hermione.

- Peguem Potter! - berrou Bellatrix e correu na direção dele; ele se esquivou dela, correu a toda velocidade para o outro lado da sala; estava a salvo enquanto achassem que poderia quebrar a profecia.

- Hey! - disse Rony, que tinha balançado em seus pés e estava agora cambaleando, bêbado na direção de Harry, sorrindo. - Hey Harry, têm cérebros aqui, ha, ha, ha, isso não é estranho, Harry?

- Rony, saia do caminho, abaixe-se...

Mas Rony já havia colocado sua varinha dentro do tanque.

- Realmente, Harry, são cérebros... Olhe... Accio cérebro.

A cena parecia congelada por um momento. Harry, Gina e Neville e todos os Comensais viraram mortificados para ver a o topo do tanque, enquanto cérebros brotavam do liquido verde, como um saltitante peixe: por um momento pareceu suspenso no ar, então voou na direção de Rony, dilatado como veio, e pareciam tiras de imagens movimentadas voando, desatando como rochas de filmes...

- Ha, ha, ha, Harry olhe para cá... - disse Rony, observando aquilo vomitando suas nojentas vísceras. - Harry, venha aqui e encoste nisso, aposto que é estanho...

- RONY, NÃO!

Harry não sabia o que aconteceria se Rony tocasse os tentáculos de imaginação, agora voando em baixo dos cérebros, mas estava certo de que não seria nada bom. Ele se lançou na frente de Rony mas ele já havia pegado o cérebro com sua mão estendida.

No momento que entraram em contato com sua pele os tentáculos começaram a se embrulhar em volta dos braços de Rony, como se fossem roupas.

- Harry, olhe o que aconteceu... Não, não... Eu não gostei disso... Não, pare... Pare!

Mas as finas tiras estavam prolongadas em volta do peito de Rony agora; ele as puxava e as rasgava enquanto o cérebro estava o puxando fortemente, como um polvo.

- Diffindo! - berrou Harry, tentando partir a antena antes que cobrissem Rony até seus olhos mas não quebravam. Rony caiu, ainda lutando contra os laços.

- Harry, isso vai sufocá-lo - gritou Gina, imobilizada no chão por causa de seu tornozelo quebrado. De repente um jato de luz vermelha voou da varinha de um dos Comensais e a acertou diretamente no rosto. Ela inclinou para o lado, e caiu inconsciente.

- ESTUBEFAÇA! - gritou Neville, girando e flutuando a varinha de Hermione no Comensal mais próximo. - ESTUBEFAÇA! ESTUBEFAÇA!

Mas nada aconteceu.

Um dos Comensais soltou um feitiço para Neville; errou por pouco. Harry e Neville agora eram os únicos que ainda brigavam contra os cinco Comensais, dois deles enviaram jatos de luz prateada como flechas, que erravam mas deixavam crateras na parede atrás deles. Harry correu enquanto Bellatrix Lestrange correu até ele; segurando a profecia em cima de sua cabeça, correu a toda velocidade para o outro lado da sala; tudo que conseguia pensar em fazer era atrair os Comensais da Morte longe dos outros.

Isso parecia ter dado certo, eles correram atrás dele, derrubando cadeiras e mesas mas não ousaram a atacar Harry para não acertar a profecia, ele se jogou através da única porta que ainda estava aberta, a mesma pela qual os Comensais tinham entrado; por dentro, rezava que Neville ficaria com Rony, para achar um jeito de curá-lo. Correu alguns metros dentro da nova sala e sentiu o chão desaparecer -.

Ele estava caindo pendurando em degrau de pedra após degrau de pedra, pulando todas as fileiras até a última, com uma batida que mandou todo seu ar para fora de seu corpo, aterrissou horizontalmente, afundado em um buraco onde a pedra arcada agüentava um balcão. A sala inteira estava envolvida com a risada dos Comensais: olhou para cima e viu os cinco, que estavam na sala do cérebro, descendo em sua direção enquanto muitos outros surgiam de outras portas e começaram a pular de assento para assento em sua direção. Harry ficou em pé, apesar de suas pernas tremerem tanto que quase não se agüentava: a profecia continuava milagrosamente inteira na sua mão esquerda, sua varinha agarrada na mão direita, foi para trás, olhando em volta, tentando manter todos os Comensais da Morte em sua vista, as costas de suas pernas colidiram com alguma coisa dura: tinha alcançado o balcão que o arco sustentava. Escalou de costas em cima dele.

Os Comensais da Morte pararam, encarando-o. Alguns estavam ofegando tanto quanto ele. Um estava sagrando muito; Dolohov, libertado do feitiço de corpo preso, olhava atravessado, sua varinha apontava diretamente para o rosto de Harry.

- Potter, sua caçada está correndo - Malfoy falou lentamente, tirando sua máscara. - Agora me dê a profecia como um bom garoto.

- Deixe... Deixe os outros irem e eu te dou a profecia! - disse Harry desesperadamente.

Alguns Comensais riram.

- Você não está em posição para negociar, Potter - seu rosto pálido ruborizou com satisfação. - Veja, têm dez de nós e somente um de vocês... Ou quer dizer que Dumbledore nunca lhe ensinou a contar?

- Ele dão está sozinho! - gritou uma voz a cima deles. - Ele ainda dão está!

O coração de Harry afundou: Neville estava descendo os bancos pedra até eles, segurou a varinha de Hermione rapidamente na mão que tremia.

- Neville... Não... Volte para Rony...

- ESTUBEFAÇA! - Neville gritou, apontando sua varinha para todos os Comensais da Morte. - ESTUBEFAÇA! ESTUB...

Um dos maiores Comensais agarrou Neville por trás, cortando seus braços nas pontas. Ele lutou e o chutou; muitos dos Comensais riram.

- Ele é Longbottom, não é? - desprezou Lúcio Malfoy. - Bem, sua avó costuma perder parentes por nossa causa... Sua morte não vai ser um choque tão grande.

- Longbottom? - repetiu Bellatrix e um verdadeiro sorriso maldoso surgiu em seu magro rosto. - Eu tive o prazer de encontrar seus pais, garoto.

- EU SEI QUE VOCÊ TEVE! - rosnou Neville e ele lutou duramente contra sua captura até algum Comensal berrou:

- Alguém acabe com ele!

- Não, não, não - disse Bellatrix. Ela olhava viva, com entusiasmo, espiou Harry e depois voltou a olhar Neville. - Não, vamos ver quanto Neville agüenta antes de enlouquecer como seus pais... A não ser que Harry nos dê a profecia.

- NÃO BÊ DARA ELES! - rugiu Neville, que apareceu ao seu lado, chutando e se contorcendo, enquanto Bellatrix ia se aproximando dele e do Comensal, sua varinha levantada. - NÃO BÊ DARA ELES, HARRY!

Bellatrix levantou sua varinha.

- Crucio!

Neville berrou, suas pernas foram até seu peito, então o Comensal que o segurava o deixou no chão. O Comensal o soltou e ele caiu no chão, debatendo-se e gritando de agonia.

- Isso só foi o começo - disse Bellatrix, levantando sua varinha, o que fez os gritos de Neville pararem, e ele ficou deitado aos pés dela, chorando. Ela se virou e encarou Harry. - Então, Harry, a não ser que você nos dê a profecia vai assistir o seu amiguinho morrer do pior jeito.

Harry nem precisa pensar: não tinha escolha. A profecia estava quente com o calor da sua mão, que a agarrava, então ele a soltou. Malfoy pulou para frente para pegá-la.

Então, logo a cima deles, mais duas portas abriram com um estrondo e mais cinco pessoas entraram na sala: Sirius, Lupin, Moody, Tonks e Kingsley.

Malfoy virou e levantou sua varinha mas Tonks já havia lançado um forte feitiço na direção dele. Harry não esperou para ver se tinha feito efeito, mergulhou debaixo do balcão para fora do caminho. Os Comensais da Morte estavam totalmente distraídos por causa da aparição dos membros da Ordem, que agora lançavam feitiços para cima deles, no mesmo momento em que pulavam de fileira para fileira para o chão afundado. Através dos corpos voando, relâmpagos de luz, Harry viu um Neville engatinhando sozinho. Ele se esquivou de outro jato de luz vermelha e se jogou no chão para resgatá-lo.

- Você está bem?  - berrou enquanto outro feitiço ecoou centímetros de suas cabeças.

- Sim - disse Neville tentando ficar em pé.

- E Rony?

- Acho que ele está bem, ele ainda estaba lutando com o cérebro quando eu saí...

O chão de pedra no meio dos dois explodiu quando um feitiço o atingiu, fazendo uma cratera onde a mão de Neville estava somente alguns segundos antes; ambos se arrastaram para longe de lá, de repente um grosso braço surgiu de algum lugar, agarrou Harry pelo pescoço e o levantou, fazendo com que seus dedos mal tocassem o chão.

- Me dê - murmurou uma voz em sua orelha. - Me dê a profecia...

O homem apertava com tanta força a traquéia de Harry que ele mal conseguia respirar. Através de seus olhos encharcados viu Sirius lutando com um Comensal a alguns dez metros; Kingsley estava lutando com dois ao mesmo tempo; Tonks continuava no meio do caminho, em cima dos assentos, lançando feitiços em Bellatrix - ninguém parecia notar que Harry estava morrendo. Ele virou sua varinha de trás para o lado do homem mas não tinha ar para falar algum feitiço e a mão livre do homem estava tateando perto da mão em que Harry segurava a profecia...

- AARGHH!

Neville foi disparado de algum lugar; sem condições para articular um feitiço, enfiou fortemente a varinha de Hermione dentro do buraco do olho da máscara do Comensal. O homem largou Harry no mesmo momento com um berro de dor. Harry girou, ficando cara a cara com o homem e respirou:

- ESTUPEFAÇA!

O homem inclinou para trás e sua máscara escorregou: era o assassino Macnair Buckbeak, um de seus olhos estava inchado e sangrando.

 - Obrigado! - disse Harry para Neville, empurrando-o para o lado enquanto Sirius e seu Comensal se se moviam, duelando tão ferozmente que suas varinhas eram borrões; então o pé de Harry fez contato com alguma coisa dura e redonda e ele escorregou. Por um momento achou que tinha tropeçado na profecia mas então viu o olho mágico de Moody girando pelo chão.

Seu dono estava deitado ao seu lado, sangrando pela cabeça, e o homem que o atacou estava agora se sustentando em cima de Harry e Neville: Dolohov, seu longo rosto pálido estava deformado com alegria.

- Tarantallegra! - gritou ele, sua varinha apontada para Neville, suas pernas entraram em uma frenética dança, desequilibrando-o e o fazendo cair no chão de novo. - Agora, Potter...

Ele fez o mesmo penetrante movimento com a varinha de quando atacou Hermione, no mesmo tempo que Harry gritou:

- Protego!

Harry sentiu algo atravessar seu rosto, como uma faca sem cerra; a força disso o empurrou para o lado, fazendo-o cair sobre as pernas trêmulas de Neville mas o feitiço escudo tinha evitado o pior do outro feitiço.

Dolohov levantou sua varinha novamente e gritou:

- Accio profe...

Sirius tinha aparecido de algum lugar e atingiu Dolohov com seu ombro, mandando-o, voando, para outro lado. A profecia tinha voado da ponta dos dedos de Harry novamente mas ele conseguiu segurá-la. Agora Sirius e Dolohov lutavam, suas varinhas relampejavam como espadas, faíscas surgiam da ponta delas...

Dolohov puxou sua varinha para trás, para fazer o mesmo feitiço que usou contra Harry e Hermione. Pulando, Harry gritou:

- Petrificus Totalus!

Novamente os braços e pernas de Dolohov se uniram ao seu corpo e ele se inclinou para trás, caindo de costas com uma batida.

- Muito bom! - gritou Sirius, empurrando a cabeça de Harry para baixo no mesmo momento que um par de feitiços voaram na direção deles. - Agora eu quero que você saia...

Os dois desviaram novamente; um jato de luz verde errou Sirius por pouco. Pela sala, Harry viu Tonks cair no meio do caminho da escada de pedra, ela mancava, caindo de um assento de pedra para outro assento e Bellatrix, triunfante, correu em direção a briga.

- Harry, pegue a profecia, agarre Neville e corra! - Sirius gritou, lançando-se ao encontro de Bellatrix. Harry não viu o que aconteceu depois: Kingsley inclinou através de seu campo de visão com o Comensal cheio de marcas de varíola e não mais mascarado Rookwood: outro jato de luz verde voou por cima da cabeça de Harry no mesmo momento que se lançou em direção de Neville...

- Você consegue ficar em pé? - falou alto na orelha de Neville enquanto a perna do garoto tremia e mexia incontrolavelmente. - Coloque seu braço em volta do meu pescoço...

Neville obedeceu e Harry o levantou, suas pernas de Neville ainda iam para todas as direções, elas não o agüentariam, e então, saindo de algum lugar, um homem apareceu: os dois caíram para trás, as pernas de Neville flutuavam desordenadamente como um martelo derrubado, Harry com seu braço esquerdo segurou o ar tentando salvar a pequena bola de vidro de ser quebrada.

- A profecia, me dê a profecia, Potter! - resmungou a voz de Lúcio Malfoy em sua orelha e Harry sentiu a ponta da varinha de Malfoy pressionar fortemente o meio de sua costela.

- Não... Me... Solta... Neville, pegue!

Harry lançou a profecia pelo chão, Neville passou por cima de si mesmo e levantou a bola para seu peito. Malfoy apontou a varinha instantaneamente para Neville mas Harry enfiou sua própria varinha por cima de seu ombro e gritou:

- Impedimenta!

Malfoy foi lançado pelas costas enquanto Harry engatinhou ao redor e viu Malfoy bater no balcão no qual Sirius e Bellatrix estavam agora duelando. Malfoy mirou sua varinha em Harry e Neville de novo mas antes que pudesse respirar para atacar Lupin havia pulando entre eles.

- Harry, reúna os outros e saia!

Harry agarrou Neville pelo o ombro de sua roupa e o levantou, colocando-o na primeira fileira de degraus de pedra; a perna de Neville tremia e mexia, não suportaria seu peso; Harry o levantou novamente com todas as forças que possuía e então subiu mais um degrau...

Um feitiço acertou o assento de pedra, no calcanhar de Harry; a pedra esfarelou e Harry caiu de volta no degrau de baixo. Neville caiu no chão, suas pernas ainda tremiam e sacudiam, e ele colocou a profecia no seu bolso.

- Vem cá! - disse Harry desesperadamente, puxando a roupa de Neville. - Somente tente e prossiga com suas pernas...

Ele levantou de forma assombrosa e o traje de Neville se rasgou até a última fenda - a pequena bola de vidro escorregou de seu bolso e antes que algum dos dois conseguisse pegá-la um dos pés flutuantes de Neville a chutou: ela voou alguns dez metros para a direita, bateu no degrau mais abaixo deles. Os dois fitaram o lugar que ela caiu, apavorados com o que aconteceu, uma imagem branca como pérola com enormes olhos se ergueu no ar, não notada por ninguém além dos dois. Harry podia ver a boca dela se mover mas com todas as colisões, gritos e berros os cercando nenhuma palavra da profecia podia ser ouvida. A imagem parou de falar e se dissolveu no meio do nada.

- Harry, eu minto muito! - gritou Neville, seu rosto angustiado e suas pernas ainda mexiam. - Eu minto muito! Eu bão queria fader...

- Isso não importa - Harry berrou. - Somente tente ficar em pé e vamos sair daqui...

- Dumbledore! - seu úmido rosto de repente aliviou, encarando por cima do ombro de Harry.

- Quê?

- DUMBLEDORE!

Harry virou para olhar onde Neville estava encarando. Exatamente a cima deles, emoldurado na entrada da sala do cérebro, estava Alvo Dumbledore, sua varinha para cima, seu rosto branco e furioso. Harry sentiu uma espécie de carga elétrica surgindo através de todas as partículas de seu corpo - estavam salvos.

Dumbledore desceu rapidamente, passando por Neville e Harry, que não tinha mais pensamentos em ir embora. Dumbledore já estava na ponta dos degraus quando os Comensais da Morte mais próximos perceberam que ele estava lá e gritaram para os outros. Um dos Comensais correu para lá, escalando como um macaco os degraus de pedra contrários. O feitiço de Dumbledore o colocou para trás facilmente como se ele tivesse sido capturado com uma linha invisível...

Somente mais uma dupla estava lutando, aparentemente, inconsciente da nova chegada. Harry viu Sirius desviar do jato de luz vermelha de Bellatrix: ele estava rindo dela.

- Vamos lá! Você pode fazer melhor que isso! - gritou, sua voz ecoava na sala cavernosa.

O segundo jato de luz o acertou diretamente no peito. O riso não saiu completamente de seu rosto mas seus olhos se arregalaram em choque.

Harry soltou Neville, que estava incapaz de fazer algo. Estava pulando os degraus novamente, pegando sua varinha enquanto Dumbledore também virou em direção do balcão.

Pareceu pegar Sirius numa geração avançada: seu corpo, curvado em um gracioso arco, enquanto afundava para trás no áspero véu, suspenso pelo arco.

Harry viu no olhar uma mistura de medo e surpresa em seu padrinho, gasto, uma vez bonito, enquanto caía através da velha entrada e desaparecia por trás do véu, que se sacudia agitado, apesar do vento forte, depois caiu de volta no lugar.

Harry escutou um grito triunfante de Bellatrix Lestrange mas sabia que isso não significava nada - Sirius só tinha caído através da passagem arcada e ele reapareceria do outro lado em qualquer minuto...

Mas Sirius não apareceu.

- SIRIUS! - Harry gritou. - SIRIUS!

Ele se estendeu no chão, sua respiração veio em cauterizadas arfadas. Sirius tinha que estar logo atrás da cortina, ele, Harry poderia puxá-lo de volta...

Mas enquanto se alcançava o chão e corria a toda velocidade até o balcão Lupin agarrou Harry pelo peito, puxando-o de volta.

- Não há nada que você possa fazer, Harry...

- Pegue-o! Salve-o, ele está simplesmente lá dentro!

- ...É muito tarde Harry.

- Nós ainda podemos alcançá-lo... - Harry se debateu dura e cruelmente mas Lupin não o deixaria ir...

- Não ha nada que você possa fazer, Harry... Nada... Ele se foi.

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